• Nenhum resultado encontrado

fiscal:

A demanda executória da Fazenda Pública, baseada na Certidão de Dívida Ativa (art. 585, IV), gera uma relação jurídica que reclama, para sua existência, validade e eficácia, os pressupostos gerais e específicos do processo, em geral, e dos processos executivos, em particular; (...) A Lei 6.830/80 adicionou, porém, várias particularidades, imbuída do espírito fiscalista, e criou alguns problemas perfeitamente dispensáveis.

Dito antes, que a Certidão da Dívida Ativa constitui o título executivo, art. 585, VI, do CPC, e art. 2º da LEF, fazendo remissão à Lei nº 4.320764, descrevem-se a constituição e inscrição da dívida ativa da Fazenda Pública, assim disposto no art. 2º,

verbis:

Constitui dívida ativa da Fazenda Pública aquela definida como tributária ou não tributária na lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, com as alterações posteriores, que institui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.

§ 1º - Qualquer valor, cuja cobrança seja atribuída por lei às entidades de que trata o art. 1º, será considerado dívida ativa da Fazenda Pública.

§ 2º - A dívida da Fazenda Pública, compreendendo a tributária e a não- tributária, abrange atualização monetária, juros e multa de mora e demais encargos previstos em lei ou contrato.

§ 3º - A inscrição, que se constitui no ato do controle administrativo da legalidade, será feita pelo órgão competente para apurar a liquidez, a certeza do crédito e suspenderá a prescrição, para todos os efeitos de direito, por 180 (cento e oitenta) dias até a distribuição da execução fiscal, se esta ocorre antes de findo aquele prazo.

§ 4º - A dívida ativa da União será apurada e inscrita na Procuradoria da Fazenda Nacional.

§ 5º - O termo de inscrição da dívida ativa deverá conter:

I - nome do devedor, dos co-responsáveis e, sempre que conhecido, o domicílio ou residência de um e de outros;

II - o valor originário da dívida, bem como o termo inicial e a forma de calcular os juros de mora e demais encargos previstos em lei ou contrato; III - a origem, a natureza e o fundamento legal ou contratual da dívida;

49

IV - a indicação, se for o caso, de estar a dívida sujeita a atualização monetária, bem como o respectivo fundamento legal e o termo inicial para o cálculo;

V - a data e o número da inscrição, no registro de dívida ativa; e

VI - o número do processo administrativo ou do auto de infração, se neles estiver apurado o valor da dívida.

§ 6º - A certidão da dívida ativa conterá os mesmos elementos do termo de inscrição e será autenticada pela autoridade competente.

§ 7º - O termo de inscrição e a certidão de dívida ativa poderão ser preparados e enumerados por processo manual, mecânico ou eletrônico. § 8º - Até a decisão de primeira instância, a certidão da dívida ativa poderá ser emendada ou substituída, assegurada ao executado a devolução do prazo para embargos.

§ 9º - O prazo para cobrança das contribuições previdenciárias continua a ser estabelecido no art. 144 da Lei nº 3.807, de 26 de agosto de 1960.

Extrai-se, ainda, das lições de ARAKEN DE ASSIS38, em boa exposição, a técnica legal sobre a Inscrição do crédito fazendário e a Certidão da Dívida Ativa:

Um dos privilégios do fisco, anota Aliomar Baleeiro, consiste em criar o seu próprio título executivo, independentemente da colaboração do devedor. Aliomar Baleeiro, Direito Tributário Brasileiro, p. 626). E isto se justifica porque do particular não se pode esperar colaboração voluntária e amistosa neste propósito. A atribuição legal se revela oportuna e o ato pelo qual a Fazenda credora cria o título se designa de inscrição. A inscrição se realiza no livro ou fichário do órgão administrativo, por qualquer processo manual, mecânico ou eletrônico (art. 2º, § 7º da Lei 6.830) e, na esfera federal quanto aos créditos tributários, compete ao procurador da Fazenda Nacional (art. 12, I, da Lei 7.393). Dela se extrairá um traslado designado de certidão da dívida ativa (art. 2º, § 6º), que comprovando a causa de pedir da demanda executiva, guarnecerá a respectiva inicial (art. 6º, § 2º). Da inscrição, observa Milton Flaks (comentário n. 104, pp. 90–91), se originam efeitos contábeis, pois ela facilita o controle da arrecadação e faculta a inclusão do débito, por ventura insolvido no exercício, na previsão da receita orçamentária seguinte, a par das matérias, derivadas da criação do próprio título, e processuais (v.g., a presunção de certeza e liquidez e de prova pré- constituída, ex vi do art. 204, caput do art. CTN. Mas, o art. 2º, § 3º, da Lei 6.830/80 recebe críticas em dois aspectos: em primeiro lugar, confundiu lançamento e inscrição. Ademais, supôs que o mesmo órgão realizará ambos os atos. Realmente, o controle da legalidade se efetiva através do lançamento (art. 142, Caput. do CTN), no qual se apura o an e o quantum debeatur (Aliomar Baleeiro, op. cit., p. 502, e Tavares Paes, comentários, p. 149). Quando muito, a inscrição representa um controle suplementar (Milton Flaks, comentários, n. 106, p. 93) restrito a aspectos formais (neste sentido, Milton Flaks, comentários, n. 106, p. 93, Costa e Silva, Teoria..., n. 201, p.61. Iran de Lima, a dívida...., p. 93, chega a função “judicante” a

50

Procuradoria). De outro lado, o lançamento e a inscrição da dívida ativa da União, ressalvada a das Autarquias (Milton Flaks, comentários..., n. 109, pp. 97–98., Costa e Silva, Teoria...., n. 22, p. 66) é inscrita na Procuradoria da Fazenda Nacional. A inscrição dos créditos do Estado e do Município dependerá das leis locais. (...)

E, sobre a inscrição da Dívida Ativa, ARAKEN DE ASSIS39, quanto aos requisitos do termo, leciona, em continuação, afirmando:

O art. 2º, § 5º, da Lei 6.830/80 institui os requisitos do termo de inscrição. Em primeiro lugar, ele deverá conter, sob pena de nulidade, a cabal identificação dos sujeitos passivos da obrigação, ou dos seus responsáveis, e a residência ou o domicílio de um e de outros. Embora exista, quanto ao último ponto, alternativa evidente a favor da Fazenda, eventuais incorreções também implicam nulidade, principalmente se provocam prejuízos à defesa administrativa, a seguir, o termo inicial e a forma de calcular os juros moratórios, e, enfim, quaisquer encargos. Prendem-se tais exigências à necessidade de o título executivo, extraído mediante certidão deste termo, trazer consigo todos os elementos hábeis à apuração final do quantum debeatur, se o executado desejar remir a execução. Além disso, o termo registrará dados numéricos, para fins de seu reconhecimento administrativo (art. 2º, V e VI, e a origem, a natureza e o fundamento legal ou contratual – da dívida, (...). Por fim, o termo consignará a data, referida no art. 2º, § 5º, V, princípio, cuja relevância decorre da fixação do termo inicial do prazo de 180 dias, em que, quando cabível, remanesce suspensa a fluência do prazo prescricional. Expede-se a certidão do termo de inscrição (art. 2º, § 6º), autenticada pela autoridade encarregada do ato.

Em conclusão, repita-se, a Certidão da Dívida Ativa, inscrita na forma legal mencionada, constitui o título executivo devido à Fazenda Pública, como preconizado no art. 585, VI do estatuto processual, com o qual a ação executiva fiscal será aparelhada; e sem o qual ela será inválida. A ser o título executivo fiscal o documento indispensável à propositura da ação executiva fiscal, dispõe o art. 6º da Lei das Execuções Fiscais:

A petição inicial indicará apenas: I, II e III – (...)

§ 1º – A petição inicial será instruída com a certidão da dívida ativa que dela fará parte integrante, como se estivesse transcrita:

§§ 2º, 3º e 4º – omissis.

51