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A SUPERSUITE G1 ENTRE TEÓFILO OTONI E RIO DO PRADO: A TERMINAÇÃO INTRACONTINENTAL DO ARCO RIO DOCE

4.2 – ARCABOUÇO ESTRUTURAL

O acervo estrutural regional é composto por grandes zonas de cisalhamento de empurrão e reversas, zonas de cisalhamento oblíquas reversas dextrais e várias estruturas de pequena escala. Em função da orientação geral da foliação regional e da lineação de estiramento mineral a ela associada (Fig. 4.3,Anexo I), dois domínios estruturais, I e II, foram caracterizados na área de trabalho.

No domínio estrutural I, tem-se que a foliação regional (Sn) possui mergulho predominante para NNE, com atitude preferencial 018/27, exibindo, porém, uma grande variação de atitude entre esta posição e 102/39 (Figs. 4.3 e 4.4). A lineação de estiramento (Ln) associada à foliação Sn varia igualmente entre os máximos de 066/23 e 083/20, com caimentos máximos de 030/41 e 117/72 (Fig. 4.3). Nos diagramas estereográficos sinópticos de orientação da foliação Sn e da lineação Ln, observa- se uma concentração da foliação Sn em 017/70, posição na qual a lineação Ln adquire a orientação

Figura 4.3 – Mapa litoestrutural da área de estudo, com os estereogramas de atitudes da foliação regional (Sn) e lineação de estiramento mineral a ela associada, para os domínios estruturais I e II, aqui individualizados.

117/72. Esta disposição de estruturas ocorre, localmente, junto ao contato dos plutons G1 com as rochas encaixantes do Complexo Jequitinhonha. O sentido principal do transporte tectônico associado à foliação Sn e à lineação Ln fica, neste domínio, dirigido para WSW, tal como é indicado pela vergência de dobras e por indicadores cinemáticos presentes em zonas de cisalhamento discretas (comp. seções regionais AA’ e BB’, Fig. 4.4).

O domínio estrutural II, por sua vez, é marcado pela ocorrência de grandes zonas de cisalhamento de empurrão e reversas oblíquas dextrais. A mais importante destas é a zona de cisalhamento dúctil a dúctil-rúptil que se estende na direção NE-SW, desde Antônio Ferreira até o norte de Mucuri (Fig. 4.3, Anexo I). Muito provavelmente, esta estrutura corresponde à continuidade e

Figura 4.4 – Seções litoestratigráficas de detalhe, realizadas na região estudada. Os estereogramas referem-se a foliação regional (Sn) e lineação de estiramento mineral (Ln) a ela associada. A localização das seções deve ser visualizada no mapa do Anexo I.

Figura 4.4 – (continuação) Seções litoestratigráficas de detalhe, realizadas na região estudada. Os estereogramas referem-se a foliação regional (Sn) e lineação de estiramento mineral (Ln) a ela associada. A localização das seções deve ser visualizada no mapa do Anexo I.

ramo terminal norte da Zona de Cisalhamento de Abre Campo (ZCAC), que limita pelo oeste a ocorrência das rochas da Supersuite G1 nas demais porções do orógeno. Esta zona marca o contato entre xistos do Grupo Rio Doce e granitóides da Supersuite G1, que ocorrem a leste, com granitóides da Supersuite G2, que por sua vez, afloram a oeste. Além disso, a relação de obliquidade entre a foliação milonítica e a lineação de estiramento mineral observada ao longo dessa zona revela uma movimentação geral reversa dextral (vide mapa, Fig. 4.3 eAnexo I, bem como seções DD’ e EE’, Fig 4.4 e Anexo I).

Ao longo do domínio II, a foliação regional, por vezes milonítica, passa por variações de direção N-S a NE-SW, com mergulhos, entre 30 e 60º, tanto para E quanto para SE, adquirindo porém a orientação preferencial 112/45. A lineação de estiramento mineral (Ln) associada exibe, em consonância com as variações da foliação, caimentos ora para E, ora para SE (Fig. 4.3, Anexo I). A sua orientação preferencial é 083/19 (Fig. 4.3). De maneira similar ao que foi observado no domínio I, tem-se no domínio II, próximo ou mesmo no contato entre os plutons G1, G2 e G5 com as rochas encaixantes (Grupo Rio Doce e Complexo Jequitinhonha), uma variação na posição da foliação Sn e da lineação Ln, que adquirem as atitudes 100/80 e 087/83, respectivamente (Fig. 4.3). O sentido do transporte tectônico, no domínio II, varia entre SW e W, atestado por vários indicadores cinemáticos (Figs. 4.3,4.4,Anexo I).

Ainda neste domínio, tem-se uma grande zona de cisalhamento de empurrão que possui orientação N-S entre os municípios de Pedro Versiani e pouco a norte de Topázio, adquirindo orientação geral NE-SW desde o norte de Topázio até as proximidades de Água Quente (Anexo I). A mudança de direção ao longo de tal zona de cisalhamento pode ser observada tanto em mapa (Fig. 4.3, Anexo I) quanto ao longo das seções regionais (CC’, DD’ e E’E’’) (Fig. 4.4). Porém, a intrusão dos plútons sin-colisionais G2 obliterou substancialmente esta zona. Em função disto, o seu traço em mapa é em grande parte inferido (Anexo I).

Sob uma perspectiva mais ampla, o domínio I da área estudada, cujo sentido principal do transporte tectônico é dirigido para WSW, poderia representar a aba SW de uma grande estrutura em flor positiva (Gonçalves & Melo 2004) que se estenderia desta região até o limite com o Cráton São Francisco, nas proximidades do município de Camacan, na Bahia (Fig. 4.5), onde está situada a zona de cisalhamento transcorrente dextral de Itapebi (Fig. 4.5) (Alkmim et al. 2006). Ao considerar as estruturas da área estudada como o ramo sul da estrutura em flor associada à Zona de Cisalhamento de Itapebi, esta teria que exibir movimentação sinistral para a zona de cisalhamento Itapebi, que aparentemente não é o registro dominante. Porém, reativações tardias, normais sinistrais, ao longo da Zona de Cisalhamento de Itapebi, também já foram verificadas (Alkmim et al. 2006). Aliado a este fato, o grande número de intrusões tardias, essencialmente de plutons pertencentes à Supersuite G5, pode ter causado uma perturbação das estruturas preexitentes.

Figura 4.5 – Mapa litoestrutural simplificado do segmento nordeste do Orógeno Araçuaí, enfatizando o sentido do transporte tectônico nesta região (mapa modificado de Pedrosa-Soares et al. 2001, 2011, Gonçalves & Melo 2004, Alkmim et al. 2006). O polígono tracejado demarca a localização aproximada da área de estudo. As linhas contínuas se referem a lineamentos e aos traços da foliação regional. Cidades: B = Belmont, C = Caravelas, CA = Camacan, IT = Itapebi, P = Potiraguá, SD = Salto da Divisa, E = Eunápolis, PS = Porto Seguro, TF = Teixeira de Freitas, RP = Rio do Prado, AF = Águas Formosas, TO = Teófilo Otoni.

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