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Capítulo II: Parâmetros da investigação

3. Conclusão

Ao terminarmos este trabalho que denominamos de “Animação, Educação e Dificuldades de Aprendizagem” sentimos ser urgente modificar o método tradicionalista de a criança adquirir os seus conhecimentos e a necessidade de lhe proporcionar atividades em que ela participe e desenvolva as suas capacidades agindo e experimentando ela própria. As crianças que experimentam atividades de animação, nas suas diferentes vertentes, vivem-nas intensamente e são no futuro mais criativas e ativas no processo de ensino-aprendizagem. Cuja questão inicial tinha a ver com o conhecermos a importância que a animação educativa tem no sucesso escolar de crianças com dificuldades de aprendizagem; com o conseguirmos confirmar ou não as nossas hipóteses iniciais que iam no sentido de que a animação educativa é um método eficaz para a redução do insucesso escolar, nomeadamente das crianças com dificuldades de aprendizagem, e uma metodologia de intervenção útil para o desenvolvimento da pessoa, bem como com o alcançarmos os objetivos que nos propúnhamos e que eram combater o insucesso escolar, em especial dos alunos que lutam com dificuldades de aprendizagem, desenvolver métodos e hábitos de estudo de

75 forma educativa e formativa, gerar a participação e a responsabilidade e desenvolver a autonomia.

Pudemos ainda concluir que as atividades de animação educativa são uma mais- valia, quer para as escolas, quer para os seus alunos que tantas vezes precisam de serem apoiados e motivados, de forma inovadora, lúdica e criativa, para assim ultrapassarem as suas dificuldades de aprendizagem. Fornecem-lhes competências, nomeadamente na oralidade e na expressividade o que se reflete positivamente na escrita. Contudo e apesar de fornecerem estas competências e motivarem os alunos para a escola, não é dado aos professores o tempo necessário para aplicar atividades de Animação Sociocultural.

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APÊNDICES

I – GUIÃO DA ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA

Blocos da entrevista Objetivos

específicos Tópicos a discutir Observações

Legitimação da entrevista e motivação Legitimar a necessidade da entrevista e motivar o entrevistado para a mesma, estabelecendo empatia entre as partes.

- Informar, em linhas muito gerais, o objetivo do estudo: estudar a importância que a animação educativa tem no sucesso escolar de crianças com dificuldades de aprendizagem. Devem evitar-se referências a variáveis específicas, de modo a não provocar o enviesamento de respostas nos blocos seguintes - Explicar, em linhas gerais, qual vai ser o decurso da entrevista; nomeadamente, que se vai falar por alto do modo como o (a) entrevistado (a) encara o recurso ou não a atividades de animação educativa na sala de aula. - Assegurar a confidencialidade dos dados recolhidos em entrevista. Tempo médio: 5 minutos. - Há que explicar os objetivos da entrevista de um modo breve, preciso, claro e empático. - Dar resposta, seguindo os mesmos critérios, a todas as dúvidas colocadas pelo

entrevistado. Avaliação das variáveis moderadoras Procurar avaliar o modo como o entrevistado perceciona, em si, as variáveis moderadoras do estudo.

- Otimismo: como é que o (a) entrevistado(a) encara a animação educativa? É ou não um recurso proporcionador de sucesso educativo?

- Autoeficácia: o entrevistado sente que tem a capacidade de conseguir ultrapassar, mediante o recurso a atividades de animação educativa, os Tempo médio: 5 a 15 minutos. Apesar da necessidade de cobrir os vários tópicos de um modo preciso e rigoroso, deixar a conversa fluir, evitando demasiadas

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desafios que lhe são colocados quando confrontado com alunos com dificuldades de aprendizagem?

- Resiliência: o entrevistado sente que tem capacidade de resistência, estável ao longo do

tempo, face à

heterogeneidade das turmas com alunos com

dificuldades de

aprendizagem? Aceita que ele próprio e a sua entrega

à preparação e

concretização de aulas de terão aspetos positivos e negativos, mas que é possível resistir aos negativos? questões diretas. Apostar essencialmente em questões de follow- up para ir introduzindo os tópicos na discussão. Recolher informação exclusivamente relacionada com atividades de animação educativa  Música;  Dança;  Teatro;  Sombras chinesas  Expressão Dramática;  Artes Plásticas  Jogos educativos;  Leituras animadas;  Lengalengas;  Trava-línguas. Questões dirigidas a docentes do ensino Pré- escolar e a docentes do 1º Ciclo do Ensino Básico. Tempo médio: 10 a 20 minutos.

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II – TRANSCRIÇÃO INTEGRAL DAS ENTREVISTAS

ENTREVISTA A UM DOCENTE DO 1º CICLO DO ENSINO BÁSICO (1) DO AGRUPAMENTO DE ESCOLAS D. PEDRO IV, VILA DO CONDE

Data: 18/12/2013 Hora: 10h00

Esta entrevista destina-se à obtenção de dados necessários ao suporte de um trabalho de investigação que estamos a desenvolver no âmbito do Mestrado que frequento na Universidade de Trás- os- montes e Alto Douro.

A informação recolhida servirá apenas como elemento importante para o desenvolvimento dessa investigação.

Entrevistador - Dando início a esta entrevista gostaria que me dissesse quantos anos tem de serviço e há quanto tempo trabalha neste Agrupamento?

Entrevistado - Tenho 27 anos de serviço e trabalho neste Agrupamento há dez anos

sensivelmente.

Entrevistador - Já alguma vez trabalhou com alunos com dificuldades de aprendizagem?

Entrevistado - Sim, já trabalhei.

Entrevistador - Como encarou o facto de ter alunos com dificuldades de aprendizagem?

Entrevistado - Todos os anos mesmo com turmas diferentes, há sempre alunos com

mais dificuldades. Cada caso é um caso, por isso temos que nos habituar e arranjar estratégias e recursos para ajudar a ultrapassar as dificuldades de aprendizagem.

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Entrevistado – Para ajudar os alunos com dificuldades de aprendizagem recorri ao

apoio individualizado valoriza mais a maior participação oral, utilizo muito o quadro interactivo e o computador, jogos didáticos, livros da biblioteca.

Entrevistador - Considera que a escola consegue dar resposta aos casos de alunos com Dificuldades de Aprendizagem? Que tipos de apoio existem?

Entrevistado - O agrupamento disponibiliza professores de apoio educativo para estes

casos. Contudo, o tempo disponibilizado para atender esses alunos é escasso. Seja como for, a professora titular de turma e o professor educativo trabalham em conjunto e nalguns casos de alunos obtém sucesso.

Entrevistador - Acha que recursos como os jogos educativos permitem ultrapassar as dificuldades de aprendizagem?

Entrevistado - Acho que tudo é importante, mas mais importante é contar com o apoio

dos pais. Por vezes, as crianças têm dificuldades devido a problemas que já vêm de casa. Este tipo de dificuldades seria menor se as crianças tivessem mais apoio por parte dos pais. Por isso, há que responsabilizar os pais.

Entrevistador - No âmbito destes apoios a sua escola está bem preparada?

Entrevistado - Sim, a escola está muito bem preparada e até tem bons recursos, porque

é uma escola nova. No entanto, como referi anteriormente, o tempo é pouco para apoiar os alunos. Além disso, estes alunos estão integrados em turmas muito grandes. Por isso, estas turmas deveriam ser mais pequenas, pois com turmas muito grandes não é possível fazer um apoio mais individualizado. Importa dizer que a professora que apoia os meus alunos com dificuldades de aprendizagem tem feito um bom trabalho. Possivelmente a partir do 2º período alguns alunos deixaram de ter apoio. As crianças são apoiadas em pequenos grupos, nos quais acaba por haver uma socialização e uma ajuda mútua.

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Entrevistado - No âmbito da animação educativa desenvolvo com as crianças,

atividades de Expressão Dramática, jogos educativos, lengalengas e trava-linguas.

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ENTREVISTA A UM DOCENTE DO 1º CICLO DO ENSINO BÁSICO (2) DO AGRUPAMENTO DE ESCOLAS D. PEDRO IV, VILA DO CONDE

Data: 19/12/2013 Hora: 11h00

Esta entrevista destina-se à obtenção de dados necessários ao suporte de um trabalho de investigação que estamos a desenvolver no âmbito do Mestrado que frequento na Universidade de Trás- os- montes e Alto Douro.

A informação recolhida servirá apenas como elemento importante para o desenvolvimento dessa investigação.

Entrevistador - Dando início a esta entrevista diga-me, por favor, quanto tempo de serviço atualmente tem?

Entrevistado - Tenho 36 anos de serviço. Estou nesta área por vocação. Quem não tiver

vocação para o ensino, o trabalho efetuado não se vai refletir nos alunos.

Entrevistador- Na sua turma existem alunos com dificuldades de aprendizagem?

Entrevistado - Na verdade na minha turma há vários alunos com muitas dificuldades de

aprendizagem. É uma turma com dois níveis de ensino, 1º e 2º anos de escolaridade. No primeiro ano são notórios casos de alunos com dificuldades de aprendizagem. Os alunos do segundo ano revelam dificuldades quer em Português, quer em Matemática essencialmente. Não podemos desistir das crianças com dificuldades de aprendizagem. Acima de tudo, são crianças com capacidades mas que dão muito trabalho, necessitando, deste modo, de muito apoio individualizado. É muito importante criar pequenos nichos, porque precisam de muito trabalho individualizado.

Entrevistador – Que atividades considera mais apelativas e úteis para os alunos com

84 A nível da oralidade, utilizo muito as rimas e as lengalengas. Seja como for, com turmas muito grandes a estratégia que no meu entender tem mais sucesso é o apoio individualizado. Estes alunos quando estão no seio do grande grupo vão muito ao quadro para melhor identificar as suas dificuldades. Utilizo muito o quadro interativo para testar os conhecimentos dos alunos, na medida em que a parte visual é muito apelativa. Realço que para estes casos, também utilizo muito o material didático como as barras de cuisinaire e também recorro a diversos jogos educativos.

Entrevistador - Qual é a sua opinião sobre as atividades ligadas à animação sócio- cultural?

Entrevistado - Atualmente são exigidas aos professores todo o conjunto de metas que

têm de cumprir, nas quais não se encontram contempladas atividades de Animação Sociocultural na sua essência. Não é dado aos professores o tempo necessário para aplicar atividades de Animação Sociocultural. Mas eu sei que estas atividades motivam os alunos para a escola e dão-lhes competências, nomeadamente na oralidade e na expressividade que depois se reflete positivamente na escrita. Se o tempo que é dedicado a assuntos burocráticos fosse usado para estudar e criar estratégias para colmatar as dificuldades dos alunos, com certeza que estes teriam um maior sucesso escolar. Se dedicássemos algum do tempo escolar à dança e à música, por exemplo, era óbvio que íriamos encontrar evolução nos alunos com dificuldades de aprendizagem. A escola a tempo inteiro veio retirar muito tempo que a criança dedicava para brincar, porque é a brincar que a criança também aprende. A criança antes de entrar para a escola, o que é que aprendeu? Aprendeu a brincar.

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ENTREVISTA A UMA EDUCADORA DE INFÂNCIA DO AGRUPAMENTO DE ESCOLAS D. PEDRO IV, VILA DO CONDE

Data: 19/12/2013 Hora: 14h00

Esta entrevista destina-se à obtenção de dados necessários ao suporte de um trabalho de investigação que estamos a desenvolver no âmbito do Mestrado que frequento na Universidade de Trás- os- montes e Alto Douro.

A informação recolhida servirá apenas como elemento importante para o desenvolvimento dessa investigação.

Entrevistador – Dando início a esta entrevista, diga-me, por favor, que formação tem?

Entrevistado – Sou Educadora de Infância, com complemento de formação.

Entrevistador - Já teve alunos com dificuldades de aprendizagem?

Entrevistado - A nível do pré-escolar, já se detetam alunos com dificuldades de

aprendizagem, nomeadamente nas áreas de competências. Torna-se necessário trabalhar com estas crianças logo no inicio para colmatar estas dificuldades.

Entrevistador- Que tipo de estratégias utiliza para ajudar a combater as dificuldades destes alunos?

Entrevistado - Utilizo canções, lengalengas, jogos didácticos, atividades de Expressão

Dramática. Tudo é utilizado de forma lúdica para motivar as crianças. Existem jogos linguísticos que ajudam a superar as dificuldades como rimas, trava-línguas.

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Entrevistado - A maior parte das vezes utilizo jogos de mesa, tais como pentaminós, o

jogo pentalfa, o tangram e o puzzle 15. Relativamente ao jogo dos pentaminós, este possibilita a exploração de conceitos de geometria, bem como desenvolve atividades que envolvem raciocínio lógico e aplicação de conceitos matemáticos. O jogo pentalfa é um solitário de alinhamento cuja base do tabuleiro é um pentagrama, no qual são colocadas nove peças nas dez intersecções. O tangram é um puzzle oriental constituído por sete peças. É conhecido como tabuleiro da sabedoria que permite demonstrar que a matemática pode ser divertida e familiariza o aluno com as figuras básicas da geometria. Estimula a participação do aluno em atividades conjuntas para desenvolvera capacidade de ouvir e respeitar a criatividade dos colegas, promovendo o intercâmbio de ideias como fonte de aprendizagem para um mesmo fim. Por último, o puzzle 15 consiste num tabuleiro 4 por 4, com quinze peças quadradas numeradas de 1 a 15. Os blocos numerados podem ser movidos para o buraco por deslocamento da peça adjacente seleccionada. Cada bloco é selecionado na sua vez. Os movimentos permitidos são os de deslocar as peças para o local vazio.

Entrevistador - Que idades têm as crianças com as quais trabalha?

Entrevistado - As crianças da minha turma têm 3, 4 e 5 anos. É um grupo heterogéneo,

o que acarreta vantagens e desvantagens. As vantagens prendem-se com o facto de os alunos mais novos aprenderem muito com os mais velhos. Contudo, os alunos com 5 anos estão em menor número, dando-se por vezes um retrocesso. Na minha opinião, não é mau ter um grupo heterogéneo. É mais trabalhoso mas tem as suas vantagens.

Entrevistador - Quais as estratégias utilizadas por si que resultaram melhor até hoje?

Entrevistado - A nível do pré-escolar as aulas são muito diversificadas. Nos casos dos

alunos com dificuldades de aprendizagem, utiliza-se um trabalho personalizado, recorrendo frequentemente a jogos educativos. Além disso, também se promove o espírito de grupo.

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Entrevistado - Em termos de materiais a escola está bem equipada, uma vez que é um

edifício recente. A nível humano, acontece precisamente o contrário, há poucos professores de apoio.

Entrevistador - Quais os outros apoios que considera importantes para ajudar estes alunos?

Entrevistado - Os alunos beneficiam de várias terapias, como terapia da fala e

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ENTREVISTA A DOCENTE DO ENSINO ESPECIAL AGRUPAMENTO DE ESCOLAS D. PEDRO IV, VILA DO CONDE

Data: 20/12/2013 Hora: 11h00

Esta entrevista destina-se à obtenção de dados necessários ao suporte de um trabalho de investigação que estamos a desenvolver no âmbito do Mestrado que frequento na Universidade de Trás- os- montes e Alto Douro.

A informação recolhida servirá apenas como elemento importante para o desenvolvimento dessa investigação.

Entrevistador- Já teve alunos com dificuldades de aprendizagem?

Entrevistado- Sim já.

Entrevistador -Se respondeu afirmativamente, refira como encarou o facto?

Entrevistado- Encarei-o de forma natural, pesquisando sobre o assunto, vendo os sinais

contínuos e frequentes na criança, anotando e por fim, marquei uma reunião com o encarregado de educação para de algum modo conversarmos acerca da criança e procurar também saber se alguns destes sinais se evidenciavam em casa, também se colocou a questão de a criança encaminhada a uma consulta.

Entrevistador- Ainda com base na primeira resposta , indique se teve dificuldades nesse apoio e porquê?

Entrevistado- Muitas vezes as dificuldades que nós profissionais encontramos regem-

se essencialmente com a tomada dos pais que não encaram como problema ou simplesmente dizem que também foram assim em novos e adiam a ida a uma consulta, comprometendo assim o futuro e o sucesso dos filhos.

Outra dificuldade que encontramos rege-se com o tempo e material disponível para trabalhar com a criança a fim de ela ultrapassar e contornar a problemática, por

89 vezes os profissionais não conseguem com duas horas semanais com essa criança fazer “milagres”. Ainda há um longo caminho a percorrer nesse sentido, as crianças não podem ser contabilizadas em horas num professor, a criança tem que ser vista como um ser humano que precisa de apoio e recebe para efetivamente ter sucesso, quebrar barreiras.

Entrevistador- Das estratégias utilizadas quais em seu entender resultaram melhor?

Entrevistado- Para cada criança utilizo um método diferente, pois todas as crianças são

diferentes, mesmo tendo a mesma idade. O aluno que apresenta dificuldades de aprendizagem necessita de estar inserido num ambiente bem estruturado. De forma geral, o rendimento dos alunos melhora quando o professor esquematiza no quadro as atividades a realizar ao longo do dia ou da aula e apresenta, segundo o mesmo processo, os objetivos a atingir. Uma revisão de fatores como tempo e regras associados a cada nova atividade ajuda igualmente o aluno com dificuldades de aprendizagem a fazer a transição entre uma atividade e outra. Os computadores são ferramentas extremamente úteis neste campo, existindo mesmo vários tipos de programas destinados a facilitar a produção escrita. aprendizagem possa ser bem sucedido na total realização do exercício em causa. Estratégias que utilizo com mais sucesso.

Entrevistador- No âmbito destes apoios a sua escola está bem preparada?

Entrevistado- As escolas também regem-se com o material que têm, muitas delas são

os próprios professores que com o seu próprio dinheiro compram recursos para utilizar com as crianças com necessidades de aprendizagem ou outras necessidades.

Em Portugal infelizmente a educação passou para um patamar inferior e uma desigualdade de oportunidades, reflete-se na construção de escolas e outras com lacunas graves, apoios aos privados e uma forte centralização no Sul em relação às restantes regiões.

Entrevistador- Quais os outros apoios que considera importante para ajudar estes alunos?

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Entrevistado- Outros apoios que considero importantes: gratuitidade nas consultas que

a criança recorre, material para a criança, pessoal profissionalizado em cada escola para combater as dificuldades e não horas semanais. Pais com apoio indireto, material disponível em todas as escolas.

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