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Apresentação dos participantes da pesquisa

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Capitulo II – Corpo e juventude: apropriando-se da cidade

2.4. Com a palavra os jovens skatistas

2.4.1. Apresentação dos participantes da pesquisa

Ermano51 tem18 anos de idade, considera-se pardo, natural do município de

Caldas Novas-GO, solteiro, não tem filhos; vive com os pais, irmãos – sendo que destes um é casado, mas não entrou em detalhes sobre tal questão –, na sua casa moram o total de 7 pessoas.

Sustenta-se com renda própria, mas também com o auxílio da família. É trabalhador e exerce atividades profissionais desde os 12 anos. O trabalho é temporário e ocupa 4 horas do seu dia. Não possui carteira de trabalho assinada e o salário é de aproximadamente R$1.200,00 por mês. Por seu trabalho ser temporário, provavelmente, considera que apenas seu pai realiza atividade remunerada. A renda mensal da família é de 2 a 3 salários mínimos.

Cursa o ensino médio no período matutino, nunca parou de estudar e acredita que a escola contribui para ascensão social. Participa de grupo juvenil de skatistas – considera-o como esporte –, envolveu-se com o skate por influência de amigos, praticando-o de 2 a 4 anos. Sofreu preconceito nas ruas e comércios por ser skatista, seu grupo de skate é denominado de Gambiarra. Vai a pista de skate 4 vezes por semana, considera amigável a relação entre os jovens e grupos skatistas que a frequentam.

Para Ermano o corpo é a estrutura que estabelece vínculos entre o biológico, subjetivo e cognitivo. Sua importância está em poder realizar todas as coisas com o corpo, inclusive praticar o skate, porque acredita que ele é o elo entre o skate e seus adeptos. Veja-se na fala: “É a ligação entre dois mundos [...]. É a capacidade de fazer tudo, sem ter que parar para pensar se é capaz [...]. É tipo como se fossemos um só [...]” (QUESTIONÁRIO, ERMANO, 2017).

50 Os dados permitem interpretações e reflexões, principalmente no que se refere ao corpo. Mas não se

farão análises porque a meta é realizar apresentação dos participantes com o intuito de conhecê-los, através deste primeiro contato.

51 Com o objetivo de preservar a identidade dos participantes optou-se por utilizar nomes fictícios. Eles

são apresentados de maneira ordinal, do primeiro ao último. Foi preciso levar-se em conta a temporalidade em que foram identificados e demonstraram disposição/tempo para responder ao questionário e conceder entrevista. A ordem em que aparecem aqui se diferencia da que corresponde à entrevista.

Heleonora com 16 anos de idade, identifica-se como parda, natural de Goiânia- GO. Mudou-se para Caldas Novas por questões relativas à família, solteira e não possui filhos. Vive com os pais e irmãos, em sua casa há o total de 5 pessoas.

Não trabalha, sendo sustentada pela família. Em sua casa 2 pessoas exercem atividade profissional, contudo ela não informou quem são. A renda de sua família é de mais de 4 salários mínimos mensais.

Aluna do ensino médio no período matutino, nunca parou de estudar e crê que a escola é capaz de garantir-lhe ascensão social no futuro. Participa de grupo juvenil musical, esportivo e religioso.

Começou a praticar skate por influência de amigos e seu tempo de experiência na modalidade é de 1 a 2 anos. Considera que nunca sofreu preconceito por ser skatista, não pertence a nenhum grupo de skatistas e já não vai à pista de skate. No tempo em que a frequentava observava que a relação entre os jovens e grupos skatistas era relativamente amistosa.

Heleonora vê o corpo como “abrigo” para a alma, meio de comunicação e vivência para diversas atividades, como o skate, exercício físico que aprimora a saúde.

Diz Heleonora:

É o transporte da alma. [...] Todas as partes o fazem importante, por meio dele nos comunicamos e praticamos atividades. [...] O skatista quando está praticando faz atividades físicas e isso melhora a saúde e estado físico da pessoa (QUESTIONÁRIO, HELEONARA, 2017).

Marcelo tem 19 anos de idade, considera-se branco, nasceu em Piracanjuba-GO, não disse o motivo da mudança para Caldas Novas, solteiro, não possui filhos, mora com os pais, irmão e avó. Na sua casa vivem 5 pessoas.

Não trabalha, é sustentado pela família, 2 pessoas exercem profissão remunerada no seu lar, porém não informou quem são. A renda mensal da família é de 3 a 4 salários mínimos.

Concluiu o ensino médio, nunca parou de estudar, não opinou sobre a importância da escola em sua vida, participa de grupo musical e esportivo – considera o skate como esporte.

Começou a praticar skate de forma independente, é adepto de 8 a 10 anos, já sofreu preconceito por ser skatista em praças, supermercados e pista de skate, integra o grupo de skatistas chamado de Gambiarra Crew, não informou o tempo que faz parte do

grupo, vai à pista de skate 4 a 5 vezes na semana e defende que a relação entre os jovens e grupos skatistas que a frequentam é relativamente boa.

Marcelo define o corpo como dimensão de caráter orgânico, que lhe possibilita o fenômeno da vida. Acredita que a prática do skate é possível por causa do corpo, fato que lhe permite alcançar a felicidade e satisfação pessoal.

É o que fala na passagem que se segue:

Células, emaranhado de alguma junção de materiais [...]. Total importância sendo ele um corpo vivo [...]. Não só na prática do skate mas em demais atividades, a relação entre isso é a felicidade [...] (QUESTIONÁRIO, MARCELO, 2017).

Leonardo, possui 22 anos de idade, identifica-se como pardo, natural de Morrinhos-GO, veio para Caldas Novas por questões familiares, solteiro, sem filhos, mora com a mãe e o avô, na sua casa vivem 3 pessoas.

Trabalhador e sustenta-se com a própria renda, iniciou as atividades profissionais com 11 anos, trabalha diariamente cerca de 9 horas ou mais. O emprego é fixo, mas não possui carteira de trabalho assinada, seu salário é de R$ 710,00 mensais, somado a este valor há renda extra de uma loja. Não detalhou sobre as atividades que desenvolve na loja e na sua casa todos trabalham. A renda da família é de 3 a 4 salários mínimos mensais.

Cursa o ensino médio no período noturno, já parou de estudar por motivos de saúde e trabalho e retornou por desejo de adentrar ao ensino superior. Acredita que a escola é fundamental no processo de aprendizado.

Participa de grupo esportivo – considera o skate como esporte –, iniciou sua prática por influência de amigos e familiares. Vivencia-o acerca de 8 a 10 anos. Já sofreu preconceito por ser skatista no trabalho, rua, família e escola. Integra 2 grupos de skatistas sendo o Gambiarra Crew, a 2 anos; e o Ameiva Crew, a 5 anos. Tem o costume de ir à pista de skate 2 a 3 vezes na semana e considera que os jovens e grupos skatistas que a frequentam são amigáveis em sua relação.

Leonardo compreende que as diferentes formas de aprendizado se dão pelo corpo, dentre eles o “andar” de skate. Acredita que o corpo é importante para se realizar atividade profissional. E que a prática do skate, ao ocorrer pelo corpo, pode ser realizada por diversão e exercício físico.

Templo de vivência onde acumula nosso aprendizado, nossa passagem. Fundamental na prática do skate [...]. Para tudo desde a prática do skate ao trabalho faiz parte de um conjunto [...]. Diversão, exercício físico, melhor rendimento, adrenalina (QUESTIONÁRIO, LEONARDO, 2017).

Ingrid, 17 anos de idade, vê-se como parda, natural de Caldas Novas-GO, solteira, não possui filhos, mora com a avó e em sua residência vivem apenas as duas. Possui trabalho, de caráter temporário, sua jornada é de 4 horas diárias, não tem carteira de trabalho assinada, começou com 16 anos, o salário é de R$ 350,00 mensais e é sustentada pela família.

Pelo fato do seu trabalho ser temporário, provavelmente, considera que apenas a sua avó exerce atividade remunerada. A renda mensal da família é de aproximadamente mais de 4 salários mínimos.

Cursa o ensino médio no período matutino, nunca parou de estudar, acredita que o processo de aprendizado ocorre na escola e não participa de nenhum grupo juvenil.

Começou no skate por intermédio de amigos, o pratica a mais ou menos de 1 a 2 anos, sofreu preconceito na rua, pois a julgaram que pelo fato de ser skatista poderia também usar drogas ilícitas, não pertence a nenhum grupo de skatistas e já não vai à pista de skate. Ressalta que os jovens e grupos skatistas, na pista, promovem disputas, sem violências, alcançando consenso para o seu uso.

De acordo com Ingrid é através do corpo que se pode alcançar certo condicionamento físico. E este condicionamento gera a força necessária para se movimentar o skate e realizar diferentes manobras. Veja-se na seguinte fala:

É um instrumento de realização dos seus objetivos físicos, de superar obstáculos [...]. É uma forma de conseguir chegar onde quero tanto no esporte como no meu corpo físico [...]. O corpo é a base de tudo para a prática do skate ou de qualquer outro esporte, pela força física utilizada (QUESTIONÁRIO, INGRID, 2017).

Jaqueline, 15 anos de idade, considera-se branca, natural de Goiânia-GO, veio para Caldas Novas devido a assuntos familiares, solteira, sem filhos, mora com os pais e irmão. Vivem na sua casa 4 pessoas.

Não trabalha, sustentada pela família, 2 pessoas exercem atividade profissional remunerada na sua casa, todavia não informou quem são. A renda mensal de sua família é de 3 a 4 salários mínimos.

Cursa o ensino médio no período matutino, nunca parou de estudar e pensa que a escola lhe proporciona formação para o futuro. Não participa de grupos juvenis, iniciou

com o skate por intermédio da mídia televisiva, é adepta a aproximadamente 1 ou 2 anos. Já sofreu preconceito em sua família por ser skatista, não pertence a nenhum grupo de skatistas, não vai à pista e não se pronunciou sobre a relação entre os jovens e grupos que a frequentam.

Para Jaqueline o corpo é a estrutura que a permite manter-se em forma e isso ocorre pelos exercícios físicos e alimentação saudável. Acredita que o elo entre corpo e skate se dá pelo fato do segundo ser um exercício que pode ser vivenciado pelo primeiro.

Diz Jaqueline: “Temos que manter o corpo saudável e sempre fazer exercício físico [...]. Sempre ter alimentação saudável [...]. É uma forma de exercício físico” (QUESTIONÁRIO, JAQUELINE, 2017).

Pedro possui 24 anos de idade, identifica-se como pardo, natural de Cambuquira-MG, veio para Caldas Novas por causa da família, solteiro, não tem filhos, mora com os pais, irmão e em sua casa vivem o total de 4 pessoas.

Trabalha cerca de 8 horas por dia, seu emprego é fixo, não possui carteira de trabalho assinada, tem um salário de R$ 1.000,00 por mês, começou a trabalhar aos 17 anos e recebe ajuda da família para seu sustento. Em sua residência, 4 pessoas realizam atividade profissional remunerada, sendo ele e os demais membros da família. A renda mensal familiar é de 3 a 4 salários mínimos.

Já concluiu o ensino médio, nunca parou de estudar e considera que a escola não teve relevância decisiva na sua vida. Participa de grupo juvenil esportivo – considera o skate como esporte –, ingressou na pratica por causa de amigos, é adepto a mais de 10 anos, já sofreu preconceito por ser skatista, não informou o lugar ou como aconteceu, não faz parte de nenhum grupo de skatistas e raramente vai à pista. Afirma que a relação entre os jovens e grupos skatistas na pista de skate é amigável.

Segundo Pedro o corpo é “O seu ser [...]”; ele é importante porque permite “Experiências [...]”; e a sua relação com o skate ocorre de maneira “[...] Mental” (QUESTIONÁRIO, PEDRO, 2017).

Vê-se que o jovem ao ser questionado acredita que o corpo configura-se no ser subjetivo do indivíduo, que é por ele que se vivem experiências cotidianas e a partir do pensamento que corpo e skate se unem para sua prática.

A seguir a apresentação e demonstração das entrevistas – dos participantes acima – bem como a sistematização, interpretação e análise dos dados feita através dos referenciais teóricos e bibliográficos utilizados na pesquisa.

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