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Aposentadoria – aspectos legais no Brasil

4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

4.2 ASPECTOS LEGAIS: SAÚDE DO(A) TRABALHADOR(A) E APOSENTADORIA

4.2.2 Aposentadoria – aspectos legais no Brasil

A aposentadoria é um direito instituído em lei e tem origem na legislação previdenciária. Ao longo da história foram estabelecidas normas de amparo ao(à) trabalhador(a), incluindo a aposentadoria.

O Decreto nº 4.682, de 24 de janeiro de 1923, conhecido como Lei Eloy Chaves, determinou a criação das Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs) para os empregados das empresas ferroviárias. Diversas modificações foram introduzidas, e esta lei foi estendida a outras categorias de trabalhadores. Os Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs), criados em 1933, são constituídos por categorias profissionais, alcançando apenas os trabalhadores urbanos (PACHECO; CARLOS, 2006).

A Lei 3.087, de 26 de agosto de 1960, criou a Lei Orgânica da Previdência Social – LOPS, buscando a unificação dos Institutos de Previdência, o que ocorreu apenas no ano de 1966, quando foi instituído o Instituto Nacional de Previdência Social – INPS (PACHECO; CARLOS, 2006).

Em 1971, foi criada a Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social – DATAPREV. Com a separação do Ministério do Trabalho e da Previdência e Assistência Social, foi instalado, em 1974, o Ministério da Previdência e Assistência Social (DONADON; MONTENEGRO, 2009).

A Lei n° 6.439, de 1° de setembro de 1977, instituiu o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS). Por meio desta mesma Lei foram criados o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social – INAMPS, cabendo a este Instituto prestar assistência médica, e o Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social – IAPAS, que tinha por competência a administração financeira e patrimonial. Dentre outras entidades, integrava também o sistema o Instituto Nacional de Previdência Social – INPS (DONADON; MONTENEGRO, 2009).

Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, foi instituído um sistema mais amplo de proteção e amparo a todos os cidadãos, denominado de Seguridade Social, formado pela saúde, assistência social e previdência, que passaram a ser tratadas como Políticas Públicas. A aposentadoria inclui-se entre os benefícios previdenciários (PACHECO; CARLOS, 2006).

Em 24 de julho de 1991 entrou em vigor a Lei n°. 8.212, que dispôs sobre a organização da Seguridade Social e instituiu seu Plano de

Custeio (BRASIL, 1991c), e, a Lei n°. 8.213 que instituiu o Plano de Benefícios da Previdência Social (BRASIL, 1991b). Algumas mudanças ocorreram nestas normas e outras leis foram publicadas dispondo sobre a previdência social.

Destacam-se a Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998, que modificou o sistema de previdência social e estabeleceu normas de transição (BRASIL, 1998d); o Decreto n° 3.048, de 6 de maio de 1999, que aprovou o Regulamento da Previdência Social no Brasil (BRASIL, 1999b); as Emendas Constitucionais nº 41, de 19 de dezembro de 2003 (BRASIL, 2003), e nº 47, de 5 de julho de 2005, que estabeleceram mudanças no regime previdenciário dos servidores públicos (BRASIL, 2005e); a Emenda Constitucional nº 70, de 29 de março de 2012, que estabelece critérios para o cálculo e a correção dos proventos da aposentadoria por invalidez dos servidores públicos (BRASIL, 2012b).

Na atualidade, o sistema previdenciário brasileiro se organiza sob as seguintes formas de Previdência: Regime Geral da Previdência Social (RGPS), para trabalhadores do setor privado; Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS), que amparam os trabalhadores do serviço público; e regime de previdência complementar, facultativo (BRASIL, 1988).

O RGPS é gerenciado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Segurados são os trabalhadores que contribuem e têm direito aos benefícios e serviços oferecidos pelo INSS. Os segurados se dividem nas seguintes categorias: empregados, empregados domésticos, trabalhadores avulsos, contribuintes individuais (autônomos, empresários, etc.), especiais (trabalhadores rurais em regime de economia familiar), facultativos, como estudantes maiores de 16 anos e donas de casa, dentre outros (BRASIL, 2008b).

As aposentadorias, dentre outros benefícios concedidos aos trabalhadores, são pagamentos mensais vitalícios efetuados ao segurado, sendo definidas da seguinte forma (BRASIL, 2008b):

- Aposentadoria por idade é concedida aos segurados quando, cumprida a carência, alcança o limite de idade de 60 anos, se mulher, e 65 anos, se homem. Os trabalhadores rurais têm direito ao benefício cinco anos mais cedo.

- Aposentadoria por tempo de contribuição, benefício concedido após comprovação do tempo contribuição de 35 anos, se homem, e 30 anos, se mulher.

- Aposentadoria especial – benefício concedido aos segurados que exerçam suas atividades laborais sujeitas a condições especiais que

prejudiquem a saúde ou a integridade física. Conforme o risco, o tempo de contribuição para obter esse tipo de aposentadoria pode variar entre 15, 20 ou 25 anos.

- Aposentadoria por invalidez – é o benefício concedido aos segurados que forem considerados total e definitivamente incapacitados para o trabalho. Este tipo de aposentadoria é cancelado se o aposentado por invalidez voltar à atividade.

Além da legislação trabalhista e previdenciária geral, os diversos estados da federação também possuem suas Constituições e Códigos Sanitários, que visam garantir a inviolabilidade dos direitos assegurados pela CF aos trabalhadores, e estabelecem normas básicas sobre promoção, proteção e recuperação da saúde, em especial para os servidores públicos.

No que se refere à Previdência no serviço público, os trabalhadores devem ser regidos por um Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) a ser administrado pelas respectivas esferas de governo, federal, estaduais e municipais. Conforme previsto no Artigo 40 da CF, “aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas” (BRASIL, 1988).

Com a Lei n° 9.717, de 27 de novembro de 1998 (BRASIL, 1998e), que estabelece as normas gerais para a organização e o funcionamento dos regimes próprios de previdência social dos servidores públicos da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, dos militares dos estados e do Distrito Federal, e as Emendas Constitucionais nº 20, de 15 de dezembro de 1998 (BRASIL, 1998d), nº 41, de 19 de dezembro de 2003 (BRASIL, 2003), nº 47, de 5 de julho de 2005 (BRASIL, 2005e), nº 70, de 29 de março de 2012 (BRASIL, 2012b), os RPPS passaram por mudanças e necessitaram se adequar às normas estabelecidas.

Por meio da Lei Complementar n° 308, de 25 de outubro de 2005, foi reestruturado o Regime Próprio de Previdência Social do Estado em estudo (RN, 2005).

No que se refere à concessão de benefícios de aposentadoria, a Constituição do Estado (RN, 2001), determina no art. 29 que

Aos servidores titulares de cargos efetivos do Estado e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de

previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo (RIO GRANDE DO NORTE, 2001, p. 16).

Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata o referido artigo serão aposentados (RN, 2001, p.16-17):

“I – por invalidez permanente, sendo os proventos proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei;

II – compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição;

III – voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de dez anos de efetivo exercício no serviço público e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria, observadas as seguintes condições:

a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta de contribuição, se mulher;

b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição” (RN, 2001).

Acerca da aposentadoria especial no serviço público, em 24 de abril de 2014, foi publicada a Súmula Vinculante nº 33, aprovada pelo Supremo Tribunal Federal (STF): “Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do regime geral de previdência social sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 40, parágrafo 4º, inciso III, da Constituição Federal, até a edição de lei complementar específica” (BRASIL, 2014a).

O trabalho da enfermagem no Brasil é regulado pelo disposto na Lei do Exercício Profissional, Lei n° 7.498/86, de 25 de junho de 1986 (BRASIL, 1986), nas Resoluções do Conselho Federal de Enfermagem, em aspectos legais contidos nas Normas Regulamentadoras de Saúde e Segurança do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego, em resoluções do Ministério da Saúde e na legislação sanitária no que diz respeito ao trabalho em saúde.

Percebe-se que há uma vasta legislação que visa à promoção da saúde e proteção dos(as) trabalhadores(as). Entretanto, apesar da normatização existente, as transformações ocorridas no mundo do trabalho e na sociedade trazem repercussões para a vida e saúde do(a) trabalhador(a), com implicações no processo de aposentadoria. No que diz respeito ao trabalho em saúde e enfermagem, que é essencial à sobrevivência humana, requer um olhar especial para que possa ser considerada a perspectiva de quem realiza e de quem recebe os cuidados de saúde.