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Arbitragem do Quantum Indenizatório

No documento A civil objetiva no acidente do trabalho (páginas 38-43)

O empregador devido o artigo 336 do Decreto nº 3.048/99, juntamente com o artigo 7º, inciso XXVIII da Constituição Federal de 1988 e a Lei nº 8.213/1991, tem que contribuir para o seguro social contra acidentes do trabalho. Para que este possa gozar do seguro, cabe à empresa comunicar a Previdência Social a ocorrência deste infortúnio através do Comunicado de Acidente do Trabalho – CAT.

Além do auxílio previdenciário, o empregado acidentado possui o direito de perceber a reparação ou compensação pelos danos patrimoniais, morais ou estéticos sofridos, podendo ser de maneira cumulativa.

Nos casos de dano patrimonial, a aferição do valor se faz, em quase todos os casos, por cálculos objetivos baseados em provas documentais. Desta feita, a designação da indenização não encontra problemas de maior relevância.

Já quanto aos casos de dano moral e estético, a aferição do quantum indenizatório se faz através de arbitragem operada pelo juízo de valor compreendido pelo magistrado.

Importante frisar que durante a arbitragem do valor da indenização devem ser observadas as nuances do caso concreto, seguindo sempre o princípio da razoabilidade e da proporcionalidade. Também devem ser analisadas as aplicações e efeitos da indenização, podendo-se a mesma levar consigo o caráter punitivo ou educativo, havendo uma majoração do quantum. Por conseguinte, visualizam-se as atenuantes dos casos para uma possível minoração.53

Destaque-se que a indenização não pode ser exacerbada, sob pena de gerar enriquecimento ilícito da vítima. Deve o magistrado, de fato, aferir o valor justo e suficiente à compensação do dano sofrido.

Nas palavras de Sergio Cavalieri Filho:

“Creio que na fixação do quantum debeatur da indenização, mormente tratando-se de lucro cessante e dano moral, deve o juiz ter em mente o

principio de que o dano não pode ser fonte de lucro. A indenização, não há

duvida, deve ser suficiente para reparar o dano, o mais completamente possível, e nada mais. Qualquer quantia a maior importará enriquecimento sem causa, ensejador de novo dano.”54

A ocorrência de culpa ou dolo, mesmo nos casos de aplicação da teoria objetiva de responsabilidade civil, poderá ser analisada para alterar o valor da indenização, uma vez que a existência influencia psicologicamente o magistrado no seu convencimento acerca da melhor quantidade a ser arbitrada.

A disparidade nos valores arbitrados acaba por ser inevitável, tendo em vista o caráter subjetivo dos julgados. Mesmo tentando-se objetivar o máximo possível, a distância de valores arbitrados para indenização existirá. Cabe ao requerente proporcionar ao juízo uma visão nítida do quantum requestado.

53 CAVALIERI FILHO, Sergio. op cit. p.104 54 CAVALIERI FILHO, Sergio. op cit. p.105

5 CONCLUSÃO

À luz do exposto ao longo do trabalho se conclui que, diante da evolução industrial, o meio ambiente do trabalho sofreu abalos com o crescente número de acidentes, sendo necessário que houvesse o desenvolvimento de mecanismos que viessem a proteger os empregados lesados.

Verificou-se que a teoria clássica da responsabilidade subjetiva mostrava- se insuficiente para a solução dos casos de acidente do trabalho, isto porque muitos casos quedavam sem reparação em razão da enorme dificuldade que as vitimas tinham de comprovar a causa do dano e a culpa da empresa, haja vista sua hipossuficiência diante do empregador.

A dificuldade probatória fez surgir a teoria da responsabilidade civil objetiva, a qual foi baseada na teoria do risco, desonerando a vitima de acidente de trabalho de comprovar a culpa patronal, bastando apenas a demonstração do nexo causal entre o dano ocorrido e a atividade laboral exercida. Para esta teoria, a responsabilidade nasce do risco da atividade e não da conduta culposa do empregador.

A evolução na aplicação da teoria objetiva em detrimento da subjetiva foi lenta e paulatina, sendo certo que até os dias de hoje existem divergências doutrinárias e jurisprudências acerca da abrangência dessa aplicação.

Percebeu-se que, com a maior incidência de adoção da teoria objetiva de responsabilidade civil, os empregadores passaram a se preocupar em efetivamente evitar os acidentes e não somente desconstituir sua culpa. Não basta não concorrer para o acontecimento do acidente, as empresas necessitam verdadeiramente desejar que eles não ocorram. Somente com esse pensamento é possível a proteção do empregado através dos princípios de segurança do trabalho.

A busca por um ambiente do trabalho saudável e seguro deve ser realizada não somente para resguardar o empreendimento patronal, mas também, e principalmente por uma questão de respeito aos seres humanos que trabalham na empresa.

1) Tendo em vista tais observações, o primeiro capítulo analisou o acidente do trabalho, sua história, seus conceitos e modalidades, passando pela noção dos efeitos da Comunicação de Acidente do Trabalho – CAT, pontuando-se a importância da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA, além de explanar acerca dos benefícios previdenciários que têm por fato gerador o acidente do trabalho. Especificamente visualizaram-se as espécies de acidente do trabalho, quais sejam acidente-tipo, doenças ocupacionais e, também os acidentes por equiparação legal. Quanto aos tipos de beneficio previdenciário, quanto ao empregado abordou-se a aposentadoria por invalidez, auxílio-doença e auxilia- acidente, e quanto ao dependente, pensão por morte.

2) O segundo capítulo abordou-se a responsabilidade civil, sua história, conceito, pressupostos – ato ilícito, dano, culpa e nexo causal -, espécies e, diferenciação das teorias subjetiva e objetiva, estudando a base do gênero para que fosse viável o estudo da espécie aplicável nos acidentes do trabalho em atividades e profissões perigosas.

3) No terceiro capítulo, cume do trabalho, foram feitas as considerações acerca do tema principal – responsabilidade civil objetiva no acidente do trabalho, passando pelos seus fundamentos e evolução histórica, estudo da teoria do risco – proveito, profissional, excepcional, criado e integral -, das excludentes do nexo causal – fato de terceiro, culpa exclusiva da vitima, caso fortuito e força maior -, e dos efeitos da arbitragem do quantum indenizatório.

4) Alcançou-se o objetivo de aumentar os conhecimentos da Responsabilidade Civil do empregador nos casos de acidente de trabalho do empregado, bem como especificamente aprimorar o conhecimento dos conceitos de acidente do trabalho, responsabilidade civil objetiva e responsabilidade civil subjetiva, além de visualizar aspectos históricos da mudança de entendimento e aplicabilidade do mesmo nos casos concretos hodiernamente.

5) Os resultados ocorreram como previstos, demonstrando que a evolução do entendimento jurisprudencial de aplicabilidade da teoria objetiva de responsabilidade civil aproxima a jurisdição da proteção à segurança do empregados, fiscalizando-se a busca por um meio ambiente do trabalho saudável e,

uma vez ocorrido o acidente, uma reparação / compensação justa e suficiente ao dano.

6) Através da revisão bibliográfica concluiu-se que a teoria objetiva permanece em evolução, deixando de ter somente aplicação excepcional, passando a ganhar predileção e grande aplicação entre os juristas, haja vista seus inegáveis resultados sociais de proteção das vitimas de acidente do trabalho, bem como na alteração do modo de agir das empresas quanto ao tema relevante.

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No documento A civil objetiva no acidente do trabalho (páginas 38-43)

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