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3 PROCESSO DE SELEÇÃO DE FORNECEDORES

3.3 Avaliação e escolha do fornecedor

Num processo de seleção de fornecedores, ambas as partes envolvidas precisam estar motivadas para o processo. Do ponto de vista do comprador, a própria necessidade de compra é o fator motivador para a continuidade das atividades. Já sob o ponto de vista do fornecedor,

há a necessidade de se desenvolver esta motivação através da perspectiva de um relacionamento entre empresas que objetive um conjunto de ações que, além de visarem aspectos financeiros, sejam coordenadas dentro de premissas de imparcialidade, justiça, abertura para solução de problemas e conhecimento das oportunidades e restrições do mercado fornecedor.

A continuidade do processo de seleção de fornecedores deve considerar também se a escolha para a situação de compra em questão será realizada por fornecedores correntes ou por novas fontes de fornecimento. Isto é resultado de uma característica deste processo onde a decisão é isolada para uma situação de compra específica, mas cujo contexto decisório, além das características instantâneas, também pode ser alimentado por ocorrências resultantes de eventos passados.

Num contexto decisório em que o fornecedor já é uma fonte de suprimentos estabelecida, as informações de desempenho são importantes para consolidação do perfil do fornecedor especialmente aquelas referentes aos critérios de qualidade, entrega, preço e serviço. Além destes critérios, os relacionamentos pessoais entre as áreas comerciais e técnicas, os históricos de postura em relação a solução de problemas, o compartilhamento de informações entre as empresas e outros tantos critérios já fazem parte da rotina de trabalho entre as duas organizações e, portanto, podem atuar a favor ou contra este fornecedor.

Por outro lado, nos contextos decisórios em que o fornecedor em avaliação é uma fonte de suprimentos a ser estabelecida, informações gerais precisam ser coletadas para que seja possível montar um perfil do fornecedor. Obviamente, trata-se de um processo mais complexo do que o apresentado no contexto anterior uma vez que aqui há a necessidade de coleta de informações e, muitas vezes, buscar a comprovação destas.

Dobler e Burt (1996, p.241 a 243) propõem a utilização de questionários preliminares e visitas ao fornecedor como forma de investigação das informações necessárias para o processo. Os questionários podem abranger aspectos financeiros (referências bancárias, classificação de crédito, lucratividade, demonstrativos financeiros, etc), estruturais (quantidade de funcionários, área de ocupação, planos de expansão, capacidade produtiva, lista de equipamentos, etc) e de desempenho (histórico de vendas, nível de defeitos, lista de clientes atuais, certificados de qualidade e ambiental, etc).

A visita à planta do fornecedor é talvez a forma mais eficaz de comprovação das informações prestadas ou de investigar os critérios de interesse do comprador. Em função de gerar uma despesa dentro da organização compradora, esta prática é normalmente realizada para situações de compra onde o caráter estratégico é preeminente. As visitas são planejadas em detalhes para que, em sua duração, sejam verificados aspectos relevantes para o processo. Muitos são os casos em que as visitas são realizadas por equipes multifuncionais compostas de especialistas de diversas áreas da organização compradora que podem analisar profundamente as competências do fornecedor potencial em relação a produção, tecnologia, distribuição, engenharia e administração.

A solicitação de amostras para testes é proposta por Leenders e Fearon (1997, p. 228) para avaliar a competência do fornecedor na manufatura do produto a ser adquirido. Como forma de complementar as ferramentas para avaliação de fontes potenciais de fornecimento propõem também (Ibid., p. 233) a colocação de pedidos de compra de testagem que funcionam como medidor do desempenho do fornecedor quanto a suas competências técnicas, financeiras, de manufatura, de distribuição e de gestão. Consideram ainda que, mesmo que o pedido de compras de testagem seja concluído com sucesso, nenhuma informação pode ser gerada quanto ao desempenho do fornecedor no longo prazo.

Independente das ferramentas existentes para seleção de fornecedores, a empresa compradora precisa definir quais os atributos ou critérios que serão utilizados para o processo e esta escolha é função de uma série de variáveis definidas pela situação de compras em que o contexto decisório está inserido. Dobler e Burt (1996) atestam que entre estas variáveis estão a definição do tipo de relacionamento que se deseja construir com o fornecedor, a determinação de se trabalhar com fontes simples ou múltiplas de fornecimento, a relação direta entre as empresas ou intermediada por distribuidores, a possibilidade de compras conjuntas com fornecedores, o envolvimento de assuntos sociais, políticos ou ambientais, considerações éticas e outras variáveis.

Tendo os critérios definidos e devidamente avaliados, a empresa compradora passa para a última fase do processo que é a consolidação, qualitativa ou quantitativa, das informações obtidas para se ter um panorama geral do perfil do fornecedor que permita a tomada de decisão quanto ao abastecimento. No modo qualitativo, os envolvidos no processo podem reunir-se e, após avaliação dos dados, decidir sobre a fonte de fornecimento. Num processo

quantitiativo, os dados são compilados de forma a permitir uma comparação quantitativa entre as alternativas de fornecimento que possibilite a tomada de decisão.

A revisão da literatura acadêmica apresentada por Weber et al (1991) classifica as abordagens quantitativas para tomada de decisão no processo de seleção de fornecedores em três grupos:

− Modelos de distribuição linear de pesos: são atribuídos pesos para os critérios que, quando multiplicados pelo valor encontrado para o desempenho do fornecedor no critério, apresenta uma nota consolidada para o fornecedor.

− Modelos de programação matemática: são modelos de programação que utilizam conceitos matemáticos para otimização de resultados esperados considerando as possíveis restrições que o sistema possui; estes modelos são muito usados para determinação de valores ótimos de custos totais de compra e para alocação de quantidade de pedido entre fornecedores.

− Abordagens estatísticas: neste grupo entram os modelos que inserem conceitos de probabilidade no processo decisório.