• Nenhum resultado encontrado

Aproximações e distanciamentos: as contribuições para este estudo

2. FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E METODOLÓGICOS DAPESQUISA

2.3 CONTEXTUALIZANDO O OBJETO DE PESQUISA NA REVISÃO DE

2.3.3 Aproximações e distanciamentos: as contribuições para este estudo

A educação é um dos principais fatores para a construção de uma sociedade democrática, desenvolvida e justa, é condição básica para o desenvolvimento da cidadania. Assim, o acesso de todos à educação é imprescindível para a ampliação das suas condições de desenvolvimento e interação com o mundo.

O desenvolvimento de uma pesquisa envolve muitos fatores e procedimentos, entre eles está a análise do que foi desenvolvido na área pesquisada com o objetivo de identificar o que foi produzido a respeito do tema. Nesse sentido, foi realizado aqui um levantamento de dados sobre o tema desta pesquisa, que objetiva investigar como se caracteriza a alfabetização

e letramento a partir da política de ampliação do Ensino Fundamental para nove anos.

Em uma sociedade cada vez mais exigente em relação à aprendizagem e ao conhecimento, as políticas de expansão e universalização da escolarização contribuíram sobremaneira para aumentar a relevância dessas discussões em torno dos processos educativos, bem como as instituições escolares, governos e sociedade buscam a inserção de todos no mundo da leitura e da escrita.

Os estudos encontrados sobre “Alfabetização e Letramento a partir da ampliação do Ensino Fundamental para nove anos”, que foi a temática pesquisada nos bancos de dados, apresentam diversas concepções e discursos, sejam eles convergentes ou divergentes no que diz respeito aos processos de alfabetização, letramento e Ensino Fundamental de nove anos.

Em relação a alfabetização e letramento, os autores apresentam contribuições para o entendimento da complexa constituição desses processos nas escolas. Para a maioria dos autores, a aprendizagem da leitura e da escrita precisa ocorrer através da mediação, a alfabetização é um processo específico para a apropriação da escrita, que possibilita ao estudante a autonomia de ler e escrever.

No mesmo sentido, as pesquisas apontam para o letramento como prática de uso da escrita e da leitura, é a utilização real dessas tecnologias nas situações cotidianas. Pois antes da criança estar inserida no mundo escolar, já está em contato com as práticas de leitura e escrita que a sociedade oferece a ela, em seu contexto familiar, na rua e em diferentes ambientes em que vivencia. Conforme Soares (2009, p. 47) letramento é o “[...] estado ou condição de quem não apenas sabe ler e escrever, mas cultiva e exerce práticas sociais que usam a escrita”.

Ao realizarmos essa pesquisa, concordamos com essas colocações, e percebemos que é preciso aprofundamento dessa temática de estudo, pois as práticas nas escolas ainda requerem o entendimento e organização da alfabetização como a ação de ensinar a ler e escrever e letramento que amplia esse conceito para o saber ler, escrever e exercer práticas sociais que utilizem a escrita. Por isso a necessidade de estudos que investiguem e apresentem dados que auxiliem nas práticas de ler e escrever.

É este trabalho, então – não apenas de explicitação mas de constituição do discurso social enquanto elaboração individual – que as crianças precisam (poder) realizar nas séries escolares da alfabetização. Desse modo, a escrita, além de “representar”, institui e inaugura modos de interação, transformando a realidade sócio-cultural dos indivíduos. Deste modo, também, as experiências individuais ampliam-se e redimensionam-se nos diferentes espaços e momentos de interlocução. Nestes espaços e nestes momentos surge a possibilidade da (co-) autoria na história de vida (SMOLKA, 2001, p. 112, grifos do autor).

No que se refere a ampliação do Ensino Fundamental para nove anos, destaca-se nos estudos a retomada da legislação que orienta essa expansão, em especial a partir da lei 11.274/2006, que previa a ampliação do Ensino Fundamental para nove anos, com ingresso das crianças aos seis anos.

Grande parte dessas pesquisas defende a ampliação do Ensino Fundamental, sendo esse momento de escolarização importante para inclusão de crianças sem acesso à escola e ao mundo letrado. Conforme os autores, a entrada de crianças mais cedo no Ensino Fundamentaltem como objetivo a melhoria da qualidade dos processos educativos no Brasil, pois com a entrada antecipada na escola, as chances de sucesso na trajetória escolar são maiores. Essa ampliação possibilita as crianças menos favorecidas socialmente o acesso e início ao processo formal de alfabetização, de aprendizado dos conhecimentos socialmente acumulados, na construção da autonomia e cidadania.

Mas esse processo também apresenta lacunas, pois a implementação do Ensino Fundamental de nove anos demandou estudo e adequação do currículo, da estrutura física, do entendimento de Educação Infantil e de infância, de nova organização administrativa e pedagógica. Em partes isso ocorreu, mas houve também dificuldades em realizar essa organização, havendo dessa forma, uma adaptação simplista dessa nova demanda, em que faltou orientação aos professores sobre a inserção de crianças aos seis anos no Ensino Fundamental, recursos materiais e financeiros.

Dentre os aspectos importantes que destacamos nesses estudos, está a transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental, que deve levar em conta a faixa etária da criança, que agora ingressa aos seis anos, dessa forma, a criança precisa vivenciar experiências que atendam as características infantis. Nesse viés é importante a construção do conhecimento de forma a assegurar o cuidado, a atenção e acolhimento que estavam presentes na Educação Infantil. A alfabetização e letramento precisam levar em conta essas peculiaridades.

Todas essas discussões contribuem para a realização da pesquisa aqui apresentada. Nesse cenário, buscamos nas pesquisas já realizadas um suporte para o presente estudo. São essas questões que apresentam a alfabetização, o letramento, o Ensino Fundamental de nove anos, a legislação que embasam esses processos, bem como a documentação (projeto político- pedagógico e plano de estudos) das escolas pesquisadas, que este estudo pretende perceber e analisar os dados coletados, visualizando como se organiza a alfabetização e letramento a partir da ampliação do Ensino Fundamental para nove anos.

3. CONSIDERAÇÕES SOBRE A HISTÓRIA DA ALFABETIZAÇÃO E DO