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Apresentação da gestão de suprimentos na empresa BI-1

6 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

6.3 Empresa BI-1

6.3.1 Apresentação da gestão de suprimentos na empresa BI-1

A BI-1 é uma empresa de bens intermediários com atuação no ramo de produtos químicos e petroquímicos. É de capital nacional, possuindo mais de 10 fábricas localizadas nos estados do sul, sudeste e nordeste brasileiro, junto a pólos petroquímicos e cloroquímicos. O faturamento anual é superior a R$ 10 bilhões provenientes da comercialização de resinas termoplásticas e produtos petroquímicos básicos e intermediários.

O volume de compras anual chega a cerca de 80% do faturamento bruto podendo ser dividido em 4 categorias: (i) Insumos Principais como nafta, gás natural e energia onde entram também os combustíveis; (ii) Matérias-primas e Logística compreendendo outros insumos como aditivos, álcoois e catalisadores, e bens e serviços relacionados com as operações logísticas; (iii) Materiais Indiretos definidos como produtos que não entram diretamente no processo produtivo e (iv) Serviços como manutenção geral, alimentação e transportes. A participação destas categorias no volume de compras desta empresa é apresentada no Quadro 16.

Quadro 16 - Participação de insumos no volume de compras da empresa BI-1 Itens de compra Participação no volume de compras

Insumos principais de 80% a 85% Matérias-primas e Logística de 10% a 15%

Materiais indiretos até 5%

Serviços menos de 3%

Este quadro nos evidencia a importância estratégica da compra de nafta, gás natural e energia para a empresa, especialmente porque de 20% a 30% da nafta é adquirida por importação e o

restante negociado direto com a Petrobras. Por serem produtos específicos e de alta tecnologia, o mercado fornecedor dos insumos principais e das matérias-primas de forma geral, é caracterizado por empresas de grande porte que despendem grandes investimentos em ativos e pesquisas. Estas características ajudam a formar um ambiente onde há a predominância de uma quantidade de fornecedores bastante pequena e especializada.

A estrutura organizacional da empresa BI-1 é composta de três Unidades de Negócio administradas por Vice-Presidências (VP) específicas para cada uma e possuindo estruturas individuais de recursos humanos, produção e operações logísticas. Em função das circunstâncias apresentadas sobre os insumos principais, as análises de mercado e negociações de compras destes bens são tratadas pelas Unidades de Negócio diretamente com o Presidente, não se reportando à estrutura de compras estabelecida para os demais itens.

A organização é complementada por três outras Vice-Presidências que exercem as funções de apoio aos negócios, incluindo-se aqui a Diretoria responsável pela gestão de suprimentos dos demais itens de compra. O quadro completo da empresa conta com 3.077 funcionários sendo que 3.071 trabalham nas plantas e escritórios localizados no Brasil. Para as atividades relacionadas à gestão de suprimentos e logística são totalizados 69 funcionários. A Ilustração 14 apresenta o organograma da empresa destacando a Gerência que foi objeto desta pesquisa.

A Gerência analisada nesta pesquisa é formada no nível operacional por 3 estagiários e 12 compradores segmentados por grupos de insumos. Nosso estudo foi conduzido junto ao Gerente de Matérias-primas e Logística cuja formação é em engenharia química e há dez anos exerce atividades relacionadas com gestão de suprimentos.

Ilustração 14 - Organograma da empresa BI-1

As características do mercado fornecedor da empresa BI-1 têm influência direta nos conceitos de parceria que a empresa utiliza. Como a quantidade de fornecedores disponíveis é restringida por aspectos tecnológicos, a necessidade de se manter relacionamentos de longo prazo com estes fornecedores é de suma importância para a garantia de continuidade dos negócios. Além disso, a troca de fornecedores é um processo tecnicamente complexo que envolve um dispêndio alto de recursos e com prazos extensos para conclusão.

Dentro deste cenário, o entrevistado definiu parceria dentro da BI-1 como sendo o relacionamento de longo prazo com fornecedores em que não há a necessidade de se buscar novas alternativas de fornecimento. Como exemplo citado durante a entrevista, se um fornecedor atende as expectativas de parceria porque seu principal mercado de atuação está em crise, a empresa BI-1 não o considera um parceiro efetivo, pois existe a possibilidade de aumento de preços ou até mesmo interrupção de fornecimento quando o outro mercado retornar a uma situação favorável para este fornecedor.

As premissas básicas para que este conceito seja aplicado é de o fornecedor conhecer e entender as expectativas da BI-1 tanto técnica quanto comercialmente. Este conceito de parceria não é aplicado apenas a fornecedores de itens estratégicos, mas a todos os itens de compra da gerência analisada.

Os principais motivos para aumentar o rol de fornecedores são a necessidade de aumentar o poder de barganha da empresa, a busca de um bom gerenciamento do fornecimento com vistas a melhorias da qualidade e dos serviços e a disponibilização de novas tecnologias desenvolvidas pelo mercado. Isto é realizado através do objetivo de restringir a base de fornecedores, porém sempre tentando trabalhar com pelo menos dois fornecedores de produtos similares.

A decisão sobre a necessidade de se construir novos relacionamentos de longo prazo com fornecedores pode vir tanto da parte técnica quanto da comercial. Basta que uma das partes solicite a abertura de processo por considerar que o fornecedor em uso não esteja atendendo suas expectativas de produto e relacionamento.

Para a empresa BI-1, o próprio início do processo de desenvolvimento de um novo fornecedor é considerado investimento conjunto, pois as partes despenderão recursos humanos e materiais para a conclusão do processo. Atesta também que pode haver investimentos conjuntos em ativos fixos, mas isto não é prioritário para se definir um relacionamento de parceria.

Quanto ao gerenciamento do relacionamento, são realizadas reuniões e visitas conforme demanda, ou seja, sem periodicidade constante. Estas ações somente são realizadas quando o nível de problemas com os fornecedores está alto. A forma mais concreta de gerenciamento se dá através da constituição de contratos formais de médio e longo prazo aplicados a praticamente todos os fornecedores que atendem a empresa BI-1. Os contratos estipulam cláusulas que garantem juridicamente o atendimento de parâmetros de controle do fornecimento.

As formas de comunicação de dados entre as empresas não apresenta um grau elevado de tecnologia envolvida uma vez que o sistema de informação da empresa BI-1 não permite

integração com outros sistemas. Vale salientar que a empresa está em busca da troca de seu sistema de informação.