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ART INVEST – Fundo Especial de Investimento Fechado

IV – O CASO DO ART INVEST – FEIF

IV.1 Apresentação do Caso Os fundos especiais de investimento: ART INVEST

IV.1.1 ART INVEST – Fundo Especial de Investimento Fechado

No presente capítulo da dissertação irá fazer-se a análise do único fundo de investimento em arte, criado em Portugal, o ART INVEST – Fundo Especial de Investimento Fechado

(FEIF), também designado pela CMVM e pelo respectivo regulamento de gestão por OIC56

(Organismo de Investimento Colectivo). Trata-se antes de Entidades de Investimento Colectivo57, caracterizadas por não terem estrutura, sem organização para recorrerem a “alavancagem operacional”, acessíveis à generalidade dos Investidores, sendo as mais divulgadas os Fundos de Investimento. O ART INVEST em regime especial de comunhão pertencente aos participantes, constitui um património autónomo, em que todos os actos de gestão são subcontratados, com os custos desses subcontratos a serem calculados unicamente através de percentagens sobre as receitas geradas, sem mínimos. Tem como entidade gestora a “Banif Gestão de Activos – Sociedade Gestora de Fundos de Investimento Mobiliário, SA” e não será negociado em bolsa.

Estamos simultaneamente perante o primeiro fundo especial de investimento (FEI) e o primeiro fundo especializado em arte a ser aprovado em Portugal, pelo que se pode afirmar que é uma forma de inovar no mercado de arte. O objectivo do ART INVEST é possibilitar aos seus investidores um instrumento financeiro alternativo, permitindo diversificar os investimentos em activos não correlacionados com os mercados financeiros tradicionais, que só em determinados contextos e apenas em algumas obras de arte, apresentam rendibilidades interessantes e atractivas, no médio e longo prazo. A política de investimentos do fundo visa a aquisição de unidades de participação de outros fundos de arte que prossigam objectivos e políticas semelhantes e também directamente, a aquisição de obras de arte.

O conceito de “obra de arte” é muito abrangente pelo que se optou por transcrever do Regulamento de Gestão o que efectivamente compreende, no caso em apreço. No glossário

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No glossário, pág. 60, do Regulamento de Gestão, Organismos de Investimento Colectivo (OIC) são fundos de investimento dotados ou não de personalidade jurídica, que têm como fim o investimento colectivo de capitais obtidos junto do público, cujo funcionamento se encontra sujeito a um princípio de divisão de riscos e à prossecução do exclusivo interesse dos participantes; Fonte: PROSPECTO E REGULAMENTO DE GESTÃO ART INVEST FUNDO ESPECIAL DE INVESTIMENTO FECHADO;

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aparece o termo “objectos de arte” o que não é a mesma coisa, é muito mais abrangente. Aparecem referências pela inclusão e faz exclusão daquilo que não é de considerar. Uma questão que se coloca são as obras de vídeo e filme, que não são referidas, sendo o suporte utilizado normalmente pela dupla João Maria Gusmão e Pedro Paiva, com três títulos na colecção: “Ladrões Tumulus”, “Macrocefalia” e “Homem Gelo”.

“Objectos de Arte: quadros, colagens e peças similares, pinturas e desenhos,

inteiramente executados à mão, excluindo-se os desenhos de arquitectos, e outros desenhos industriais, comerciais, topográficos ou similares, dos artigos manufacturados, decorados à mão, das telas pintadas para cenários de teatro, fundos de estúdio ou utilizações análogas; gravuras, estampas e litografias originais, ou seja, provas tiradas directamente a preto ou a cores em número não superior a 200 exemplares, de uma ou várias chapas inteiramente executadas à mão pelo artista, independentemente da técnica ou do material utilizados, excluindo qualquer processo mecânico ou fotomecânico; produções originais de estatuária ou de escultura, em qualquer material, desde que as produções sejam inteiramente executadas à mão pelo artista; fundições de esculturas de tiragem limitada a oito exemplares e controlada pelo artista ou pelos sucessores; tapeçarias e têxteis para guarnições murais de confecção manual a partir de desenhos originais fornecidos por artistas desde que não sejam confeccionados mais de oito exemplares; exemplares únicos de cerâmica, inteiramente executados à mão pelo artista e por ele assinados; esmaltes sobre cobre, inteiramente executados à mão, limitados a oito exemplares numerados e assinados pelo artista ou pela oficina de arte, com exclusão de artigos de bijutaria, ourivesaria ou joalharia; fotografias realizadas pelo artista, tiradas por ele ou sob o seu controlo, assinadas e numeradas até ao limite de 30 exemplares, independentemente do respectivo formato ou suporte.”58

Este Fundo de Investimento foi autorizado pela Comissão de Mercados de Valores Mobiliários (CMVM) em 20 Outubro 2003, a oferta pública foi realizada em 30 Dezembro 2003, o Início da actividade foi em 30 Janeiro 2004, o fim do período inicial de 10 anos será em 30 Janeiro 2014. Apesar de o Fundo ter um período inicial de 10 anos, mediante deliberação da Assembleia de Participantes pode ser permitida a sua prorrogação, por período não superior a 3 anos.

Os Fundos de Investimentos registados estão sujeitos à supervisão de uma entidade reguladora, funções que em Portugal estão atribuídas à CMVM, a quem compete verificar, se:

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 se o método de valorização adoptado está claramente descrito no Regulamento e ao alcance dos Investidores em geral, não cabendo ao Supervisor certificar os valores atribuídos aos elementos patrimoniais de um Fundo de Investimento;

 se esse método tem sido correctamente aplicado;

 se o valor divulgado traduz fielmente o resultado da aplicação desse método;  se as avaliações são comparáveis ao longo do tempo.

Estamos perante um Fundo Especial de Investimento Fechado, esta denominação de fundo fechado implica que é estabelecido um montante máximo para o fundo. No presente caso o capital inicial autorizado a considerar para o fundo foi de €10.000.000, correspondendo a 20.000.000 de unidades de participação a serem colocadas, sem que os titulares das UP disponham do direito de resgatá-las a qualquer momento ou em datas previamente convencionadas. Das UP inicialmente oferecidas à subscrição pública, apenas foram efectivamente colocadas 500.000.

Na subscrição de oferta pública, o capital do Fundo não foi integralmente subscrito, sendo automaticamente reduzido para 500.000 unidades de participação em circulação, correspondendo às subscrições recolhidas, com uma cotação inicial unitária por UP de €5, num total de investimento de €2.500.000. O valor inicial do património do Fundo correspondendo ao número de UP emitidas, subscritas e realizadas, a multiplicar pelo preço de emissão e deduzidos dos custos da Oferta Inicial imputados ao Fundo.

O Regulamento de Gestão define as regras para a liquidação do capital inicial que será efectuada de uma forma faseada durante quatro semestres, com entrega de 20% no dia 30 de Janeiro de 2004. No caso de incumprimento por parte do subscritor, existirão penalizações. Para melhor se compreender o modo como será feita a liquidação do capital optou-se por fazer a transcrição de parte do que o Regulamento de Gestão estabelece.

“A subscrição assume-se, em cada momento, como efectiva, quando a importância paga é integrada no activo do Fundo, ou seja, no dia útil seguinte ao da data da realização inicial e no dia útil seguinte da(s) data(s) de realização da importância remanescente, data em que o respectivo valor é, por um lado, debitado ao participante que adquire unidades de participação e, por outro, incorporado no valor global do Fundo. A subscrição de unidades de participação efectuar-se-á no banco depositário e nas entidades colocadoras.”

“Numa primeira fase e aquando da assinatura do boletim de subscrição, o participante deverá pagar a quantia correspondente a 20% (vinte por cento) do valor total subscrito (importância inicial). A liquidação financeira do valor total subscrito será faseada durante os primeiros quatro semestres, findo o período de subscrição inicial.”

“O valor remanescente (importância remanescente) será pago semestralmente, de

acordo com o montante (em termos percentuais) definido pela entidade gestora, o qual nunca poderá exceder em cada semestre 30% do valor total subscrito. Findo o prazo de liquidação, o qual não será inferior a 15 dias, a entidade gestora notificará, por carta registada, os participantes que ainda não tenham procedido ao pagamento, para procederem à regularização dessa situação. Nessa comunicação a entidade gestora concederá aos participantes novo prazo para efectuarem o pagamento. Excepcionalmente, pode a entidade gestora do Fundo, atendendo à inexistência de oportunidades de negócio e de despesas e encargos, dispensar os participantes do pagamento de um ou mais semestres da importância remanescente. A liquidação financeira do total do capital do Fundo, caso não tenha ocorrido antes, terá de ser cumprida no final do segundo ano de vida do Fundo.”

O Regulamento de Gestão do ART INVEST estabelece que será adoptada uma política de investimentos mistos, compreenderão a aquisição de obras de arte da mais diversa índole e unidades de participação de fundos que prossigam objectivos e políticas de investimento semelhantes, nomeadamente “The Fine Art Fund”, o qual poderá ser o único activo a deter nos primeiros dois anos. Alguns dos tipos de activos do investimento directo que poderão fazer parte do património do Fundo são: pintura, escultura, tapeçaria, fotografia, azulejo, cerâmica, gravuras, estampas, podendo existir outros. As aquisições das referidas obras serão, predominantemente, efectuadas nos mercados ibérico e latino-americano (obras elaboradas no século XX), poderão ser realizadas em leilões e/ou hastas públicas, ou mediante outro meio similar e idóneo.

Conforme já foi referido o património do Fundo é composto por participações em outros fundos. Estamos perante uma situação de Fundos de Fundos em que a gestão (e, consequentemente, a supervisão) de Fundos cujos patrimónios sejam constituídos, no todo ou parte, por UP noutros Fundos é bastante complexa, por causa do cúmulo de risco a que o Fundo pode ficar exposto inadvertidamente. Por exemplo, pensa que as UP permitem uma adequada diversificação e, afinal, têm todas o mesmo activo subjacente ou activos subjacentes cujos preços de mercado estão em correlação positiva muito próxima de +1.