• Nenhum resultado encontrado

3. A DINÂMICA ORGANIZACIONAL NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM E

3.1. Inovação organizacional mediante projetos

A inovação organizacional por meio de implantação de projetos nos quais se trabalha com informações mediadas pela web, permeada pela organicidade pedagógica e metodológica, favorece condições necessárias para propiciar a motivação do sujeito pela aprendizagem, com a finalidade, em primeira instância, de responder à questão enunciada por muitos profissionais da educação: “Será que a TIC auxilia o acesso à informação?”, apresenta como base as seguintes vertentes:

a. contribuir para pensar interdisciplinariamente, com a possibilidade de criar hábitos

intelectuais que obriguem à condução das intervenções humanas possíveis em todas as perspectivas e pontos de vista;

b. favorecer a visibilidade dos valores, ideologias e interesses presentes nas questões

sociais e culturais;

c. contribuir para que os profissionais sintam-se partícipes de uma equipe com metas

comuns, com ações cooperativas e responsáveis frente às tomadas de decisões;

d. oportunizar a aquisição de uma nova habilidade ou conhecimento;

e. despertar o interesse e a curiosidade dos sujeitos, pois a análise da informação sempre

problemas na coletividade e, diretamente, na práxis educacional, na qual se envolvem e procuram soluções.

Se a instituição educacional na construção do currículo desempenha um papel importante na estratégia de preparação de sujeito ativo, crítico, solidário e democrático para exercer seu papel na sociedade, é óbvio que se possa ou não ser bem sucedido nesta missão, na medida em que o lócus da instituição converta-se em um espaço dialogizado e que desenvolvam as habilidades imprescindíveis para participar e aperfeiçoar, concreta e especificamente, a comunidade da qual se faz integrante.

Cunha discorre que:

É imperioso que o profissional da educação contribua decisiva e decididamente para melhor fluir os projetos propostos para a resolução de problemas e enfrentamentos de desafios na escola. Apontado o primeiro passo, que é o querer, passemos para outro, o fazer. Para se construir sociedades humanas é preciso interessar-se em pessoas, já que pessoas são mais importantes que coisas, precisamos criar uma cultura do fazer, do preocupar-se, do incomodar-se com este sistema que hoje se faz presente (CUNHA, 2006, p. 271).

Refletindo esse objeto, cita-se a concepção de diálogo apresentada por Paulo Freire, “o diálogo é o encontro que solidariza a reflexão e a ação de seus sujeitos, orientados para o mundo que deve ser transformado e humanizado” (FREIRE apud NÓVOA, 1979).

Nessa mesma envergadura, Gadotti enfatiza:

O diálogo, para além de um ethos comunicativo, é um compromisso com o outro, logo com a vida. Em outras palavras, muito mais do que sua inerência à existência humana, o diálogo é uma prática e um fazer histórico carregado de afeto, de realizações e de possibilidades. Locus da expressividade também das contradições humanas, para seu avanço e aprimoramento, exige exercício pleno e constante (GADOTTI, 1996, p. 648).

Citelli (2000) menciona que o diálogo:

Compreende residir nas proposições racionalmente orientadas a possibilidade do exercício democrático-dialógico. Nos contextos de ação comunicativa só pode ser considerado capaz de responder por seus atos aquele que seja capaz, como membro de uma comunidade de comunicação, de orientar sua ação por pretensões de validez intersubjetivamente reconhecidas (CITELLI, 2000, p. 54).

Assim sendo, as organizações que sustentam a dinâmica do processo de aprendizagem e inovação apresentam, na contemporaneidade, um padrão que pode ser assim sintetizado:

1. o reposicionamento em termos de mercado;

2. a introdução de novos métodos de gestão da produção; 3. a redefinição do processo pedagógico do trabalho; 4. a reorganização da organização como um todo.

Fleury (1997, p. 141) discorre que “Esse complexo processo de mudança colocou enormes desafios para as empresas em geral, dado o caráter de interdependência sistêmica entre as ações que tiveram que ser desencadeadas”.

Para Schumpeter (1985), a inovação é a destruição criativa. A organização precisa ser organizada para o abandono sistemático do estabelecido, do costumeiro, do familiar, do confortável, seja de produtos, de processos, de aptidões.

Destarte, pode colaborar para tornar a percepção das organizações pelos indivíduos como algo não natural o fato de que, ao contrário da família, da comunidade e da sociedade que são preservadoras, as organizações com sua função de pôr o conhecimento para trabalhar precisa ser organizada para mudanças constantes.

Com esse entendimento, pode-se afirmar que organização também precisa ser imbuída da capacidade de criar o novo. Na visão de Drucker (2001), três práticas sistemáticas em qualquer organização, inclusive a educacional, precisam ser embutidas em sua própria estrutura:

1. Cada organização requer o aperfeiçoamento permanente de tudo o que faz. Mesmo em processos de ciclo mais longo é fundamental não apenas repetir o processo indefinida e burocraticamente, mas conscientemente fazer a análise crítica do processo periodicamente, e ter a vontade explícita de mudar para melhor.

2. Cada organização terá que aprender a explorar, isto é, desenvolver novas aplicações a partir de seus próprios sucessos.

3. Toda organização terá que aprender como inovar e aprender que a inovação pode e deve ser organizada como um processo sistemático.

Fleury explicita que:

[...] os desafios que se colocam para o setor produtivo brasileiro, privado e público, implicam uma profunda revisão de suas premissas básicas de constituição, que envolvem a construção de relações de integração entre seus elementos constitutivos, o estabelecimento de objetivos e estratégias compartilhadas, estáveis no tempo, que permitam um lento e gradual, mas seguro, processo de aprendizagem que viabilize o atingimento de padrões

de qualidade de vida e de competitividade equivalente aos dos países avançados (FLEURY, 1997, p. 146).

Vale ressaltar que a organização baseada somente no conhecimento perderá mais facilmente a capacidade de desempenho e, com isso, a capacidade de atrair e reter os especialistas do conhecimento dois quais depende, a menos que essas tarefas sejam executadas de forma sistemática.

Toda organização precisa embutir na sua própria estrutura a gerência da mudança, por meio de administração de projetos, reforçando o sentimento de confiança mútua como um dos aspectos basilares da consolidação do trabalho cooperativo e em rede, na perspectiva da gestão da comunicação e informação.

Segundo Santos (2003), a proposta de conceber uma pedagogia de projetos avança na direção da construção da autonomia do sujeito para propor, conceber, desenvolver e avaliar a informação, normalmente realizada no contexto de um trabalho de equipe.

Em análise ao autor supracitado, pode-se afirmar que se trata de processo interativo em que conhecimentos estão em permanente construção, independentemente da intervenção direta do profissional da educação, rompendo com os vínculos de dependência entre os sujeitos partícipes, sem, no entanto, diminuir-lhe a importância na dinâmica da relação educativa.

Tecendo uma reflexão a respeito do processo informacional na organização, reporta-se a Valeriano:

A informação pode ser recebida pelo projeto, quando gerada em alguma parte de seu ambiente, mas também é produzida no âmbito do projeto, com destino a outra parte ou componente do projeto ou pode ser destinada a uma entidade externa. Ao se difundirem as informações, observa-se, de um lado, um fornecedor, do outro, um cliente (VALERIANO, 2001, p. 256).

Valeriano (2001) sinaliza que as informações geradas pelo projeto e circuladas em rede, cumprem três finalidades:

1. comunicação no âmbito do projeto, destinando-se aos clientes internos;

2. comunicação com fornecedores e clientes do projeto, destina-se aos clientes externos;

Nessa perspectiva, situa-se a organização educacional pública, foco dessa pesquisa, que numa premissa inovadora, a comunicação se dá via a constituição e a ressignificação das redes sociais, via web, possibilitando espaços de acontecência.

Entretanto, mudança de paradigmas na organização educacional perturba, desorganiza e desestabiliza a comunidade, privando-a de continuidade?

A linha que se esboça nesse estudo entende que, embora a organização possa criar mais uma tensão para a comunidade, ela precisa operar, significativamente, em uma comunidade, visto que seus membros vivem nessa comunidade e se utilizam de linguagem similar. Assim sendo, a organização não pode submergir na comunidade, nem subordinar-se a ela, mas oportunizar ações, por meio de um enfoque dialógico, ressignificando seus desenhos didáticos, de modo a buscar constituir uma nova "cultura" à comunidade, para além dos tempos e espaços. Estes se configuram em redes sociais virtuais em uma organização.

Marinho discorrendo a respeito de redes sociais virtuais, afirma que:

A Internet, sem o menor resquício de dúvida, provocou mudanças significativas na sociedade. Dentre elas, foi absolutamente inovadora na forma das pessoas se comunicarem. Hoje nos comunicamos mais direta e mais rapidamente do que antes, na velocidade dos bits. E se as formas de comunicação se alteram no chamado ciberespaço, é razoável esperar mudanças significativas nas formas de socialização, na medida em que recursos das tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) vão cada vez mais sendo usados em uma comunicação mediatizada pelo computador (MARINHO in DALBEN, 2010, p. 200).

Sendo a natureza da tarefa o que determina a natureza da organização, e não a comunidade na qual essa tarefa está sendo realizada, o sistema de valor de cada organização é determinado por sua tarefa. Se for verdade que o conhecimento não tem fronteiras, como dito por provérbio antigo, a organização do conhecimento é, por necessidade, não-nacional e não-comunitária, mesmo que esteja totalmente embutida na comunidade local. Ela é uma cosmopolita sem raízes.

A abertura de fronteiras, proporcionada pelas facilidades de comunicação e locomoção permitem prever que não haverá produtos ou tecnologias nacionais. Acredita-se também que as corporações e as indústrias deixaram de ser fechadas nos domínios geográficos definidos pelas fronteiras dos países para transformarem-se em processos produtivos mundiais interligados em redes, formando verdadeiras teias.

Para que as organizações possam se autogerir com mais eficiência e eficácia dentro desse ambiente de mudanças, precisam gerenciar a informação que permeia suas atividades.