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A civil objetiva no acidente do trabalho

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Academic year: 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE DIREITO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

LUANA CORDEIRO TEIXEIRA

A RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA NO ACIDENTE DO TRABALHO

(2)

LUANA CORDEIRO TEIXEIRA

A RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA NO ACIDENTE DO TRABALHO

Monografia apresentada ao Curso de Graduação da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. Dr. Regnoberto Marques de Melo Júnior.

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LUANA CORDEIRO TEIXEIRA

A RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA NO ACIDENTE DO TRABALHO

Monografia apresentada ao Curso de Graduação da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Direito.

Aprovada em _____/_____/__________

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________________ Prof. Dr. Regnoberto Marques de Melo Júnior (Orientador)

Universidade Federal do Ceará (UFC)

____________________________________________________________ Prof. Daniel Maia

Universidade Federal do Ceará (UFC)

____________________________________________________________ Profª. Fernanda Cláudia Araújo da Silva

(4)

AGRADECIMENTOS

(5)

RESUMO

O presente trabalho tem por escopo analisar a responsabilidade civil objetiva quando aplicada aos casos envolvendo acidente do trabalho. Para tanto, busca viabilizar um conhecimento histórico, legislativo e conceitual acerca do Acidente do Trabalho, abordando as espécies de acidente do trabalho, a compreensão da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA, a importância da Comunicação de Acidente do Trabalho – CAT e os Benefícios Previdenciários decorrentes de acidente de trabalho. Também afere a evolução, os elementos e espécies da Responsabilidade Civil de modo geral. No enfoque deste, segue abordando a problemática da evolução da responsabilização dos empregadores em casos de acidente com seus empregados, estudando-se a dicotomia entre as teorias subjetiva e objetiva e a evolução da aplicação da teoria objetiva pautada, dentre outros, na teoria do risco e no dever de segurança.

Palavras-chave:Acidente do trabalho – Responsabilidade civil – Empregador

(6)

ABCTRACT

The scope of this paper is to analyze the objective liability when applied to cases involving work-related injury. Therefore, it seeks to make possible an historical knowledge about the conceptual and legislative Occupational Accident, addressing the kinds of work accident, an understanding of the Internal Accident Prevention - CIPA, the importance of communication Work Accident - CAT and Social Security Benefits arising from accidents at work. Also measures the evolution of the elements and species Liability generally. In this approach, addressing the issue follows the evolution of the accountability of employers in cases of accidents with their employees, studying the dichotomy between the subjective and objective theories, as well as analyzing the evolution of the application of objective theory guided, among other in the theory of risk and security on duty.

(7)

SUMÁRIO

1

1 INTRODUÇÃO ... 9

2 ACIDENTE DO TRABALHO ... 12

2.1 Evolução histórica ... 12

2.2 Conceito ... 14

2.3 Espécies de Acidente do Trabalho ... 15

2.3.1 Acidente-tipo... 15

2.3.2 Doenças ocupacionais ... 16

2.3.3 Acidente por equiparação ... 17

2.4 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA ... 18

2.5 Comunicação de Acidente do Trabalho - CAT ... 20

2.6 Benefícios Previdenciários Decorrentes de Acidente do Trabalho ... 21

3 RESPONSABILIDADE CIVIL... 23

3.1 Conceito ... 23

3.2 Pressupostos da responsabilidade civil ... 24

3.2.1 Ato ilícito ... 24

3.2.2 Dano ... 25

3.2.3 Culpa ... 28

(8)

3.3 Espécies de responsabilidade civil ... 30

3.3.1 Responsabilidade Subjetiva... 30

3.3.2 Responsabilidade Objetiva ... 30

4 RESPONSABILIDADE OBJETIVA NO ACIDENTE DO TRABALHO ... 32

4.1 Fundamentos e evolução ... 32

4.2 Teoria do risco ... 33

4.2.1 Risco proveito ... 34

4.2.2 Risco profissional ... 34

4.2.3 Risco excepcional ... 35

4.2.4 Risco criado ... 35

4.2.5 Risco integral ... 35

4.3 Dever de segurança ... 36

4.4 Excludentes do nexo causal ... 36

4.4.1 Culpa exclusiva da vítima ... 37

4.4.2 Fato de terceiro ... 37

4.4.3 Caso fortuito e força maior... 38

4.5 Arbitragem do Quantum Indenizatório ... 38

(9)

1 INTRODUÇÃO

É notória a transformação de entendimento na doutrina e jurisprudência pátria quanto à forma de responsabilização do empregador pelos danos causados ao empregado vítima de acidente do trabalho.

Anteriormente, a regra geral da responsabilidade civil nos casos de acidente do trabalho era a aplicação da teoria subjetiva, na qual somente haveria reparação ou compensação na medida da aferição da culpa, juntamente com os pressupostos do ato ilícito, do dano e do nexo de causalidade.

No entanto, com o advindo da Constituição Federal de 1988, sobretudo nos dispositivos e princípios de segurança e meio ambiente do trabalho, a doutrina e jurisprudência foram visualizando a necessidade de maior proteção à integridade do indivíduo no labor.

Através da teoria do risco, a qual deverá ser tratada com amplitude durante decorrer do trabalho, surgiu a responsabilidade civil objetiva, sendo esta aferida sem necessidade da configuração da culpa do empregador.

Primordialmente, devemos analisar, com vastidão, ambas as teorias, com intenção de melhor compreender as transformações do entendimento jurisprudencial.

Além disso, como tema igualmente importante, iremos pesquisar acerca dos princípios utilizados para quantificação do dano em caso de responsabilização objetiva do empregador.

Dessa forma, o primeiro capítulo deverá ter como fundamento a análise do acidente do trabalho, sua história, seus conceitos e modalidades.

(10)

No terceiro e último capítulo, pretendemos analisar as vertentes levadas em consideração ao tema principal – responsabilidade civil objetiva no acidente do trabalho, sem olvidar as questões que envolvem a quantificação das indenizações, estudando a teoria do risco e as excludentes do nexo causal.

Por fim, o trabalho deverá ter uma pesquisa direta e amadurecida do tema da responsabilidade civil objetiva do trabalhador, tendo-se por consequência a expansão dos conhecimentos na área.

Terá por objetivo geral adquirir vastos conhecimentos acerca do tema através dos conceitos constantes na problemática da Responsabilidade Civil do empregador nos casos de acidente de trabalho do empregado, abrangendo-se os conceitos e as formas de regramento das quantificações das indenizações pelos danos causados.

Especificamente, visa-se o estudo dos conceitos de acidente do trabalho, responsabilidade civil objetiva e responsabilidade civil subjetiva; a análise dos aspectos históricos da mudança de entendimento da teoria subjetiva para teoria objetiva; o conceito e a importância da teoria do risco para a querela em estudo.

Frise-se que este projeto possui relevância científica originada das alterações visíveis nos entendimentos de aplicação da responsabilidade civil ao empregador, sobretudo quando atuante em atividades de risco.

De fato, as alterações históricas na legislação vieram para melhor proteger o trabalhador, preocupando-se muito mais com a salubridade e segurança no meio ambiente laboral, a fim de proteger as massas mais vulneráveis dos danos da exploração industrial e mercantilizadora da sociedade capitalista em crescimento. Sua relevância social também está constituída, uma vez que o tema abrange áreas humanizadas do direito, visando à proteção, reparação e compensação dos danos causados ao trabalhador, classe de maior importância na estruturação da sociedade.

(11)

sem, contudo, serem exploradas sem limites pelos exorbitantes valores indenizatórios, por vezes desproporcionais.

Neste trabalho será utilizado primordialmente o método dedutivo, através do qual são visualizadas as generalidades referentes ao acidente do trabalho e à responsabilidade civil, em prol de uma conclusão, mais específica, acerca conexão entre ambos, pontuando-se a problemática de aplicação da teoria subjetiva ou objetiva.

A técnica de pesquisa utilizada consiste na pesquisa bibliográfica exploratória, legislativa e principiológica concernentes ao assunto.

(12)

2 ACIDENTE DO TRABALHO

2.1 Evolução histórica

A transformação do modo de trabalho concernente à Revolução Industrial iniciou a conscientização acerca dos riscos de acidente de trabalho, tanto para saúde dos empregados, quanto para a produção das indústrias.

De fato, a migração do modo de trabalhar agrário e rural para a forma de produtividade intensa da era industrial, somadas ao caráter exploratório do trabalho realizado pelos donos das indústrias, ocasionou num aumento significativo no número de acidentados, provocando uma preocupação inicial com tal fenômeno laboral.

As condições de trabalho no continente europeu do fim do século XVIII a meados do século XIX transgrediam inteiramente os princípios hodiernos de segurança do trabalho e direitos dos empregados em geral.

A exploração do trabalho infantil era comum e realizado sem nenhum pudor, limite de idade ou forma de tratamento. As mulheres também sofriam abusos, uma vez que mesmo tendo de produzir o mesmo que os homens, não possuíam igualdade salarial. Além disso, a jornada de trabalho normal relatada era de 12 horas diárias, não sendo incomum seu prolongamento.

As condições de trabalho eram as piores possíveis, onde nenhum padrão de higiene ou segurança era respeitado. Some-se a isto, um salário miserável, que muitas vezes era pago com alimentos, cigarros, ou outros produtos, aproximando os trabalhadores a situação análoga a escravatura.

Os terríveis abusos cometidos contra os trabalhadores inspiraram artistas, como Victor Hugo no clássico romance “Os Miseráveis”, e também legisladores dos países europeus, como a lei sobre acidente do trabalho e a instauração de uma espécie de seguro obrigatório para os trabalhadores, adotadas pelo Chanceler Otto Von Bismarck em 1869 na Alemanha.

(13)

Na fase dita experimental, encontra-se a política social de Otto Von Bismarck, que durante os anos de 1883 a 1889 faz viger um conjunto de normas que serão o embrião do que hoje é considerado como Previdência Social, assegurando aos trabalhadores o seguro-doença, a aposentadoria e a proteção a vítimas de acidentes de trabalho [...]. Também dessa época é a luta pelo direito do voto em muitos Estados europeus, conquistado paulatinamente pelos indivíduos que não pertenciam à elite dominante. Outros países da Europa Ocidental adotaram, na mesma época, conduta semelhante. Na Inglaterra, foi promulgada em 1907, uma lei de reparação de acidentes de trabalho, e, em 1911, outra lei tratou da cobertura à invalidez, à doença, à aposentadoria voluntária e à previsão de desemprego, tornando-a, na época, o país mais avançado em termos de legislação previdenciária.1

No mundo todo se iniciava uma preocupação latente com a melhoria das condições de trabalho e a segurança dos empregados, sobretudo com a criação da OIT (Organização Internacional do Trabalho) no início do século XIX.

O Brasil possuía, à época da Revolução Industrial europeia, uma realidade histórica diferente, porém as leis surgiram gradativamente visando à proteção dos trabalhadores.

A primeira referência à proteção por acidente do trabalho pode ser encontrada no Código Comercial de 1850 (Lei n. 556 de 25 de junho de 1850), nos artigos 79 e 560, senão vejamos:

Art. 79 - Os acidentes imprevistos e inculpados, que impedirem aos prepostos o exercício de suas funções, não interromperão o vencimento do seu salário, contanto que a inabilitação não exceda a 3 (três) meses contínuos.

Art. 560 - Não deixará de vencer a soldada ajustada qualquer indivíduo da tripulação que adoecer durante a viagem em serviço do navio, e o curativo será por conta deste; se, porém, a doença for adquirida fora do serviço do navio, cessará o vencimento da soldada enquanto ela durar, e a despesa do curativo será por conta das soldadas vencidas; e se estas não chegarem, por seus bens ou pelas soldadas que possam vir a vencer.2

A assistência médica e sanitária ao trabalhador começou a ser prevista na Constituição de 1934. Na Constituição de 1937 a assistência higiênica passou a ser prevista no artigo 137.

(14)

Através da Consolidação das Leis do Trabalho criada pelo Decreto-Lei n.º 5.452, de 1º de maio de 1943, passou a existir uma série de regulamentações inerentes ao acidente do trabalho, as quais antes eram espaças e de difícil acesso pelas empresas.

Em 1966, com a Lei 5.161, foi criada “a Fundação Centro Nacional de Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho”. 3 Em 1978, a Portaria nº 3.214

estabeleceu quais atividades eram perigosas ou insalubres.

Com o advento da Constituição de 1988, os direitos dos trabalhadores foram aglomerados no artigo 7º, no qual o inciso XXII preconiza o direito a “redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança” 4.

Atualmente, a legislação pátria conta não só com a Constituição Federal e com a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Além desses dois pilares, constituem importância máxima as Normas Regulamentadoras (NR’s) editadas pelo MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), as quais normatizam especificamente os parâmetros de medicina e segurança do trabalho a serem seguidos pelas empresas.

2.2 Conceito

MARTINS assim define segurança e medicina do trabalho:

“A segurança e medicina do trabalho são o segmento do Direito do Trabalho incumbido de oferecer condições de proteção à saúde do trabalhador no local de trabalho, e de sua recuperação quando não estiver em condições

de prestar serviços ao empregador”. 5

A Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, a qual dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências, em seus artigos 19 e 20, conceitua o acidente de trabalho como sendo, verbis:

Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação

3 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. p.629

4 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. 5 MARTINS, Sergio Pinto.

(15)

funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.

(...)

Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as seguintes entidades mórbidas:

I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social;

II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I. 6

No entendimento do ilustre doutrinador CARRION, o acidente do trabalho seria:

“[...] aquele que ocorrer pelo exercício do trabalho, a serviço da empresa,

provocando lesão corporal, perturbação funcional ou doença que cause a morte ou perda ou redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho; isto diz respeito também à causa que, não sendo única, tenha contribuído para o resultado; pode ocorrer no local do trabalho, a serviço da empresa e nos intervalos ou a caminho.” 7

Nos conceitos legais e doutrinários percebe-se a exigência de uma interconexão entre o exercício do trabalho e o acidente ocorrido, referindo-se ao nexo etimológico ou nexo causal.

2.3 Espécies de Acidente do Trabalho

Adiante iremos analisar as espécies de acidente do trabalho tomando por base as hipóteses consideradas nos artigos 19 e 21 da Lei 8.213/91.

2.3.1 Acidente-tipo

O acidente-tipo ou acidente típico é aquele definido pelo art. 19 da Lei 8.213/91, conforme já colacionamos.

Para a configuração do acidente-tipo, com base no conceito legal já explanado, deve restar configurado o evento danoso, sendo este súbito e fortuito, ter

6 BRASIL. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991.

(16)

o mesmo sido decorrente do exercício do trabalho a serviço da empresa, ter provocado lesão corporal ou perturbação funcional, causando morte, a perda ou a redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.

Segundo BRANDÃO8, o acidente-tipo em resumo é um evento, em regra, súbito, acontecido durante a realização do trabalho por conta alheia, que acarreta danos físicos ou psíquicos à pessoa do trabalhador, capazes de gerar a morte ou perda, temporária ou permanente, de sua capacidade laboral.

2.3.2 Doenças ocupacionais

As doenças ocupacionais são gênero da qual as doenças profissionais e as doenças do trabalho são espécies, as quais passamos a estudar.

Nas palavras de BRANDÃO, doenças ocupacionais podem ser ergopatias, tecnopatias, idiopatias, doenças profissionais típicas e doenças profissionais verdadeiras. 9

As doenças profissionais são aquelas inerentes à ocupação ou profissional. Segundo Sebastião Geraldo de Oliveira:

“As doenças profissionais são aquelas peculiares a determinada atividade

ou profissão, também chamadas de doenças profissionais típicas, tecnopatias ou ergopatias. O exercício de determinada profissão pode produzir ou desencadear certas patologias, sendo que, nessa hipótese, o nexo causal da doença com a atividade é presumido. É o caso, por exemplo, do empregado de uma mineradora que trabalha exposto ao pó de sílica e contrai a silicose. Sinteticamente, pode-se afirmar que doença

profissional é aquela típica de determinada profissão.”10

Destaque-se ainda que as doenças profissionais devem constar na respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e Emprego e o da Previdência Social, onde existe sua definição e abrangência.

Exemplos de doenças profissionais são: intoxicação provocada pelo chumbo atingindo montador de bateria de automóveis; pneumoconieso causada pela

8 BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil do empregador. p.123. 9 BRANDÃO, Cláudio.

op cit. p.157.

10 OLIVEIRA. Sebastião Geraldo de. Indenizações por Acidente do Trabalho ou Doença

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inalação de poeira por mineiro de carvão; perda auditiva em trabalhador de indústria em setor de ruídos; afecções por radiações ionizantes em operadores de raio X.

Já quanto às doenças do trabalho, estas podem denominadas de mesopatias, doenças profissionais atípicas, doenças indiretamente profissionais, enfermidades das condições do trabalho ou doenças do meio.

Sebastião Geraldo de Oliveira diferencia as doenças do trabalho das doenças profissionais da seguinte forma:

“Por outro lado, a doença do trabalho, também chamada mesopatia ou

doença profissionao atípica, apesar de igualmente ter origem na atividade do trabalhador, não está vinculada necessariamente a esta ou àquela profissão. Seu aparecimento decorre da forma em que o trabalho é prestado ou das condições específicas do ambiente do trabalho. O grupo atual da LER/DORT é um exemplo das doenças do trabalho, já que podem ser adquiridas ou desencadeadas em qualquer atividade, sem vinculação direta

a determinada profissão.”11

Assim, as doenças do trabalho possuem conexão com o labor desempenhado pelo trabalhador, sem, contudo, ser inerente exclusivamente a execução de determinada atividade.

Em resumo, pode-se afirmar que as doenças profissionais são inerentes à profissão, acompanhando o obreiro inclusive em outras empresas, e as doenças do trabalho possuem ligação com o ambiente do trabalho, no qual a atividade é desempenhada.

Importante frisar que o nexo causal é presumido nos casos de doença profissional, o que não ocorre com as doenças do trabalho, nas quais o ônus da prova pertence ao trabalhador, que deve comprovar a relação de sua doença com a atividade e o meio em que desempenhava.

2.3.3 Acidente por equiparação

Além das modalidades normais já explicitadas, o legislador, no artigo 21 da Lei Lei nº 8.213/91 definiu os acidentes do trabalho por equiparação, expandindo a abrangência dos casos para maior proteção do trabalhador, vide:

11 OLIVEIRA. Sebastião Geraldo de.

(18)

Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei:

I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação;

II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em conseqüência de:

a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho;

b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho;

c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho;

d) ato de pessoa privada do uso da razão;

e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior;

III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade;

IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho:

a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa;

b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito;

c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado;

d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado.

§ 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho.

§ 2º Não é considerada agravação ou complicação de acidente do trabalho a lesão que, resultante de acidente de outra origem, se associe ou se superponha às conseqüências do anterior.

Tais hipóteses aumentam a proteção ao empregado, prevendo situações que antes não eram contempladas e deixavam o trabalhador a mercê da volitiva dos empregadores e dos conceitos, muitas vezes diversos, da jurisprudência.

2.4 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA

(19)

Art. 163. Será obrigatória a constituição de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), de conformidade com instruções expedidas pelo Ministério do trabalho, nos estabelecimentos ou locais de obra nelas especificadas.

Parágrafo único. O Ministério do trabalho regulamentará as atribuições, a composição e o funcionamento das CIPAs.12

A Norma Regulamentadora nº 5 (NR-5), aprovada pela Portaria nº 08/99, é a instrução expedida pela Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego da qual se refere o artigo acima.

Tal norma regulamenta, em seu Quadro I, quais tipos de empresa possuem obrigatoriedade na instauração da CIPA de acordo com o número de empregados e a atividade econômica desempenhada. Também é designado no corpo da NR-5 como se dá a eleição para seus representantes, além de destacar quais suas atribuições e deveres.

Deve ser igual o número de representantes do empregador, indicados pela empresa, e o número de representantes eleitos pelos empregados. O Presidente da CIPA será indicado entre os representantes do empregador e o Vice-Presidente será eleito entre os titulares escolhidos pelos empregados.

A CIPA constituída terá duração de um ano e os representantes titulares eleitos pelos empregados gozam de estabilidade momento de registro da candidatura do empregado à CIPA até um ano após o término de seu mandato, não sendo passíveis, assim, de demissão arbitraria por parte do empregador.

Conforme a NR-5, a CIPA “tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador.” 13

12 BRASIL. Decreto-Lei n.º 5.452, de 1º de maio de 1943. Consolidação das Leis do Trabalho.

13 BRASIL. Portaria GM n.º 3.214, de 08 de junho de 1978. NR 5 - Comissão Interna de Prevenção de

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2.5 Comunicação de Acidente do Trabalho - CAT

As empresas são obrigadas em caso de acidente com algum de seus empregados a proceder a Comunicação da ocorrência do acidente a Previdência Social imediatamente.

A Lei 8.213/91 em seu artigo 22 assim prevê:

Art. 22. A empresa deverá comunicar o acidente do trabalho à Previdência Social até o 1º (primeiro) dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena de multa variável entre o limite mínimo e o limite máximo do salário-de-contribuição, sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada pela Previdência Social.14

Importante frisar que a CAT deve ser preenchida em todos os casos de doença ocupacional ou acidente, mesmo que o empregado não necessite de afastamento. A comunicação é um direito do empregado.

Nos casos de morte do empregado, além da comunicação ao INSS até o primeiro dia útil subsequente, a empresa deverá comunicar a ocorrência de imediato à autoridade policial competente, haja vista que é preciso instaurar o inquérito próprio se há delito a ser punido na esfera penal.15

Ao todo, a CAT será emitida em seis vias, uma será encaminhada diretamente ao INSS, a segunda fica com a empresa para seu controle, a terceira via passa para o segurado ou seu dependente, a quarta ao sindicato de classe, que possui o dever de assistir e fiscalizar os direitos do empregado, a quinta ao Sistema Único de Saúde – SUS e a sexta via para a Delegacia regional responsável.

Em casos diversos, podem formalizar a CAT o próprio acidentado, seus dependentes, a entidade sindical competente, o médico que o assistiu ou qualquer autoridade pública, não prevalecendo nestes casos o prazo previsto no artigo acima colacionado.

14 BRASIL. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. 15 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de.

(21)

Essa substituição será possível, sobretudo, em casos em que o acidente do trabalho foi detectado de maneira tardia, com o intuito de manter resguardado o direito do trabalhador segurado.

2.6 Benefícios Previdenciários Decorrentes de Acidente do Trabalho

Os benefícios previdenciários devidos em casos de acidente do trabalho são o auxílio-doença acidentário, auxílio-acidente, aposentadoria por invalidez e pensão por morte. Vide artigo 18 da Lei 8.213/9116:

Art. 18. O Regime Geral de Previdência Social compreende as seguintes prestações, devidas inclusive em razão de eventos decorrentes de acidente do trabalho, expressas em benefícios e serviços:

I - quanto ao segurado:

a) aposentadoria por invalidez;

[...]

e) auxílio-doença; [...]

h) auxílio-acidente;

II - quanto ao dependente:

a) pensão por morte;

Quando da ocorrência de acidente do trabalho que leve à incapacidade laboral ao empregado segurado, haverá a incidência do auxílio-doença acidentário a partir do 16ª dia de afastamento do obreiro de suas funções, conforme leciona o artigo 60, §3º da Lei 8.213/91.

O auxílio-acidente possui natureza jurídica de indenização, concedido, ao segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia. O auxílio-acidente será devido até a véspera do início de qualquer aposentadoria ou até a data do óbito do segurado, correspondendo a 50% do valor do salário benefício.17

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Sendo a incapacidade laboral total e permanente, será devido ao segurado a sua aposentadoria por invalidez no valor de 100% do salário-de-benefício, conforme dispõe o artigo 44 da Lei 8.213/91.

Acrescente MARTINS:

“A conclusão a que se chega hoje é de que a aposentadoria por invalidez,

de modo geral, é provisória. Ela só será definitiva quando o médico assim entender, pois o segurado não é mais suscetível de recuperação.” 18

Desta feita, uma vez recuperado o empregado, o mesmo poderá retornar às suas atividades anteriormente ocupadas, tratando-se de suspensão do contrato de trabalho e não de extinção, conforme artigo 475 da CLT.

A pensão por morte será devida aos dependentes do empregado levado a óbito por acidente do trabalho no valor de 100% do salário-benefício.

Frise-se que além dos benefícios previdenciários acima estudados, os empregados acidentados e seus dependentes podem vir a pleitear judicialmente a reparação pelos danos sofridos em decorrência do acidente do trabalho, sejam estes matérias, morais ou estéticos.

18 MARTINS, Sergio Pinto.

(23)

3 RESPONSABILIDADE CIVIL

3.1 Conceito

A responsabilidade civil surge do exercício normal dos direitos e deveres na sociedade e suas problemáticas. A responsabilidade paira em torno do dever jurídico maior de não prejudicar a ninguém, e, em caso de infortúnio, arcar com as consequências, reparar e compensar o dano cometido.

O ilustre doutrinador Sergio Cavalieri distingue obrigação de responsabilidade nos seguintes termos:

“Obrigação é sempre um dever jurídico originário; responsabilidade é um

dever jurídico sucessivo, consequente à violação do primeiro. Se alguém se compromete a prestar serviços profissionais a outrem, assume uma obrigação, um dever jurídico originário. Se não cumprir a obrigação (deixar de prestar serviços), violará o dever jurídico originário, surgindo daí a responsabilidade, o dever de compor o prejuízo causado pelo não cumprimento da obrigação.”19

Ensina Paulo Nader que: “O vocábulo responsabilidade provem do verbo respondere, de spondeo, que significa garantir, responder por alguém, prometer.” 20

Destaca OLIVEIRA:

“Onde houver dano ou prejuízo, a responsabilidade civil é invocada para fundamentar a pretensão de ressarcimento por parte daquele que sofreu as consequências do infortúnio. É, por isso, instrumento de manutenção da harmonia social, na medida em que socorre o que foi lesado, utilizando-se do patrimônio do causador do dano para restauração do equilíbrio rompido. Com isso, além de punir o desvio de conduta a amparar a vitima, serve para desestimular o violador potencial, o qual pode antever a até mensurar o peso da reposição da atividade de risco e a necessidade de reparação.”21

Legalmente, encontramos o alicerce da responsabilidade nos artigos 186, 187 e 927 do Código Civil:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

19 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de Responsabilidade Civil. p.2. 20 NADER, Paulo. Curso de direito civil, volume 7: responsabilidade civil. p.6. 21 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de.

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Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

Importante destacar que o artigo 927 menciona a responsabilidade sem culpa, sendo um avanço comparado a abordagem tradicional da responsabilidade civil a qual tem a culpa como um de seus elementos caracterizadores.

3.2 Pressupostos da responsabilidade civil

Os pressupostos caracterizadores da responsabilidade civil encontram-se elencados no artigo 186 do Código Civil, quais sejam: a ação ou omissão voluntária, culpa, dano e nexo de causalidade.

3.2.1 Ato ilícito

O ato ilícito caracteriza-se como sendo uma ação ou omissão, contratual ou extracontratual, que enseja em dano. Tal conceito é vislumbrado com enorme importância no estudo da responsabilidade civil, uma vez que o mesmo atua como fato gerador do dever de reparação ou compensação.

Está presente no conceito de ato ilícito o caráter antijurídico da conduta, bem como o seu resultado danoso, gerando uma transgressão de uma obrigação preexistente.

O insigne doutrinador Sergio Cavalieri Filho explana a dificuldade de se separar o conceito de ato ilícito do próprio conceito de culpa, concluindo acerca da possível objetividade do ato ilícito nos seguintes termos:

(25)

Aqui leva-se em consideração apenas se certa conduta – ou o resultado desta – é socialmente vantajosa ou nociva. Por este enfoque, a fronteira da ilicitude é marcada pela violação do dever jurídico.” 22

Afirma CAIRO JUNIOR:

“A responsabilidade civil pode surgir de um ato positivo, que ocorre com

mais frequência na responsabilidade civil aquiliana, considerando que a ordem jurídica impõe o dever geral de não prejudicar a outrem, ou de uma omissão, ou seja, do não cumprimento de uma obrigação quando tinha o dever legal ou contratual de fazê-lo.”23

Desta forma, o ato ilícito poderá ocorrer mesmo sem a incidência de culpa, devendo ser cuidadosamente apurado como pressuposto para ensejar os efeitos da responsabilidade.

3.2.2 Dano

A existência do dano é essencial à responsabilidade civil, uma vez que sem o mesmo não haveria necessidade de indenização ou ressarcimento. Não é possível a existência de responsabilidade sem a ocorrência do dano.

Acrescenta CAVALIERI:

“Mesmo na responsabilidade objetiva, qualquer que seja a modalidade do risco que lhe sirva de fundamento – risco profissional, risco proveito, risco criado etc. -, o dano constitui o seu elemento preponderante. Em suma, sem dano, não haverá o que reparar, ainda que a conduta tenha sido culposa ou

até dolosa.”24

Como um conceito geral, ministra OLIVEIRA:

“O conceito de dano abrange qualquer lesão a um bem tutelado pelo Direito,

que tanto pode ser patrimonial, moral ou estético. Prevê o art. 2.101 dos Princípios de Direito Europeu da responsabilidade civil que “o dano consiste numa lesão material ou imaterial a um interesse juridicamente protegido”.”25

Assim, é importante conceituar os tipos de danos existentes, a fim de visualizar as diferenças que suas características provocam tanto no meio probatório

22 CAVALIERI FILHO, Sergio.

op cit. p.10

23 CAIRO JUNIOR, José. O acidente do trabalho e a responsabilidade do empregador. p.38 24 CAVALIERI FILHO,

op cit. p.77 25 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de.

(26)

da responsabilidade civil quanto na aferição do quantum indenizatório a ser arbitrado.

O dano pode ser material, moral ou estético. Suas diferenças consistem, sobretudo, no bem jurídico atingido pelo ato ilícito ocorrido no caso concreto.

O dano material, também denominado de patrimonial, é justamente o dano que atinge os bens econômicos, financeiros ou pecuniariamente estipuláveis, incluindo o dano emergente e o lucro cessante.

Conforme leciona Sergio Cavalieri Filho:

“Convém assinalar, ainda, que o dano material pode atingir não somente o patrimônio presente da vitima, como, também, o futuro; pode não somente provocar a sua diminuição, a sua redução, mas também impedir o seu crescimento, o seu aumento. Por isso, o dano material se subdivide em

dano emergente e lucro cessante.”

(...)

“O dano emergente, também chamado positivo, este, sim, importa efetiva e imediata diminuição no patrimônio da vitima em razão do ato ilícito.”

(...)

“Consiste, portanto, o lucro cessante na perda do ganho esperável, na frustração da expectativa de lucro, na diminuição potencial do patrimônio da

vítima.” 26

Na espécie material, o dano é mais facilmente averiguado, tendo em vista que as formas de comprovação das perdas patrimoniais são, via de regra, documentais, sendo calculáveis objetivamente para o posicionamento razoável do valor do ressarcimento em casos de responsabilidade.

No dano moral, o prejuízo não está no patrimônio e sim na personalidade. O dano atinge a pessoa em sua dignidade, intimidade, imagem, honra etc., acarretando à pessoa do lesado os sentimentos de dor, sofrimento, tristeza e humilhação. 27

26 CAVALIERI FILHO, Sergio.

op cit. p.78

(27)

Interessante pontuar que o dano moral, mesmo sempre tendo existido nos seus efeitos às pessoas, somente veio a ser considerado indenizável com a evolução da sociedade civilizada.

OLIVEIRA destaca que havia constrangimento em aceitar qualquer tipo de compensação pelo sofrimento. Tal seria como uma afronta à honra do lesado, instando-se a máxima “dinheiro nenhum poderá pagar pela minha dor”. 28

Chegava-se a considerar, controvertidamente, imoral a indenização por danos morais.

De fato, a principal problemática acerca das indenizações por danos morais paira em torno da prova da existência do dano e de sua quantificação em termos pecuniários.

Superando-se a inicial rejeição histórica, o dano moral hoje é aceito e afirmado pela direito, haja vista, por exemplo, sua literal inscrição no Código Civil de 2002, no artigo 186: “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.29

No tocante ao dano estético, muitas vezes o confundiam com o próprio dano moral. É de falar que a falta de expressa previsão legal também dificulta o enraizamento do instituto.

Neste enfoque, CAVALIERI entende ser possível a identificação da previsão legal do dano estético na última parte do art. 949: “... além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.” 30

O dano estético está atrelado às situações nas quais o lesado restou com sequelas aparentes, deformidades físicas, cicatriz visível no rosto, queimaduras, enfim, com mazelas que o cause repulsa e humilhação pelo simples modo que as pessoas o veem em sociedade.

28 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de.

op cit. p.211

29 BRASIL. Código Civil (2002). 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. 30 CAVALIERI FILHO, Sergio.

(28)

Neste tipo de dano a ônus probatório é mais tranquilamente superado, uma vez que, nos casos em que ocorre, o dano estético é facilmente enxergado por todos, e a existência do prejuízo é quase sempre presumida.

Com relação à possibilidade ou não de cumulação de indenização por danos estéticos juntamente com danos morais e materiais, tal querela pôs-se durante certo tempo dentre os juristas pátrios, possuindo hoje uma visão pacífica da diferenciação e, portanto, possível cumulação de indenização nos diversos tipos de dano.31

3.2.3 Culpa

A culpa é um dos pressupostos da responsabilidade civil em regra geral. É certo que existe modalidade de responsabilidade civil sem a consideração da culpa, porém esta é elemento integrante em grande parte dos casos de responsabilidade.

O conceito de culpa está intrinsecamente atrelado à conduta voluntária, comissiva ou omissiva, do agente que comete o ato ilícito. A culpa lato sensu compreende o dolo e a culpa stricto sensu.

Como leciona Carlos Roberto Gonçalves:

“A culpa em sentido amplo, como violação de um dever jurídico, imputável a alguém, em decorrência de fato intencional ou de omissão de diligência ou cautela, compreende: o dolo, que é a violação intencional do dever jurídico, e a culpa em sentido estrito, caracterizada pela imperícia, imprudência ou negligência, sem qualquer deliberação de violar dever.”32

Na linguagem de Sergio Cavalieri Filho encontram-se presentes os termos intencional e tencional, caracterizando dolo e culpa respectivamente, atrelando-se à proximidade e relevância do caráter volitivo da conduta.33

31 CAVALIERI FILHO, Sergio.

op cit. p.114 32 GONÇALVES, Carlos Roberto.

op cit. p.315 33 CAVALIERI FILHO, Sergio.

(29)

Importante frisar que o estudo da culpa é deveras extenso, compreendendo teorias mistas e conectivas que têm por escopo a cognição da culpa, possuindo tal área de estudo peso relevante no Direito Penal.

No presente trabalho, o conceito, singularmente, é suficiente, uma vez que o objetivo deste paira exatamente em modalidade de responsabilidade que tem por base não levar em consideração a existência ou não do elemento culpa para o arbítrio de indenizações.

3.2.4 Nexo Causal

O nexo de causalidade entre o ato ilícito praticado pelo agente, com ou sem culpa, e o dano produzido é pressuposto da responsabilidade civil, sem o qual não será possível a existência do dever de reparar.

O liame entre a conduta e o dano é necessário à configuração da responsabilidade, tendo em vista que não poderá existir dever de indenizar sem que o agente tenha concorrido ou dado causa ao dano sofrido.

Em verdade, a principal dificuldade encontra-se em se constatar a existência do nexo causal. Para tanto figuram teorias que utilizam lógicas diferentes para determinarem.

Em título exemplificativo, GONÇALVES aponta como sendo três as teorias formuladas a este respeito: “a da equivalência das condições, a da causalidade adequada e a que exige que o dano seja consequência imediata do fato que o produziu”. 34

34 GONÇALVES, Carlos Roberto.

(30)

3.3 Espécies de responsabilidade civil

A responsabilidade civil sendo proveniente da violação de um dever jurídico pode ser estudada conforme a origem desse dever e do elemento subjetivo presente na conduta que ensejou o dano.35

Os doutrinadores apresentam abordagens diversas quanto às espécies de responsabilidade, contudo, algumas classificações são mais comuns, tais como: civil ou penal, contratual ou extracontratual, subjetiva ou objetiva, e a extracontratual por atos lícitos ou ilícitos nas relações de consumo.

No interesse do presente estudo, iremos nos aprofundar somente nos conceitos das espécies de responsabilidade civil subjetiva e objetiva, a fim de estabelecer uma melhor concisão cognitiva.

3.3.1 Responsabilidade Subjetiva

Nessa espécie de responsabilidade o agente somente será obrigado a indenizar em caso de ocorrência de culpa, sendo esta compreendida de dolo ou culpa em sentido estrito.

Nas palavras de GONÇALVES: “A prova da culpa do agente passa a ser pressuposto necessário do dano indenizável. Nessa concepção, a responsabilidade do causador do dano somente se configura se agiu com dolo ou culpa”. 36

Importante frisar que a responsabilidade subjetiva é o sistema geral utilizado em no Código Civil pátrio, precisamente descrito no artigo 186, já transcrito anteriormente.

3.3.2 Responsabilidade Objetiva

Na espécie objetiva, não se exige prova da existência de culpa do agente causador do dano, sendo esta presumida em alguns casos e, em outros,

35 CAVALIERI FILHO, Sergio.

op cit. p.15 36 GONÇALVES, Carlos Roberto.

(31)

inteiramente desnecessária para a configuração do dever de indenizar. Aqui basta a relação de causalidade entre a ação e o dano.37

Relata BRANDÃO acerca da dificuldade experimentada pelos trabalhadores quando da tentativa de se provar a culpa dos empregadores em casos de acidente do trabalho:

“Muitos casos ficavam sem solução, na medida em que não se encontrava base para o dever de responsabilização de quem causara o dano, com fulcro apenas no conceito tradicional de culpa. Raras as vezes que a vitima conseguia demonstrar a causa do dano e dela deduzir a culpa, fato esse que a privava do ressarcimento e originava um desequilíbrio moral entre os criadores do risco e as vitimas, o que propiciou o inicio de um longo debate na doutrina em busca de torna-la efetiva.”38

O surgimento da responsabilidade objetiva está relacionado intimamente com o inicio de uma maior preocupação com a proteção das vitimas de dano, sobretudo nas relações de trabalho, as quais em diversos momentos eram impossibilitadas de comprovar a culpa do empregador, restando assim lesadas e sem qualquer tipo de reparação.

Historicamente, a responsabilidade objetiva passa a tomar forma na segunda metade do século XIX, porém tal teoria ainda encontra resistentes em sua aplicação ainda hoje no Brasil, dada a sensação inicial de injustiça causada aos mais tradicionalistas pela a desnecessidade no elemento culpa.39

37 GONÇALVES, Carlos Roberto.

op cit. p.49

38 BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil do empregador. p.209 39 GONÇALVES, Carlos Roberto.

(32)

4 RESPONSABILIDADE OBJETIVA NO ACIDENTE DO TRABALHO

4.1 Fundamentos e evolução

A partir de um estudo que envolveu o conhecimento dos institutos formadores do tema central, quais sejam acidente do trabalho e responsabilidade civil, partimos para a abordagem da responsabilidade civil objetiva no acidente do trabalho.

Conforme já exposto, a responsabilidade objetiva mantém os elementos do ato ilícito, dano e nexo causal, sendo dispensada apenas a aferição da culpa para se estabelecer o dever de reparar.

Inicialmente, faz-se mister lembrar que a aplicação da teoria objetiva nem sempre foi aceita de forma parcimônica. Os tradicionais defensores da teoria subjetiva apontavam que conceber a responsabilidade sem culpa seria injusto e que a atenção com a vítima poderia acabar lesando o agente.

Historicamente, durante o final do século XIX, com o desenvolvimento industrial e científico, bem como com a explosão demográfica nas cidades, a preocupação com o crescente número de empregados acidentados fez surgir uma movimentação em prol da segurança do trabalho, desenvolvendo-se a partir daí a teoria do risco e a modalidade objetiva da responsabilização dos agentes causadores.40

A mecanização da produção foi, sem dúvidas, um grande causador do aumento no número de acidentes do trabalho. O despreparo dos empregados e a falta de oferta de treinamento por parte do empregador geravam um ambiente do trabalho bastante propício a acidentes.

Quando ocorriam tais acidentes, iniciavam-se as mais diversas dificuldades para o empregado lesado, uma vez que este raramente conseguia provar a culpa do empregador em seu infortúnio, quedando prejudicado e sem reparação do seu dano.

40 CAVALIERI FILHO, Sergio.

(33)

Observando-se tal problemática, os juristas perceberam que seria necessário pensar em uma teoria que suprisse as lacunas deixadas pela teoria subjetiva padrão de responsabilidade civil; então a teoria objetiva ganhou força e aplicação.

Destaque-se que a passagem da teoria subjetiva para objetiva não foi imediata. Primeiramente, os tribunais começaram por facilitar, em casos de acidente do trabalho, a comprovação da culpa. Depois, admitia-se a culpa presumida com a inversão do ônus da prova, situação que já se aproximava em muito dos efeitos da aplicação da teoria objetiva.41

Após tais fases, o entendimento finalmente evoluiu para a responsabilidade sem culpa, consagrando a teoria objetiva. Contudo, ainda hoje, sobretudo em julgamentos de primeiro grau, persistem julgamentos que vão de encontro a tal teoria, prejudicando as vitimas.

4.2 Teoria do risco

A teoria do risco é pautada na probabilidade da ocorrência do dano, no perigo proporcionado pela atividade, e na concepção de que quem exerce atividade perigosa precisa assumir os riscos da mesma e responsabilizar-se pelos danos causados.42

A empresa que atua em ramos perigosos tem por obrigação o dever de segurança dos seus empregados, devendo compreender os riscos da atividade e reparar os danos por ela provocados.

A teoria do risco expandiu-se ao longo dos estudos doutrinários, sendo dividida em subespécies ou modalidades, tais como risco proveito, risco profissional, risco excepcional, risco criado e risco integral.

Destaque-se que o artigo 927 do Código Civil, supracitado, não faz restrições quanto ao tipo de risco empregado, determinando apenas a reparação

41 CAVALIERI FILHO, Sergio.

op cit. p.152 42 CAVALIERI FILHO, Sergio.

(34)

quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

4.2.1 Risco proveito

A teoria do risco proveito tem concepção no entendimento de que aquele que tira proveito da atividade danosa é o responsável pela reparação, baseado no princípio de quem aufere o bônus, deve suportar o ônus – ubi emolumentum, ibi onus.

CAVALIERI nos lembra que a grande dificuldade paira sobre o conceito de tomar proveito, verbis:

“Quando se pode dizer que uma pessoa tira proveito de uma atividade? Será necessário obter um proveito econômico, lucro ou bastará qualquer tipo de proveito? Se proveito tem o sentido de lucro, vantagem econômica, a responsabilidade fundada no risco proveito ficará restrita aos comerciantes e industriais, não sendo aplicável aos casos em que a coisa causadora do dano não é fonte de ganho. Ademais, a vítima teria o ônus de provar a obtenção desse proveito, o que importaria o retorno ao complexo

problema da prova.” 43

Tal assertiva faz pensar no problema que a aplicação dessa teoria causaria nas situações em que não se aufere ganho pecuniário sobre a vítima. Novamente a proteção iria quedar limitada.

4.2.2 Risco profissional

O risco profissional foi a teoria criada para justificar a reparação nos caso de acidente do trabalho. Nesta teoria, “o dever de indenizar tem lugar sempre que o fato prejudicial é uma decorrência da atividade ou profissão do lesado”.44

Relata BRANDÃO que:

“A teoria do risco profissional compreende o dever de indenizar a partir do prejuízo ocasionado no desempenho de atividade laborativa ou profissão. Foi concebida especificamente para fundamentar os casos de acidente do

trabalho, ocorridos sem culpa do empregador.” 45

43 CAVALIERI FILHO, Sergio.

op cit. p.153 44 CAVALIERI FILHO, Sergio.

op cit. p.153 45 BRANDÃO, Cláudio.

(35)

Ressalte-se a importância de tal teoria, uma vez que o empregado, na maior parte dos casos, pela sua desvantagem econômica e social, era privado de provar a responsabilidade da empresa.

Além disso, também coaduna para a reparação nos casos de doença do trabalho, nos quais as razões são intrinsecamente relacionadas com o ambiente ou modo com o qual a atividade era exercida.

4.2.3 Risco excepcional

Para a teoria do risco excepcional, a reparação é devida quando o dano é fruto de uma atividade que não é exercida normalmente pela vítima.

Citam-se, neste enfoque, os casos de atuação com exposição à rede elétrica de alta tensão, exploração de energia nuclear, radioatividade, explosivos, dentre outros.

4.2.4 Risco criado

A teoria do risco parte de uma concepção mais ampla de que aquele que der causa, promova, crie um perigo em razão de sua profissão ou atividade deve ser responsável pela reparação dos danos causados.

O doutrinador Cláudio Brandão destaca a diferença entre o risco criado e o risco proveito, in verbis:

“Não se cogita do fato de ser o dano correlativo de um proveito ou vantagem para o agente e não há, por conseguinte, subordinação do dever de reparar ao pressuposto da vantagem. É suficiente a análise da atividade em si, independentemente do resultado que venha proporcionar para quem

a desenvolve.”46

4.2.5 Risco integral

A teoria do risco integral faz-se como sendo a mais ampla e radical das teorias. Nesta, a responsabilidade deve existir inclusive sem a configuração do nexo causal.

46 BRANDÃO, Cláudio.

(36)

O risco integral abrange a responsabilidade existente com base no dano, devendo ser aplicada mesmo nos caso de culpa exclusiva da vítima, fato de terceiro, caso fortuito ou força maior.47

Tal extremo somente é aplicado em casos excepcionais, tais como no caso das coberturas proporcionadas pelo seguro obrigatório de veículos automotores e concessão de auxílio-doença acidentário pela Previdência a partir do décimo sexto dia de afastamento.

4.3 Dever de segurança

Conforme já explanado, a responsabilidade nasce da violação de um dever jurídico preexistente. Tomando-se por base tal conceito, a responsabilidade objetiva surge da violação do dever de segurança que tem aquele que gera risco a outrem.

CAVALIERI assim resume com maestria:

“Em suma, quem se dispõe a exercer alguma atividade perigosa terá que

fazê-lo com segurança, de modo a não causar dano a ninguém, sob pena de ter que por ele responder independentemente de culpa. [...] Há um direito subjetivo à segurança cuja a violação justifica a obrigação de reparar o dano sem nenhum exame psíquico ou mental da conduta do seu autor. Na responsabilidade objetiva, portanto, a obrigação de indenizar parte da ideia

de violação do direito de segurança da vitima.”48

Portanto, o dever de segurança faz-se como um basilar fundamento da teoria objetiva da responsabilidade civil do empregador nos casos de acidente do trabalho, juntamente com a teoria do risco e com os princípios da segurança do trabalho.

4.4 Excludentes do nexo causal

Com exceção dos casos em que é aplicada teoria do risco integral, a responsabilidade objetiva pode ser rechaçada com fatores excludentes do nexo causal.

47 CAVALIERI FILHO,

op cit. p.155 48 CAVALIERI FILHO,

(37)

Adiante, apresentam-se as modalidades de excludente do nexo causal, o qual, por ser pressuposto da responsabilidade civil objetiva, exclui o dever de indenizar o dano ocorrido.

4.4.1 Culpa exclusiva da vítima

Nos casos de culpa exclusiva da vítima, o dano somente ocorreu em virtude de conduta própria do lesado. Não existiram descumprimentos de obrigações contratuais, legais, convencionais, regulamentares, técnicas ou do dever geral de cautela por parte da empresa.49

Cláudio Brandão nos lembra que:

“[...] a circunstancia excludente somente se faz presente quando resultar demonstrado que foi apenas e tão-somente da vitima o ato que gerou o dano; em havendo culpas concorrentes, cada uma delas será avaliada pelo Juiz, a fim de verificar em que contribuiu para a ocorrência do evento danoso, a fim de possibilitar a definição do valor do ressarcimento, na forma prevista no art. 945, do CC.”50

Desta feita, tendo sido o empregado o único responsável pela ocorrência do dano, desaparece o liame entre a conduta do empregador e o prejuízo experimentado pela vítima, deixando de gerar o dever de indenizar do empregador.

4.4.2 Fato de terceiro

O fato de terceiro ocorre quando o agente causador do dano, no caso, acidente do trabalho, não for nem o empregado nem o empregador ou seus prepostos.51

O nexo causal entre a conduta do empregador e o dano causado ao empregado aqui é cortado, uma vez que o dano veio a ocorrer por ato produzido por terceiro alheio à relação laboral.

49 OLIVEIRA. Sebastião Geraldo de.

op cit. p.211 50 BRANDÃO, Cláudio.

op cit. p.253 51 OLIVEIRA. Sebastião Geraldo de.

(38)

4.4.3 Caso fortuito e força maior

CAVALIERI assim leciona a respeito da diferenciação entre caso fortuito e força maior:

“[...] Entendemos, todavia, que diferença existe, e é a seguinte: estaremos

em face do caso fortuito quando se tratar de evento imprevisível e, por

isso, inevitável; se o evento for inevitável, ainda que previsível, por se tratar de fato superior às forças do agente, como normalmente são os fatos da Natureza, como as tempestades, enchentes etc., estaremos em face da

força maior, como o próprio nome o diz.”52 (grifo nosso)

De fato, vários autores costumam inverter tais conceitos, sendo certo que havendo a ocorrência dos mesmos a responsabilidade será afastada, uma vez que o nexo causal entre a conduta do agente (empregador) e o dano sofrido pela vítima (empregado) não existirá.

4.5 Arbitragem do Quantum Indenizatório

O empregador devido o artigo 336 do Decreto nº 3.048/99, juntamente com o artigo 7º, inciso XXVIII da Constituição Federal de 1988 e a Lei nº 8.213/1991, tem que contribuir para o seguro social contra acidentes do trabalho. Para que este possa gozar do seguro, cabe à empresa comunicar a Previdência Social a ocorrência deste infortúnio através do Comunicado de Acidente do Trabalho – CAT.

Além do auxílio previdenciário, o empregado acidentado possui o direito de perceber a reparação ou compensação pelos danos patrimoniais, morais ou estéticos sofridos, podendo ser de maneira cumulativa.

Nos casos de dano patrimonial, a aferição do valor se faz, em quase todos os casos, por cálculos objetivos baseados em provas documentais. Desta feita, a designação da indenização não encontra problemas de maior relevância.

Já quanto aos casos de dano moral e estético, a aferição do quantum indenizatório se faz através de arbitragem operada pelo juízo de valor compreendido pelo magistrado.

52 CAVALIERI FILHO, Sergio.

(39)

Importante frisar que durante a arbitragem do valor da indenização devem ser observadas as nuances do caso concreto, seguindo sempre o princípio da razoabilidade e da proporcionalidade. Também devem ser analisadas as aplicações e efeitos da indenização, podendo-se a mesma levar consigo o caráter punitivo ou educativo, havendo uma majoração do quantum. Por conseguinte, visualizam-se as atenuantes dos casos para uma possível minoração.53

Destaque-se que a indenização não pode ser exacerbada, sob pena de gerar enriquecimento ilícito da vítima. Deve o magistrado, de fato, aferir o valor justo e suficiente à compensação do dano sofrido.

Nas palavras de Sergio Cavalieri Filho:

“Creio que na fixação do quantum debeatur da indenização, mormente

tratando-se de lucro cessante e dano moral, deve o juiz ter em mente o

principio de que o dano não pode ser fonte de lucro. A indenização, não há

duvida, deve ser suficiente para reparar o dano, o mais completamente possível, e nada mais. Qualquer quantia a maior importará enriquecimento sem causa, ensejador de novo dano.”54

A ocorrência de culpa ou dolo, mesmo nos casos de aplicação da teoria objetiva de responsabilidade civil, poderá ser analisada para alterar o valor da indenização, uma vez que a existência influencia psicologicamente o magistrado no seu convencimento acerca da melhor quantidade a ser arbitrada.

A disparidade nos valores arbitrados acaba por ser inevitável, tendo em vista o caráter subjetivo dos julgados. Mesmo tentando-se objetivar o máximo possível, a distância de valores arbitrados para indenização existirá. Cabe ao requerente proporcionar ao juízo uma visão nítida do quantum requestado.

53 CAVALIERI FILHO, Sergio.

op cit. p.104 54 CAVALIERI FILHO, Sergio.

(40)

5 CONCLUSÃO

À luz do exposto ao longo do trabalho se conclui que, diante da evolução industrial, o meio ambiente do trabalho sofreu abalos com o crescente número de acidentes, sendo necessário que houvesse o desenvolvimento de mecanismos que viessem a proteger os empregados lesados.

Verificou-se que a teoria clássica da responsabilidade subjetiva mostrava-se insuficiente para a solução dos casos de acidente do trabalho, isto porque muitos casos quedavam sem reparação em razão da enorme dificuldade que as vitimas tinham de comprovar a causa do dano e a culpa da empresa, haja vista sua hipossuficiência diante do empregador.

A dificuldade probatória fez surgir a teoria da responsabilidade civil objetiva, a qual foi baseada na teoria do risco, desonerando a vitima de acidente de trabalho de comprovar a culpa patronal, bastando apenas a demonstração do nexo causal entre o dano ocorrido e a atividade laboral exercida. Para esta teoria, a responsabilidade nasce do risco da atividade e não da conduta culposa do empregador.

A evolução na aplicação da teoria objetiva em detrimento da subjetiva foi lenta e paulatina, sendo certo que até os dias de hoje existem divergências doutrinárias e jurisprudências acerca da abrangência dessa aplicação.

Percebeu-se que, com a maior incidência de adoção da teoria objetiva de responsabilidade civil, os empregadores passaram a se preocupar em efetivamente evitar os acidentes e não somente desconstituir sua culpa. Não basta não concorrer para o acontecimento do acidente, as empresas necessitam verdadeiramente desejar que eles não ocorram. Somente com esse pensamento é possível a proteção do empregado através dos princípios de segurança do trabalho.

(41)

1) Tendo em vista tais observações, o primeiro capítulo analisou o acidente do trabalho, sua história, seus conceitos e modalidades, passando pela noção dos efeitos da Comunicação de Acidente do Trabalho – CAT, pontuando-se a importância da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA, além de explanar acerca dos benefícios previdenciários que têm por fato gerador o acidente do trabalho. Especificamente visualizaram-se as espécies de acidente do trabalho, quais sejam acidente-tipo, doenças ocupacionais e, também os acidentes por equiparação legal. Quanto aos tipos de beneficio previdenciário, quanto ao empregado abordou-se a aposentadoria por invalidez, auxílio-doença e auxilia-acidente, e quanto ao dependente, pensão por morte.

2) O segundo capítulo abordou-se a responsabilidade civil, sua história, conceito, pressupostos – ato ilícito, dano, culpa e nexo causal -, espécies e, diferenciação das teorias subjetiva e objetiva, estudando a base do gênero para que fosse viável o estudo da espécie aplicável nos acidentes do trabalho em atividades e profissões perigosas.

3) No terceiro capítulo, cume do trabalho, foram feitas as considerações acerca do tema principal – responsabilidade civil objetiva no acidente do trabalho, passando pelos seus fundamentos e evolução histórica, estudo da teoria do risco – proveito, profissional, excepcional, criado e integral -, das excludentes do nexo causal – fato de terceiro, culpa exclusiva da vitima, caso fortuito e força maior -, e dos efeitos da arbitragem do quantum indenizatório.

4) Alcançou-se o objetivo de aumentar os conhecimentos da Responsabilidade Civil do empregador nos casos de acidente de trabalho do empregado, bem como especificamente aprimorar o conhecimento dos conceitos de acidente do trabalho, responsabilidade civil objetiva e responsabilidade civil subjetiva, além de visualizar aspectos históricos da mudança de entendimento e aplicabilidade do mesmo nos casos concretos hodiernamente.

(42)

uma vez ocorrido o acidente, uma reparação / compensação justa e suficiente ao dano.

(43)

REFERÊNCIAS

BRANDÃO, Cláudio. Acidente do trabalho e responsabilidade civil do empregador. 2 ed. São Paulo: Ltr, 2006.

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BRASIL. Decreto-Lei n.º 5.452, de 1º de maio de 1943. Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm> Acesso em: 18 dez. 2012.

BRASIL. Lei Nº 556, de 25 de junho de 1850. Código Comercial. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L0556-1850.htm>. Acesso em: 15 dez. 2012.

BRASIL. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8213cons.htm> Acesso em: 15 dez. 2012. BRASIL. Portaria GM n.º 3.214, de 08 de junho de 1978. NR 5 - Comissão Interna de

Prevenção de Acidentes. Disponível em:

<http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C812D311909DC0131678641482340/nr_05.p df> Acesso em: 18 dez. 2012.

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Referências

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