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O capítulo trata-se de um embasamento teórico sobre conceitos de paisagismo, sobre os aspectos do paisagismo como arte, praças públicas, paisagismo espaços públicos: o edifício e o externo para o desenvolvimento de praças públicas e semipúblicas. Assim, será abordadas referências como o grande arquiteto paisagista Burle Marx e autores como Mascaró e Mascaró, Ching, Dourado, Lira Filho, Abbud, Alex e Romero.

2.3.1 Conceitos paisagísticos

Segundo Abbud (2006), o paisagismo deve trabalhar aspectos de vazios e cheios nas criações dos espaços, pois sem isso não existe paisagem. O importante é pensar em espaços que sejam usados pelas pessoas e não somente pensar nos cheios, pois nas puras massas vegetais ninguém vive. [...] – “Um lugar deve ser sempre agradável e propiciar conforto, Nos dias quentes, deve refrescar com sua sombra; nos frios, aquecer com o sol ”(ABBUD, 2006, p.24).

O espaço engloba constantemente nosso ser. Através do espaço nos movemos, percebemos formas, ouvimos sons, sentimos brisas, cheiramos as fragrâncias de um jardim em flor. Sua forma visual, suas dimensões e escalas, a qualidade de sua luz – todas essas qualidades dependem de nossa percepção dos limites espaciais definidos pelos elementos da forma. À medida que espaço começa a ser capturada, encerrada, moldada e organizada pelos elementos da massa, a arquitetura começa a existir (CHING, 1998, p. 92).

2.3.2 Arquitetura paisagística como arte

Segundo Abbud (2006), o paisagismo é a única expressão artística que participam os cinco sentidos do ser humano, “[...] - Quanto mais um jardim consegue aguçar todos os sentidos, melhor cumpre seu papel” (ABBUD, 2006, p.15).

Segundo Dourado (2009), o paisagismo foi defendido por Roberto Burle Marx no início da sua carreira como manifesto artístico na década 1930. Essa informação foi esclarecida em uma conferência em 1954, por Marx:

A justaposição dos atributos plásticos desses movimentos estéticos aos elementos naturais constituiu a atração para uma nova experiência. Decidi-me usar a topografia natural como uma superfície para a composição e os elementos da natureza-minerais e vegetais-como materiais de organização plástica, tanto e quanto qualquer outro artista procura fazer sua composição com a tela, tintas e pincéis. (DOURADO, 2009, p. 108)

Segundo Lira Filho (2001), na área da arte, o paisagismo está inserido com as artes plásticas, trabalhando com diversidades de elementos como as plantas, animais, esculturas e elementos arquitetônicos. [...] - Há quem defina Paisagismo como “uma especialidade multidisciplinar de ciência e arte, que tem por finalidade ordenar todo o espaço exterior em relação ao homem e demais seres vivos” (LIRA FILHO, 2001, p.18).

Desde então tenho usado o elemento genuíno, da natureza, em toda a sua força e,

como matéria, organizada em termos e propósitos de uma composição plástica. Pelo menos é assim que entendo o paisagismo, como uma forma de manifestação artística.

(Marx, 2004, p.33)

Segundo Joan Roig citado por Dourado (2009), comparar paisagismo à pintura é afirmar sua completa contemporaneidade, como comparar os avanços ao longo do tempo desta arte. “[...] – Não se trata de busca referencias nos valores próprios da representação, como sucedera na escola a pitoresca do paisagismo inglês, mas em valores intrinsecamente plásticos e gráficos” (Dourado, 2009, p.108).

2.3.3 Paisagismo de espaços públicos: o edifício e o externo

Podemos observar a preocupação com o paisagismo nos séculos passados. São poucas as documentações, mas podemos encontrar alguns vestígios na história em antigas ruínas, onde edifícios foram encontrados com espaços ajardinados e com infraestrutura, então se percebeu uma preocupação em organizar as plantas por meio de uma ordem, observando também a integração entre os espaços construídos e os espaços externos. Eles resolviam problemas de excesso ou falta de água e radiação solar. O objetivo das vegetações serviam tanto para decorações como para ajudar a controlar o rigoroso clima ( MASCARÓ, 2005).

Segundo Romero (2001), na história, a arquitetura vem sendo responsável pelas intervenções entre o homem e os espaços e seus materiais. Pode-se encontrar as principais características; que são os espaços privados e os espaços públicos externos. “[...] – Neste estudo, definimos os espaços públicos exteriores urbanos como aqueles espaços fundamentais que frequentemente condicionam os espaços construídos, que às vezes lhes conferem suas formas, seus relevos, suas características” (ROMERO, 2001).

Segundo Serra (1989), os espaços públicos exteriores são essenciais para constituições dos espaços construídos, pois possui elementos importantes da paisagem urbana, propondo espaços de vida para a cidade. Construir espaços públicos não é só propõe densidade de edifícios ou mesmo fachadas, mas sim desenvolve espaços acolhedores (ROMERO, 2001).

A arborização deve ser feita, sempre que possível, para amenizar os aspectos negativos do entorno urbano, transformando os lugares hostis em bastante hospitaleiros para os usuários (MASCARÓ, 2005, p.186).

Mascaró e Mascaró (2002), a respeito das variações do clima, ventilação, iluminação e a insolação, afirmam que a arborização nos espaços urbanos podem ser os requisitos principais para reduzirem a luminosidade da radiação solar. Portanto, o sombreamento que as

arborizações transmitem tem grande importância nos espaços urbanos e nos edifícios, assim melhorando os desempenhos términos dos espaços ou recintos com a utilização das vegetações.

Essa contextualização foi o auxílio para o desenvolvimento do paisagismo em interação com o edifício que ajudou na sustentabilidade dos projetos arquitetônicos melhorando o conforto ambiental dos edifícios, por meio das estratégias e conceitos das observa-se que os parques e praças são lugares de contemplação.

Segundo Sun Alex (2008, p.23), praça é uma construção no vazio, é apenas espaço físico aberto, mas também um centro social no tecido urbano. Kevin Lynch esclarece que a praça é um local de convívio social dentro da cidade, que tem relação com a rua com as pessoas e a arquitetura. The square ou plaza, modelos diferentes dos espaços abertos públicos, fundamentados nas cidades históricas da Europa:

A plaza pretende ser um foco de atividade no coração da cidade alguma área

“intensamente” urbana. Tipicamente, ela será pavimentada e definida por edificações de alta densidade e circundada por ruas ou em contato com elas. Ela contém elementos que atraem grupos de pessoas e facilitam encontros: fontes, brancos, abrigos e coisas parecidas. A vegetação pode ou não ser proeminente (ALEX, 2008, p.23).

Segundo Sun Alex (2008, p.23), [...] – “Em On The Plaza, Setha Low evoca uma eloquente citação de Fernando Guillén Martinez para exprimir a profunda vinculação da praça e o desenho social, política e cultura das cidades da América hispânica”:

A plaza em si, considerada limitada no espaço por seus quatro lados, é mais bela expressão da vida social jamais alcançada pelo planejamento urbano e pelo gênio arquitetônico do homem. [...] A simplicidade de seus espaços é claramente um convite para a liberdade social e moral das pessoas... (ALEX, 2008, p.23).

Marx explica a origem das praças brasileiras, destacando o público e sua multifuncionalidade das praças, que seria igual às piazzas e plazas. No Brasil, a origem

religiosa, como nas praças das igrejas, define que a ausência do poder governamental demarca nosso “chão público”. As praças diante dos edifícios públicos importantes são raras e quando são construídas para esse fim, dificilmente se situavam em um local digno para acolher os indivíduos, pois os responsáveis pelas obras valorizavam projetos arquitetônicos mais elaborados. (ALEX, 2008)

A defasagem de praças públicas brasileiras voltadas para os edifícios públicos perdem o foco de praças plazas, que pretendiam se estabelecer nos corações das cidades onde a densidade urbana é mais ampla. Assim, deve-se pensar na responsabilidade de construir mais edifícios públicos com praças voltadas para uma responsabilidade social das cidades, localizadas nos centros das cidades onde as áreas são mais adensadas.

2.3.5 Burle Marx

Nas décadas 1930 e 1960, Marx fez parcerias com arquitetos, algumas mais frequentes, como Lucio Costa. Assim influenciou a modernidade associando o paisagismo e à arquitetura.

Com a nova modernidade do paisagismo, ocorrem a criação de espaços junto à edificação (DOURADO, 2009).

Segundo Burle Marx (2004), com jardins podemos suavizar nossa vida tão cheia de percalço, Ele afirma que o “jardim comunal”, que são praças e parques, teria grande importância na nossa vida, seria uma harmonia relativa e haveria o equilíbrio da sociedade. Ao expressar jardins de cidade, ele refere-se também às praças, à união da arquitetura e à relação do homem no espaço. Quando se pensa no aspecto moderno na urbanização, a grande preocupação é manter a presença da vegetação nos espaços, para que possa haver o contato da natureza com a população, para que eles não se sintam sufocados na massa de concreto que pouco a pouco vai dominando o espaço vazio das grandes cidades.

A poluição do ar, a falta de espaços verdes, uma urbanização desordenada, atrabiliária, têm contribuído para a incompreensão de como poderia ser uma cidade ideal, com seus bosques, suas áreas para piqueniques, playfields, teatros ao ar livre, com praças onde as pessoas pudessem se encontrar piscinas e, sobretudo, onde a imaginação contribuiria para aspectos estéticos, tão necessários à vida cotidiana. (MARX, 2004, p.210)

Podemos ver a preocupação de Roberto Burle Marx com os elementos da paisagem, pelo fato dele querer incorporar a vegetação à urbanização das nossas cidades. Por meio desses princípios foi realizada a proposta projetual das praças públicas, com espaços sustentáveis com utilização da vegetação existente, propondo minimizar o impacto ambiental. Pode assim, com essa iniciativa, conscientizar as próximas gerações de arquitetos e urbanistas em transformar os

locais onde vivemos e propor a estabilidade da flora onde vivemos.

Siqueira (2001) descreve os conceitos de Burle Marx para a Residência Odette Monteiro,

“[...] - caracterizada por vários críticos como pictórica, inspirada diretamente na natureza. Lagos artificiais, elevações e depressões são construídas, de forma a se estabelecer uma acomodação entre a casa neocolonial e a natureza exuberante da Serra dos Órgãos.” (SIQUEIRA, 2001, p.40)

Figura 2- Residência Odette Monteiro

Fonte: http://www.cemara.com

O exemplo da obra de referência do paisagista Roberto Burle Marx, para o desenvolvimento da proposta arquitetônica e urbanística da biblioteca pública com praças públicas e semipúblicas.

3 CORRELATOS E REFERÊNCIAS

Neste capitulo foram analisados quatro projetos de correlatos que proporcionaram o auxílio no desenvolvimento do projeto arquitetônico e abordará importantes aspectos formais, funcionais, construtivos para criação de uma biblioteca pública.

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