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Apresentação e Demonstração de Resultados

ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO E APRESENTAÇÃO DO PROJETO

1.3. Apresentação e Demonstração de Resultados

Tendo em consideração os objetivos do nosso estudo, apresentamos os gráficos de resultados das respostas obtidas para cada uma das questões colocadas aos Produtores/Realizadores inscritos no site cineguia e também aos operadores televisivos RTP, SIC e TVI. Os gráficos refletem as entrevistas conseguidas (n=6) Realizadores/Produtores e dois operadores televisivos RTP e SIC.

Gráfico 1: Acessibilidades alternativas de comunicação nos operadores de televisão

Relativamente às acessibilidades alternativas de comunicação nos operadores de televisão da RTP e da SIC, a RTP apresentou três técnicas de acessibilidade disponíveis para a população com necessidades especiais: Língua Gestual Portuguesa, legendagem por teletexto e audiodescrição. Por seu lado, a SIC apresentou duas técnicas de acessibilidades, sendo estas a Língua Gestual Portuguesa e a legendagem através de teletexto.

No que diz respeito aos principais destinatários do plano de acessibilidades, ambos os operadores os descrevem como pessoas sem capacidade auditiva ou invisuais.

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RTP

Novas formas acessibilidades Feedback utilizadores

SIC

Plano Plurianual Meios de distribuição

Gráfico 2: Carga horária semanal das acessibilidades nos canais RTP1, RTP2 e SIC

O cálculo da carga horária foi efetuado a partir das respostas obtidas nas entrevistas aos operadores. Contudo, relativamente à RTP, sendo que a resposta continha as horas dos três canais (RTP1, RTP2, RTP Informação), foi solicitada a grelha de programação semanal, que serviu de base a este gráfico (RTP1 e RTP2).Constatando que o tempo dos programas incluía os períodos de publicidade, foi feito o ajuste devido. De acordo com a legislação europeia (U.E.2010/13, 87), deverá ser respeitado o limite de 20% de tempo para spots de publicidade e televenda em 60 minutos. A leitura do gráfico indica uma maior oferta de horas de acessibilidades na RTP1.

Gráfico 3: Perspetivas futuras segundo os operadores de televisão em análise.

No que concerne às perspetivas futuras quanto ao desenvolvimento das acessibilidades foram referidas quatro ferramentas pelas estações televisivas, duas por cada uma delas: pela parte da RTP foram referidas novas formas de acessibilidades que estão a ser trabalhadas com outros operadores europeus e a importância do feedback dos utilizadores

49,84 76,44 2 11,5 14,11 30,46 7,36 0 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Língua Gestual Portuguesa Teletexto Audiodescrição H o ras RTP1 RTP2 SIC

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que ajudará a adequar a oferta de acessibilidades comunicativas por parte do canal às necessidades dos utilizadores. A SIC aguarda a implementação das obrigações do plano plurianual e refere a necessidade de garantir que os meios de distribuição servem as necessidades universais dos telespetadores com necessidades especiais. Parece-nos importante referir que a resposta da SIC foi obtida antes do plano plurianual entrar em vigor e a resposta da RTP com o plano já em vigência. É ainda de considerar que a RTP tem a obrigação de introduzir as alterações necessárias para o cumprimento do referido Plano com um ano de antecedência em relação os canais privados de sinal aberto.

Gráfico 4: Inclusão de pessoas com deficiências sensoriais nas diferentes entidades de comunicação, segundo Realizadores/Produtores de cinema nacional

Relativamente à opinião dos Realizadores/Produtores entrevistados, quanto à inclusão de pessoas com deficiências sensoriais nas diferentes entidades de comunicação, para a totalidade (100%, n=6) esta deve ser fomentada. Destes, 67% (n=4) referem a inclusão de pessoas com necessidades especiais também enquanto profissionais participantes na produção e 33% (n=2) referem a inclusão destas pessoas como público-alvo através das acessibilidades de comunicação.

• Público-alvo 33%

• Profissionais 67%

Inclusão 100%

60 Gráfico 5: Acessibilidades nas diferentes entidades de comunicação, segundo Realizadores/Produtores de cinema nacional

No que diz respeito às acessibilidades alternativas de comunicação no cinema nacional e adaptação das salas com o equipamento necessário para tal, 100% (n=6) dos entrevistados consideram que é importante, dos quais 33% (n=2) referem a hipótese da criação de salas específicas, 17% (n=1) a criação de sessões especiais para o efeito e 17% (N=1) a necessidade de preparação dos suportes digitais para a exibição inclusiva. Os restantes entrevistados consideram importante trabalhar as acessibilidades para o cinema inclusivo mas não têm opinião formada quanto à forma.

Gráfico 6: Produção de um filme inclusivo, na perspetiva de Realizadores/ /Produtores de cinema nacional

Importante 100% Salas específicas 33% Sessões especiais 17% Preparação dos suportes digitais 17%

4

2

Adaptação das técnicas Comunicação

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Quanto aos cuidados a ter na produção de um filme inclusivo e às melhores técnicas alternativas de comunicação a ter em conta, 67% (n=4) dos respondentes referiram a importância da adaptação das técnicas existentes. Nesta medida, um entrevistado destacou os cuidados a ter durante a produção do filme inclusivo classificando-os como “hipótese inclusiva total e inclusiva pós-produção”. Outro entrevistado referiu a importância da adaptação das técnicas num plano de distribuição e exibição de filmes. Para 33% (n=2) dos entrevistados a comunicação entre os diferentes intervenientes é fundamental para uma produção inclusiva.

Gráfico 7: Participação num filme inclusivo, na perspetiva de Realizadores/ Produtores de cinema nacional

Questionados quanto à sua participação passada ou futura num filme inclusivo, 33% (n=2) afirmaram já ter participado e 83% (n=5) consideram a viabilidade de desenvolvimento de filmes acessíveis a pessoas com necessidades especiais.

2

5

4 1

Participou Considera participar

Não Sim

62 Gráfico 8: Perspetivas futuras, conforme os Realizadores/Produtores de cinema nacional

Sobre as perspetivas futuras para a expansão da inclusão no cinema, 100% (n=6) dos respondentes consideram que são fracas, 33% (n=2) assinalam a falta de interesse por parte do cinema nacional e outros 33% (n=2) a falta de recursos financeiros. Os restantes inquiridos (2) não atribuíram uma causa particular para a forma como antevêem o futuro do cinema inclusivo.

Os contributos perspetivados pelos entrevistados quanto ao futuro da arte cinematográfica inclusiva são, nomeadamente, a televisão (para 33%, n=2), o estabelecimento de uma indústria cinematográfica, a investigação junto do público-alvo e o recurso a fundos europeus (para 17%, n=1). 100% 2 0% 1 Fracas

63 1.4. Discussão de Resultados

Relativamente às acessibilidades de comunicação alternativa para pessoas com necessidades especiais, nos serviços de televisão em Portugal, os resultados da investigação realizada junto dos canais de sinal aberto indicaram que as mesmas estão a ser desenvolvidas de acordo com o plano plurianual de 2014.

Os resultados demonstram ainda que há uma assimetria no serviço prestado pelos canais RTP1 e SIC principalmente no que diz respeito à técnica de audiodescrição. A RTP demonstra maior acessibilidade para as pessoas invisuais ou de baixa visão, uma vez que o serviço ainda não se encontra disponível na SIC. Há no entanto a considerar que, de acordo com o plano plurianual de janeiro 2014, os canais privados de acesso não condicionado só têm esta obrigação a partir de fevereiro de 2016. Relativamente à RTP2 esta obrigação inicia-se em fevereiro de 2015, dada a sua condição de serviço público.

No que respeita às outras acessibilidades, também se verifica uma assimetria na quantidade de horas de prestação destes serviços entre os três canais cuja programação foi analisada, com predominância da RTP1. Esta variância deve-se ao papel de pioneirismo e modelagem que a ERC atribui à RTP e que se reflete no Plano em vigor. Deve ainda ter-se em conta que a RTP é um serviço público, essencial, segundo a legislação europeia, para garantir a cobertura de áreas e necessidades que os operadores privados não fariam necessariamente de forma ótima, e para o efeito, recebe financiamento estatal (2009C/ 257/ 01). Relativamente à TVI, ainda que não tendo obtido resposta à entrevista, a mesma enquadra- se na Deliberação (ERC, 2014) a par com as regulamentações dirigidas para a SIC.

O futuro advinha-se promissor quanto ao desenvolvimento das acessibilidades em televisão, sendo este um dos objetivos do Plano Plurianual. De acordo com a legislação da União Europeia (Diretiva 2010/13 de 10 Março), deverá existir um conjunto de normas aplicadas igualmente a todos os serviços de comunicação social e televisiva. Esta consideração está observada pelo Plano Plurianual. A mesma legislação abrange a divulgação dos conteúdos dos serviços acessíveis, de forma progressiva, a pessoas com necessidades especiais (U.E. 2010/13, II-7º).

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Relativamente ao cinema, o legislador consagra o direito de acessibilidade a obras cinematográficas e audiovisuais a pessoas com necessidades especiais (Lei n.º 28/2014 de 19 de maio), no entanto, não se encontram definidas as obrigações para a integração de métodos de acessibilidade no cinema.

Da consulta efetuada aos produtores/realizadores que constituíram a nossa amostra, concluímos que todos concordam com a inclusão de pessoas com necessidades especiais nas diferentes entidades de comunicação, quer como profissionais, quer como público- alvo. Apesar de se afirmarem disponíveis para participarem em tais projetos e considerando fundamental a adaptação das salas de cinema para o efeito, indicam que a economia do país no momento presente não parece favorável ao investimento. Esta perceção concorda com Leite, P. (2011), que relaciona a falta de investimento com o facto não ser possível obter um retorno imediato e critica a prática que disponibiliza uma quantia significativa em filmes que falham no contacto com o público. Estes factos limitam as perspetivas futuras dos produtores/realizadores que sentem a falta de interesse e de recursos como um obstáculo. O cinema nacional deve ser visto pelo Estado como um investimento e as fontes de financiamento devem ser diversificadas (Leite, 2011).

Os entrevistados referiram que um dos cuidados a ter na produção de um filme inclusivo é a comunicação entre os vários intervenientes. Esta perceção está de acordo com a teoria que aponta para importância da comunicação em todo o processo de produção, para que toda a equipa esteja em sintonia, empenhada no projeto e disponível a comprometer-se inteiramente com a causa. “It´s all about character and common sense. Someone once said, “I can hire professionals, I can hire mechanics. But you can´t hire common sense, you can´t hire character.” (Zaentz, S. cit in Turman, L. 2005:190).

Da conversa realizada com os responsáveis do departamento de produção da RTP salientamos alguma informação complementar, pertinente para os objetivos do nosso projeto.

A interpretação em Língua Gestual é oferecida em direto, em simultâneo com o programa e em pós-produção no caso de programas gravados. Existe uma preocupação em ouvir o público com deficiências auditivas e ir ao encontro das necessidades do mesmo, um

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exemplo disto é a tradução do telejornal. Projetos atuais perspetivam a possibilidade de o utilizador ajustar o tamanho do conteúdo visual à sua necessidade.

O processo de audiodescrição é complexo e algo demorado. Tem o objetivo de traduzir os conteúdos da imagem em palavras para pessoas cegas e de baixa visão. O trabalho na RTP é inclusivo também ao nível dos profissionais, na medida em que os programas são revistos por revisores cegos. A audiodescrição obriga também à utilização de meios técnicos de descodificação ainda em desenvolvimento.

Da investigação realizada, podemos inferir que os diversos intervenientes no processo de acessibilidades na comunicação, no cinema e na televisão, equacionam concomitantemente possibilidades e dificuldades. No entanto, o legislador estabelece os parâmetros mínimos das formas alternativas de comunicação para as pessoas com necessidades especiais.

Os operadores de televisão respondem dentro das normas legislativas vigentes para o presente momento, não deixando, no entanto, de evidenciar preocupação com a viabilidade do mesmo, devido aos custos. Os produtores/realizadores manifestam interesse e vontade de conhecer as acessibilidades e a sua aplicação no cinema, identificando também como obstáculo à sua concretização os custos necessários para tal.

Assim, se na televisão já existem formas de inclusão, através das acessibilidades, ainda que limitadas, no cinema não nos é possível constatar a presença e fluência da inclusão.

66 CAPÍTULO 2

Apresentação do projeto