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Definição dos princípios de relação com as famílias 64

4. A direção de ciclo como centro promotor da mudança 33

4.3. Coordenação dos Professores Responsáveis de turma 52

4.3.3. Definição dos princípios de relação com as famílias 64

O papel essencial que a escola espera do professor responsável de turma, como mediador entre a escola e a família do aluno, possibilita um conhecimento mais aprofundado desta e a possibilidade de estabelecimento de uma relação próxima e eficiente com esta, concretizando uma marca fortíssima do projeto educativo.

O investimento na recolha de elementos caracterizadores do aluno confere ao professor responsável de turma, e por meio deste, a todos os restantes docentes do Conselho de Turma, o conhecimento do envolvimento - contexto - no qual se realizam os processos de ensino aprendizagem:

“o contexto socioeconómico, político e cultural, o ambiente institucional ou “clima” do colégio, a situação pessoal, familiar, socioeconómica dos alunos e dos pais, assim como as ideias prévias, atitudes e valores que os alunos e o próprio professor trazem consigo para a aula” (MAGIS: 2008, p.31).

Formalmente, o professor responsável de turma disponibiliza uma hora semanal para atendimento dos encarregados de educação, mas mantém abertos outros canais de comunicação permanentes (como o email, o telefone ou a agenda do aluno) para ser contactado. Esta possibilidade de contacto fácil com a escola, incentiva a proximidade e a criação de um clima de confiança entre a família e a escola, mantendo-a a par das situações relevantes relacionadas com cada aluno. Parece ser, de acordo com as avaliações feitas pelos professores responsáveis de turma, o aspeto relacionado com as suas funções que exige grande parte de disponibilidade pela frequência de comunicações que os pais enviam, via email, solicitando esclarecimentos pontuais, relacionados com o dia-a-dia (questões de ordem prática respeitantes a alimentação ou estado de saúde, ou relativa a algum esclarecimento sobre material necessário para alguma disciplina ou sobre a marcação de algum momento formal de avaliação, trabalho de casa, …). Este tipo de comunicação, tendo como vantagem evitar a marcação constante de reuniões pessoais do professor responsável de turma com os pais - que pela falta de significância, conduziria também a um, eventualmente ainda maior investimento de tempo - tem-se constatado acarretar, no entanto, uma excessiva frequência de comunicações informais, que exigem, pelo seu caráter informativo uma resposta atempada do professor. No acompanhamento feito aos professores responsáveis de turma na procura de solução para esta questão, e simultaneamente procurando incentivar nos pais a capacidade de irem conferindo maiores graus de autonomia aos alunos do 5º e 6º ano, tem sido sugerido que se vão dando respostas a alguns assuntos como: “seria bom que fosse o aluno a comunicar e justificar a falha de trabalho de casa diretamente ao professor em questão, permitindo-lhe a oportunidade construtiva de assumir ele essa responsabilidade”, ou “parece-nos importante que seja o aluno a solicitar o esclarecimento sobre a data/matéria para o teste diretamente ao professor da disciplina, uma vez que foram seguramente criadas as condições para que

pudesse registar e clarificar esses tópicos aquando da sua marcação, ou esclarecê-lo com colegas ou nalguma aula posterior”,… Este trabalho de “educação” dos pais não é sempre fácil, particularmente para os professores responsáveis de turma mais novos e menos experientes, mas é algo de fundamental, no início do 5º como ajuda aos pais a irem soltando algumas amarras de controlo da vida escolar dos filhos, que teriam pertinência e se desejam no 1º ciclo, mas que importa ir gradualmente passando para responsabilidade do aluno.

A iniciativa de marcação de reuniões com o professor responsável de turma está geralmente relacionada com a integração da vida do aluno na vida escolar e com os resultados das avaliações ou com a apresentação de algum assunto de natureza familiar. Quando esta marcação não surge da iniciativa do encarregado de educação, é feita pelo professor responsável de turma, assegurando o conhecimento necessário do contexto familiar e social de todos os alunos.

As relações que se estabelecem entre a escola e as famílias assentam num objetivo comum que é o sucesso educativo dos alunos. Por vezes, surgem pequenos conflitos, mal-entendidos, no entendimento deste interesse comum, nalguns casos agravada por alguma falta de confiança pelo facto de a escola ser tão recente. Cabe ao professor responsável de turma estabelecer o diálogo que assegure uma boa mediação entre os modos de atuação da escola e as expectativas das famílias. O acompanhamento do professor responsável de turma pelo diretor de ciclo passa pela transmissão de confiança a essa sua capacidade de diálogo, fazendo-o tomar consciência que se situa no papel privilegiado de dominar os assuntos da vida escolar do aluno e poder ser o elo de ligação entre a vida escolar (que os pais não dominam tão bem) e a família. Pretende-se a criação de uma relação franca, aberta, esclarecedora e assente em otimismo. Embora a experiência, adquirida com os anos de prática, ajude muito a dominar competências para o estabelecimento de diálogo com as famílias, pode ser útil ter consciência de algumas estratégias que podem ajudar a definir o ambiente em que as conversas se estabelecem, permitindo maior confiança no controlo da conversa por parte do professor: com pais excessivamente preocupados e ansiosos, o professor responsável de turma poderá começar por fazer um balanço da integração do aluno na vida da escola, apresentando

tudo o que é positivo, se não forem as avaliações, abordar a parte social, ou algum feito desportivo, ou algum episódio que traduza a sua boa relação com os colegas; com pais tendencialmente críticos e com um discurso de exigência ou insatisfação a conversa poderá iniciar-se (antes de os pais apresentarem a lista de desagrados) perguntando aos pais como sente o filho na escola, fazendo-os tomar consciência de como ele é feliz e gosta da escola (quase sempre é assim), tudo o resto que pretendem apresentar terá a sua importância, mas passará a ter como base o pressuposto que a escola está a integrar bem o aluno e a proporcionar-lhe a possibilidade de crescer feliz. Se o professor responsável de turma for capaz de mostrar aos pais o conhecimento profundo que tem do aluno, isso conseguirá inspirar nos pais o reconhecimento das vantagens de uma relação colaborativa, baseada na confiança.

Para que este diálogo aberto entre a escola e a família aconteça e resulte num trabalho conjunto é pedido ao professor responsável de turma que, por um lado, tenha um profundo conhecimento das famílias da sua turma, por outro, é exigível que conheça e esteja identificado com o projeto educativo, sem o que poderá ficar comprometida a linha de ação educativa que nele é proposta.

O conhecimento do aluno pelo professor responsável de turma vai possibilitar a realização dum diagnóstico individual e do grupo-turma. Nesta incumbência o professor responsável de turma trabalha em coordenação com a equipa de técnicos do gabinete de psicopedagogia. Deste trabalho de parceria resulta uma caracterização da turma que é partilhada em conselho de turma, resultando daí a programação de atividades de apoio educativo, de recuperação e de enriquecimento, alvo de aplicação didática por cada professor, resultando na elaboração do projeto curricular de turma. O professor responsável de turma deve assegurar nos conselhos de turma uma permanente avaliação daquele projeto e promover a realização de um diagnóstico atualizado da situação da turma, dando atenção a fatores educativos que possam condicionar o rendimento escolar dos alunos.