• Nenhum resultado encontrado

3. A DINÂMICA ORGANIZACIONAL NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM E

3.2 A gestão organizacional

3.2.2. Processo de aprendizagem na organização

3.2.2.1. Aprendizagem ativa

A aprendizagem ativa é o principal resultado das redes de aprendizagem, haja vista que a “presença” exige e possibilita a participação ativa.

As principais modalidades de aprendizagem ativa podem ser consideradas como: (a) aprendizagem exploratória, por observação e imitação, investigação e pesquisa, estudo e reflexão; (b) aprendizagem colaborativa, por troca de idéias, diálogo, discussão, e crítica.

A primeira modalidade de aprendizagem ativa, que também pode se denominar aprendizagem exploratória5, inclui situações como as seguintes:

1. quando ao acesso ao que outros seres humanos escreveram ou produziram (artigos, livros, sites na Internet, composições musicais, fotografias, filmes, pinturas, esculturas, dentre outros), e refletimos sobre esse legado, com o intuito de encontrar subsídios para nossas tentativas de responder às nossas próprias questões, de resolver os nossos próprios problemas, ou de simplesmente usufruir o que de belo nos é dado pela atividade criativa inteligente do ser humano;

2. quando na busca de resposta a alguma pergunta ou solução a algum problema, que sempre herdamos de outros seres humanos, nos propomos estudar, pesquisar ou investigar a questão, pela observação pura e simples da natureza, pela experimentação, ou pelo estudo das tentativas de outrem, com o intuito de descobrir uma resposta ou inventar uma solução que possa ser útil para todos os envolvidos no processo;

3. quando, com o intuito de compartilhar com outros seres humanos o que aprendemos, tentamos escrever ou produzir alguma obra (como um artigo, um livro, um site na Internet, uma composição musical, uma fotografia, um filme, uma obra de arte e outros);

5

Outras denominações dadas a essa modalidade de aprendizagem são: Aprendizagem por Descoberta, designação que enfatiza mais o resultado do que o processo. E auto-aprendizagem, denominação que chama a atenção para o fato de que ela acontece, em regra, sem contato direto e interativo com outros seres humanos.

4. quando observamos a ação de outros seres humanos, mesmo que eles não saibam que os estamos observando, e refletimos sobre essa ação, procurando descobrir o que os leva a agir desta ou daquela forma, quais são as convicções e os valores que aquele comportamento exemplifica, com o intuito de tirar lições para a nossa própria vida; 5. quando, depois de ter em mãos todas as informações necessárias, encontramos uma nova

forma de olhar para elas ou de "navegar" por elas. Harasim mensura a seguinte opinião:

A participação ativa reforça a aprendizagem. Escrever idéias e as informações exige esforço intelectual e geralmente auxilia na compreensão e na retenção. Formular e articular uma afirmação é uma ação cognitiva, um processo particularmente valioso se os comentários “Não concordo” ou “Concordo” forem seguidos de “porque...” (HARASIM, 2005, p. 52).

A segunda modalidade de aprendizagem ativa, que também pode ser denominada de aprendizagem colaborativa, não acontece sem a colaboração dos outros. Inclui situações em que, intencionalmente, nos colocamos em posição de interagir com outros seres humanos, seja com o intuito claro e explícito de aprender, seja com o intuito de fazer alguma outra coisa, como, por exemplo, nos entreter, ou mesmo fazer passar o tempo, que acaba por produzir a aprendizagem como subproduto. Nesta modalidade de aprendizagem aprendemos pela troca de idéias e informações, pela discussão, pela crítica recíproca, pelo reforço emocional mútuo, pela colaboração e pelo diálogo.

Essa segunda modalidade de aprendizagem pode se apresentar no plano presencial ou virtual. No presencial, as pessoas estão presentes no mesmo local na mesma hora. No virtual, as pessoas colaboram e dialogam a distância, usando espaços e ambientes virtuais criados pela tecnologia.

Outros seres humanos são parte essencial dessa modalidade de aprendizagem, pois ela envolve comunhão de espíritos, ainda que essa comunhão se dê sem interação direta com eles. Razão pela qual, alguns chamam essa modalidade de aprendizagem ativa de auto- aprendizagem. Pois, quando estudamos, pesquisamos, e investigamos, quando refletimos sobre as ações dos outros, ou quando tentamos lhes comunicar nossas experiências, idéias e sentimentos, oportunizamos a nós mesmos o processo de aprendizagem.

Essas questões precisam ser refletidas no lócus de cada organização educacional. A respeito disso Colombo afirma:

Repensar essas questões é essencial na preparação dos profissionais para a chamada “Sociedade do Conhecimento”. Pensar estrategicamente a instituição escolar é se defrontar com rupturas em todos os níveis. Em que nível os gestores escolares são hoje autocríticos e “realistas” quanto ao destino da instituição, submetendo os processos e políticas internas a uma avaliação racional e criteriosa das oportunidades (= mercado a explorar/recursos a aproveitar X ameaças = que prejudicam a escola e suas oportunidades) (COLOMBO, 2004, p. 172).

A aprendizagem se constitui na organização de cenários conforme os diferentes modelos pedagógicos existentes. Assim, a introdução de modernas técnicas de educação, de audiovisual, de televisão educativa, em particular, de aparato midiático (TIC) oportuniza o abandono da visão linear, seja ela otimista ou pessimista, da relação homem-máquina e permitem esclarecer os caminhos de pesquisa abertos.

Alava defende a seguinte afirmativa:

A materialidade do saber e sua necessária midiatização inscrevem-se efetivamente na história da escrita e encontram sua origem na história das relações entre suportes de memória e espaço de construção de saberes. A escola é garantia de uma, enquanto o mundo da informação e a edição são os defensores da outra (ALAVA, 2002, p. 57).

Este autor propõe, na promoção de aprendizagem ativa, um modelo didático que estabelece um modelo do processo de ensino e de aprendizagem por meio da interação de três pólos: dos “saberes”, do “professor” e do “aluno”. Atenta para que se deve propor a questão da posição, no modelo apresentado (Figura 5), do dispositivo técnico e midiático disponibilizado pela organização.

Figura 5 - Dinâmica didática e dispositivo midiatizado. Fonte: ALAVA, 2002, p. 57 (adaptação).

Alava enfatiza:

[...] De fato, para que o saber exista, ele precisa ser construído e declarado por um autor. [...] A racionalização dos saberes caminha ao lado da difusão dos saberes e de sua materialização em um documento que visa à universalidade dos saberes e chaves de interpretação. [...] O surgimento das tecnologias supostamente novas e a eclosão das redes eletrônicas apenas confirmarão esse desaparecimento do suporte no ato de transposição dos saberes. O saber, mesmo que se materialize em um suporte ou em uma mídia, permanece disponível e direto no espírito de inúmeros pesquisadores (ALAVA, 2002, p. 57, 58).

E, ainda, menciona que “Já a didática propõe um modelo da dinâmica de ensino pela relação triangular entre um professor, um aprendiz e um saber” (ALAVA, 2002, p. 58).

Analisa-se, portanto, que a emergência das práticas de formação em nossas sociedades, constata-se que elas se apóiam quase sempre nas mídias: (a) livro - autodidatismo, (b) jornal - co-formação, (c) centro de recursos - educação permanente. Todavia, o aparecimento de dispositivos que utilizam o ciberespaço caracteriza-se pela proposição, ao mesmo tempo, de percursos individualizados e suas respectivas das ferramentas, bem como pelo recurso a novas formas de mediação dos saberes, que concorrem para o desenvolvimento de novas oportunidades. Saberes T Trriiâânngguullooddiiddááttiiccoo Mídias T Trriiâânngguullooppeeddaaggóóggiiccoo Professor Aprendiz T Trriiâânngguulloo m miiddiiááttiiccoo T Trriiâânngguulloo d dooccuummeennttaall

Isso decorre de compromisso ético e político do ofício pedagógico, em que os educadores encontram-se frente a um denso conjunto de mudanças, dentre as quais se destaca a disposição de as sociedades convergirem para uma experiência cultural eletrônica.

Faz-se referência à Harasim, quando esta afirma:

As redes de aprendizagem lançam mão de uma variedade de modelos, projetos e abordagens com o objetivo de estruturar e encadear o processo de aprendizagem e proporcionar apoio ao aluno sempre que necessário. Em vez de tratar o professor como figura central do ensino, a maioria dos modelos de rede enfatiza a discussão e a interação entre os estudantes e o acesso a recursos on-line (HARASIM, 2005, p. 59).

Lévy, defensor do processo de ensino e de aprendizagem mediado também pelo ciberespaço, faz a seguinte citação:

A estrutura reticular do ciberespaço, considerado como meio de comunicação por meio de computadores interconetados, é atravessada por fluxos permanentes de informações, saberes, programas e atores sociais que navegam e alimentam esse universo. Uma vez incorporado aos limites da educação escolar e interagindo com os modelos da formação e da prática pedagógica, este contexto técnico de mediação multilateral relativiza um dos mais importantes dispositivos de persuasão argumentada da pedagogia: a comunicação unidimensional um-todos, centrada na polaridade orador- auditório (LÉVY, 1999, p. 17).

Tudo isso traz uma considerável repercussão para as responsabilidades dos profissionais da educação, uma vez que, como discorre (Peraya, 2000, p. 19), a tecnologia tem adentrado “[...] em todos os níveis de organização do trabalho, quaisquer que sejam os empregos e as especializações profissionais” e estimulado a criação e o crescimento de inúmeras formações de cunho formal e informal.