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1. IN NUCE: UMA INTRODUÇÃO

1.3 Estrutura da tese

A tese se divide nas partes: problemática e questões de pesquisa (in nuce), referências arquitetura-sociedade (a priori), metodologia (modus operandi), análise (in loco), discussão (a posteriori), e conclusões (a fortiori).

Nesta parte (in nuce) apresentamos o conteúdo da tese com a problemática (das praias e norteadores da pesquisa) e a estrutura da tese vislumbrando alguns achados.

O capítulo dois (a priori) articula referências teórico-metodológicas sociedade/arquitetura que apoiam nossa investigação, e apresenta Natal e as praias.

Considerando a vida social como o aspecto mais importante do espaço público, entende-se a diversidade social em espaços continuamente acessíveis como ajudando na construção de comunidades engajadas; por outro lado as recorrentes segregações que impactam inclusive em padrões de mobilidade no Brasil limitam esferas de reconhecimento mútuo entre pessoas diversas. Discorre-se sobre usos em praias, entendendo-as como ambientes restauradores no cotidiano da população. Das referências apresentadas sobre vida social destacam-se qualidades de vitalidade urbana a serem comparadas entre nas praias.

Em segundo momento se foca na arquitetura, discutindo ideias gerais sobre a cidade, interpretando-a como um sistema, ou rede de relações, onde a sociedade se realiza. Sobre a definição abrangente de “Arquitetura”, investigada aqui em termos de cheios (conjunto construído) e vazios (configuração espacial). Estudos relacionam características do conjunto construído à vitalidade urbana, a partir dos quais destacamos atributos comparados nas praias como facilitadores de vitalidade urbana. A configuração espacial trata da teoria da Lógica Social do Espaço (SE) e da metodologia da Análise Sintática do Espaço (ASE), definindo medidas usadas na pesquisa.

A última parte deste capítulo apresenta as praias em Natal. Articula-se a localização das praias com intervenções, como a via costeira e a ponte, que completaram o circuito costeiro da cidade. Discutem-se reformas nas orlas.

O capítulo três (modus operandi) versa sobre os caminhos de investigação da arquitetura (configuração espacial, conjunto construído) e da sociedade. A ordem de abordagem se mantém no restante da tese, numa escala maior (as praias na cidade), seguindo para o conjunto

construído (entorno das praias), até a sociedade (as praias, e em locais específicos), conforme a sequência da pesquisa realizada.

A primeira seção apresenta como investigamos a arquitetura: (a) configuração espacial (ASE), sobre a representação linear da cidade, seu processamento (axial e ASA), e a delimitação dos subsistemas das praias; (b) a classificação do conjunto construído: os usos do solo e níveis de verticalização (subsistemas); e, interfaces público/privado e continuidades entre rua, calçadão e areia (frentes de orla).

A segunda seção apresenta como investigamos a sociedade, pela observação e aplicação de questionários igualmente distribuídos entre as praias, para abordar diversidade social, avaliação e familiaridade, e motivos de escolha e modos de apropriação (p.ex. atividades e mobilidade). Apresenta-se a amostra de questionários, o cronograma, pontos de aplicação, a tabulação e análise de dados, de modo a articular vida social nas praias e em locais específicos, e mudanças entre períodos, de férias e de aulas.

O capítulo quatro In loco apresenta as análises da arquitetura e da sociedade nas praias. Achados da arquitetura, sobre a configuração espacial, as praias se localizam dissociadas entre si e pouco articuladas às tramas de maior acessibilidade de Natal. Os subsistemas das praias são caracterizados quanto a: acessibilidade, confluência entre raios topológicos e resiliência entre acessibilidades, além de profundidades a partir das orlas para o sistema. Mudanças recentes na configuração espacial em Natal também são discutidas, frente à transferência do aeroporto. Sobre o conjunto construído das praias, usos do solo e níveis de verticalização dos subsistemas, interfaces entre espaços públicos e privados, e continuidades nas frentes de orla. Em cada praia diferentes níveis de acessibilidade ora confluem ora se separam, relacionando a distintos conjuntos construídos nos entornos. Redinha, com um conjunto construído simples, pouco verticalizado, Praia do Meio, com uma arquitetura segmentada, e Ponta Negra um complexo comercial e turístico. Destacam-se contrastes e recorrências nas praias e efeitos de intervenções recentes.

Na segunda seção do capítulo In loco, discute-se a sociedade destacando relações do público total, e, depois, comparativamente, entre as praias, e os pontos. A seção discorre sobre: - considerações gerais sobre motivos de escolha das praias, avaliação de aspectos e atividades. Depois se segue para a comparação entre as praias (e os pontos), dos aspectos: - diversidades sociais, sobre os perfis das pessoas nas praias (e mudanças de público entre período letivo e

férias) e sobre escalas de diversidade social (em termos de faixas etárias, escolaridade e renda), mais elevada em Ponta Negra; - familiaridade, sobre frequências e tempo de uso entre as praias, que foram mais elevadas dentre os públicos da Redinha e da Praia do Meio - avaliações, sobre imagens ambientais e avaliação de aspectos das praias, mais negativa na Praia do Meio;– sobre modos de apropriação, em termos de mobilidade e atividades desempenhadas. As imagens ambientais das pessoas em relação às outras praias demonstraram uma negatividade em relação “ao outro”. A seção finaliza discutindo quadros síntese da sociedade.

O capítulo cinco (a posteriori) discute nexos arquitetura-sociedade. Discutem-se aspectos gerais (desenredos), relações com outros aspectos de infraestrutura e sociodemográficos, segue com a discussão de vitalidade urbana nas praias e nos pontos, e finaliza discutindo questões de pesquisa. Mudanças sociais se relacionaram a variações da arquitetura, compondo perfis distintos em cada praia. Ponta Negra, com uma malha que se espraia para o entorno, sobrepõem mais tipos de movimentos potenciais, um conjunto construído com mais usos não residenciais, e apresenta uma vida social de maior diversidade e avaliação favorável, apesar de baixa familiaridade. Como um contraponto, Redinha e Praia do Meio são enclaves espaciais, e sociais, concentrando públicos de baixa renda e escolaridade, avaliação desfavorável e elevada familiaridade.

O capítulo seis (a fortiori) finaliza a tese. Destaca-se a serventia da Análise Sintática do Espaço para entender a cidade enquanto um “problema em complexidade organizada” (cf JACOBS, 1992), e se discutem os achados frente às ideias que embasaram a tese; no geral limitadas vitalidades urbanas são moldadas por arquiteturas que, mais das vezes, apartam fluxos e pessoas, de modo que cada grupo está basicamente na sua praia.

2.

A

PRIORI:

AS

LÓGICAS

SOCIAIS

DA

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