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6.1 As mulheres nos fundos de arquivo e seus respectivos instrumentos de

6.1.1 Arquivo Nacional

O Guia África é parte do Programa Guia de Fontes para a História das Nações do Conselho Internacional de Arquivos, realizado com apoio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - UNESCO. O projeto Guia África foi desenvolvido de 1984 a 1988, com início da pesquisa em 1986, sob a coordenação técnica do Arquivo Nacional. Foram levantadas fontes arquivísticas relativas à história da África e dos africanos no Brasil.

A pesquisa para o Guia África foi desenvolvida em estados e municípios, com ênfase nas capitais. Foram visitados 507 municípios, 21 estados da Federação e o Distrito Federal. Foram levantados registros custodiados por arquivos públicos federais, estaduais e municipais. Também foram identificadas fontes arquivísticas em bibliotecas, museus, instituições de pesquisa e/ou documentação, cúrias, congregações, ordens, irmandades e cartórios. A abrangência do levantamento foi do século XVI ao século XIX para a Escravidão Negra. Para a África do Sul do Saara, a pesquisa envolveu um período maior, do século XVI até 1988.

Na análise do Guia África, procurou-se identificar acervos custodiados pelo Arquivo Nacional relativos às mulheres na Escravatura e na Abolição do Trabalho

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Os fundos arquivísticos destes Instrumentos de pesquisa do Arquivo Nacional estão contidos na base Sistema de Informação do Arquivo Nacional, já analisados pela pesquisa.

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O livro Proposições Legislativas sobre Questões Femininas no Parlamento Brasileiro, 1826-2004, apesar de não ser um instrumento de pesquisa arquivístico, foi adotado como fonte de informações e de acesso aos documentos nos arquivos.

Escravo no Brasil. Também buscou-se identificar fundos e/ou coleções pessoais de mulheres. Para tanto, levantou-se os fundos arquivísticos e coleções que continham nas descrições, mais especificamente nas áreas de identificação e conteúdo, informações relativas às mulheres. Nessa busca, foram adotados os seguintes termos: mulher, feminino, escravatura, escrava e abolição.

Como resultado, identificou-se: 1 fundo/coleção com nome de mulher; 60 fundos/coleções com nomes de homens; 6 fundos/coleções de famílias, com nomes masculinos; 18 fundos de instituições; e nenhum fundo/coleção de família com nome feminino. O único fundo arquivístico feminino denomina-se Airde Martins Costa Marinho e está relacionado à Escravatura.

A pesquisa na base de dados SIAN, hospedada no website do Arquivo Nacional, ocorreu com a utilização dos links pesquisa livre e pesquisa multinível. Os dois caminhos pretenderam atingir o mesmo objetivo, que é encontrar fundos arquivísticos relativos aos temas do estudo.

Foram levantados os dados estatísticos da base SIAN. Verificou-se que até o dia 27 de novembro de 2019, a referida base continha 941 fundos arquivísticos, 1.111.188 dossiês e 130.580 itens, totalizando 1.242.709 registros publicados. Além disso, consta que existem 25.536 registros não publicados, dos quais nove são fundos arquivísticos, 14.347 dossiês e 11.180 itens. Tal resultado demonstra que a base SIAN consiste em um instrumento abrangente de acesso aos acervos do AN.

Na base SIAN, como estratégia de busca de dados, foi utilizado o link pesquisa livre, com o uso dos seguintes termos: mulher, feminino, escrava, escravatura, abolição, voto feminino e ditadura. Como resultado, foram identificados 42 fundos arquivísticos. Alguns desses fundos se repetem (5), por isso não foram computados.

Quadro 7: Resultado do levantamento de fundos/coleções na base SIAN

Termos Fundos e coleções Códigos de referências e títulos

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23 BR RJANRIO PH – Correio da Manhã

BR RJANRIO OR – Alarico Land Avelar

BR RJANRIO PE – Campanha da Mulher pela Democracia BR RJANRIO Q0 – Federação Brasileira pelo Progresso Feminino

Termos Fundos e coleções Códigos de referências e títulos

BR RJANRIO RX – Newton de Castro Beleza

BR RJANRIO BS – Serviço de Polícia Marítima, Área e de Fronteiras –SP (Santos)

BR RJANRIO TJ – Comba Marques Porto BR RJANRIO ZH – Leonor Nunes de Paiva

BR RJANRIO ZL – Juízo de Órfãos e Ausentes da Primeira Vara

BR RJANRIO ZM - Juízo de Órfãos e Ausentes da Segunda Vara

BR RJANRIO ZN - Juízo de Órfãos e Ausentes BR RJANRIO HP – Hildete Pereira de Melo BR RJANRIO VAW – Alberto Salvá Contel

BR RJANRIO CCN - Maria da Conceição da Costa Neves BR DFANBSB EZ – Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (1974-2006)

BR RJANRIO EZ – Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (1983-2005)

BR RJANRIO F9 – Jose Antonio D‟andréa Espinheira BR RJANRIO GL – Lúcia Velloso Maurício

BR RJANRIO G4 – Vf Produções de Arte Limitada BR RJANRIO PM - Eulália Maria Lahmeyer Lobo

BR DFANBSB HC – Delegacia de Polícia Federal em Campina Grande (Paraíba)

BR RJANRIO HV – Moema Toscano

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9 BR RJANRIO SD – Família Doyle Silva

BR RJANRIO Q0 – Federação Brasileira pelo Progresso Feminino

BR RJANRIO 1L – Francolino Caméu BR RJANRIO S1 – Ordem do Carmo BR RJANRIO ZH – Leonor Nunes Paiva

Termos Fundos e coleções Códigos de referências e títulos

BR RJANRIO G4 – Vf Produções de Arte Limitada

BR DFANBSB ZD - Divisão de Inteligência do Departamento da Polícia Federal

BR RJANRIO HA - Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais (1980/2000)

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a 1 BR RJANRIO NG – Série Fazenda – Tesouraria da Fazenda da

Província de MG E s c rav atu ra

3 BR RJANRIO OW – André Pinto Rebouças

BR RJANRIO 2L – Escola Politécnica do Rio de Janeiro

BR RJANRIO KE – Publicações Oficiais – Acervo Geral e Periódicos A bo liç ã o

7 BR RJANRIO OW – André Pinto Rebouças

BR RJANRIO 2L – Escola Politécnica do Rio de Janeiro

BR RJANRIO KE – Publicações Oficiais – Acervo Geral e Periódicos

BR RJANRIO U1 – Gabinete de D. João Vi BR RJANRIO 3 A - Inconfidência Mineira

BR RJANRIO 4K – Mesa do Desembargo do Paço BR RJANRIO AT – Série Marinha – Capitania Dos Portos

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no 1 BR RJANRIO Q0 – Federação Brasileira pelo Progresso

Feminino

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3 BR RJANRIO JS – José Sarney

BR DFANBSB V8 – Serviço Nacional de Informações BR RJANRIO CNV – Comissão Nacional da Verdade Fonte: Elaboração própria a partir da base de dados SIAN.

Ainda na base SIAN, foram levantados os fundos arquivísticos com nomes de mulheres ou questões femininas, tanto de fundos de pessoa quanto de entidade coletiva. Então, buscou-se os dados utilizando os links pesquisa multinível, com o filtro ordem alfabética. Foi feita a leitura de todos os títulos dos fundos e coleções, e identificados aqueles com denominação de mulher/questões femininas ou outro

termo semelhante. Como resultado, observou-se que constam fundos com títulos de nomes femininos50 e instituições coletivas com denominação relativa à mulher, considerando a abrangência dentro do período pesquisado, 1826 a 1985.

Quadro 8: Fundos de arquivos relacionados à mulher no SIAN

Nºs Código de referência Título Datas

1 BR RJANRIO KL Ana Maria Portinho Magalhães 1977/1989

2 BR RJANRIO FT Anamaria Machado Guimarães 1973/1979

3 BR RJANRIO PE Campanha da Mulher pela Democracia 1961/1973

4 BR RJANRIO TJ Comba Marques Porto 1945/1989

5 BR DFANBSB EZ Conselho Nacional dos Direitos da Mulher 1974/2006

6 BR RJANRIO EZ Conselho Nacional dos Direitos da Mulher 1983/2005

7 BR RJANRIO JH Elizabeth Garson Passi de Moraes 1918/ 1980

8 BR RJANRIO F8 Elizabeth Versiani Formaggini 1942/1954

9 BR RJANRIO GE Eulalia Maria Lahmeyer Lobo 1898/2005

10 BR RJANRIO Q0 Federação Brasileira pelo Progresso

Feminino

1881/1985

11 BR RJANRIO 28 Felisbela Pinto Correia 1965/1968

12 BR RJANRIO HP Hildete Pereira de Melo 1976/1990

13 BR RJANRIO QM Irmã Zélia 1851/1947

14 BR RJANRIO GN Isabella Cerqueira Campos 1967/1987

15 BR RJANRIO ZH Leonor Nunes de Paiva 1972/1990

16 BR RJANRIO GL Lúcia Velloso Maurício 1971/2010

17 BR RJANRIO 2D Maria Beatriz Nascimento 1961/1996

18 BR RJANRIO CCN Maria da Conceição da Costa Neves 1950/1970

19 BR RJANRIO J2 Maria da Glória Lisboa de Nin Ferreira 1801/1900

20 BR RJANRIO FK Maria José de Sant‟anna Alvarez 1964

21 BR RJANRIO FR Maria Luíza Aboim 1979

22 BR RJANRIO HT Niomar Moniz Sodré Bittencourt 1933/2004

23 BR RJANRIO FL Regina Helena Machado 1979

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Nºs Código de referência Título Datas

24 BR DFANBSB VAY Taís Morais 1964/1983

25 BR RJANRIO J4 Terezinha Lindgren Carneiro 1907/1965

Fonte: Elaboração própria com base nos dados levantados no SIAN.

Cabe destacar que, apesar do AN custodiar o quantitativo de 941 fundos arquivísticos publicados e mais nove não publicados na base SIAN, apenas 25 fundos têm entitulados femininos, dos quais três fundos são de entidades coletivas relativas às mulheres.

O Banco de Dados Memórias Reveladas contém informações a respeito de acervos arquivísticos da repressão política, vivida na Ditadura Militar, no período de 1964 a 1985. O Memórias Reveladas constituiu-se numa rede nacional de informações, por meio de acordo de cooperação entre a União, Estados e o Distrito Federal. Participam da rede, com seus acervos, 13 Estados e o Distrito Federal, sob a administração do Arquivo Nacional.

O objetivo do Memórias Reveladas é promover acesso às informações de registros documentais sobre as lutas políticas ocorridas no Brasil, durante as décadas de 1960 a 1980. Tudo isso está em comum acordo com a Portaria nº 204, de 13 de maio de 2009, da Casa Civil da Presidência da República, que institui o Centro de Referências das Lutas Políticas Memórias Reveladas. O Memórias Reveladas reúne em sua base 118 fundos arquivísticos de custódia do Arquivo Nacional. No geral são 235 fundos, 623.286 dossiês e 21.156 itens publicados, conforme pesquisa desenvolvida em 28 de setembro de 2019.

O resultado do levantamento dos fundos arquivísticos com nomes femininos ou relacionados às questões femininas nessa base apontam para 12 registros, dos quais nove são de fundos pessoais e três de entidades coletivas. Quase todos estão contidos na base SIAN e já foram citados anteriormente. São eles: Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (BR DFANBSB EZ e BR RJANRIO EZ); Taís Morais; Maria da Conceição Costa Neves; Anamaria Machado Guimarães; Eulália Maria Lahmeyer Lobo; Lúcia Velloso Maurício; Niomar Moniz Sodré Bittencourt; Moema Toscano; Campanha da Mulher pela Democracia; Comba Marques Porto; e Nélie Sá Pereira.

Observou-se que a base SIAN e o Banco de Dados Memórias Reveladas adotam a descrição dos acervos proposta pela NOBRADE, a qual prevê a existência de 28 elementos de descrições. Este estudo analisa, baseando-se na técnica analítica de Análise de Conteúdo - AC, os textos de alguns elementos descritivos dos fundos de arquivos dos referidos instrumentos. Para o Guia África, verificam-se os textos da identificação e conteúdo. Dos instrumentos de pesquisa foram identificados um total de 1.153 fundos de arquivos, dos quais 19 fundos arquivísticos serão submetidos à AC.