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2.3 PjBL e PBL

2.3.1 Aprendizagem Baseada em Problemas

A aprendizagem baseada em Problemas (Problem Based Learning), que também é referenciado como PBL, é uma abordagem instrucional centrada no aluno que capacita os alunos a conduzir pesquisas, integrar teoria e prática e aplicar conhecimentos e habilidades para desenvolver uma solução viável para um problema definido. (SAVERY, 2015). Esta abordagem originou-se na escola de medicina da Universidade McMaster (Canadá) no final dos anos 1960, inspirado no método de estudo de casos da escola de direito da Universidade de Harvard (EUA) na década de 1920. (SCHMIDT, 1983)

Tal prática foi criada para atender a expansão do conhecimento em medicina. Barrows (1996) ressalta que a implementação do PBL na Universidade McMaster veio em resposta à insatisfação e ao tédio dos alunos frente ao grande volume de conhecimentos percebidos como irrelevantes à prática médica. Frost (1996) aponta que, durante os anos 50 e 60, predominantemente, os cursos estavam centrados no conteúdo e aprendizado em aulas expositivas. Segundo Allen et al. (2011), por meio da criação dessa metodologia os educadores começaram a apresentar casos complexos de pacientes reais como pretexto para a aprendizagem, exigindo que os estudantes recorressem a uma base de conhecimento multidisciplinar e integrada.

De acordo com Casale (2013), por se tratar de um método centrado no estudante, o PBL enfatiza a aprendizagem em vez da instrução, permitindo que o estudante aprenda a partir de um problema real ou simulado, interagindo com seus pares, buscando informações,

formulando hipóteses, tomando decisões e emitindo julgamento. Dolmans et al. (2015) enfatizam que o PBL encoraja uma abordagem profunda para aprendizagem, treinando as habilidades de resolução de problemas. Para Ribeiro (2005), alguns dos princípios da aprendizagem formam a base do PBL, conforme apresentado pela figura 5:

Figura 5 – Fundamentos do PBL – Aprendizagem baseada em Problemas. Fonte: RIBEIRO, 2005

Um dos maiores especialistas e colaboradores da metodologia, Barrows (1996) descreve as principais características da Aprendizagem baseada em Problemas, em seu modelo originalmente implementado na década de 1960:

- A aprendizagem é centrada no aluno: Sob a orientação de um tutor, os alunos

devem assumir a responsabilidade pela sua própria aprendizagem, identificar o que precisam saber para melhor compreender e gerir o problema no qual estão a trabalhar e determinar onde obterão informação.

- Aprendizagem ocorre em grupos de alunos: Na maioria das primeiras turmas que aplicaram o PBL, os grupos foram constituídos por cinco a oito ou nove alunos.

- Os professores são facilitadores ou guias: Parece geralmente concordado agora que os melhores tutores são aqueles que são especialistas na área de estudo, só eles também devem ser especialistas no papel difícil de tutor.

- Problemas formam o foco organizacional e estímulo para a aprendizagem:

Representa o desafio que os alunos enfrentarão na prática e proporcionará a relevância e motivação para o aprendizado. Ao tentar entender o problema, os alunos perceberão o que precisarão aprender com as ciências básicas. O problema, portanto, dá-lhes um foco para a integração de informações de muitas disciplinas.

- Os problemas são um veículo para o desenvolvimento de habilidades para

resolução de problemas: Para que isso aconteça, o formato do problema deve apresentar a

mesma forma que ocorre no mundo real.

- A informação nova é adquirida com a aprendizagem autodirigida: Espera-se que os alunos adquiram dos conhecimentos em virtude de seu próprio estudo e pesquisa. Durante essa aprendizagem autodirigida, os alunos trabalham juntos, discutindo, comparando, revisando e debatendo o que aprenderam.

Na metodologia, os problemas são discutidos antes que qualquer preparação ou estudo, para ativar o conhecimento prévio dos alunos. Como o conhecimento prévio dos alunos é insuficiente para entender completamente o problema, as perguntas questões de aprendizado são formuladas para o estudo individual adicional pelos alunos do grupo. A partir disso os alunos discutem as relações entre conceitos e princípios, integram diferentes recursos da literatura e aplicam esses conceitos e princípios aos problemas discutidos no grupo, integrando conhecimentos e habilidades. (DOLMANS et al., 2015)

Como o PBL trata, explicitamente, de algumas das deficiências do ensino em ciências, essa abordagem migrou e tem sido utilizada como caminho para integrar a formação básica em ciências e a formação em engenharia em diferentes países (ECHAVARRIA, 2010).

Segundo Ribeiro (2005), o PBL seria capaz de favorecer outros atributos, essenciais para a vida profissional dos futuros engenheiros, tais como a adaptabilidade a mudanças, habilidade de solucionar problemas em situações não rotineiras, pensamento crítico e criativo, adoção de uma abordagem sistêmica, trabalho em equipe, capacidade de identificação de pontos fortes e fracos e compromisso com o aprendizado e aperfeiçoamento contínuos. A somatória desses atributos ainda poderia conferir segurança e iniciativa aos alunos, imprescindíveis para que iniciem seus próprios empreendimentos.

Hadgraft e Holecek (1995) advogam que o PBL, no ensino de engenharia, seja uma alternativa válida aos métodos expositivos, pois contempla os seguintes objetivos educacionais: Aprendizagem ativa, por meio da colocação de perguntas e buscas de respostas; Aprendizagem integrada, por intermédio da colocação de problemas para cuja solução é necessário o conhecimento de várias sub-áreas; Aprendizagem cumulativa, mediante a colocação de problemas gradualmente mais complexos até atingir aqueles geralmente enfrentados por profissionais iniciantes; Aprendizagem para a compreensão, ao invés de para a retenção de informações, mediante a alocação de tempo para a reflexão, feedback e oportunidades para praticar o que foi aprendido.

Por fim, o PBL faz com que os alunos atuem ativamente na sua própria aprendizagem, porém necessita de uma boa preparação para melhorar a aprendizagem dos alunos, assim como problemas cuidadosamente concebidos e uma discussão em grupo facilitada por um tutor. (Barrows, 1996). Dessa forma, como destacado por Wood (2003) o PBL também pode encontrar potenciais dificuldades para implementação, como limitação de recursos, facilitadores que não conseguem ensinar e sobrecarga de informação.