• Nenhum resultado encontrado

Apresentação dos trabalhos vencedores

No documento rodrigo cogo (páginas 117-141)

4. A ORALIDADE COMO ESTRATÉGIA DE INTERAÇÃO

4.3 PRÁTICA EM TRABALHOS DE MEMÓRIA

4.3.3 Apresentação dos trabalhos vencedores

Em 2005, foi declarado vencedor o trabalho intitulado ―Programa Monumentos‖, inscrito na regional Minas Gerais pela empresa Novelis do Brasil. Somente na introdução do case formatado pela candidata esboça-se o uso do storytelling no trato do tema patrimônio histórico de Ouro Preto, com um relato folclórico em versos de um poema regional de Adélia Prado. O alvo da ação é o patrocínio para restauração e preservação de diversos monumentos,

116

iniciadas em 2003. O case ainda aborda o período precedente com o projeto ―Adote um Monumento‖, então dedicado à manutenção de outro lugar histórico, o Conjunto Arquitetônico do Carmo, e ainda à reforma da Igreja Nossa Senhora da Conceição e à recuperação da Casa da Família Aleixo, entre outros trabalhos. O ano de 2004, segundo o material pesquisado, marca a decisão de incluir um planejamento estratégico para atuação do Programa Monumentos, incluindo sistema de inscrição e seleção anual de projetos. Um comitê institucional foi criado com representantes de várias organizações e instâncias da comunidade, para julgamento dos candidatos, numa postura dialógica num primeiro momento, e para acompanhamento técnico na seqüência. Documentos apresentados como Anexos detalham o extenso trabalho em preservação de patrimônio da empresa, ainda sob o nome Alcan do Brasil, chegando a restauro de partituras e a um programa de educação patrimonial com estudantes do Ensino Fundamental da localidade mineira, além de concessão de bolsas a estudantes de graduação da Universidade Federal de Ouro Preto.

Como postulado no regulamento interno, ―os projetos inscritos no Programa Monumentos devem também promover a integração da comunidade com as instituições que atuam na preservação de bens culturais, envolver a comunidade na gestão de seu patrimônio cultural, promover um ambiente adequado para a participação real dessa comunidade, implementar um sistema de formação e informação que assegure a preservação de bens culturais, promover o desenvolvimento sustentável do município e abranger o mais integralmente possível as áreas de educação, pesquisa, conservação, restauração, intervenção urbana e resgate dos ofícios tradicionais‖. Entre os cinco projetos contemplados na seleção de 2004, segundo a narrativa do case inscrito, nenhum contém coleta de história oral ou emprego de oralidade, estando basicamente ligados a condições materiais e estruturais de questões como restauração de madeira de imagem de santo, instalação de rede elétrica e alarme eletrônico em igrejas e instalação de sistemas de prevenção de

117

incêndio e restauro de pintura em museus. Mais informações estão disponíveis na internet20.

No ano de 2006, o ganhador veio da regional São Paulo, com o Grupo Votorantim e seu ―Projeto Memória: Votorantim Rumo aos 100 anos‖, que tinha a intenção manifesta de valorizar trabalhadores por meio de campanhas de histórias e captação de entrevistas para fortalecimento da memória da empresa, com identificação de conhecimento tácito e valores nas narrativas, preocupando-se com devolutiva para as comunidades internas. Tudo na tarefa de ―irradiar uma política de memória consistente e participativa e democratizar o patrimônio material e imaterial e transformá-lo em fonte de conhecimento‖. O grande diferencial é a proposta da memória em rede, da história pelas pessoas em formato participativo e compartilhado. Os relatos foram registrados em cartelas a serem depositadas em urnas em cada unidade de negócio, gerando extenso e atrativo formato de disponibilização da história oficial entremeada com as memórias pessoais, com a construção de uma linha do tempo instigante via 600 relatos de funcionários, divididos em dois momentos: 1) fatos, presenciados ou não, na história da própria unidade; e 2) fatos, na história da Votorantim na comunidade. Houve ainda 300 gravações, totalizando 220 horas de áudio e vídeo com depoimentos de funcionários, funcionários aposentados e colaboradores do Grupo, na parte chamada ―Memória Oral‖, com a formação de banco de depoimentos. Neste caso, há total aderência aos postulados desta monografia, na utilização do storytelling como recurso atrativo de contação da memória. Mais informações podem ser consultadas em website apresentado na documentação do case21, e ainda disponível na internet.

―Trem da Vale‖ e ―Centro de Memória Bosch‖ resultaram empatados em primeiro lugar no certame em 2007, respectivamente classificados pelas regionais Minas Gerais/Centro-Oeste e Sul/Sudeste, vindos das empresas Companhia Vale do Rio Doce e Bosch. O case ―Trem da Vale‖ diz respeito a um amplo programa de educação patrimonial, com quatro subprogramas –

20 Sobre o projeto ―Monumentos‖

da Novelis do Brasil, consulte http://www.novelis.com.br/NovelisBrasil/RponsSocial/CompromissoComunidade/ProjetoMonum entos .

21

Sobre o projeto ―Memória Votorantim Rumo aos 100 anos‖, consulte http://www.memoriavotorantim.com.br/memoria .

118

Vale Preservar, Vale Registrar, Vale Conhecer e Vale Promover, buscando também restaurar uma ―Maria-fumaça‖ e reestabelecer trecho ferroviário, com ênfase histórico-cultural-turística, de 18 quilômetros entre as cidades mineiras de Ouro Preto e Mariana. A ideia era não ficar restrito à recuperação física, mas também articular ações para reconhecimento e valorização do patrimônio cultural e natural. Os quatro programas educativos e culturais foram desenhados para se contrapor à perda da memória histórica e cultural e para promoção de inclusão social e cultural. O Vale Preservar é voltado para o ensino fundamental da rede pública, contendo produção de dossiês de preservação de bens patrimoniais, registros fotográfico e videográfico e também pesquisa oral. O Vale Conhecer é um circuito integrado de ensino com viagens guiadas no percurso restaurado para escolas públicas com atividades de suporte. O Vale Registrar é efetivamente um programa de história oral em estações-âncora, voltado à coleta e à disseminação de depoimentos sobre histórias de vida relacionadas à ferrovia e à mineração. Por fim, o Vale Promover divulga o patrimônio da região com diversificados instrumentos informativos, educativos e interpretativos do patrimônio, além de organizar ‗trilhas sensoriais‘ de visitação das localidades e do trecho entre elas.

Em especial para este trabalho, é preciso destacar que o Vale Registrar tomou 38 depoimentos de histórias de vida e temática e ainda 200 depoimentos livres por gravações em vídeo-cabines. O case ainda relata: ―metodologia específica de registro de história oral, essa abordagem apresenta grande potencial de preservação da memória social, ao proporcionar socialização e democratização da informação histórica‖. Mais informações podem ser consultadas em website apresentado na documentação do case22, e ainda disponível na internet.

Já o case ―Centro de Memória Bosch‖, envolve a organização do espaço propriamente dito, dentro das comemorações de 50 anos da empresa no Brasil, e a manutenção de um processo de digitalização de acervo documental na base de dados BoschDoc para amplo acesso público via web. Como assinala o case, indicando concordância à ideia de utilizar relatos orais: ―a percepção

119

resultante deste trabalho traz à tona o indivíduo e o coletivo como ‗cidadãos da história‘ [...] Esta sensação de pertencimento é bastante importante no dia-a- dia das pessoas, e isto é facilmente percebido nos depoimentos orais colhidos‖. Daí se comprova a formatação do acervo em várias frentes ou gêneros documentais – textual, fotográfico, audiovisual, objeto, gráfico e história oral, todos no mesmo nível de relevância como já se viu nesta monografia. Todavia, não há detalhamento de cada parte no material analisado para permitir maiores inferências. Um livro dos 50 anos foi apresentado na concorrência como integrante do case. Observa-se, neste caso, o emprego de uma linguagem jornalística, histórica e cronológica, sem emprego de técnicas de storytelling, ainda que numa narrativa corporativa arejada por diversas citações e misturas elucidativas com o contexto econômico e social do mundo, e do Brasil em especial, no relato da trajetória da organização. Mais informações podem ser consultadas em website apresentado na documentação do case23, e ainda disponível na internet.

O Grupo Águia Branca foi o vencedor de 2008, vindo da regional Espírito Santo/Rio de Janeiro com o título ―Centro de Memória Águia Branca‖. Assumindo, desde a apresentação do case, a intenção de utilizar a memória empresarial como ferramenta de comunicação, permitindo ―fortalecer o relacionamento da corporação com seus públicos estratégicos‖, o trabalho que levou à abertura do Centro de Memória parece bastante completo. Uma efeméride de 60 anos de fundação deu partida a ações e peças de comunicação para coleta de documentos, imagens, materiais e filmes, que viriam a compor o acervo em campanha com o tema ―Sua memória ajuda a construir nossa história‖. O resultado foi a separação e disponibilização de conteúdo em cinco grandes acervos. O acervo audiovisual continha CD´s, DVD´s, fitas cassete, VHS e outras mídias com programas, reportagens, gravações, filmes institucionais. O acervo iconográfico foi feito por fotografias, cromos e negativos. O acervo museológico tinha registro de premiações, homenagens, uniformes e peças raras. Já o acervo textual agregava documentos impressos, como relatórios, correspondências, projetos,

23 Sobre o projeto ―Centro

de Memória Bosch‖, consulte http://www.bosch.com.br/centrodememoria/cm/Index.asp .

120

reportagens, boletins. Por fim, havia o Banco de Depoimentos, com entrevistas realizadas com funcionários, ex-colaboradores, acionistas e outros públicos. Este setor contemplava, na ocasião da candidatura, 41 depoimentos em vídeo, totalizando 26 horas, sendo que, de acordo com o relatado no case, ―estão disponíveis para consulta [...] e são importantes fontes de pesquisa e instrumentos para disseminação da cultura da empresa‖.

É preciso ressaltar ainda a realização do projeto ―Memória Itinerante‖, com a recriação de parte do acervo do Centro de Memória em um ônibus, que visitou 45 localidades de seis estados e foi percorrido por 6,5 mil pessoas. Sobre a condução da atividade, assim é relatado: ―para recepção e apresentação dos visitantes, foi criteriosamente selecionado e preparado um motorista da Unidade Passageiros, o Sr. Luiz Carlos Novaes. Ele estudou muito sobre a história e, de forma carismática, explicava o conteúdo formal e, por conta própria, adicionou curiosidades e informações atuais sobre o Grupo‖. Com isto, fica evidente o postulado deste estudo de agregação de componentes de narrativa, no estilo storytelling, para tornar mais atrativo o discurso da memória. Chama a atenção também a edição de uma revista de 60 anos, onde consta: ―além de textos de cunho institucional, a publicação contou com relatos de colaboradores, clientes e parceiros do grupo‖. A publicação não estava anexada para permitir maiores inferências. Um filme histórico foi editado e ―trechos de alguns depoimentos deram voz à história da empresa‖, ao lado de fotos antigas com cenas julgadas memoráveis. Este material serve a ações de integração de novos funcionários. Os depoimentos vieram de um concurso interno, tido como ―a primeira ação cultural e promocional do Centro de Memória‖, com 48 contribuições escritas. Os relatos históricos pessoais, vindos de funcionários, ex-funcionários e prestadores de serviço, foram organizados nas categorias ―Valores Culturais‖, ―Marcas da História‖, ―Comédias e Curiosidades‖, ―Amor e Amizade‖ e ―Relacionamento com o Público Externo‖, numa clara demonstração de superação da linguagem rígida e objetiva, típica dos ambientes organizacionais, cedendo espaço às subjetividades. Mais

121

informações podem ser consultadas em website apresentado na documentação do case24, e ainda disponível na internet.

Os últimos trabalhos disponíveis no Centro de Memória e Referência da Aberje vêm de 2009, quando a categoria de ―Responsabilidade Histórica e Memória Empresarial‖ foi vencida pela Vale com o case ―Vale Registrar‖, representando a regional Minas Gerais/Centro-Oeste. O Vale Registrar é uma das vertentes do Programa de Educação Patrimonial Trem da Vale, de acordo com já mencionado em case anterior nesta seção do estudo, como braço de recuperação da memória e criação de acervo do Programa, voltado para o resgate da identidade cultural dos moradores de Mariana, Ouro Preto e distritos, com ênfase no patrimônio cultural imaterial da região. Conforme o relato, ―preservar essa memória é uma maneira de assegurar que a comunidade se lembre quem ela foi no passado e reconheça quem é no presente. Afinal, a cultura é um meio de expressão da identidade, da história e da alma de cada região‖. Entre os objetivos manifestos, está resgatar a memória individual e coletiva, por meio da história oral e do registro audiovisual, contribuindo para fortalecer o sentido de pertencimento e criação de laço afetivo entre as comunidades e os bens materiais e imateriais da região.

As ações dividem-se em dois núcleos: História Oral e Audiovisual. O primeiro realiza entrevistas com moradores de Ouro Preto, Mariana e seus distritos, com duas abordagens históricas distintas: 1) Relato autobiográfico, chamado História de Vida, em que o entrevistado relembra fragmentos de seu passado; e 2) Relato sobre assunto específico, chamado de História Temática, que não abrange toda a vida do depoente, mas sim temas predefinidos, no caso Mineração e Ferrovia. As entrevistas são realizadas no Vagão Oficina de Vídeo e na Sala de Histórias, na Estação de Mariana, e na Sala de Histórias da Estação de Ouro Preto, ambientes idealizados para esse fim. No começo de 2009, foi lançado o Catálogo de Entrevistas do Vale Registrar, com um resumo dos 58 relatos colhidos em 2006 e 2007, junto a um vídeo educativo, pensado para orientar professores sobre como tratar o conteúdo da compilação em sala

24 Sobre o projeto ―Centro

de Memória Águia Branca‖, consulte http://www.memoriaaguiabranca.com.br .

122

de aula. O Núcleo Audiovisual, por sua vez, concentra as atividades da videocabine, que grava depoimentos para serem exibidos permanentemente nos totens das estações do projeto, além de cursos de formação para diversos públicos. Cursos de formação dão andamento a uma prática continuada de produção videográfica. Existem hoje 58 depoimentos de História de Vida ou História Temática e ainda 351 pessoas participaram das videocabines, que passaram por 13 locais. O projeto é integralmente afinado com a perspectiva de remontagem da história empresarial através de relatos de memória, embora neste caso exista toda uma checagem de precisão de dados que o storytelling especialmente libera, dada a possibilidade e a valorização de componentes ficcionais. Mais informações podem ser consultadas em website apresentado na documentação do case25, e ainda disponível na internet.

Os trabalhos consultados parecem evidenciar que cases que possam ser considerados ‗excelentes‘ em Responsabilidade Histórica e Memória Empresarial no Brasil contemplam, de alguma maneira, a valorização, a captação e a disponibilização de testemunhos em suas estratégias comunicacionais e de resgate histórico. A inclusão da memória através da voz das pessoas, independente do nível hierárquico em caso de projeto no âmbito organizacional, é parte integrante de ações que se pretendam completas na compreensão da abrangência de um acervo, com o mesmo nível de importância de dados tangíveis como fotografias, objetos, vídeos e documentos escritos. De outro lado, não é possível identificar, dentro deste breve estudo, a mesma clareza de entendimento para a utilização do storytelling como formato narrativo, aqui mencionado não como uma oralidade espontânea e livre, mas sim construído com características retóricas específicas – verbais e não- verbais – para pleno envolvimento dos interlocutores. A consciência sobre a força do storytelling, a ponto de cunhar-se, como na Inglaterra e nos Estados Unidos26, o termo storytelling organizations, ainda parece esparsa no Brasil, a não ser na construção dramatúrgica de filmes e seriados em cinema e TV.

25 Sobre o projeto ―Vale Registrar‖, consulte http://www.tremdavale.org/pt/educacao-

patrimonial/vale-registrar .

26

Ver mais sobre associações e publicações do tema, consulte http://www.story- telling.com/References/StorytellingOrganizations.htm, http://www.storynet.org e http://storytellinginorganizations.com .

123

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As dificuldades que podem ser percebidas no desvelamento da discussão travada nesta monografia podem começar a ser equacionadas à medida em que for sendo construída uma ponte entre os conceitos de memória organizacional e de storytelling – que pode ser considerado ainda um recurso desconhecido no Brasil. As histórias que as pessoas contam sobre as relações sociais nas organizações precisam ser tratadas como narrativas que buscam construir sentido para as ações, tanto passadas como futuras, procurando plausibilidade para as experiências. Essa plausibilidade se refere a uma tentativa de transformar o inesperado em esperado, a busca da criação de uma trama, de uma seqüência socialmente aceitável das experiências vivenciadas na direção da produção de sentido das ações. Ricas em detalhes, as narrações possibilitaram o resgate das opiniões, sentimentos e intenções por trás das ações realizadas.

Mas esta profundidade e complexidade parecem passar despercebidas num cotidiano profissional de comunicadores organizacionais e relações públicas ainda absortos no atendimento pontual e sequencial de demandas de setores, o que dificulta a reflexão sobre a extensão dos atos retóricos em ambiente de trabalho e/ou em nome de empreendimentos e negociações multipúblicos. A visão mecânica ou instrumental ainda parece predominar na área, como se estivesse tratando do simples manuseio, mais ou menos estratégico, de produção e distribuição de mídias de contato. Na verdade, esta concepção está absolutamente em questionamento numa sociedade cada vez mais em rede, consciente do poder da inteligência coletiva e da potencialidade da internet no descentramento da fonte emissora. Com pessoas alterando de maneira significativa o foco de suas atribuições de confiabilidade, suprimindo ou atenuando a pretensa influência das grandes corporações, dos governos, das igrejas ou da mídia broadcast, cria-se uma outra ordem de parâmetros para conformar a reputação. Entre os desafios da comunicação nas e das organizações, cresce a importância da conquista da atenção dos interlocutores, para só então buscar a transformação da informação em conhecimento, a

124

mobilização para agir ou mudar e ainda a recomendação, ou mesmo defesa, do negócio, seus produtos, serviços e pontos-de-vista.

É neste exato esforço que o presente trabalho monográfico esteve concentrado: levantamento bibliográfico e consolidação de dados e de conexões de pensamento para propor o uso do storytelling como formato de narrativa, sobremaneira para contação de memória organizacional, na tentativa de superar a atenção pulverizada. Buscou-se afirmar que as reminiscências sobre o percurso histórico de uma organização, destituídas de qualquer obrigatoriedade factual e sucumbência hierárquica e valorizadoras de todas as vozes, constituem um forte argumento para os discursos oficiais nesta arena de alta concorrência de significados e protagonismos. O excesso de objetividade em todas as interfaces oficiais, por obra da supremacia da performance quantitativa e do lucro exclusivamente financeiro, precisa ser revisto não só do prisma comunicacional, mas também de gestão. Assim, seria possível a emergência de um ambiente receptivo à expressão e consideração das subjetividades e à estruturação de narrativas diferenciadas das falas rígidas e manualizadas facilmente encontradas em reuniões, sites, folhetos, entrevistas ou boletins informativos – cuja atratividade e efetiva escuta e leitura são cada vez menores e portanto menos relevantes e memoráveis.

Tomando-se como base os objetivos iniciais desta pesquisa, entretanto, convém assinalar que não foi possível alcançar totalmente a proposição de ter uma tipologia básica de construção retórica em storytelling, para vir a inspirar alterações nas estratégias interativas das organizações. Isto porque a literatura específica no tema é praticamente inexistente em idioma português ou acessível em livrarias nacionais ainda que em outras línguas, sobretudo dentro do prazo exigido para entrega do presente documento. De todo modo, espera- se ter atingido a atenção, a curiosidade e o interesse dos eventuais leitores para instigar a continuidade da busca conceitual e mesmo da identificação das práticas correntes em realidades brasileiras ou estrangeiras nesta proposta de intersecção. A propósito, esta monografia vem a reforçar a determinação de dar andamento a este tema em nível de Mestrado, com a possibilidade de dedicação de tempo compatível para aprofundamento teórico e vislumbre mais

125

concreto de renovação de práticas, com ênfase na contação da memória organizacional como recurso de comunicação.

126

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Cândido Teobaldo de Souza. Dicionário profissional de relações

públicas e comunicação. São Paulo: Summus, 1996.

ANDRADE, Cândido Teobaldo de Souza. Psicossociologia das relações

públicas. Petrópolis: Vozes, 1975.

ANSOFF, Igor et al (Orgs.). Do planejamento estratégico à administração

estratégica. São Paulo: Atlas, 1981.

AUGÉ, Marc. Não-lugares: introdução a uma antropologia da

No documento rodrigo cogo (páginas 117-141)

Documentos relacionados