• Nenhum resultado encontrado

4. Apresentação e discussão de resultados

4.2. Argamassas no estado fresco

4.2.1. Teor de água

O teor de água adicionada nas amassaduras, tal como referido anteriormente, foi definido por um aplicador experiente com base no seu conhecimento empírico. No caso da argamassa T_E o teor de água adicionado foi inferior a 20 % valor indicado pela ficha técnica do produtor (Anexo A.1.), e utilizado por outros autores em campanhas anteriores (Faria et al., 2016; Santos et al., 2019b; Santos et al., 2017a). Para a argamassa de cimento o teor de água adicionado foi 15 %, valor indicado na ficha técnica do produtor (Anexo A.1.). Para as restantes argamassas não existia indicação por parte do produtor da quantidade de água a adicionar.

A diferença de valores entre as argamassas está relacionada com as diferentes quantidades de água adicionadas na amassadura. Tal como já foi referido, no presente estudo, a quantidade de água adicionada foi definida de modo a obter uma boa trabalhabilidade das argamassas, reproduzindo o mais possível o processo realizado em obra (Santos et al., 2019a). Os valores que deram origem aos valores finais encontram-se no Anexo A.2.

Quadro 4.2 - Resultados dos ensaios de caraterização no estado fresco.

Argamassa Teor de água (%) Consistência por espalhamento (mm) Abaixamento por espalhamento (mm) Consistência por penetrómetro(cm) Massa volúmica (kg/dm3) T_E 14,53 ± 0,16 124,8 ± 7,5 3,5 ± 0,1 0,65 ± 0,21 2,03 ± 0,02 T_AP 9,35 ± 0,41 135,8 ± 18,6 4,3 ± 0,0 0,85 ± 0,49 1,56 ± 0,06 T+CL 20,06 ± 0,34 152,9 ± 1,2 2,2 ± 0,1 1,70 ± 0,00 1,99 ± 0,02 C 14,45 ± 2,42 138,3 ± 13,9 2,3 ± 0,1 0,75 ± 0,07 1,90 ± 0,00 G 43,05 ± 0,98 - - 2,2 ± 0,0 1,58 ± 0,05

4.2.2. Consistência por espalhamento

Os resultados obtidos no ensaio de consistência por espalhamento (Quadro 4.2) foram obtidos pela média das medições realizadas na amostra de argamassa. Os valores que deram origem aos valores finais encontram-se no Anexo A.2.

Os valores de consistência por espalhamento obtidos são proporcionais aos teores de água adicionados; o teor de água adicionado foi o necessário para alcançar uma boa trabalhabilidade (Santos et al., 2019a).

A norma DIN 18947 (DIN, 2013) define que uma argamassa de terra não estabilizada no estado fresco deve ter uma consistência por espalhamento de 175±5 mm. Todas as argamassas ensaiadas apresentam valores inferiores ao definido pela norma DIN 18947 (DIN, 2013). No entanto, o aplicador experimentado considerou que todas estavam com trabalhabilidade adequada à sua aplicação em rebocos. Tal como já foi referido, a quantidade de água foi definida pela experiência do aplicador, de modo a obter uma boa trabalhabilidade.

Uma argamassa de outro lote da argamassa pré-doseada T_E estudada anteriormente com teor de água de 20 % (enquanto no presente estudo era de aproximadamente 15 %), apresentou valores de

Apresentação e discussão de resultados

54

consistência por espalhamento acima do definido pela norma (178,8 mm) quando estudada por Santos et al. (2019b) e por Faria et al. (2016). Contudo, quando estudada por Santos et al. (2017a) com igual teor de água obteve valores abaixo do definido pela norma (161,5 mm), mas acima do obtido no presente estudo.

A argamassa de terra e cal (T+CL) apresentou 152,9 mm de consistência por espalhamento, valor próximo dos obtidos por Faria (2016) para argamassas de cal, areia e terra (em diferentes proporções volumétricas), que variam entre 147 mm e 155 mm, consoante a proporção volumétrica. Como para a argamassa em estudo não são conhecidas as proporções volumétricas de terra e cal da argamassas T+CL, não é possível fazer uma comparação mais precisa. .

4.2.3. Abaixamento por espalhamento

Os resultados obtidos no ensaio de abaixamento por espalhamento (Quadro 4.2), realizado após o ensaio de consistência por espalhamento, foram obtidos da média de 2 ensaios por argamassa, à exceção da argamassa T_AP para a qual só se realizou um ensaio. Analisando os valores de abaixamento por espalhamento para as argamassas em estudo pode concluir-se que apresentam baixos valores de abaixamento por espalhamento, o que era esperado, uma vez que são proporcionais aos obtidos para o ensaio de consistência por espalhamento que também foram baixos, o que, tal como acima referido, se pode explicar pelo teor de água adicionado.

Comparativamente com estudos anteriores para a argamassa T_E, os resultados obtidos (3,5 mm) foram bastante inferiores aos obtidos por Faria et al. (2016) (14,2 mm), o que, pode ser explicado pela diferença de teor de água adicionado, que em estudos anteriores foi de 20 % enquanto no presente estudo foi de 15 %.

Como não se realizou o ensaio de consistência por espalhamento para a argamassa de gesso também não se realizou o ensaio de abaixamento por espalhamento.

4.2.4. Consistência por penetrómetro

Os resultados do ensaio de consistência por penetrómetro (Quadro 4.2) resultam da média de 2 ensaios para cada argamassa. Os valores que deram origem aos valores finais encontram-se no Anexo A.2.

Os resultados obtidos para as argamassas T_E, T_AP e C encontram-se dentro da mesma gama de valores, enquanto para as argamassas T+CL e G são significativamente superiores, o que faz sentido, uma vez que o teor de água adicionado nestas argamassas também foi superior. Os valores obtidos são proporcionais aos obtidos para a consistência por espalhamento.

A argamassa T_E apresenta valores bastante superiores aos obtidos por Faria et al. (2016), 2,4 mm, que . podem explicar-se pela diferença entre lotes de argamassa e pelo teor de água adicionado que no presente estudo foi inferior ao adicionado em campanhas anteriores.

4.2.5. Massa volúmica fresca

Os resultados do ensaio de massa volúmica no estado fresco apresentados (Quadro 4.2) resultam da média de 2 ensaios realizados para cada argamassa. Os valores que deram origem aos valores finais encontram-se no Anexo A.2.

55

A norma DIN 18947 (DIN, 2013) define que as argamassas de terra no estado fresco devem apresentar a massa volúmica superior a 1,2 kg/dm3. As argamassas de terra, sem estabilização, em estudo apresentam

valor superior, cumprindo assim o requisito da norma.

Contrariamente ao que se verificou nos restantes ensaios de caracterização no estado fresco, no que respeita à massa volúmica os resultados obtidos para a argamassa T_E, apesar da diferença de teor de água e de lote, foram iguais aos obtidos em campanhas anteriores (Faria, 2016; Santos et al., 2019b), 2,03 kg/dm3.

O baixo valor de massa volúmica apresentado pela argamassa G pode explicar-se com o baixo valor de baridade do produto pré-doseado.

Documentos relacionados