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APRESENTAÇÂO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO AOS DISCENTES DO

3 A RELAÇÃO ENTRE OS DISCENTES DA UFSC COM AS ASSISTENTES

3.1 APRESENTAÇÂO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO AOS DISCENTES DO

Para expressar como é feito o trabalho no setor, foram utilizados slides para apresentar alguns pontos cruciais para o entendimento do andamento dessas políticas. Todas as referências utilizadas nesse documento estão presentes no apêndice (APÊNDICE A).

Nesse documento apresento o projeto de Intervenção com nome: “unir para fortalecer: CoAEs e Caliss na luta para garantir assistência estudantil”.

Iniciamos o projeto de Intervenção em agosto de 2018 e seu término deu-se em novembro do mesmo ano. O público ao qual destinamos o projeto foram os Estudantes de Serviço Social da UFSC, representados pelo Centro Acadêmico Livre de Serviço Social (Caliss).

O presente projeto de intervenção foi desenvolvido na Coordenadoria de Assistência Estudantil (CoAEs) − Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE), localizada na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Como estagiária, identifiquei, a partir da vivência no campo de estágio obrigatório, as divergências existentes entre o ponto de vista dos estudantes e o que de fato é executado pelos profissionais de serviço social, dando origem às necessidades presente desta intervenção. Identifiquei essas divergências em pontuações feitas por estudantes em espaços como acolhimento de estudantes nas entrevistas no setor para validação do cadastro sócio econômico; Casos relatados em sala de aula e presenciados por mim; relatos de estudantes na Semana Acadêmica de Serviço Social 2017.

Dentre as principais divergências identificamos as seguintes:

a) Os estudantes são selecionados pela renda per capita não por sua raça, crença ou opção sexual.

de processo de seleção, e o valor dos recursos seleciona os contemplados, portanto, podemos afirmar que não são as assistentes sociais que selecionam os estudantes dentro de seus próprios critérios.

c) O setor recebe demandas espontâneas diariamente, porém as demandas programadas se mantêm no cronograma e/ou agenda, fazendo assim que todos os estudantes recebam o atendimento.

Como objetivo geral busquei esclarecer junto aos estudantes do Curso de Serviço Social da UFSC representados pelo Centro Acadêmico Livre de Serviço Social (Caliss), o trabalho da(o) assistente social na CoAEs, para aproximação destes sujeitos e, consequentemente, o fortalecimento da Política de Assistência Estudantil na UFSC.

Quanto aos objetivos específicos, pretendi conhecer a percepção dos estudantes sobre o trabalho das assistentes sociais da CoAEs/PRAE; apresentar para os estudantes o atual orçamento da assistência estudantil na UFSC e como ele é utilizado; expor os desafios e ações do trabalho do Serviço Social na CoAEs.

Como metodologia utilizei a entrevista guiada por roteiro com estudantes do Caliss; observação participante sobre atuação profissional do Serviço Social na CoAEs; levantamento de dados sobre orçamento, número de atendidos na CoAEs, além de saber sobre a quantidade de inscritos e contemplados pelos auxílios e programas assistenciais da PRAE. Utilizei a observação participante dos semestres de supervisão de campo para elaborar a dinâmica de aplicação do questionário do PI. Pesquisei para o levantamento de dados nos editais referentes a assistência estudantil os números de pedidos, benefícios e de estudantes contemplados. Foram incluídas as questões mais pertinentes sobre as divergências que são sobre o atendimento no setor. Juntamente com as assistentes sociais da CoAEs, que foram minhas supervisoras de campo, elaboramos a entrevista priorizando as dúvidas e as divergências que foram observadas por mim nesses semestres em que estagiei na CoAEs. Para esclarecimento das questões as perguntas foram sobre como os estudantes entendiam a dinâmica e como eles observavam o atendimento dado pelas assistentes sociais nos acolhimentos do setor. Antes de aplicar esse questionário com os estudantes, a supervisora acadêmica também fez contribuições importantes para a dinâmica de aplicação do questionário, ressaltando que o sucesso da entrevista se daria através do interesse dispensado pelos estudantes no processo.

Nesse convite aos colegas de curso, deixei claro os objetivos e pedi que eles entre si se reunissem e escolhessem aqueles que seriam entrevistados para a realização da pesquisa, visto que assim os que participassem estivessem à vontade com as devolutivas para as perguntas na entrevista, pois desejei que não parecesse imposição minha sobre quem participaria da entrevista em questão.

Resolvi não fazer escolhas sobre os participantes desse encontro, visto que o assunto em si já gerava conflito e poderia deixar alguns dos estudantes desconfortáveis.

Como resultado da pesquisa, dos três entrevistados, só um era usuário do serviço de assistência Estudantil da PRAE e as informações obtidas da entrevista com os estudantes, não manifestaram problemas no atendimento das profissionais. Relataram ainda que compreendem os problemas estruturais e financeiros (entrevistado 1). Não apontaram as dificuldades na relação com o setor e com as profissionais de Serviço Social.

O entrevistado 1 relatou que ao acompanhar um amigo no setor, pois ele frisou que não seria usuário dos programas de assistência, não observou nenhuma atitude que desabonasse o atendimento dispensado pela assistente social em questão. “Ela nos tratou superbem, foi comunicativa e solícita. Conferiu a documentação que o meu amigo entregou, explicou sobre a renda per capita e sobre os prazos para a devolutiva do pedido. Para mim foi tudo muito tranquilo e não observei nada das falas que ouço aqui fora, porque meu amigo é negro e não sofreu nenhum tipo de preconceito...então não sei...”

O entrevistado 2 esclareceu que não é usuário dos programas de assistência estudantil e, portanto, nunca compareceu ao setor, para alguma demanda, nem como acompanhante de alguém.

O entrevistado 3 fez relatos muito pontuais sobre as assistentes: “todos os problemas que enfrento aqui na UFSC, são as assistentes sociais da ‘PRAE’ que me ajudam a resolver. Como sou indígena tive muitos problemas de adaptação, tanto com colegas quanto com professores. Quando não estava conseguindo entender o conteúdo dado por um professor e pensei em desistir, a assistente social que me acompanha me orientou e marcou psicóloga para que eu conversasse e entendesse o que era melhor pra mim naquele momento. Sempre busco auxílio dela e sempre sou bem atendido. Para mim elas ali no setor são o ponto de referência com a UFSC. Sem elas eu acho que já teria desistido tamanha foram as provações que

encontrei desde a minha chegada aqui. Então eu não sei nada dessa história de preconceito, racismo e isso tudo aí que falam sobre o atendimento delas. Reafirmo que sempre fui muito bem atendido e orientado”.

Como resultado da pesquisa sobre o profissional do Serviço Social ficou claro que nesse espaço sócio-ocupacional, o assistente social é um trabalhador cuja atuação esbarra nos princípios, normativas, editais e portarias que regem a administração pública (para garantir a isonomia e transparência nos processos de seleção); tem autonomia relativa quanto aos critérios de seleção, uma vez que é o valor dos recursos que seleciona os contemplados; equipe reduzida tendo como perspectiva a quantidade de estudantes que são público-alvo da política. Por tudo isso, o assistente social vivencia constantemente tensionamentos com os estudantes pela escassez dos recursos.

Foi esclarecido aos estudantes que no ano de 2018 os recursos advindos do Plano Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes) para a assistência estudantil da UFSC,( o recurso é da PRAE) – foram de R$22.015.000,00 (vinte e dois milhões e quinze mil reais), distribuídos em todos os programas. A quantidade de cadastros concluídos foi de 4.256 (dados de 3 de outubro de 2018).

Apresentamos também como dados de pesquisa alguns números de programas específicos da assistência estudantil para melhor entendimento de como se dá essa questão:

a) ISENÇÕES RU – 2018.2 (todos com cadastro PRAE concluído ou validação de renda deferida)

 4.890 (mais isentos que cadastro – validação de renda); b) BOLSA ESTUDANTIL 2018.2

 Inscritos: 1.099 – Contemplados: 300

 Renda de corte: R$592,86

 São pagas aproximadamente 2.000 bolsas • Auxílio Moradia 2018.2

c) Inscritos: 1.066 Contemplados: 760

 Renda de corte: R$857,44

 São pagos aproximadamente 1200 auxílios d) Moradia Estudantil 2018.2 (167 vagas ao todo)

 4 Vagas – Renda De Corte 162,09 e) Inscritas vagas femininas: 67

 6 Vagas – renda de corte 234,25

A ideia principal para a realização desse projeto foi identificar as causas prováveis da relação conflituosa entre os/as estudantes da UFSC, representados pelo Caliss e as profissionais do Serviço Social da CoAEs.

Tendo em vista que os/as estudantes entrevistados não são usuários de programas da CoAEs, o objetivo principal deste estudo pode não ter sido atingido e para tanto pesou negativamente que as informações coletadas mostrassem a realidade dos tensionamentos existentes em relação ao atendimento dos profissionais do setor.

Após os estudantes entrevistados afirmarem que não eram usuários dos serviços, não tinham reclamações e as opiniões negativas relacionadas ao atendimento eram relatadas por terceiros, amigas/os, companheiras/os de residência, namoradas/os entre outros. Com isso, as dúvidas aumentavam relativamente, questionei como essas dúvidas seriam e se poderiam ser sanadas.

Iniciei as transcrições das entrevistas imaginando como relataria as informações obtidas e como essas me levariam ao cerne da questão principal: A percepção discente sobre o serviço social da Coordenadoria de Assistência Estudantil, pois o principal objetivo foi esclarecer junto ao Caliss o trabalho da assistente social da CoAEs na UFSC, visto que, o objetivo seria minimizar os ruídos sobre o atendimento feito pelos profissionais do setor, fortalecendo a relação entre os sujeitos. A ideia é que a partir da aproximação destes sujeitos, eles possam identificar uma maneira de iniciar algumas ideias propostas nesse primeiro contanto. Espera-se que essas considerações sejam avaliadas por ambos, para que as mudanças pactuadas visem à interação de força dos sujeitos, fazendo assim que conquistem relevantes mudanças e, consequentemente, o fortalecimento da Política de Assistência Estudantil na UFSC.

É importante ressaltar que os estudantes tinham e apresentaram resistência para o contato com as profissionais da CoAEs. Apesar de não apontarem dificuldades na relação com o setor e com as profissionais de Serviço Social (aqui faço referência aos estudantes que participaram da entrevista, e não àqueles que possuem algum questionamento, porém, não participaram da pesquisa), na

entrevista, ocorrida alguns dias antes, no dia da aplicação, deixaram claro suas inseguranças e anseios quanto ao atendimento das profissionais. Na entrevista, realizada antes da execução propriamente dita do PI, o Entrevistado I relatou, a partir de informações fornecidas por terceiros, a falta de clareza com relação aos critérios do setor para considerar “independência financeira” do grupo familiar de origem.

Para tanto, foi explicado pelas assistentes sociais os critérios usados para que se conceda a independência financeira, pois considera-se por independente financeiro, o candidato que comprovar rendimentos próprios que garantam a sua subsistência autônoma e individual, que resida em outro domicílio diferente da família de origem. Explicou-se que para isso é preciso entender que este candidato não deve/pode receber nenhuma espécie de ajuda/auxílio do seu grupo familiar, tais como: dinheiro, alimento, pensão, passagens, roupas, entre outros. Ainda foi colocado que esses auxílios não podem ser recebidos nem esporadicamente. Para ser candidato a esse critério de independência financeira o estudante precisa ter seu vínculo familiar rompido com o seu grupo de origem, não tendo assim um responsável por situações que possam vir a ocorrer, como problemas da ordem de saúde, acadêmica e pessoais, demonstrando nenhuma existência de vínculo com o grupo de origem.

Para além dessa informação foram apresentadas aos estudantes os recursos advindos do PNAES em 2018 (APÊNDICE A).

Com a análise do que foi dito nas entrevistas ficou explicito que algumas falas são apenas reproduzidas quando se questiona o atendimento das profissionais da CoAEs, pois nesse momento da entrevista, as dúvidas e relatos negativos sobre o setor não foram mencionados e os entrevistados não participavam da mesma opinião negativa de alguns outros estudantes sobre os profissionais do setor em questão.

Fica difícil mensurar que questões são relevantes sobre o assunto, pois justamente aqueles estudantes que tinham posicionamento forte e negativo sobre esses profissionais não estiveram presentes nas entrevistas e nem na aplicação do Projeto, visto que esse seria o momento ideal para os questionamentos de todas as falas reproduzidas até aquele momento.

É curioso entender que os estudantes que participaram dos dois momentos da execução deste Projeto, apesar de receosos com o embate com as assistentes

sociais, apresentaram interesse nas explicações de como é feito o trabalho no setor e sobre como é destinado o orçamento que o mesmo recebe para a assistência estudantil.

Nesse contexto, ao analisar as entrevistas, entendi que apesar de alguns pontos divergentes na opinião dos estudantes, ficou estabelecida, por aqueles que estiveram em entrevista e na aplicação do PI, a vontade de compreenderem o mecanismo que existe nos critérios sobre a seleção dos estudantes para os auxílios na assistência estudantil, ficando cientes das dificuldades encontradas por essas profissionais diariamente nas suas rotinas de trabalho.

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