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5.2 Sentidos que os participantes da pesquisa atribuem ao projeto pedagógico

5.2.1 Apresentação e análise dos Discursos Coletivos

Considerando que o sentido atribuído ao projeto pedagógico seja construído a partir das vivências e da inserção no mundo social, no caso, no cotidiano escolar e nos espaços formativos, partimos do suposto de que esse instrumento da política educacional, cuja elaboração passa a ser uma exigência legal, a partir da LDB 9.394/1996, seja portador de sentidos de diferentes matizes. Dito de outro modo, que não obstante o sentido de projeto pedagógico manifesto na legislação, pode ser distinto para os profissionais da educação. Essa suposição foi corroborada com os dados da pesquisa, que revelaram a construção de distintos discursos coletivos.

O discurso de um diretor, cuja vivência profissional tem sido marcada pelo envolvimento e participação nos desígnios de sua escola, diz muito do sentido que o projeto pedagógico tem para ele, que pode ser distinto para aquele docente que, apesar de ter estado presente, a sua participação nesse processo tenha se dado apenas como o atendimento a uma convocatória, a uma exigência da direção da escola.

Por certo, o pensamento desses profissionais representam não somente a experiência pessoal, mas discursos coletivos, compartilhados por tantos outros. Expressam não só a coletividade do grupo profissional em que se incluem, mas as de pessoas portadoras de experiências comuns que são influenciadas pelas mesmas condições de produção de sentidos. Isso porque o discurso de cada um não pode ser considerado como uma individualidade descolada do contexto em que se inserem.

DSC (1)

IC- É o documento norteador de todas as ações da escola.

O projeto político pedagógico é essencial. Eu o vejo como algo de suma importância para a escola, porque ele vai nortear todos os trabalhos que serão desenvolvidos durante o ano. O PPP é o norte da escola, onde todo o seu caminhar vai estar registrado. É um instrumento norteador das funções pedagógicas, administrativas e financeiras, porque nele estão contidos todos esses pilares, está previsto o próprio objetivo da escola, todas as funções, todas as ações de forma coletiva.

É um documento que norteia, então é preciso que nele estejam claras as intenções da escola. Para mim é um exame muito mais profundo, pois sem ele a escola fica sem norte. Só ele dá esse norte.

Na atualidade o PPP é de fundamental importância para escola, ele é como se fosse um guia, o leme da escola. É o que dá a direção, que orienta o trabalho da escola em termos pedagógicos e estruturais. Contém as orientações do que o professor deve fazer durante sua estadia na escola. Nós temos que ter um Projeto Político Pedagógico para direcionar as matrizes curriculares, a parte pedagógica. Se nós não tivermos o PPP, como faremos isso? É através dele que os professores, gestores e coordenadores vão direcionar as atividades pedagógicas que serão desenvolvidas no decorrer do tempo. É como algo que vai delinear o que a escola vai fazer. Esse documento nos dá orientação de como trabalhar e avaliar a escola. Ele dá direcionamento à escola como um todo.

Eu vejo o PPP como a alma da escola. Se a gente pudesse descrever a alma no papel, então o PPP seria isso. Porque ali no projeto político vão estar os objetivos da unidade escolar, quais as metodologias que vão ser utilizadas, que tipo de avaliação.

É o documento chave da escola, pois é ali que vai estar o direcionamento de como aquela escola trabalha, como ela pretende trabalhar, qual a visão que ela tem da educação, de si mesma, do seu trabalho, da comunidade onde ela está inserida, e qual o papel dela nessa comunidade. Qual a perspectiva de educação que ela quer construir ou que está construindo.

Então eu vejo que todo esse direcionamento é importante. Toda nossa proposta se encontra nesse projeto pedagógico e ao longo do ano vamos fazendo as mudanças que são necessárias.

No DSC (1), referente à IC É o documento norteador de todas as ações da escola, percebemos a presença de algumas expressões, tais como: “o leme”, “o norte”, “a alma da escola”, “a chave da escola”, utilizadas para reforçar a ideia de que o projeto pedagógico é um documento essencial e orientador do trabalho escolar.

Esse discurso coletivo encontra respaldo nos estudos de Veiga (1997, p. 14) para quem o “projeto político-pedagógico tem a ver com a organização do trabalho pedagógico em dois níveis: como organização da escola como um todo e como organização da sala de aula, incluindo sua relação com o contexto social imediato, procurando preservar a visão de totalidade”. Compreendido dessa forma, o projeto ganha o estatuto de elemento norteador do trabalho escolar e se configura na própria organização do fazer pedagógico da escola.

DSC (2)

AC - Uma escola sem PPP desenvolve ações desarticuladas (Ancoragem). Uma escola sem o projeto político-pedagógico é como se ela tivesse sem o corpo. Ela fica à deriva e seu trabalho é desarticulado.

Com o PPP você pode planejar, executar e também mudar determinadas ações que não estejam dentro do parâmetro naquele momento.

Centrados em outros aspectos, contudo mantendo certa coerência com o primeiro discurso na medida em que o complementam, tanto o DSC (2), originário das expressões-chave da ancoragem: Uma escola sem PPP desenvolve ações desarticuladas, quanto o DSC (3), fruto da IC Planejamento global a partir do qual as demais ações são desenvolvidas, também expressam a concepção, presente no imaginário dos sujeitos desses discursos, do projeto pedagógico como um instrumento organizador do fazer pedagógico e que, na sua ausência, ou melhor, quando não elaborado, a escola acaba por desenvolver ações desarticuladas. Com efeito, os discursos desses sujeitos coletivos registram expressões do tipo: É a mola mestra [...] É como a coluna vertebral, mesmo! [...] É como o roteiro de bordo buscando um objetivo comum.

Ambos atestam uma concepção de projeto pedagógico como norteador da escola e a sua essencialidade no contexto escolar.

DSC (3)

IC - Planejamento global a partir do qual as demais ações são desenvolvidas. Eu vejo o PPP como um planejamento amplo e essencial para a escola. É um referencial para o desenvolvimento do trabalho, tanto pedagógico, quanto docente e administrativo. Temos que partir desse planejamento de âmbito geral, para o nosso planejamento mais específico.

É como a coluna vertebral mesmo! Porque é nele que a gente define todas as ações pedagógicas que vão ser aplicadas e que devem ser executadas.

É a mola mestra de tudo que é feito na escola, porque sistematiza a ação de trabalho, a forma de trabalho, a forma de ensinar, a ação social e pedagógica da instituição.

O PPP é um documento macro a partir do qual os sujeitos da escola irão organizar o seu trabalho. É o maior suporte para a parte pedagógica, pois é em cima do PPP que nós vamos administrar todo o trabalho que vai ser feito com o aluno.

A intenção do PPP é voltar a escola para suas ações, seus objetivos, para se ter coerência nas coisas. É como se fosse um roteiro de bordo buscando um objetivo comum.

De forma diferente, no DSC (4) evidencia uma forma limitada de compreender o projeto pedagógico. Esse discurso é composto de forma categórica: É um calendário! O discurso desse sujeito coletivo chama a atenção na medida em que se distancia dos demais, nos atributos qualitativos, pelo seu teor, quanto pela frequência percebida pela quantidade de fragmentos que o compõe.

DSC (4)

IC - É um calendário. É um calendário.

Configura-se, pois, como um discurso não predominante, mas presente na coletividade pesquisada. Ademais, exprime uma visão reducionista do projeto pedagógico, ainda que sugira um aspecto utilitário: como calendário, o projeto pedagógico deve ser consultado.

A compreensão de projeto pedagógico como o registro das expectativas da escola é apresentado no DSC (5):

DSC (5)

IC - O PPP é o registro das expectativas da escola.

No projeto político pedagógico está escrito tudo o que a escola pretende alcançar. Ele mostra como a escola vê a educação, as metas e os planos para que aconteça um aprendizado significativo.

Enfim, o que ela pretende para o aluno, quais as competências e habilidades que deverão ser desenvolvidas.

Por isso, eu acho o PPP muito importante porque a gente precisa trabalhar tendo metas a serem atingidas.

Esse sujeito coletivo confirma a importância do projeto pedagógico ao compreendê-lo como um documento no qual se registra tudo o que a escola pretende alcançar [...], as metas, os planos, para que seus profissionais planejem e exerçam suas tarefas de acordo com o que foi previamente estabelecido. Desse modo, o DSC (5) demonstra o sentido atribuído ao projeto pedagógico como um instrumento de registro do que se almeja.

Depreendemos daí que a crença de que a construção do projeto pedagógico possibilita uma reinvenção constante da escola, um processo de busca de novos patamares, a partir da situação atual, visto que no projeto estão registradas ações pedagógicas e administrativas, supostamente, mais coerentes e eficazes.

DSC (6)

IC - O PPP é a identidade da escola.

O PPP é a identidade da escola, seu retrato, seu DNA. Nele é traçado todo o perfil da escola e de sua clientela, pois é um documento elaborado para atender as suas necessidades.

É o documento que explicita o que a escola faz, a sua visão de educação, o tipo de cidadão que pretende formar, qual é a sua proposta de trabalho, seus objetivos e as ações que vão ser implantadas.

É como se fosse a radiografia da escola. Tudo está definido ali, o seu planejamento enquanto instituição e a sua história também.

No DSC (6), referente à IC O PPP é a identidade da escola, o sujeito coletivo utiliza-se de termos figurados para expressar seu pensamento: [...] é a identidade, seu retrato, seu DNA [...] é como se fosse sua radiografia. Desse modo, o discurso desse sujeito coletivo funda- se na crença de que a construção e a implementação do projeto pedagógico podem levar a instituição escolar a solidificar sua identidade.

Como lembra Resende (1997, p. 91), a escola “é um texto escrito por várias mãos e sua leitura pressupõe o entendimento não apenas de suas conexões como a sociedade, mas também de seu interior”. Para a autora, no projeto pedagógico de cada escola ficam resgatadas a identidade e a revelação de seus compromissos. Esse é o sentido expresso no DSC (6).

Nesse discurso coletivo, o projeto pedagógico é a identidade da escola porque sua construção exige a clareza do aluno que a frequenta, do cidadão que deseja formar e da sociedade na qual se insere. O projeto carrega a marca e a especificidade de sua escola, tem memória e se respalda em sua trajetória particular.

DSC (7)

IC - É um elemento essencial na busca da qualidade do ensino.

Eu vejo o PPP como o registro da escola, algo essencial para a caminhada na busca da qualidade de ensino, pois impulsiona a busca pelos objetivos e acompanha a mudança de atitude e comportamento das pessoas, dos educandos e dos professores.

A escola que não trabalha para melhorar a qualidade do ensino não produz, fica estacionada.

O projeto pedagógico como um elemento essencial na busca da qualidade do ensino é a ideia central que norteou a elaboração do DSC (7). Para esse sujeito coletivo, a importância desse documento se justifica por nele estar contido o registro da escola, de seus alcances e resultados. Segundo esse discurso, isso impulsiona o alcance dos objetivos e motiva mudanças comportamentais no sentido de maior envolvimento da comunidade escolar com a qualidade do ensino.

A propósito, vale esclarecer que a construção do projeto pedagógico não garante, por si só, que a escola se transforme em uma instituição de melhor qualidade. Entretanto, não se pode negar que ao realizar tal tarefa, os seus integrantes tenham a oportunidade de tomar conhecimento de seus alcances e limites, adquirir consciência de seu caminhar e possam optar por realizarem um trabalho mais coerente com as dificuldades identificadas.

DSC (8)

IC - É um fomentador do trabalho coletivo na escola.

Eu vejo o PPP como um instrumento essencial que deve ser construído coletivamente. É uma coisa bem ampla, que não é restrita só a escola, envolve também a comunidade, porque a opinião de todos que fazem parte daquela unidade escolar é de extrema importância.

Antigamente ficava muito desorganizado, a direção fazia o que queria. Com o projeto político pedagógico teve que inserir os professores nas decisões da escola e estas ações passaram a estar atreladas a um trabalho em conjunto, envolvendo ações pertinentes aos setores administrativos, financeiros e pedagógicos, todos falando a mesma linguagem.

O DSC (8), elaborado a partir das expressões chave da IC É um fomentador do trabalho coletivo na escola, apresenta a crença no processo de construção e implementação do projeto pedagógico como um instrumento impulsionador do trabalho participativo no contexto escolar.

Ao mesmo tempo em que apresenta o projeto pedagógico como fruto do trabalho coletivo que envolve toda comunidade, porque a opinião de todos que fazem parte daquela unidade escolar é de extrema importância; expressa, também, a compreensão desse fazer coletivo como produtor do consenso: todos falando a mesma linguagem. Revela, assim, o entendimento do “coletivo” como um somatório de esforços individuais.

Visto de outra forma, o trabalho coletivo, na escola, deve estar centrado na compreensão e no enfrentamento das contradições inerentes ao processo de construção do fazer educativo, como uma forma de superação dos conflitos. Essa construção coletiva se estabelece na medida em que se delineia um ideal em comum, o que abre possibilidades para o embate de ideias e de negociações.

Contudo, a despeito de todas as dificuldades evidenciadas em vários momentos da coleta de dados, esse discurso evidencia a defesa do necessário envolvimento e participação da comunidade escolar não só na construção do projeto pedagógico, mas também nos processos de tomada de decisões.

DSC (9)

AC - É um documento importante para a escola, mas pouco conhecido. Eu vejo a total importância do PPP. É também a necessidade dos professores terem um conhecimento maior do que é e para o que sirva, por isso há pouca participação.

Não é culpa deles, não tem como se interessar por algo que você não conhece ou não sabe a importância.

A direção até pede para acessarmos, mas tem colegas que acham que não tem necessidade. Acham que é apenas um documento a cumprir, uma exigência.

Até hoje tem pessoas que trabalham como se o projeto fosse inexistente. O PPP existe, mas ninguém vê, ninguém conhece.

Atestando a pouca familiaridade dos profissionais da escola, notadamente, dos docentes com o projeto pedagógico, o DSC (9), elaborado a partir das expressões chave da AC- É um documento importante, mas pouco conhecido, também reitera a importância desse instrumento. Evidencia a necessidade dos professores terem um conhecimento maior acerca do projeto pedagógico, do que realmente seja e a que se propõe. E justifica que não tem como se interessar por algo que você não conhece ou não sabe a importância.

Esse discurso sugere que, a partir do momento que os profissionais tomam conhecimento dos princípios e finalidades do projeto pedagógico de sua escola, há uma tendência de adesão aos seus propósitos e a sua implementação.

Deixa transparecer uma ideia de que o projeto seja portador de um sentido próprio, descolado daqueles que lhe dão forma e conteúdo. Afinal, são os profissionais da escola, juntamente com os demais membros da comunidade escolar, que, ao construírem e reconstruírem o projeto de suas instituições, lhe imprime, ou não, os atributos dos quais se poderiam depreender a peculiaridade e o desejo em estabelecer os rumos daquela escola, sendo, pois, um instrumento importante naquele contexto.

DSC (10)

IC - É um documento obrigatório. O PPP é um documento obrigatório em todas as escolas.

Por fim, o DSC (10) evidencia o PPP como um documento obrigatório em todas as escolas. Ao enfatizar a obrigatoriedade, é possível que esse sujeito coletivo esteja considerando o aspecto normativo-legal ou, ainda, o ideário expresso na bibliografia educacional e veiculado nos processos formativos.

De qualquer modo, do sentido expresso nesse discurso coletivo, podemos inferir que a construção dos projetos pedagógicos tenha se efetivado pelo atendimento a uma exigência, configurando-se em algo pronto e acabado.

A construção desses discursos coletivos evidenciou que o projeto pedagógico é compreendido de forma polissêmica, a ele são atribuídos sentidos e significados distintos. De modo geral, o sentido mais evidente é aquele que o institui como um elemento norteador do trabalho escolar.

Ademais, em grande parte dos discursos, embora apresentem sentidos distintos, é notória a importância que os participantes do estudo conferem a esse instrumento. A relevância a atribuída ao projeto pedagógico é reiterada em diferentes discursos: por ser o documento que norteia todas as ações da escola; porque, na sua ausência, a escola desenvolve um trabalho desarticulado; porque é um referencial, um planejamento amplo; ou, ainda, porque se traduz no registro das expectativas da escola.

a

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo do projeto pedagógico nos moldes propostos nesta pesquisa fez com que nos preocupássemos em conhecer a perspectiva que esse instrumento ganha na legislação educacional vigente, em nível nacional e estadual, no caso específico do Estado da Bahia. Nesse intuito, os questionamentos que nortearam a pesquisa foram: Em que medida a perspectiva expressa na legislação e nos documentos elaborados pela Secretaria de Educação da Bahia se materializam (ou não) nos documentos elaborados nas escolas estudadas? É possível estabelecer conexão entre construção, execução e avaliação do projeto pedagógico e o trabalho pedagógico desenvolvido na escola? A construção do projeto pedagógico contribui com a instauração de práticas mais participativas e o fortalecimento da autonomia escolar? Afinal, qual o sentido que depreendemos dos projetos pedagógicos das escolas participantes da pesquisa e qual o sentido que diretores e vice-diretores, coordenadores pedagógicos e docentes atribuem a esse instrumento do planejamento pedagógico?

O propósito de estudar o projeto pedagógico como instrumento da política educacional, considerando-o como orientador da gestão e do trabalho pedagógico desenvolvido em escolas da rede estadual de ensino da Bahia, questão central deste estudo, obrigou-nos a utilizarmos distintos procedimentos metodológicos, dada a multiplicidade de questões imbricadas na temática.

Considerando a diversidade de questões que intentamos desvendar com a realização deste estudo, nos propomos, nesta seção, apresentar as considerações a que chegamos a partir dos resultados obtidos.

A construção do projeto pedagógico pelas escolas, como uma das ações implantadas pelos governos com a reforma educacional na década de 1990, funda-se em princípios democráticos, de participação, de descentralização e de autonomia. No entanto, a implementação se deu num período marcado pela política neoliberal, em que a participação e a autonomia não têm o caráter democrático, mas constituem o próprio discurso para legitimar as ações. O próprio sentido de descentralização, dado seu caráter “camaleônico”, é ressignificado nesse contexto, configurando-se, na maioria das vezes, em mecanismos de desconcentração. Nestes moldes, o ideário neoliberal que subjaz ao movimento reformista, ao propor a descentralização de poderes e encargos das esferas centrais de poder para as locais, incita as escolas a assumirem sua autonomia e a se responsabilizarem pelos resultados que vierem a obter. É, pois, no contexto dessas políticas de descentralização que se situa a exigência da Lei 9.394/1996, a qual determina a elaboração do projeto pedagógico, pelas escolas, como um mecanismo para assegurar a progressiva autonomia escolar.

Da análise da legislação educacional e das publicações elaboradas pela Secretaria de Educação do Estado da Bahia, podemos depreender algumas considerações:

Primeiro, que a concepção predominante de projeto pedagógico expressa nos documentos analisados aproxima tal componente do que Veiga (2003, p. 269) denomina de inovação reguladora ou técnica. O projeto pedagógico é concebido como um documento pragmático que reúne as principais ideias, fundamentos, orientações curriculares e organizacionais de uma instituição educativa ou de um curso, cujo objetivo é a eficácia, o que decorre aplicação técnica do conhecimento, constituindo-se em um processo de planejamento conjunto do trabalho escolar, de modo a intervir nessa realidade a partir de uma determinada racionalidade técnica. Além disso, ao considerar como referência os indicadores de desempenho definidos pelas políticas públicas de educação que conduzem as ações e a avaliação dos resultados, o projeto pedagógico constitui-se em um instrumento de controle do trabalho escolar. Revela, enfim, a compreensão desse instrumento como um plano de metas e ações, a ser desenhado pelas unidades escolares para solução de seus problemas mais urgentes.

Em segundo, a análise das orientações emanadas da Secretaria de Educação da