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3. MODUS OPERANDI: OS CAMINHOS

3.1 Arquitetura

Arquitetura é entendida em sentido amplo, englobando a configuração espacial (conforme a teoria da Lógica Social do Espaço) e o conjunto construído.

3.1.1 Configuração Espacial

A análise da configuração espacial se baseia na Análise Sintática do Espaço (ASE) dos espaços de movimento da cidade, pela criação, representação, processamento e análise do mapa axial da cidade e do processamento e análise do mapa angular de segmentos, Angular Segment Analysis (ASA) (AL-SAYED; TURNER; HILLIER, 2013).

O quadro quatro sintetiza os atributos para comparação nas praias, variando escalas de baixo até elevado, comparando configurações espaciais que promovem vitalidade urbana, focam:

(i) Acessibilidade potencial, em raios globais;

(ii) Confluência entre raios topológicos (mapa axial) contribuem para maior legibilidade;

(iii) Resiliência entre acessibilidades, malhas com consistência de grandezas entre medidas de acessibilidade (integração e choice normalizados, ASA) por sucessivos

raios métricos74, e correlações positivas entre medidas de acessibilidade por raios

métricos75.

Quadro 4 - Quadro síntese de configuração espacial.

PRAIA Baixo Intermediário Elevado

Acessibilidade topológica

Confluência entre raios topológicos Resiliência entre acessibilidades

Fonte: Elaborado pela autora. A representação linear

O sistema de eixos de Natal foi desenhado em SIG (Sistema de Informação Geográfica, ou, GIS, Geographic Information System), no programa QGIS76 entre 2013 e 2014, atualizado em

2015 (Figura 31). As bases do desenho foram (i) dados vetoriais da cartografia disponível, com quadras e edificações para Natal (2006); (ii) imagens rasterizadas do Google Earth, Bing e Yahoo atualizadas (Figura 30), e (iii) visitas de campo.

Os limites do sistema consideram o município de Natal adicionando:

- As malhas que lhe são contínuas sem vazios urbanos, i.e., malhas com mesmo direcionamento, e densidade de construções margeando as vias, que incluiu: (a) a praia de Santa Rita, no município de Extremoz, como continuidade da malha ao norte da Redinha, na Zona Norte; (b) Nova Parnamirim, no município de Parnamirim, como continuidade da malha dos bairros da Zona Sul de Natal: Neópolis e Capim Macio, a continuidade desta malha urbana e os limites do município são ilustrados na Figura 30; - As principais rotas de acesso ao Aeroporto Internacional Governador Aluízio Alves, inaugurado em maio de 2014 (Figura 24), no município de São Gonçalo do Amarante, e as malhas que lhe são contínuas, que incluiu: (a) a rota pela Zona Norte de Natal (BR- 406); (b) a rota partindo da Zona Sul de Natal (BR-101 e BR-304), passando pelo município de Macaíba.

7474 Elevadas medidas, e correlações entre medidas, de integração e choice por intervalos maiores de raios métricos

da ASA caracterizaram espaços com maior mistura de usos, entre os direcionados para visitantes e moradores e interação entre tipos de viagens (HILLIER, 2009), chamada copresença potencial (VAUGHAN; DHANANI; GRIFFITHS, 2013). Ver Cap. 2.2.

75 Correlação positiva de NAIN e NACH para raios métricos caracteriza subsistemas (de tamanhos diversos) com

malhas urbanas melhor inseridas no todo urbano (AL-GHATAM, 2015), descrito como malhas melhor imbuídas, com trajetórias de inserção (YANG; HILLIER, 2012). Ver Cap. 2.2.

Figura 30 - Ilustração do mapa axial no QGIS dos limites do mapa axial e os do município sobreposto em imagem rasterizada do open street map.

Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 31 – Ilustração das etapas metodológicas da análise da arquitetura das praias.

Fonte: Elaborado pela autora

Para explorar dinâmicas de movimento e observar fenômenos locais, o mapa axial e o mapa ASA foram processados em diversas escalas. O mapa axial foi rodado nas escalas topológicas de análise R3 (local), R6 (a média de integração do sistema) e R13 (o chamado raio topológico

RR de Natal; profundidade média da via mais integrada do sistema, a Av. Bernardo Vieira), tópico Análise sintática do espaço e medidas, Cap. 2.

O mapa de segmentos foi criado a partir do mapa axial; neste processo se retiraram os tocos ao final das linhas axiais que medissem até 25% do tamanho do último segmento, por se entender que na maioria das vezes representam sobras do processo de representação axial, e não vias reais (ver capítulo 2). O tipo de processamento do mapa de segmentos escolhido ponderou desvios angulares (angular segment analysis, ASA).

A ASA foi processada nos raios métricos de análise: 400, 800, 1200, 1600, 2400, 3200, 5000 e 7000, buscando representar mudanças significativas em dinâmicas de movimento. O raio local de análise “400m” foi selecionado como o início dos raios de processamento por equivaler à abrangência métrica dos subsistemas das praias.

Para comparar configurações espaciais, vias do subsistema das praias foram recortadas nos grafos de Natal no Depthmap – eixos nos mapas axiais e segmentos na ASA - corresponde às áreas (aproximadamente 400 metros a partir das orlas) do levantamento do conjunto construído (usos do solo e níveis de verticalização), Figura 31.

Correlações77 (R²) entre medidas foram calculadas (scatterplot), para o sistema e para os

subsistemas, dentre: entre raios topológicos (mapa axial), e entre NAIN e NACH por raios métricos (ASA). Correlações entre 0.10 e 0.30 foram interpretadas como tendo pequena força, de 0.30 até 0.50, moderada, e 0.50 ou mais, grande força (COHEN, 1988).

A última análise da configuração espacial foi feita em 2015, com o seguinte passo a passo: processamento das análises axial e ASA no Depthmap X. Colunas novas foram criadas para cada raio métrico da ASA, onde se inseriram as fórmulas para medidas normalizadas de choice e integração, a partir da fórmula apresentada por Tao Yang, Bill Hillier e colegas (AL-SAYED et al, 2015, p. 83, HILLIER, YANG, TURNER, 2012). Depois do processamento das análises, ambos os mapas (axial e ASA) foram exportados para o QGIS, onde os subsistemas das praias foram recortados em 2015 no QGIS, e a análise dos dados foi feita com o auxílio da janela “atribute explorer” do plug-in Space Syntax Toolkit (SST), desenvolvido por Jorge Gil, uma interface do Depthmap X no QGIS (GIL et al., 2015).

77 Coeficientes de correlação ou de determinação (regressão linear): a proporção em que uma medida é explicada

3.1.2 Conjunto Construído

Os levantamentos de campo do entorno das praias visaram caracterizar o conjunto construído das praias de acordo com atributos referenciados como promotores de vitalidade urbana. O Quadro cinco sintetiza os atributos comparados entre as praias.

Quadro 5 – Quadro síntese do conjunto construído.

PRAIA Baixo Intermediário Elevado

Diversidade Usos do Solo Interfaces público/privado na orla Continuidade rua-calçadão-areia

Fonte: elaborado pela autora. A construção da base

Os dados do levantamento foram trabalhados em plataformas SIG (programas ArcGIS e QGIS). Os aspectos analisados do conjunto construído são complementares para caracterizar o entorno das praias e as frentes de orlas. Os usos do solo e níveis de verticalização foram investigados para os subsistemas das praias: áreas alcançadas num raio de 400 m a partir dos calçadões (a última etapa da Figura 31). Em Ponta Negra, a Av. Eng. Roberto Freire é o limite da área78,

incorporando usos dos dois lados da avenida.

As interfaces entre espaços público e privado, ou constitutividade (cf MELLO, 2008; VAN NES; LÓPEZ, 2007), foram investigadas para as edificações à frente dos calçadões das praias. O levantamento do conjunto construído foi realizado em julho de 2013, e finalizado entre junho e setembro de 2014.

Usos do Solo

O levantamento de tipos de usos do solo buscou identificar usos que atraem pessoas com perfis diversos e intensidades de visitas distintas, considerando as questões de pesquisa, atualizando dados sobre estas áreas. As classificações de levantamentos existentes de órgãos públicos (p.

ex. NATAL, 2010), são pouco detalhadas para o nosso tema; por exemplo, usos não residenciais são definidos apenas como comércio ou serviços. Outras classificações mais detalhada não correspondem aos nossos limites espaciais (p.ex. Nascimento, 2011).

A classificação do nosso estudo considerou: (i) classificações empregadas em estudos de referência; (ii) atividades existentes nas áreas de estudo; (iii) usos que servem a públicos distintos (moradores, trabalhadores, visitantes); (iv) usos que demandam frequências e intensidades de usos diferentes; (v) usos com temporalidades diferenciadas (sazonal, semanal, diurnos, noturnos).

De acordo com os referenciais, tipos de usos do solo têm sido classificados conforme: o potencial de atratividade de fluxos (p.ex. PERDIKOGIANNI; PENN, 2005; NASCIMENTO, 2011), a diversidade de horários de funcionamento (p.ex. “London | Towards Successful Suburban Town Centres”, 2014; VAUGHAN; GEDDES, 2014), intensidade e frequência de atividades (p.ex. VAUGHAN et al 2013), diversidade de públicos que atraem (p.ex. FERRAZ, 2008). Além da classificação dos estudos de referência, consideramos a nossa escala de análise (comparativo entre três áreas), e os objetivos do estudo. Nos estudos de Laura Vaughan e colegas (2013, 2014, do projeto Adaptable Suburbs), a classificação contava com grupos e subdivisões, expressadas com colorações semelhantes em mapas temáticos. No nosso estudo não criamos subitens, mas aproximamos as cores de usos interligados nos mapas temáticos, por exemplo, os usos classificados como institucional, saúde e escola (Figuras 59 a 61, Cap. 4). Em seguida apresentamos a nossa classificação.

Serviços relacionados à hospedagem de visitantes, que incluem resorts, hotéis e pousadas foram englobadas na categoria hotel. Comedoria engloba qualquer uso relacionado com servir comida e/ou bebida, como bares, cafés e restaurantes. Lazer se refere a estabelecimentos que abrigam eventos ou shows, como boates ou casas de shows. Serviço refere-se, por exemplo, às empresas de aluguel de carros, lavanderias, etc. A classificação de centros comerciais foi separada de comércio, para distinguir espaços que concentram uma variedade maior de tipos de usos, como comércio, serviços e comedoria, e atraem um público maior. Os rótulos de espaços verdes foram usados para identificar áreas que não podem ser ocupadas ou construídas, como praças e parques, e áreas de preservação, distinguindo estes dos espaços vazios, que não têm usos (terrenos vazios ou edifícios abandonados, sem função), que podem vir a ser construídos, e que, assim, provavelmente indicam espaços de especulação, menos consolidados. Estacionamentos foram categorizados para garagens ou estacionamento. Centros comunitários se referem a usos

voltados à comunidade, como associações comunitárias, e foram separados de espaços de cultos pelas diferenças de periodicidade e de intensidades de seus usos, e por poderem atrair pessoas de outras localidades. Usos institucionais foram separados dos de educação (que tem uma frequência alta de usos, mas de grupos restritos), dos de saúde (que podem estar servindo um público mais amplo, em horários e intensidades mais variadas) e de escritórios. Usos residenciais também foram classificados para comparar a proporção de residentes entre as áreas. O rótulo galpão foi usado para definir áreas de armazenagem / indústria, que só apareceram na Redinha. O rótulo outro foi usado para usos sem uma delimitação específica (na Redinha e em Ponta Negra englobou um cemitério em cada).

Em sequência, a classificação dos usos do solo foi (Figuras 59 a 61): comercial, centro comercial, comedoria, lazer, escritório, institucional, educação, saúde, centro comunitário, espaços de culto, residencial, hotel, em construção, estacionamento, vazio, verde, outro, galpão.

Verticalização

Os números de pavimentos também foram levantados para a área dos subsistemas das praias. Estas medidas se unem aos usos do solo para caracterizar edificações do entorno. As classificações apresentadas como grupos de faixas de verticalização nos mapas temáticos se referem à divisão por quebras naturais (classificação Jenks79) da amostra de Ponta Negra em

seis grupos. Estes intervalos se mantiveram para a comparação com as demais praias (Figuras 62 a 64, Capítulo 5). As faixas de gabarito foram: - até um pavimento; - mais de um a dois; - mais de dois a seis; - mais de seis a 12; - mais de 12 a 23 pavimentos e; - mais de 23 pavimentos. Interfaces público-privado

Interfaces entre espaços públicos e privados foram investigados para as edificações margeando a orla, que se localizam frente aos calçadões das praias (Figuras 62 a 64). Na Redinha, por

79 A classificação busca quebras naturais, unindo grupos com menor variação na amostra

(http://en.wikipedia.org/wiki/Jenks_natural_breaks_optimization). Por exemplo, se em um grupo de pessoas com idades de 0 a 20 anos, se quiser delimitar quatro faixas etárias, e existir uma concentração de pessoas entre nove e 12 anos, e antes e depois existirem intervalos mais rarefeitos, a distribuição não será simplesmente de 0-5, 6-10, 11-15 e 16-20. A quebra será feita antes de nove e depois de 12 anos, como exemplo 0-4; 5-9; 9-13; 14-20, e assim por diante, conforme concentrações da amostra.

exemplo, englobam todas as frentes do mercado e dos bares e restaurantes nesta área, que se comunicam com o calçadão e a praça, em continuidade.

A nossa classificação se refere ao funcionamento no turno diurno, que corresponde aos horários dos levantamentos de campo, e buscaram facilitar a comparação entre as praias, limitando-se a mudanças de maior impacto. A classificação de Sandra Mello (2008) serviu de referência principal, que classificou interfaces nos tipos: espaços constituídos (com fortes interfaces), semiconstituídos e cegos (sem contatos), No entanto, separamos o que Sandra Mello considerou “espaços semiconstituídos” em dois tipos: “janela” e “porta”, conforme classificações de Lia Monteiro (2012) e Valéria Ferraz (2008). Descrições de interfaces seguem:

- Espaço cego: divisória sem comunicação entre os espaços, como muros opacos (Figura 32).

- Janela: existência de janelas, ou muros baixos, ou divisórias translúcidas, como grades, ou divisórias de vidro, que têm comunicação visual entre o espaço público e privado, mas não apresentam portas ou portões entre os espaços (Figura 33).

- Porta: existência de portas ou portões, possibilitando acesso físico, mas sem comunicação visual quando estão fechados (Figura 34).

Figura 32 – Espaços cegos nas praias (Julho, 2013): (a) Ponta Negra; (b) Praia do Meio.

Foto: da autora, julho, 2013.

Figura 33 – Janelas nas praias (Julho, 2013): (a) Ponta Negra; (b) Praia do Meio.

Fonte: da autora, 2015.

Figura 34 – Portas nas praias (Julho, 2013): (a) Redinha; (b) Praia do Meio;

Fonte: da autora, 2015.

Figura 35 – Espaços constituídos: (a) em Ponta Negra (Julho, 2013); (b) na Redinha (Janeiro, 2015);

Continuidade

Continuidades das praias na frente de orla entre: as edificações de frente para o mar, a rua, o calçadão e a faixa de areia, foram classificadas como mais elevadas, quanto menos limites (visuais e físicos) existissem, e quanto menor dificuldade de acesso, observado por visitas de campo e fotografias.

Configuração Espacial e Conjunto Construído no SIG

O geoprocessamento envolve a criação, o processamento e a articulação de informações espacializáveis. A complementaridade de visualização de dados da análise sintática do espaço em SIG tem sido amplamente discutida (p.ex. JIANG; CLARAMUNT; KLARQVIST, 2000; SERRA; PINHO, 2013; TURNER, 2007), como ferramenta de análise e planejamento, possibilitando a sobreposição de dados, facilitando relacionar variáveis. Após o processamento dos mapas de medidas sintáticas e dos mapas temáticos, ambos foram visualizados e articulados em uma plataforma em comum do QGIS.

Os pontos de aplicação dos questionários

A escolha dos pontos de aplicação dos questionários foi feita a partir das observações de visitas de campo. Todos os pontos de aplicação representam concentração de usos na orla, estruturas de apoio (quiosques), e têm diferenças em aspectos do conjunto construído.

Em Ponta Negra e na Praia do Meio os pontos de aplicação variaram em relação à diversidade de usos do solo, e às interfaces entre espaços públicos e privados. Em Ponta Negra os níveis de continuidade (entre rua-calçadão-areia) também diferem. Na Redinha a mudança do conjunto construído se refere aos tipos de usos nas proximidades, mas principalmente da paisagem natural, um ponto de aplicação frente ao rio, o outro frente ao mar (Figuras 62 a 64, e 69 a 70). A localização dos pontos será descrita na próxima seção.

3.2 Sociedade

Com base nas referências do Cap. 2, os seguintes aspectos foram considerados como ingredientes de vitalidade urbana serão comparados para a sociedade nas praias: diversidade social, familiaridade e avaliação favorável, sintetizadas no quadro seis.

Quadro 6 – Quadro síntese da sociedade

PRAIA Baixo Intermediário Elevado

Diversidade Social Avaliação

Familiaridade

Fonte: elaborado pela autora.

Os questionários investigaram imagens ambientais, mobilidade, frequência e tempo de usos, atividades, perfis de frequentadores (gênero, idade, local de moradia, escolaridade, etc.) e avaliação de aspectos das praias. Em seguida apresentamos o conteúdo do questionário, a amostra, a localização dos pontos de aplicação (dois em cada praia), o cronograma de aplicação e a tabulação e análise de dados.

3.2.1 O Questionário

Alguns estudos que aplicaram questionários para comparar usos em espaços com arquiteturas distintas serviram de referências para a formulação do nosso questionário. Fernanda Linard de Paula (2010), comparou atividades, frequências e avaliação dos usuários em duas praças de Fortaleza. Sandra Mello (2008) investigou a relação de apego das pessoas em dois espaços frente de rio, relacionando local de moradia, como conheciam estes espaços, e como os avaliavam. Na Praia do Futuro, Fortaleza (DONEGAN, 2011) imagens ambientais, atividades, relação de aspectos (positivos e negativos), e perfis de pessoas foram comparados em barracas de praia com distintos tipos construídos e localizações.

O questionário (Apêndice um) priorizou questões de múltipla escolha para facilitar a comparação entre as praias, e foi limitado a uma folha, considerando a aceitação da pesquisa pelo público (PINHEIRO; GÜNTHER, 2008; GÜNTHER, 2003).

Um modelo piloto foi aplicado em Ponta Negra em julho de 2013 (10 questionários). Os questionários foram aplicados em novembro de 2014 e janeiro de 2015.

No cabeçalho dos questionários estão os campos de identificação, preenchidos antes da entrevista com os dados: data, praia, local de aplicação, entrevistadora, número do questionário. O conteúdo segue (Figura 36, Apêndice dois):

- Imagem Ambiental (q. 1): sobre a primeira coisa que vem à mente quando se pensa naquela praia (LYNCH, 1997); é a única questão em aberto.

- Como se chega à praia (q. 2 e 3): aspectos de mobilidade, sobre qual o modo de locomoção usado e quanto tempo demoram, em média, para chegar à praia;

- Frequência e intensidade de usos (q. 4, 5 e 6): há quanto tempo conhecem a praia, com qual frequência a visitam e quanto tempo costumam ficar na praia quando vão. Estes aspectos se referem a como medimos a familiaridade das pessoas da praia, com foco temporal, comparando entre as praias quanto à frequência de usos e há quanto tempo conhecem a área.

- Motivos da escolha da praia (q. 7): pediu-se que marcassem até dois aspectos que considerassem mais importantes para a escolha daquela praia, dentre as opções: proximidade de casa, facilidade de transporte, pessoas na praia, aspectos da água/areia, preço, oferta de produtos, outros (especificar).

- Atividades (q. 8): (até três) mais relevantes que desempenham na praia, dentre as opções: relaxar, caminhar, tomar banho de sol, tomar banho de mar, conversar, comer/beber, nadar/surfar, outros esportes, fazer compras, trabalhar, outros (especificar). - Perfil sócio demográfico: As questões 10 a 14 caracterizaram perfis e níveis de diversidade social, indagando sobre: - idade e gênero dos respondentes, - se têm filhos e, se sim, com que frequência se costuma levá-los à praia; - onde moram (i) se fora de Natal, se no estado (RN), na região (NE), no país (BR), ou internacional (INT) (ii) se em Natal, qual bairro, - nível de escolaridade; e - ocupação.

- Percepção da praia (q.15 e 16): avaliação e importância dada a aspectos das praias. A avaliação foi feita com a Escala Likert (GÜNTHER, 2003), variando em uma escala passando por péssimo, ruim, regular, bom e ótimo. Consideramos aspectos relevantes em estudos costeiros (p.ex. BRETON et al., 1996; QUINTELA et al., 2012) e de interesse para comparação entre as praias: segurança, público que frequenta, limpeza/saneamento, paisagem, acesso à praia e estrutura de apoio. A importância dada aos aspectos foi feita a

partir de uma escala numérica, usando de um para o mais importante, até seis para o considerado menos importante.

A avaliação pelo público é analisada pelos dados advindos da imagem ambiental (q. 1) e da última parte do questionário (q. 15 e 16), que foca a avaliação e escala de importância de aspectos das praias. As avaliações consideradas mais favoráveis foram as com menos respostas de teor negativo (avaliações “péssimo” ou “ruim”) e de respostas que denotam vulnerabilidade.

Figura 36 - Modelo do questionário marcando partes que fomentaram as variáveis de vitalidade urbana nas praias.

Na segunda etapa de aplicação de questionários, no período de férias, dois subitens foram adicionados à primeira questão, sobre a imagem ambiental. Após perguntar “a primeira coisa que vinha à mente sobre a praia na qual se estava”, perguntamos a mesma questão sobre as outras praias, incluindo itens 1.2 e 1.3, ilustrado no Apêndice dois. Isto permitiu sondar diferenças de pontos de vista dos frequentadores sobre outras praias. 60 questionários foram aplicados em cada praia englobando este aspecto, e variando entre dias (quarta-feira, sábado e domingo) e turnos (Quadro sete).

3.2.2 A Amostra

Para o cálculo da amostra de questionários – uma amostra casual simples - partimos do cálculo do sítio eletrônico de amostra estatística80, confirmadas na tabela disponível no manual de ASE

(AL-SAYED et al., 2015; AL-SAYED; TURNER; HILLIER, 2013) e no trabalho de Krejcie e Morgan (1970).

Consideramos que a população total da amostra para as três praias se aproxima da população da Região Metropolitana de Natal (RMN), 1.300.000 pessoas, a partir do qual usamos um intervalo de confiança de cinco, e um nível de confiança de 95%, chegando a uma amostra de 384 questionários. Para a distribuição entre as praias, foram aplicados 390 questionários no total, 130 em cada praia, e 65 em cada ponto.

Não tendo uma informação específica sobre a população que frequenta as praias, optamos por escolher uma população geral para todas as praias equivalendo à população da região metropolitana, entendendo que esta população é a mais provável de estar frequentando as praias (embora nem todos frequentem a praia necessariamente, também existem visitantes vindo de fora da cidade). Quanto à distribuição de questionários nas praias, mesmo que o tamanho das

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