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2.3 Análise das práticas observadas e os resultados da escola

2.3.1 Apresentação e análise dos dados obtidos na pesquisa documental

Um dos fatores associados à eficácia escolar trazidos para a análise por Franco e Bonamino (2005) e ratificado por Soares, Alves e Mari (2002) é a infraestrutura, apresentada como elemento essencial para a compreensão da realidade das escolas brasileiras, visto que, a sua não existência ou existência precária, influencia diretamente na organização e no desempenho escolar dos alunos.

Soares et al. (2002, p.14) alerta que na literatura internacional “são escassas e limitadas as referências à questão da infraestrutura”. Tal fato provavelmente

decorre das boas condições que as redes de ensino dos países mais ricos experimentam como realidade cotidiana.

Enfrentando uma situação bem distinta, nos países mais pobres, as instalações e recursos apresentam impacto significativo. No caso do Brasil, Soares Alves e Mari (2002, p. 15) classificam que a infraestrutura das escolas tem uma influência decisiva no rendimento dos alunos, orientando que as pesquisas realizadas no país devem considerar em suas análises aspectos como o estado de conservação do prédio, adequação das instalações, existência de biblioteca, entre outros itens.

Neste sentido, é possível observar, por meio da coleta da variável do IFC/RS do Padrão Mínimo, entre os anos de 2011 e 2013, resultados significativos, no atendimento da vertente ambiental, atingindo em torno de 90%. Tal fato demonstra que as instalações e recursos escolares identificados no Colégio Laranjeiras atendem de modo satisfatório à comunidade escolar.

O Padrão Mínimo é uma avaliação global dos espaços da escola, realizada bimestralmente por um grupo de sete pessoas, que representam os diferentes segmentos: alunos, professores, serviços administrativos, serviços gerais, gestão, equipe pedagógica e o AAGE. Este grupo avalia, in loco, o cumprimento dos 5S7 (cinco sensos) nos diversos ambientes da escola e, consequentemente, se estes são propícios e favoráveis à aprendizagem (GODOY e CHAVES, 2009).

Nesta avaliação, a escola tem um diagnóstico sobre os espaços que possui e a efetividade de seu funcionamento. Os avaliadores atribuem 1 (um) quando o espaço atende 100% das expectativas e necessidades e 0 (zero) quando não há atendimento integral das necessidades. Eles fazem encaminhamentos, no formulário de avaliação, que posteriormente são discutidos e validados em reunião, sendo inseridos no Plano Ambiental da escola.

Ao observar a organização e gestão da escola, Franco e Bonamino (2005) destacam uma série de pesquisas que evidenciam a importância do gestor e dos docentes enquanto fatores significativos para a eficácia escolar. Soares et al. (2002) traz importantes reflexões sobre a eficiência da liderança tanto no desenvolvimento

7A sigla 5S se refere a cinco sensos

– utilização, ordenação, limpeza, saúde e autodisciplina – que fazem parte de um programa criado no Japão na década de 1950 com o objetivo de despertar a consciência ambiental, estimulando a melhoria e a manutenção do ambiente físico e o relacionamento entre as pessoas (GODOY;CHAVES,2009)

de suas funções administrativas quanto pedagógicas, assinalando que o diretor deve ser capaz de mobilizar o grupo em prol do cumprimento dos objetivos educacionais e interagir com os alunos no sentido de despertar o interesse em aprender.

No aspecto administrativo, Soares, Alves e Mari (2002) destacam que a aplicação correta dos recursos, garantindo um bom funcionamento da escola, é um dos elementos para se determinar a competência do diretor.

Ao observar as variáveis do IFC/RS do Colégio Laranjeiras, coletadas entre 2011 e 2013, percebe-se ligeira variação no cumprimento da entrega, no prazo, da prestação de contas financeiras, com uma variação de 90% para 100% no período.

Outra variável de cunho administrativo, relacionada à atuação do diretor e à organização do sistema de ensino, é a lotação do quadro de professores, que mede a capacidade da escola/Secretaria de Educação de prover o quadro de docentes em tempo hábil. O atendimento do indicador, no mesmo período, apresentou variação de 82% para 92%, pois, no primeiro ano da coleta, a escola não tinha, em fevereiro, todos os professores necessários, alocados nas disciplinas, para ministrarem as aulas. O que gradativamente foi sendo minimizado, culminando, em 2013, com a carência apenas do professor de Ensino Religioso.

De acordo com Soares et al. (2002), as questões pedagógicas são consideradas decisivas para verificar a capacidade de liderança de um gestor, que deve ser pautada na habilidade de estruturar e envolver a todos os elementos da escola, no projeto pedagógico.

A liderança pedagógica exerce forte influência nos resultados, pois envolve a definição de objetivos e metas de ensino comuns, compartilhados por todos os elementos da escola que, envolvidos na tomada de decisões e na implementação do projeto pedagógico, tornam-se corresponsáveis pelo sucesso da instituição.

Retomando Bonanimo e Franco (2005), em certo sentido, a liderança pedagógica alude aos fatores de eficácia escolar descritos na pesquisa acadêmica e organizados nas categorias: clima acadêmico e ênfase pedagógica, nos quais, a primazia do ensino e da aprendizagem, o interesse e dedicação dos professores e o nível de exigência são questões importantes que contribuem para a compreensão das características das escolas eficazes.

Observando a dimensão ensino-aprendizagem do IFC/RS da escola pesquisada, percebe-se que as variáveis contidas na dimensão têm um forte impacto nos resultados, de acordo com a metodologia da GIDE, representam cerca

de 30% do peso do indicador, convergindo, assim, para fatores que contribuem com o crescimento e a melhoria da escola.

As variáveis que contemplam mais diretamente os professores no IFC/RS agregam aspectos referentes ao cumprimento do Currículo Mínimo, registro de práticas pedagógicas bem sucedidas na sala de aula e a frequência dos professores.

De acordo com os arquivos e registros de evidências de coleta da GIDE existentes na escola, o cumprimento do Currículo Mínimo apresenta um salto significativo de 92% para 100%. Denotando que, em 2013, todos os professores declararam, ao final do período letivo, o cumprimento de todos os conteúdos previstos para o ano escolar em curso.

Quanto ao registro de práticas bem sucedidas, a escola ainda apresenta baixos percentuais, embora se perceba um crescimento de 25% para 45% no período pesquisado. Esta variável mede o número de professores que elaboraram uma técnica de aula. De acordo com o sistema de padronização, as práticas que impactaram nos resultados devem ser registradas e difundidas. Talvez este seja um dos fatores que dificultam a elaboração dos padrões, pois, em muitos casos, não é apenas um instrumento ou aula que repercute nos bons resultados, mas a soma de recursos, técnicas e aulas.

O registro das práticas bem sucedidas deve ser feito em formulário próprio, no qual o professor especifica o que fez, descrevendo o seu objetivo, os recursos utilizados, a metodologia e os procedimentos. O registro deve ser feito observando o critério de impacto da prática utilizada na aprendizagem dos alunos e, posteriormente, deve ser socializada com os demais professores.

A frequência dos professores é apontada na Matriz SWOT da escola, desde 2011, como uma de suas forças, aparecendo no IFC/RS em torno de 98% durante todo o período pesquisado, confirmando a análise realizada na Matriz e com forte indício de impacto na eficácia da escola.

A literatura sobre escolas eficazes aponta para a importância da análise aprofundada da liderança administrativa e pedagógica do gestor e, ainda, acrescenta o projeto pedagógico aceito por todos, como categoria que permite perceber a interação, o envolvimento dos professores nas escolas eficazes.

O delineamento da pesquisa, na próxima subseção, pretende aprofundar a análise sobre a liderança no aspecto referente à gestão pedagógica. Discutir a

gestão do cotidiano escolar, as características do ensino observadas, o envolvimento e as práticas pedagógicas empregadas pelos professores e, por fim, a gestão de resultados educacionais, abordando conceitos como indicadores, índices, desempenho, aprendizagem e eficiência, as concepções de currículo, projeto pedagógico e cultura escolar. Utilizando, na análise, autores como Lück (2000; 2009), Soares (2004), Polon (2009, 2011) e Machado (2012).