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3. DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA

3.3 O caso estudado: Projeto Semestral

3.3.3 Desenvolvimento nas edições posteriores

Com a estrutura básica criada nas duas primeiras edições, conforme anteriormente abordado, a disciplina Projeto Semestral foi se expandindo nos anos posteriores. Novos projetos, novas áreas, e também um aumento na divulgação tanto para os alunos da universidade, quanto para as áreas diversas da empresa. Com isso, algumas mudanças podem ser destacadas em relação as duas últimas edições da disciplina:

- Expansão da disciplina Projeto Semestral

A partir das duas primeiras edições, foi observado um aumento considerável de interessados em participar da disciplina, tanto alunos quanto tutores. Internamente o programa ganhou força entre os líderes da empresa e a cada edição vem apresentando resultados mais positivos e se tornando mais robusto.

A partir do ano de 2015, na terceira edição a empresa também iniciou uma parceria e aplicou o mesmo método para alunos de Engenharia de uma outra universidade de grande porte. Paralelamente, a Universidade Federal de Itajubá também realizou uma expansão, começando a trabalhar também com uma nova empresa parceira, do ramo automobilístico. Porém, é novamente importante ressaltar que essa expansão para novas universidades e empresas não será abordada no presente trabalho.

- Seleção de projetos internos

Uma mudança de destaque ocorrida nos anos de 2015 e 2016 da disciplina foi em relação ao processo de seleção dos projetos internos, que seriam escolhidos para serem trabalhados ao longo do semestre. A etapa de preparação seleção de projetos passou a ser feita previamente, de acordo com um cronograma elaborado (figura 21), contando com uma ampla divulgação interna e sendo estabelecidos critérios para a escolha final. Os critérios principais:

• Cross-Sector: Devem ser selecionados projetos das três empresas da companhia: consumo, médica e farmacêutica, além de projetos na planta de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D).

• O tempo de desenvolvimento dos projetos devem ser no máximo 4 meses.

• Escopo deve ser limitado ao alcance de decisão do tutor da empresa. O projeto tem que ser claro, tem que ter um output claro.

• Complexidade do Projeto: projetos e soluções devem ser desafiadores e inovadores, não apenas de caráter simples, como por exemplo fazer uma planilha, ou algo apenas analítico.

• Disponibilidade e aderência do tutor para estar focando em ajudar e acompanhar os alunos no desenvolvimento do projeto ao longo do semestre

• Número necessário de visitas à planta pode ser um fator limitante dependendo da disponibilidade dos alunos para viagem.

- Seleção de alunos por perfil de aprendizagem

Com o aumento de interesse por parte dos alunos, foi estabelecida também uma forma de processo para inscrição e seleção dos participantes. Para a seleção dos alunos e montagem dos grupos interdisciplinares, além do critério de envolver alunos de diferentes cursos de graduação, também foram envolvidos alunos com diferentes tipos de perfil de aprendizagem nos grupos de trabalho.

Uma ferramenta utilizada para essa seleção foi um questionário por adaptado por Honey e Mumford (1989), a respeito de perfis de aprendizagem desenvolvidos por Kolb (1984). Os autores utilizam uma classificação mais simplificada para uso em uma situação de treinamento prático, como no caso em questão. O questionário é preenchido em pouco tempo, 10 a 15 minutos e através de perguntas e declarações simples, classificam o aluno dentro de um dos 4 perfis de aprendizagem: Ativista, Refletor, Teórico, Pragmático. O questionário pode ser visualizado no anexo A.

Com os alunos sendo classificados em um dos 4 perfis de aprendizagem, os grupos seriam formados considerando uma mistura de perfis dentro de um mesmo grupo. Ao se inscreverem na disciplina, os alunos além de responderem o questionário de perfis de aprendizagem, responderiam um segundo questionário em relação a aspectos e informações gerais, conforme anexo B. Outros critérios utilizados para a seleção dos alunos para participar do programa, foram em relação ao período no qual o aluno estava matriculado (preferencialmente 8º ou 10º período), cursos no qual estavam matriculados, e também em relação à habilidades e experiências adquiridas em atividades e projetos acadêmicos ao longo da graduação.

- Experiência de Projeto Misto

Na quarta edição realizada, em 2016, os coordenadores da disciplina, tanto da empresa quanto da universidade, decidiram inovar e criar um grupo composto por alunos da Universidade Federal de Itajubá, e de outra universidade parceira.

O grupo de trabalho contaria com alunos de ambas as universidades em uma equipe multidisciplinar, com alunos de Engenharia de Produção, Engenharia Química, Engenharia Mecânica e Administração de Empresas.

Além das duas universidades possuírem uma distância física considerável em relação a empresa, também possuíam uma distância física entre si, contando com a tecnologia como base fundamental para manter a comunicação e o desenvolvimento das atividades. O projeto

desenvolvido teve caráter semelhante em termos de complexidade, em relação aos outros projetos, e o maior desafio apresentado foi em relação a adequação de horários em comum para reuniões e atividades em conjunto. Outro ponto que deveria ser destacado é a competitividade que poderia existir entre os grupos das duas universidades, algo não apresentado no grupo em questão, onde os alunos reuniram esforços e em ótima sintonia apresentaram um resultado muito satisfatório.

O projeto misto em questão representou uma inovação até mesmo em relação a outros programas de aprendizagem baseada em projetos. No próprio Projeto Semestral Europeu, os projetos envolvem alunos de universidades e nacionalidades diferentes, porém no programa europeu todos se alocam em um mesmo polo para executarem os trabalhos de desenvolvimento do projeto ao longo do semestre, ao contrário do caso estudado, onde existe a limitação da distância. No programa europeu também existe a dedicação exclusiva para o projeto, conforme já apresentado.