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Apresentação e análise dos resultados conseguidos com as entrevistas

Capítulo II: Parâmetros da investigação

2.8. Apresentação e análise dos resultados conseguidos com as entrevistas

As entrevistas por nós realizadas a duas docentes do 1º Ciclo do Ensino Básico, a uma docente do Ensino Especial e a uma docente do Ensino Pré-escolar, foram semiestruturadas e funcionaram como um meio complementar na obtenção de informação pertinente para a consecução dos nossos objetivos, sendo essenciais ao desenvolvimento do nosso trabalho.

Entrevista dirigida a um docente do Primeiro Ciclo do Ensino Básico (1)

Através desta entrevista pudemos saber que a entrevistada:

“Tem 27 anos de serviço e trabalha neste Agrupamento há dez anos sensivelmente”.

“Que já trabalhou com alunos com dificuldades de aprendizagem”

“Todos os anos mesmo com turmas diferentes, tem sempre alunos com mais dificuldades. Cada caso é um caso, por isso há que arranjar estratégias e recursos para ajudar a ultrapassar as dificuldades de aprendizagem”.

“Para ajudar os alunos com dificuldades de aprendizagem recorreu ao apoio

individualizado, que valoriza mais a participação oral e utiliza muito o quadro interactivo e o computador, jogos didáticos e livros da biblioteca”.

“Entende que o tempo disponibilizado para atender alunos com dificuldades de aprendizagem é escasso, embora o agrupamento disponibilize professores de apoio educativo para esses alunos. Seja como for, a professora titular de turma e o professor educativo trabalham em conjunto e em alguns casos obtém sucesso”.

“Acha que tudo é importante, mas mais importante do que o recurso a jogos

educativos que permitem ultrapassar as dificuldades de aprendizagem, é contar com o apoio dos pais. Por vezes, as crianças têm dificuldades devido a problemas que já vêm de casa. Este tipo de dificuldades seria menor se as

68 crianças tivessem mais apoio por parte dos pais. Por isso, há que responsabilizar os pais.

“Entende que a escola está muito bem preparada e até tem bons recursos,

porque é uma escola nova. No entanto o tempo é pouco para apoiar os alunos. Além disso, estes alunos estão integrados em turmas muito grandes. Por isso, estas turmas deveriam ser mais pequenas, pois com turmas muito grandes não é possível fazer um apoio mais individualizado. Importa dizer que a professora que apoia os meus alunos com dificuldades de aprendizagem tem feito um bom trabalho. Possivelmente a partir do 2º período alguns alunos deixarão de ter apoio. As crianças são apoiadas em pequenos grupos, nos quais acaba por haver uma socialização e uma ajuda mútua”.

“Desenvolve com as crianças, no âmbito da animação educativa, atividades de Expressão Dramática, jogos educativos, lengalengas e trava-linguas”.

Entrevista dirigida a uma docente do Primeiro Ciclo do Ensino Básico (2)

No âmbito desta entrevista ficamos a saber que a entrevistada:

“Tem 36 anos de serviço. Está nesta área por vocação., pois quem não tiver vocação para o ensino, o trabalho efetuado não se vai refletir nos alunos”.

“Tem vários alunos com muitas dificuldades de aprendizagem na sua turma que tem dois níveis de ensino, 1º e 2º anos de escolaridade. Que no primeiro ano são notórios casos de alunos com dificuldades de aprendizagem. Os alunos do segundo ano revelam dificuldades quer em Português, quer em Matemática essencialmente. Que se não pode desistir das crianças com dificuldades de aprendizagem. Acima de tudo, porque são crianças com capacidades mas que dão muito trabalho, necessitando, deste modo, de muito apoio individualizado. Daí ser muito importante criar pequenos nichos, porque precisam de muito trabalho individualizado”.

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“Considera como atividades mais apelativas e úteis para os alunos com

dificuldades de aprendizagem se sentirem mais motivados e auxiliados, a nível da oralidade, as rimas e as lengalengas. Seja como for, com turmas muito grandes a estratégia que no seu entender tem mais sucesso é o apoio individualizado, porque estes alunos quando estão no seio do grande grupo vão muito ao quadro para melhor identificar as suas dificuldades. Utiliza muito o quadro interativo para testar os conhecimentos dos alunos, na medida em que a parte visual é muito apelativa. Realça ainda que para estes casos, também utiliza muito o material didático como as barras de cuisinaire e também recorre a diversos jogos educativos”.

“Entende que atualmente são exigidas aos professores todo o conjunto de

metas que têm de cumprir, nas quais não se encontram contempladas atividades de Animação Sociocultural na sua essência. Não é dado aos professores o tempo necessário para aplicar atividades de Animação Sociocultural, embora saiba que estas atividades motivam os alunos para a escola e dão-lhes competências, nomeadamente na oralidade e na expressividade que depois se refletem positivamente na escrita. Se o tempo que é dedicado a assuntos burocráticos fosse usado para estudar e criar estratégias para colmatar as dificuldades dos alunos, com certeza que estes teriam um maior sucesso escolar. Se se dedicasse algum do tempo escolar à dança e à música, por exemplo, era óbvio que se iria conseguir evolução nos alunos com dificuldades de aprendizagem.

A escola a tempo inteiro veio retirar muito tempo que a criança dedicava para brincar, porque é a brincar que a criança também aprende. A criança antes de entrar para a escola, o que é que aprendeu? Aprendeu a brincar”.

Entrevista dirigida a uma educadora de infância

Com esta entrevista ficamos a saber que a entrevistada:

70 “Já teve alunos com dificuldades de aprendizagem ao nível do pré-escolar, pois a este nível já se detetam alunos com dificuldades de aprendizagem, nomeadamente nas áreas de competências, tornando-se necessário trabalhar com estas crianças logo no inicio para colmatar essas dificuldades”.

“Utiliza como estratégia para ajudar a combater as dificuldades destes alunos

canções, lengalengas, jogos didácticos e atividades de Expressão Dramática. Tudo é utilizado de forma lúdica para motivar as crianças. Existem jogos linguísticos que ajudam a superar as dificuldades como rimas e trava-línguas”.

“A maior parte das vezes utiliza como jogos didáticos, jogos de mesa, tais

como pentaminós, o jogo pentalfa, o tangram e o puzzle 15. Relativamente ao jogo dos pentaminós, este possibilita a exploração de conceitos de geometria, bem como desenvolve atividades que envolvem raciocínio lógico e aplicação de conceitos matemáticos. O jogo pentalfa é um solitário de alinhamento cuja base do tabuleiro é um pentagrama, no qual são colocadas nove peças nas dez intersecções. O tangram é um puzzle oriental constituído por sete peças. É conhecido como tabuleiro da sabedoria que permite demonstrar que a matemática pode ser divertida e familiariza o aluno com as figuras básicas da geometria. Estimula a participação do aluno em atividades conjuntas para desenvolver a capacidade de ouvir e respeitar a criatividade dos colegas, promovendo o intercâmbio de ideias como fonte de aprendizagem para um mesmo fim. Por último, o puzzle 15 consiste num tabuleiro 4 por 4, com quinze peças quadradas numeradas de 1 a 15. Os blocos numerados podem ser movidos para o buraco por deslocamento da peça adjacente seleccionada. Cada bloco é selecionado na sua vez. Os movimentos permitidos são os de deslocar as peças para o local vazio”.

“Trabalha com crianças com idades de 3, 4 e 5 anos. É um grupo heterogéneo,

o que acarreta vantagens e desvantagens. As vantagens prendem-se com o facto de os alunos mais novos aprenderem muito com os mais velhos. Contudo, os alunos com 5 anos estão em menor número, dando-se por vezes um retrocesso. Na minha opinião, não é mau ter um grupo heterogéneo. É mais trabalhoso mas tem as suas vantagens”.

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“Entende que a nível do pré-escolar as estratégias utilizadas por si e que

resultam melhor são muito diversificadas. Nos casos dos alunos com dificuldades de aprendizagem, utiliza um trabalho personalizado, recorrendo frequentemente a jogos educativos. Além disso, também se promove o espírito de grupo”.

“Entende ainda que em termos de materiais a escola está bem equipada, uma

vez que é um edifício recente. A nível humano, acontece precisamente o contrário, há poucos professores de apoio”.

“Salienta que os alunos beneficiam de várias terapias, para ajudar estes alunos, como a da fala e a ocupacional, criando por vezes o Agrupamento equipas multidisciplinares”

Entrevista dirigida a um docente do ensino especial

Ficamos a conhecer com esta entrevista que o entrevistado:

“Já teve alunos com dificuldades de aprendizagem”

“Encarou o facto de forma natural, pesquisou sobre o assunto, foi vendo os

sinais contínuos e frequentes na criança, anotando o que via e por fim, marcou uma reunião com o encarregado de educação para de algum modo conversarem acerca da criança e procurar saber se alguns destes sinais se evidenciava em casa, tendo-se colocado a questão de encaminhar a criança para uma consulta”.

“Entende que muitas vezes as dificuldades que os profissionais encontram em termos de apoio, se regem essencialmente com a tomada dos pais que não encaram como problema a forma de ser dos filhos, ou simplesmente dizem que

72 também foram assim em novos e adiam a ida a uma consulta, comprometendo assim o seu futuro e o sucesso.

Outra das dificuldades que encontram tem a ver com o tempo e material disponível para trabalhar com a criança a fim de ela ultrapassar e contornar a problemática. Por vezes os profissionais não conseguem com duas horas semanais com essa criança fazer “milagres”. Ainda há um longo caminho a percorrer nesse sentido, as crianças não podem ser contabilizadas em horas num professor, elas têm que ser vistas como ser humano que precisa de apoio para efetivamente ter sucesso e poder quebrar barreiras”.

“Para cada criança utiliza um método diferente, pois todas as crianças são

diferentes, mesmo tendo a mesma idade. O aluno que apresenta dificuldades de aprendizagem necessita de estar inserido num ambiente bem estruturado. De forma geral, o rendimento dos alunos melhora quando o professor esquematiza no quadro as atividades a realizar ao longo do dia ou da aula e apresenta, segundo o mesmo processo, os objetivos a atingir. Uma revisão de fatores como tempo e regras associados a cada nova atividade ajuda igualmente o aluno com dificuldades de aprendizagem a fazer a transição entre uma atividade e outra. Os computadores são ferramentas extremamente úteis neste campo, existindo mesmo vários tipos de programas destinados a facilitar a produção escrita. aprendizagem possa ser bem sucedido na total realização do exercício em causa. Estratégias que utilizo com mais sucesso”.

“Entende ainda que as escolas se regem com o material que têm, em muitas

delas são os próprios professores que com o seu próprio dinheiro o compram para utilizarem com as crianças com necessidades de aprendizagem ou outras necessidades.

Em Portugal infelizmente a educação passou para um patamar inferior e uma desigualdade de oportunidades, reflete-se na construção de escolas e outras com lacunas graves, apoios aos privados e uma forte centralização no Sul em relação às restantes regiões”.

“Considera importantes outros apoios como: gratuitidade nas consultas a que

73 escola para combater as dificuldades. Pais com apoio indireto e material disponível em todas as escolas”.

2.9. Análise e discussão dos resultados obtidos através dos questionários e

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