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4. A direção de ciclo como centro promotor da mudança 33

4.3. Coordenação dos Professores Responsáveis de turma 52

4.3.2. Apoio à gestão do conselho de turma 61

Roldão (1995) descreve o professor responsável de turma (diretor de turma) como um mediador entre a docência e a gestão curricular que desempenha, junto dos docentes da turma uma função de coordenação – das atuações de cada um deles no âmbito da

respetiva área de docência – e de articulação e mediação entre essa ação dos professores e os restantes atores envolvidos no processo educativo - os alunos e os encarregados de educação. Estas funções situam-se assim na interface entre duas áreas de intervenção: a docência e a gestão.

A importância do papel deste professor na articulação do desempenho dos diferentes professores da turma é também destacada por Virgínio Sá (1996). O autor salienta que a coordenação do ensino e dos professores ganha relevância organizacional a partir do momento em que, por um lado, se torna necessário ensinar vários alunos em simultâneo e, por outro, a especialização dos saberes obriga a que um mesmo grupo de alunos seja submetido à ação de vários professores.

O posicionamento da pedagogia inaciana face ao processo de aprendizagem induz, no ato de ensinar, por parte do professor, a necessidade de acionar e organizar um conjunto de estratégias que impelem o aluno a apropriar-se do conhecimento pretendido. Para que estas estratégias sejam potencialmente eficazes nos grupos turma, constituídos por alunos com características diversas, cada professor orienta as suas aulas baseando as suas decisões nas ações concertadas pelo conselho de turma e, em ligação às orientações definidas no departamento curricular respetivo, numa articulação permanente, a que Roldão (2009) designa de gestão colaborativa das estratégias de ensino.

O papel de gestor, essencial neste processo, que o professor responsável de turma assume nesta articulação, surge, logo no início do ano letivo, na coordenação do trabalho do conselho de turma com a caraterização dos alunos e da turma.

Cabe ao conselho de turma refletir, incentivar e auxiliar na definição de estratégias e implementação de dinâmicas (que deverão constar no projeto curricular de turma) que conduzam à preocupação em desafiar o aluno a descobrir o prazer de aprender, correspondendo aos desafios que os professores colocam, envolvendo-se e entusiasmando-se em conhecer o mundo que o rodeia, para melhor nele intervir.

No primeiro conselho de turma, em setembro, o professor responsável de turma recolhe todos os elementos disponíveis relativos ao contexto pessoal, familiar e escolar de cada aluno, que possam ser significativos para o processo de ensino aprendizagem. O processo de recolha destes elementos, que poderá ser mais, ou menos, complexo, se se

tratar de uma turma constituída de novo ou se tratar de uma turma de continuidade, deverá passar pela auscultação do professor responsável anterior e pela consulta dos vários instrumentos desenvolvidos pelo(s) conselho(s) de turma(s) anterior(es), como projetos curriculares de turma13, planos de acompanhamento, planos educativos individuais, atas dos conselhos de turma, pareceres do gabinete de psicopedagogia e, tratando-se de alunos novos na escola, pela consulta do processo escolar. Podendo constituir um processo moroso, crê-se que, por capacitar o professor responsável para uma primeira caraterização da turma, fornecerá ao conselho de turma elementos fundamentais para a avaliação inicial, que irá decorrer nas primeiras semanas do ano letivo. O conselho de turma volta a reunir cerca de um mês e meio depois e é aí que são delineadas as grandes linhas de ação estratégica para consecução das aprendizagens dos alunos, iniciando a elaboração do projeto curricular da turma. Na Tabela 10 (Anexo I) apresentam-se, com caráter exemplificativo, algumas estratégias constantes no projeto curricular de uma turma de 5º ano definidas no 1º período pelo conselho de turma. Na preparação deste conselho de turma, os professores enviam antecipadamente ao professor responsável informações sobre pontos fortes e fracos de cada aluno e uma breve caraterização geral da turma, salientando aspetos que deverão exigir, no seu parecer, uma ação concertada pelos vários professores, de forma transversal nas diferentes áreas curriculares. Estes elementos caracterizadores resultam do diagnóstico feito na avaliação inicial das várias disciplinas, que deverá atender a parâmetros definidos no primeiro conselho de turma (de acordo com características do ciclo, para o que deve haver uma sensibilização feita nas reuniões de professores responsáveis de turma) e pelo definido em departamento disciplinar (de acordo com as prioridades didático-pedagógicas específicas da disciplina). A partir destes elementos previamente reunidos, o professor responsável de turma estará habilitado a delinear uma proposta do documento de projeto curricular de turma e a coordenar o conselho de turma que servirá para debater o referido instrumento de ação curricular estratégica. O conselho de turma deve debruçar-se sobre o levantamento e a análise de situações que possam beneficiar

de um apoio pedagógico reforçado, fazendo um levantamento e caracterização cuidados das dificuldades manifestadas e reunindo estratégias para esse reforço.

O projeto curricular de turma estará na base de todos os conselhos de turma futuros e deve ser um considerado um documento aberto, que irá sendo completado ao longo de todo o ano letivo. É a partir dele que o professor responsável de turma preparará as reuniões com os encarregados de educação. A elaboração contínua do projeto curricular de turma deverá assegurar que este funciona como um instrumento orientador do planeamento da ação estratégica de cada professor para a consecução das aprendizagens por parte dos alunos da turma.

A presença do diretor de ciclo nos conselhos de turma possibilita uma visão de conjunto das características das várias turmas e um levantamento das necessidades de apoio ao trabalho a desenvolver por cada conselho de turma, por exemplo, apoios pedagógicos acrescidos, intervenção do gabinete de psicopedagogia, tutorias, articulação com atividades de complemento curricular. Esta possibilidade conhecimento da realidade permite assegurar que são desencadeados os mecanismos necessários à organização escolar que deem resposta às necessidades levantadas nos conselhos de turma.