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POLÍTICAS E PROGRAMAS PARA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

4. A LEGISLAÇÃO E A CONSTITUIÇÃO HISTÓRICA DO ENSINO

4.3 POLÍTICAS E PROGRAMAS PARA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

Além das políticas públicas apresentadas anteriormente em relação ao Ensino Fundamental de nove anos, também houve a necessidade de criação de política e programas que atendessem a nova organização do Ensino Fundamental, bem como o público a que se destinava essa nova organização, como alunos, professores e gestores, e as práticas pedagógicas a serem desenvolvidas, principalmente em relação a alfabetização.

Em constante transformação, o sentido atribuído aos conceitos de alfabetização e de letramento bem como aos níveis de exigência da leitura e da escrita no decorrer dos tempos, também não se configuram de forma simples, n e u t r a e muito menos estável. E devido às grandes mudanças sócio-culturais, dentre elas destaca-se fortemente a valorização dos diversos usos da escrita, percebe-se que a alfabetização

vivenciada nas séries iniciais que poderiam contribuir com a democratização do acesso aos bens culturalmente produzidos pela sociedade, especialmente para aqueles pertencentes às camadas populares, muitas vezes, por diversos fatores, pode não contribuir acentuando a exclusão. O domínio da língua escrita, bem como as habilidades linguísticas empregadas em sua utilização muitas vezes são compreendidos de maneira relacionada ao período deescolarização (ABREU, 2012, p. 83).

Gontijo (2014) reconhece a existência de “[...] uma política nacional de alfabetização infantil sustentada por diferentes programas” (p. 132), mesmo com lacunas, foi dada atenção a alfabetização e aos anos iniciais de escolarização.

Apresentamos na sequência, alguns programas destinados a alfabetização e letramento desenvolvidos pelo Governo Federal e Ministério da Educação.

O Programa de Formação de Professores Alfabetizadores – PROFA foi lançado pelo Ministério da Educação em 2001, vigorando até 2003. Tratava-se de um curso que tinha por objetivo melhorar a formação dos professores alfabetizadores e suprir a escassez de materiais pedagógicos e de referências teóricas para dar suporte à criação de propostas pedagógicas eficientes. Foi a primeira política pública criada para a alfabetização no Ensino Fundamental. O programa foi extinto em 2003 (BRASIL, 2001b).

Em 2006 foi lançado pelo MEC o programa Pró-Letramento, com atividades até 2010, com a finalidade de ofertar formação continuada para os professores, buscando a melhoria da qualidade de aprendizagem da leitura/escrita e matemática nos anos/séries iniciais do Ensino Fundamental. Os objetivos do programa eram:

Oferecer suporte à ação pedagógica dos professores dos anos/séries iniciais do ensino fundamental, contribuindo para elevar a qualidade do ensino e da aprendizagem de Língua Portuguesa e Matemática; propor situações que incentivem a reflexão e a construção do conhecimento como processo contínuo de formação docente; desenvolver conhecimentos que possibilitem a compreensão da matemática e da linguagem e seus processos de ensino e aprendizagem; contribuir para que se desenvolva nas escolas uma cultura de formação continuada; desencadear ações de formação continuada em rede, envolvendo Universidades, Secretarias de Educação e Escolas Públicas dos Sistemas de Ensino (BRASIL, 2007c, p. 02).

Como base legal, a Resolução CD/FNDE nº 24 de 16 de agosto de 2010, que “Estabelece orientações e diretrizes para o pagamento de bolsas de estudo e de pesquisa a participantes dos programas de formação inicial e continuada de professores e demais profissionais de educação, implementados pela Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação (SEB/MEC) e pagas pelo FNDE” (BRASIL, 2010g, p. 01).

O programa foi desenvolvido através da formação continuada de professores, funcionando de forma semipresencial e a distância.

alfabetização de jovens, adultos e idosos. Criado em 2003 pelo Ministério da Educação, tinha como objetivos:

a) criar oportunidade de alfabetização a todos os jovens, adultos e idosos que não tiveram acesso ou permanência no ensino fundamental; b) promover com qualidade o acesso à educação de jovens, adultos e idosos e sua continuidade no processo educativo; c) mobilizar gestores estaduais e municipais para ampliar a oferta de Educação de Jovens e Adultos – EJA; d) qualificar a oferta de alfabetização para jovens, adultos e idosos por meio da implementação de políticas de formação, de distribuição de materiais didáticos e literários, de incentivo à leitura e de financiamento (BRASIL, 2011a, p. 08).

Esse programa de alfabetização visa a elevação da escolaridade, e formação para a cidadania. É desenvolvido em todo o território nacional, com prioridade para os municípios que apresentam alta taxa de analfabetismo, sendo a maioria na região Nordeste do Brasil. Esses municípios recebem apoio técnico na implementação das ações do programa, visando garantir a continuidade dos estudos aos alfabetizandos(BRASIL, 2011a, p. 08).

Foram elaborados documentos para orientar as ações a serem desenvolvidas pelo Brasil Alfabetizado, destacamos a publicação “Princípios, Diretrizes, Estratégias e Ações de Apoio ao Programa Brasil Alfabetizado” (BRASIL, 2011b), que apresenta o programa, orientando sobre princípios, diretrizes e estratégias para o desenvolvimento dos processos de formação dos coordenadores de turmas e dos alfabetizadores.

Para orientação da parte técnica do programa, foi elaborado o documento “Orientações sobre o Programa Brasil Alfabetizado” (BRASIL, 2011a), que trazia procedimentos de como aderir ao programa, suporte técnico de acesso ao sistema, formas de concessão de bolsas, procedimento para a formação de professores e organização de turmas (BRASIL, 2011a).

A homologação de Pareceres e Resoluções referentes ao Brasil Alfabetizado pode contribuir para a melhor organização administrativa e legal do programa. As Resoluções homologadas estabeleciam os procedimentos e critérios para transferência automática de recursos financeiros do Programa Brasil Alfabetizado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios.

O programa Brasil Alfabetizado continua desenvolvendo suas ações, tendo como público alvo família de baixa renda, as famílias que recebem o programa Bolsa Família, bem como todos os jovens, adultos e idosos que não tiveram oportunidades de educação escolar. Buscando promover a superação do analfabetismo no Brasil.

Destacamos também outro projeto para alfabetização desenvolvido pelo Governo Federal, o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa – PNAIC, lançado em 2012, voltado para o ciclo de alfabetização (1º ao 3º ano do Ensino Fundamental) das escolas públicas brasileiras, o programa busca “[...] unir municípios, estados e União em torno da

meta de alfabetizar todas as crianças até os 8 anos de idade, ao fim do 3º ano do Ensino Fundamental” (BRASIL, 2012a, p. 05).

Busca-se, com o programa, “[...] contribuir para o aperfeiçoamento da formação dos professores alfabetizadores” (p. 05). O Pacto é constituído por um conjunto integrado de ações, materiais e referências curriculares e pedagógicas a serem disponibilizados pelo MEC, tendo como eixo principal a formação continuada de professores alfabetizadores. (BRASIL, 2012a, p. 05).

Dessa forma, as ações do Pacto apoia-se em quatro eixos de atuação:

1.Formação continuada presencial para os professores alfabetizadores e seus orientadores de estudo; 2. Materiais didáticos, obras literárias, obras de apoio pedagógico, jogos e tecnologias educacionais; 3. Avaliações sistemáticas; 4. Gestão, controle social e mobilização (BRASIL, 2012a, p. 05).

Para organização do projeto, foram organizados documentos orientadores, Leis, Resoluções, Portarias. Em 2014 o MEC elaborou o “Documento orientador das ações de formação em 2014”, com objetivo de organizar as ações de formação de professores alfabetizadores para o ano de 2014 (BRASIL, 2014b).

O documento orientador “Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa: Documento orientador das ações de formação continuada de professores alfabetizadores em 2015” buscou organizar o compromisso assumido pelos governos Federal, do Distrito Federal, dos Estados e Municípios para assegurar a plena alfabetização de todas as crianças até os oito anos de idade, ao final do 3º ano do Ensino Fundamental, e orientar as ações pedagógicas e técnicas para o ano de 2015 (BRASIL, 2015).

Abaixo apresentamos a tabela com a legislação referente ao Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa – PNAIC.

Quadro 5 – Legislação referente ao PNAIC.

LEGISLAÇÃO DESCRIÇÃO

Lei 11.273, de 6 de fevereiro de 2006 Autoriza a concessão de bolsas de estudo e de pesquisa a participantes de programas de formação inicial e continuada de professores para a Educação Básica.

Lei 12.801, de 24 de abril de 2013 – Conversão da Medida Provisória 586, de 2012

Dispõe sobre o apoio técnico e financeiro da União aos entes federados no âmbito do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa e altera as Leis nº 5.537, de 21 de novembro de 1968, 8.405, de 9 de janeiro de 1992, e 10.260, de 12 de julho de 2001. Portaria n° 867, de 4 de Julho (julho) de

2012

Institui o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa e as ações do Pacto e define suas

diretrizes gerais. Medida Provisória nº 586, de 8 de novembro

de 2012

Dispõe sobre o apoio técnico e financeiro da União aos entes federados no âmbito do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, e dá outras providências.

Portaria n° 1.458, de 14 de Dezembro de 2012

Define categorias e parâmetros para a concessão de bolsas de estudo e pesquisa no âmbito do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, na forma do art. 2º, inciso I, da Portaria MEC nº 867, de 4 de julho de 2012.

Portaria nº 90, de 6 de fevereiro de 2013 Institui o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa e as ações do Pacto e define suas diretrizes gerais.

Resolução/CD/FNDE nº 4, de 27 de fevereiro de 2013

Estabelece orientações e diretrizes para o pagamento de bolsas de estudo e pesquisa para a Formação Continuada de Professores Alfabetizadores, no âmbito do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa.

Resolução/CD/FNDE nº 12, de 8 de maio de 2013

Altera dispositivos da Resolução CD/FNDE nº 4, de 27 de fevereiro de 2013, que estabelece orientações e diretrizes para o pagamento de bolsas de estudo e pesquisa para a Formação Continuada de Professores Alfabetizadores, no âmbito do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa.

Resolução/CD/FNDE nº 10, de 4 de dezembro de 2015

Estabelece orientações, critérios e procedimentos para a operacionalização da assistência financeira aos estados das regiões Norte e Nordeste para impressão de material de formação e apoio à prática docente, com foco na aprendizagem do aluno da Educação Básica.

Portaria nº - 1.093, de 30 de setembro de 2016

Revoga as Portarias MEC nº 1.094, de 27 de novembro de 2015, e nº 153, nº 154 e nº 155, de 22 de março de 2016.

Portaria nº - 1.094, de 30 de setembro de 2016

Altera dispositivos da Portaria MEC nº 867, de 4 de julho de 2012, que institui o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa e define suas diretrizes gerais; da Portaria MEC nº 1.458, de 14 de dezembro de 2012, que define categorias e parâmetros para a concessão de bolsas de estudo e pesquisa no âmbito do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, e da Portaria MEC nº 90, de 6 de fevereiro de 2013, que define o valor máximo das bolsas para os profissionais da educação participantes da Formação Continuada de Professores Alfabetizadores no âmbito do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa.

Resolução nº - 6, de 1º de novembro de 2016

Estabelece normas e procedimentos para o pagamento de bolsas de estudo e pesquisa aos participantes da Formação Continuada no âmbito do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade

Certa.

Fonte: Ministério da Educação. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa – site do programa.

Além desses documentos, estão à disposição Cadernos de Formação referente a Alfabetização, Alfabetização Matemática, Formação de Professores, Avaliação para o Ciclo de Alfabetização.

O PNAIC continuou suas ações em 2016, com a preocupação dos dados das avaliações nacionais, que demonstram níveis insuficientes de alfabetização e letramentos entre os estudantes. Esse é o desafio que o PNAIC procura enfrentar, através do fortalecimento das estruturas estaduais e regionais de gestão do programa, do monitoramento da execução e a avaliação periódica dos alunos, da formação de professores desenvolvida em parceria com as secretarias de educação e governos municipais com foco na aprendizagem do aluno do 1º ao 3º ano do Ensino Fundamental e dos alunos com alfabetização incompleta e letramento insuficiente, do reconhecimento e valorização das escolas e dos profissionais comprometidos com a elevação dos índices de alfabetização dos estudantes.

Este capítulo abordou o Ensino Fundamental em sua constituição histórica e de legislação, trazendo presente a legislação da ampliação do Ensino Fundamental para nove anos, as Diretrizes Curriculares Nacionais, as políticas e legislação do estado do Rio Grande do Sul e os programas relacionados a alfabetização e letramento a nível estadual e nacional. Dessa forma, foi realizado um apanhado geral de como a legislação orienta esses processos.

Para darmos continuidade as discussões, o próximo capítulo primeiramente trará a abordagem teórica sobre o projeto político-pedagógico das escolas, após fará a descrição das escolas pesquisadas, também apresentará e análise dos dados coletados nos Projetos Político- Pedagógico e Planos de Estudo das três escolas pesquisadas. Ao final discutiremos as Categorias de Análise, que são resultado desta pesquisa.