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5. RESULTADOS

5.1 Apresentação dos casos

Esta pesquisa elegeu três casos, cujas famílias fizeram parte dos estudos, uma vez que participaram das entrevistas com seus depoimentos, bem como abriram suas casas para receber a pesquisadora.

O genograma é um importante instrumento de avaliação familiar, fornecendo uma “fotografia da família”, destacando detalhes da estrutura, histórico e dinâmica familiar. Seus dados fornecem informações sobre as relações que a família desenvolve entre si e com o exterior, permitindo-nos visualizar elementos importantes dos contextos estudados. Esse instrumento ajuda a compreender aspectos do funcionamento familiar no entrelaçar das relações intrafamiliares e de sua rede de apoio.

Este estudo apresenta tópico de resultados por meio do genograma simples, apenas com o objetivo de facilitar a visualização das famílias.

5.1.1 O primeiro caso

A adolescente Thelma encontrava-se com 17 anos e sua epilepsia surgiu aos 10 anos de idade. Além da epilepsia apresentava asma crônica, com uso regular de bombinha e crises recorrentes. Tem também hipotireoidismo. Encontrava-se gestante de 5 meses no início desta pesquisa.

Passou a residir após o diagnóstico de gravidez, com seus avós maternos, com seu tio, irmão de sua mãe, e com seu atual companheiro, Téo. Cinco pessoas, sem contar o bebê.

A mãe de Thelma, Leia, estava então com 40 anos de idade, e separada do pai de Thelma há cerca de 10 anos. Professora de desenvolvimento infantil e creche. Terminou pedagogia há dois anos. Passou a residir só, após saída da filha, em apartamento da CDHU, que ainda pagará parcelas por cerca de 20 anos. Desfez recentemente seu último relacionamento afetivo, por ocasião da gestação da filha.

O pai de Thelma, Luiz, possui o ensino médio completo e é metrologista. Este não constituiu nova família e reside atualmente na casa de sua mãe, avó paterna de Thelma.

Os pais de Thelma se separaram quando esta tinha 7 anos e para ela a mudança ocorrida a partir disso, além da saída do pai de casa, foi o fato de sua mãe permanecer fora o dia todo trabalhando.

Thelma, desde muito pequena, foi mais cuidada pela avó Ida do que pelos pais. Estes residiram na casa da avó Ida durante os primeiros sete anos de casados. Ela é uma senhora, atualmente com mais de 70 anos, com muitos problemas de saúde, como: diabetes, pressão alta, cardíaco e respiratórios. Porém, muito cuidadora, disponível e sempre presente, acompanhando a neta. Seus pais eram alemães. Segundo ela, estudou até o quarto ano primário, mas trabalhou fora durante muitos anos, até ter seus filhos.

O avô de Thelma é aposentado e atualmente trabalha com jogo do bicho. É bastante ativo e continua acolhendo a neta em sua casa.

Téo, companheiro de Thelma e pai do bebê que estão gestando, é filho adotivo, tem uma significativa deficiência visual (possui 20% de visão). Encontra-se no terceiro colegial, na mesma escola e classe que Thelma. Pela sua deficiência visual, recebe o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Apenas sua mãe adotiva está viva. Possui um irmão não consanguínio, filho de sua mãe adotiva.

O tio de Thelma é um pouco mais novo que sua mãe. Tem obesidade mórbida e é funcionário público e trabalha com computação.

É possível observar a constituição familiar do primeiro caso no genograma abaixo.

Figura 1 – Genograma da família de Thelma.

5.1.2 O segundo caso

Lui é um adolescente de 17 anos, que possui uma epilepsia de difícil controle desde os 5 anos de idade.

Reside com seus pais e irmã mais velha em residência própria da família, na periferia de São Paulo.

Sua mãe, Dora, tem cerca de 50 anos e terminou o curso de pedagogia em 2015. Pensa em trabalhar, possivelmente, dar aulas. Natural de Minas Gerais, veio com sua família para São Paulo quando ela tinha 6 anos. Dora tem cinco irmãos, vários residem em seu bairro. Seu pai, ao vir para São Paulo, iniciou com um quadro de depressão e, logo após, recebeu

o diagnóstico de esquizofrenia. Dora teve um quadro importante de depressão pós-parto por ocasião do nascimento de Lui. Continua tomando antidepressivos.

O pai de Lui, Tito, tem pouco mais de 50 anos, é funcionário público e trabalha na Companhia Paulista de Trem Metropolitano (CPTM). Concluiu o ensino médio e apesar de ter tido muita vontade de fazer engenharia, segundo ele, as condições de vida não permitiram. Então, sempre se dedicou muito ao trabalho. Terceiro filho, tem quatro irmãos, sendo que o caçula faleceu com a mãe, no momento do parto.

A irmã de Lui, Lara, tem 21 anos, faz faculdade de comércio exterior e trabalha em banco. Esta família atualmente tem mais um componente, que é a namorada de Lui, Olga. Ela tem 19 anos, estão namorando há mais de 2 anos. Se conheceram quando pequenos, são vizinhos e Olga frequenta rotineiramente a casa de Lui. Assim, participa de todos os temas relacionados à vida do namorado.

É possível observar a constituição familiar do segundo caso no genograma abaixo.

5.1.3 O terceiro caso

Raia é uma adolescente de 15 anos, cuja epilepsia surgiu quando tinha 9 anos. Sua segunda crise ocorreu quando tinha 10 e, a partir de então, não pararam mais. Tem também hipotireoidismo.

Reside com sua mãe Lu, sua irmã mais velha Rita, que tem 19 anos, seu irmão Rui, de 14, e sua avó materna, Rene.

Lu tem menos de 40 anos, é filha única por parte de mãe, tem dois irmãos paternos com os quais não tem contato. Estudou até o ensino médio, fez curso para ser segurança e trabalha nessa função há anos. Possui diabetes tipo I desde os 7 anos de idade. Tem também hipotireoidismo. Esteve casada com o pai de seus filhos por cinco anos. Estão divorciados desde quando Lu estava com os três filhos ainda pequenos. Lu está de casamento marcado para breve. Segundo Lu e Rene, seu noivo integrou positivamente a família. Ele também é segurança, um pouco mais novo que ela, não tem filhos. Segundo Lu, seus filhos se dão bem com ele.

O pai de Raia tem o segundo grau completo e é comerciante e tapeceiro. Ele se casou novamente e tem dois filhos com a companheira atual. O avô paterno de Raia, também comerciante, é citado como uma pessoa bem-sucedida nos negócios.

Rita, irmã mais velha de Raia, trabalha como recepcionista em casa comercial que pertence a seu pai. Rui, o irmão caçula de Raia, possui visão apenas em um olho, em decorrência de um problema congênito. Ele estuda e está tentando trabalhar como menor aprendiz, pela Lei de Cotas.

Rene, sua avó materna, está com 65 anos, é separada do pai de Lu, que atualmente reside em Fortaleza. Rene iniciou sua vida profissional adolescente, antes de ter tuberculose, aos 16 anos, e trabalhou até pouco tempo atrás como representante comercial. Segundo Rene, ela obteve êxito profissional, ganhando bem durante muitos anos, porém, refere que sempre gastou muito e, portanto, sua condição financeira atual é ruim. Sua saúde encontra-se abalada há alguns anos, pois possui algumas doenças graves que serão descritas no decorrer das entrevistas.

A família reside em casa própria de Rene, que apesar estar em um terreno grande e ocupar três andares, encontra-se em estado de conservação ruim.

É possível observar a constituição familiar do terceiro caso no genograma abaixo.

Figura 3 – Genograma da família de Raia.