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Capitulo IX. Da matéria de incidência concreta do imposto do selo

9.9 Apostilas

A luz do artigo 13º T.I.S, tributa-se por cada apostila em diplomas de cargos públicos ou em outros diplomas e documentos de assinatura do membro de governo, com a taxa de 2000 FCFA, em estampilha.

9.10. Arrematações e adjudicações

Arrematação é o ato público de natureza coativa, pelo qual o tribunal promove a transferência onerosa de bens do devedor para um terceiro com o objetivo de reverter o seu produto «dinheiro» para o credor, satisfazendo seu direito, enquanto que a adjudicação é a transferência ao próprio credor dos bens penhorados, pelo valor mínimo de avaliação judicial, como forma de pagamento e satisfação, quando

não existem outros licitantes na hasta pública213.

Enquanto matéria de incidência do selo, o artigo 14º T.I.S. tributa por cada meia folha do auto, termo ou respetiva ata de arrematação ou adjudicação de produtos,

211 A taxa de imposto para o seguro de ramos de vida, acidente e saúde é de 4%; do ramo automóvel 5%; responsabilidade civil e demais seguros de natureza obrigatória, por lei 2%; do ramo transporte 2%; dos ramos marítimo e aéreo 2%; do ramo caução 3%; do ramo credito 3% e de quaisquer outros ramos 5%. 212 Essa diferença espelha, exatamente, outra vertente do direito fiscal que é a função extrafiscal e que consiste na proteção das empresas nacionais em face da concorrência das empresas estrangeiras. 213 Cf. Robson Carlos de Oliveira, embargos à arrematação e à adjudicação, coleção estudos de direito de processo, vol. 59, editora revista dos tribunais, pgs. 24 e 25.

73 géneros, bens, direitos mobiliários e imobiliários em qualquer tribunal, juízo ou em qualquer repartição pública pela taxa de 2.000FCFA, em estampilha e sobre o preço

dessas, a taxa de 3% em selo de verba214.

Do artigo 875º código de processo civil encontra-se regulada a adjudicação de bens aos credores cujos créditos hajam sido reconhecidos e graduados e o nº 3 do artigo 1357º regula a adjudicação de bens da herança para o pagamento do passivo ao credor quando aprovado por todos os interessados.

9.11. Arrendamentos

Tal como aluguer, o arrendamento é uma forma de manifestação do contrato de

locação215, que versa sobre imóvel216.

Dispõe a Tabela, nos artigos 15º e 16º, sobre duas modalidades de arrendamento urbano: o arrendamento, sublocação e sub-rogação de prédio para fim habitacional

e arrendamento 217 , consignação de rendimento de imóvel destinado a

estabelecimento comercial, industrial ou qualquer outro fim.

Em ambos os arrendamentos, tributam-se os títulos por cada meia folha, pela taxa de 2.000 FCFA, em estampilha.

A relativa diferença é na taxa que incide sobre o produto da renda mensal, pois em arrendamento de fim habitacional cuja a renda mensal é inferior aos 50.000 FCFA aplica-se a taxa de 1% enquanto que no arrendamento comercial ou industrial de igual montante aplica-se a taxa de 2%, em selo de verba.

Nos demais montantes, nenhuma diferença se registra. Pois, nas rendas mensais de valores superiores aos 50.000 e inferior à 150.000 FCFA aplicam-se em ambos a taxa de 3% sobre o valor e nas rendas de montante superior aos 150.000 FCFA, a taxa de 6%, respetivamente, em selo de verba.

Ora, decorre do artigo 71º do AURDCG que «considera-se contrato de arrendamento

comercial, qualquer contrato, ainda que não reduzido a escrito, celebrado entre o

214 Nestas, a taxa incide sobre o auto e sobre o preço da arrematação ou adjudicação. No primeiro caso a taxa será de 2.000 FCFA a pagar por meio de estampilha e no segundo de 3% em selo verba.

215 Vide o artigo 1022º C.C. 216 Vide o artigo 023º C.C.

217 Cf. Luís Manuel Teles de Menezes Leitão, arrendamento urbano, Almedina, 8ª edição, reimpressão, 2017, p. 57.

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proprietário de um imóvel ou de uma parte de imóvel […] e uma pessoa singular ou coletiva que confira a este ultimo o direito de explorar nos locais e com acordo do proprietário uma atividade comercial, industrial, artesanal ou profissional».

Deste preceito, resulta um reconhecimento tácito aos arrendamentos celebrados de forma verbal. Porém, é de questionar se a luz do artigo 16º T.I.S, serão ou não objetos de tributação ou se poderão ser invocados em juízo depois de mostrarem pago o respetivo selo.

A grande verdade é que nos tribunais exigem-se para ações em que se invoque contrato de arrendamento verbal que se faça prova do pagamento do respetivo selo com ou sem multa.

Com efeito, diz o nº 1 do artigo 79º R.I.S, que «os arrendamentos e suas prorrogações

sem títulos são equiparados aos feitos com títulos».

Assim sendo, os contratos de arrendamentos comerciais celebrados verbalmente serão para todos os efeitos objetos de tributação nos precisos termos do artigo 16º T.I.S.

Pois, diz, o artigo 200º R.I.S. «nenhum livro, documento, ato, papel ou objeto ou

produto de qualquer natureza, que não seja selada em conformidade com os preceitos da tabela geral do imposto do selo e deste regulamento poderá, respetivamente, ser admitido em juízo ou apresentado a qualquer funcionário, autoridade ou em repartição publica, vendido ou posto a venda sem que seja pago o selo devido, com ou sem multa, conforme houver ou não transgressão».

Assim, essa exigência abrange os arrendamentos celebrados de forma verbal ou por escrito bem como as suas prorrogações, que não poderão ser invocados se não se mostrarem pago o respetivo selo ou selo e multa.

9.12. Atestados

Segundo a definição de AFONSO RODRIGUES QUEIRÓ, o atestado é o «documento

escrito informativo, destituído de força probatória plena material, emitido a requerimento do interessado, por órgãos competentes da administração ou por

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profissionais livres igualmente competentes, relativo a factos, situações, qualidades ou estados de pessoas determinadas»218.

Como matéria de incidência do selo, o artigo 17º da Tabela tributa por cada meia

folha de atestado emitido, com a taxa de 2.000 FCFA, em estampilha219.

Dispõe, ainda, o preceito que se for escrito ou começado no papel de outro atestado ou de qualquer outro ato, cada um a mais 2.000 FCFA e se for passado por inspeção medica aos candidatos da função pública, emigrantes, aos condutores de automóveis e para efeitos de junta medica aplicam-se a taxa de 2.000 FCFA, respetivamente, e em relação aos atestados emitidos aos condutores de automóveis aplicam-se a taxa de 3.000 FCFA, em estampilha.

O que nos parece evidente nesta disposição é que, o legislador quis separar duas situações, de um lado a tributação do documento e doutro o ato nele incorporado. Porém, dessas taxas ficam isentos os atestados de vacina, bem como os de vida, identidade, estado e residência, passados nos recibos de pensão e subsídio.

9.13. Autorizações extrajudiciais

O artigo 18º da Tabela tributa por cada ato de autorização extrajudicial seja para a celebração do casamento ou para outro fim qualquer, pela taxa de 2.000 FCFA e a cada meia folha em que é dada, também, com a taxa de 2.000 FCFA, em estampilha. Dessas taxas, ficam isentas as autorizações para o casamento de pessoas indigentes e das que provarem não possuírem bens ou outros recursos.

Ora, é importante realçar a amplitude desta incidência, pois abrange tudo que pode ser considerado autorização extrajudicial.

9.14. Autos e termos

Tributam-se nos termos dos artigos 19º a 24º da Tabela, os autos de identidade e justificação do estado legal para o casamento; os autos de aprovação de testamentos cerrados; os autos de posse de coisas moveis; os autos de tentativa de conciliação em tribunal; os autos e termos de arrematação e financiamento ao Estado, órgãos de

218 Afonso Rodrigues Queiró, dicionário jurídico da administração pública, vol.I, p.583. 219 Para efeito, considera-se um só atestado aquele que for assinado por mais de uma pessoa.

76 administração local, misericórdias, hospitais e os autos ou termos perante tribunais ou qualquer autoridade pública

Da taxa do artigo 24º, ficam isentos os termos de fiança em processos crime, os autos de conferência para aprovação do passivo, os autos e termos relativos a processos de inventários orfanológicos de valor não superior a 100.000 FCFA e os autos de

processo de arrematação de espólio até igual valor220.

9.15. Aval

O aval é o ato ou declaração cambial pelo qual o signatário responde pelo pagamento do titulo de credito. Trata-se, no fundo, de uma garantia tipicamente bancaria, pois não existe fora do título de credito, é escrito no próprio titulo ou numa folha anexa

quando as assinaturas não cabem nele221.

Como matéria de incidência do selo, o artigo 25º da Tabela tributa o aval pela taxa de 6% sobre valor avaliado, a pagar em estampilha e quando não se faça referencia

a valor ou quantia determina, o artigo impõe a taxa de 2.000 FCFA222, em estampilha.

9.16. Averbamentos

Entende-se por averbamento qualquer anotação feita à margem de um ato, de qualquer facto que envolva a aceitação, confirmação, alteração ou extinção de seu

conteúdo223.

Tributam-se nos artigos 26º e 27º da Tabela os averbamentos feitos em cartas de solicitadores e em títulos de jazigos, a cada pela taxa de 2.000 FCFA a pagar em selo

de verba para o primeiro artigo e no segundo em estampilha224.

9.17. Bilhetes

220 Vide o artigo 24º in fine da T.I.S.

221 Cf. Marnoco e Sousa, das letras, livranças e cheques, 2ª edição, vol. I, imprensa internacional editora, 1921, p. 457 e 458. Na mesma linha cf. L. Miguel Pestana de Vasconcelos, direito das garantias, 2ª edição, Almedina, 2017, p. 118.

222 Este valor surge como o mínimo do imposto que se pode pagar.

223 Cf. Alexandre Pinto Coelho do Amaral, dicionário jurídico da administração pública, Atlântida editora Coimbra, 1965, vol. I, p. 648.

77 Também são havidos como matéria de incidência do selo, os bilhetes de entrada ou assistência pessoal a espetáculo; os bilhetes de lotaria, rifas ou tombolas; os bilhetes de passagens, por isso, tributados como tal.

Com efeito, o artigo 28º Tabela, tributa pela taxa de 5% sobre o preço do bilhete de entrada pessoal a espetáculos, exposições ou diversões de carater público, sendo a taxa elevada para o dobro quando o espaço é explorado por um estrangeiro que se

encontra de passagem pelo país225.

Desse 5%, ficam isentos os bilhetes de entrada ou assistência de eventos autorizados a favor de instituições de beneficência, de caridade pública, os realizados com fins altruísticos, humanitários e ainda os promovidos a favor de assistência escolar e de

vitimas de calamidades públicas226, desde que o produto se reverta na integra aos

fins a que se destina.

Aos bilhetes de lotarias, rifas ou tombolas e matrizes de apostas mutuas desportivas, o artigo 29º da Tabela tributa pela taxa de 25% sobre o valor nominal de cada bilhete de lotaria, rifa ou tombola, sobre o capital de cada concurso de aposta mutua

desportiva 15% e sobre o valor de qualquer outra aposta a taxa de 20%227.

Dessas taxas, estão isentos os bilhetes de lotarias, montepio dos servidores do Estado ou estabelecimentos de previdência social e as associações ou instituições exclusivamente de beneficência, as de assistência escolar e bazares ou quermesses de caridade quando devidamente autorizado e o produto se reverta integralmente para a instituição a que é destinado e se pediu isenção.

E, o artigo 30º da Tabela, tributa a cada bilhete em viagem marítima para os portos nacionais pela taxa 200 FCFA em selo de verba e para os portos estrangeiros com a taxa de 500 FCFA, por viagem terrestre e em veiculo de carreira aplica-se a taxa de 100 FCFA sobre o custo de cada bilhete e nas viagens aéreas dentro ou fora do território nacional a taxa de 15.000 FCFA, em estampilha.

225 Este imposto é sempre devido, ainda que o preço deixe de ser cobrado no todo ou em parte pelas entidades.

226 Esta isenção se efetiva com apresentação do requerimento por parte dos respetivos promotores, ao secretario de finanças competente a quem os mesmos serão obrigados a prestar contas dentro do prazo de 10 dias a contar da data da realização do evento, vide o artigo 28º in fine.

78 Nos alugueres ou fretamentos de navios estrangeiros, as taxas variam consoante a duração do contrato, sendo de 30.000 FCFA nos de 3 meses, 60.000 FCFA para os de 6 meses, 120.000 FCFA por ano e 200.000 FCFA nos permanentes.

9.18. Boletins

Enquanto matéria de incidência do selo, o artigo 31º da Tabela tributa pela taxa de 2.000 FCFA a cada boletim de matricula nos liceus, a pagar em selo de verba.

9.19. Calendários de anúncios

Tributa-se no artigo 32º da tabela a cada exemplar de calendário de anúncio em papel, cartão ou em outra substancia pela taxa de 25 FCFA e em cada 100 exemplares ou fração a taxa do imposto de 2.500 FCFA, integra o âmbito dessa incidência todos os calendários que contenham qualquer indicação ou legenda anunciativa.

9.20. Cartas

Em sede da tabela encontram-se uma serie de cartas objetos do imposto do selo, desde logo: as cartas de abonação passadas por bancos ou comerciantes; cartas de ordem passadas por bancos ou comerciantes; cartas de jogar; cartas de saúde, incluindo vistos; cartas de sentença extraídos de processos forenses sujeitos ao imposto do selo e as cartas testemunhais.

Em conformidade com o artigo 33º são tributáveis as cartas de abonação passadas por bancos ou comerciantes. Ora, nesta matéria o que refere o AUOG, no seu artigo

28º, são as cartas de garantia e contragarantia e não a carta de abonação228.

Pois, diz o paragrafo 1º do artigo que a carta de garantia «é a convenção pela qual, a

pedido ou na sequência de instruções do ordenador, o garante se obriga a pagar uma determinada soma ao beneficiário, logo que esta faça a primeira solicitação» e o

paragrafo 2º, que a carta de contragarantia «é a convenção pela qual, a pedido ou na

sequência de instruções do ordenador ou o garante, o contra garante se obriga a pagar uma determinada soma ao garante, logo que este faça a primeira solicitação».

228 Cf. Fabio Pagini Possebon, relatório de mestrado na área jurídico internacional sob o tema «a posição do garante nas garantias bancárias autónomas à primeira solicitação prestadas no âmbito do comércio internacional, Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, 2004/2005, p. 21

79 Da leitura deste preito, ressalta-nos a conclusão de que a carta de garantia está direcionada a proteção da confiança do credor, enquanto que a de contragarantia está ao serviço da confiança do garante.

Outrossim, o artigo 29º AUOG ao concluir que as cartas de garantia bem como as de contragarantia não podem ser subscritas por pessoas singulares, faz-nos crer que apresenta iguais exigências com o artigo 33º da Tabela quando dispõe que «as cartas

de abonação só são tributáveis quando passadas por bancos ou comerciantes».

A ser assim, as cartas de garantia e contragarantia serão tributadas pela taxa de 1.5% sobre os seus valores, isto, nos moldes do artigo 33º da Tabela.

Ora, se repararmos bem, o que se pretende com a proibição de subscrição da carta de garantia e contragarantia por pessoa singular está relacionado com a proteção desta, dado que se trata de uma convenção técnica e juridicamente delicada e que

pode ter consequências financeiras desastrosas se não for corretamente utilizada229.

Em relação as cartas de ordem passadas por comerciantes, bancos ou banqueiros, estas têm como objetivo o pagamento, contra a sua entrega, de certa quantia ao respetivo beneficiário ou à ordem deste.

Enquanto incidência do selo, o artigo 34º da Tabela tributa as cartas de ordem de valor até 100.000 FCFA com a taxa de 2.000 FCFA e em cada 100.000 FCFA a mais ou fração, 2.000 FCFA em estampilha.

Quanto as cartas de jogar, o artigo 35º estabelece dois regimes de taxas aplicando para as cartas nacionais o imposto de 1.000 FCFA a cada baralho e sendo de origem

estrangeira aplica-se a taxa de 2.000 FCFA a cada230, a pagar em selo de verba.

Ora, em relação as cartas de saúde, de sentença extraída de processos forenses e as cartas testemunhais essas são tributáveis pela taxa de 2.000 FCFA, em estampilha, respetivamente pelos artigos 36º, 37º e 38º da Tabela.

9.21. Cartazes

229 Cf. Ana Cristina Coimbra, OHADA Tratado e Atos Uniformes Comentados e Anotados, P.491.

230 Aqui está outra vez a manifestação da função extrafiscal dos impostos, quanto a proteção dos produtos nacionais contra a concorrência dos produtos estrangeiros.

80 Nos termos do artigo 39º, tributam-se os cartazes ou anúncios afixados ou expostos em tabuletas, em veículos, placas ou chapas de companhias de seguros e anúncios luminosos.

As taxas deste artigo variam conforme o conteúdo de cada publicidade e objeto em que são afixados ou postos.

O que difere este, dos anúncios dos artigos 11º e 32º é unicamente o facto de os cartazes ou anúncios serem afixados ou expostos em qualquer lugar, enquanto que os demais casos os objetos que contém publicidade ou anuncio se encontrarem distribuídos por diversas formas ou meios e por vezes a titulo gratuito ou oneroso. Das taxas prescritas neste artigo ficam isentos os cartazes ou anúncios afixados nos bufetes, restaurantes, botequins, quiosques ou qualquer estabelecimento quando unicamente dizem respeito aos abjetos expostos a venda ou consumo ou explorados nos mesmos estabelecimentos ou industrias, as tabuletas que os comerciantes ou industriais colocam ou pitam na parte exterior do edifício onde estão localizados os escritórios, lojas ou armazéns ou estabelecimentos e suas filiais ou agencias e os escritórios de quaisquer profissões liberais quando pintadas nos próprios edifícios ou locais do exercício.

Igualmente, são isentos os cartazes ou anúncios de qualquer publicação cientifica ou literária, os escritos ou indicação para arrendamento de todo ou parte do prédio em que forem afixados e anúncios com indicação necessária dos serviços das empresas de transporte, quando afixados ou expostos nos respetivos locais.

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