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IV – O CASO DO ART INVEST – FEIF

IV.2 Enquadramento de contexto

Em períodos de fortes convulsões políticas verifica-se a apropriação de obras de artes e outros objectos valiosos, pelos vencedores, procedimento já muito verificado desde sempre, com os espólios de guerra. Durante a II Grande Guerra, especialmente as famílias de origem judaica foram espoliadas de muitas obras que acabaram por se espalhar pelo mundo e irem parar a museus e colecções particulares, verificando-se um autêntico contrabando e roubo, especialmente no mundo ocidental. Ainda hoje existem processos em tribunal de reapropriação dalguns desses objectos, colocados pelos descendentes dos espoliados, mas na maioria dos casos com pouco sucesso, na medida em que é preciso fazer a prova e os registo dos bens à altura eram poucos e na grande maioria os arquivos desapareceram. 68

Desde o final da II Grande Guerra, em 1945, que os valores dos trabalhos de artistas consagrados se apreciaram consideravelmente. A qualidade dos trabalhos de arte foi responsável, em grande parte, pela notável subida de valor, bem como a raridade causada pela destruição de muitas obras durante a guerra, conjugada pela expansão da procura por parte dos museus e formação de colecções particulares, o mercado torna-se também muito mais selectivo na atribuição de valor e estatuto às obras de arte. A rápida subida dos preços leva à especulação verificada nos anos oitenta do século passado. É este contexto que leva ao desenvolvimento dos mercados financeiros, a considerar-se a arte também como activo financeiro, a aparecerem novos fundos especiais de investimento mobiliários e outras formas de investimento em obras de arte.

O enquadramento legal dos chamados organismos de investimento colectivo em valores mobiliários (OICVM) tem de ser visto no contexto da União Europeia, já que a legislação vigente em Portugal é uma transposição de Directivas do Parlamento e do Conselho que são de cumprimento obrigatório pelos Estados Membro. A Directiva do Conselho n.º 85/611/CEE de 20 de Dezembro de 1985, “coordena as disposições legislativas, regulamentares e

administrativas respeitantes a alguns organismos de investimento colectivo em valores mobiliários (OICVM)”. A Directivas n.º 2001/107/CE, “altera a Directiva 85/611/CEE do Conselho que coordena as disposições legislativas, regulamentares e administrativas respeitantes a alguns organismos de investimento colectivo em valores mobiliários (OICVM), com vista a regulamentar as sociedades de gestão e os prospectos simplificados”, a Directiva

n.º 2001/108/CE, “altera a Directiva 85/611/CEE do Conselho, que coordena as disposições

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legislativas, regulamentares e administrativas respeitantes a alguns organismos de investimento colectivo em valores mobiliários (OICVM), no que diz respeito aos investimentos em OICVM”, ambas do Parlamento e do Conselho Europeu e de 21 de Janeiro de 2002. O

Decreto-Lei n.º 252/2003 de 17 de Outubro de 2003, “aprova o regime jurídico dos organismos de investimento colectivo e suas sociedades gestoras e transpõe para a ordem jurídica nacional as Directivas 2001/107/CE e 2001/108/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 21 de Janeiro de 2002, que alteram a Directiva n.º 85/611/CE, do Conselho, que coordena as disposições legislativas, regulamentares e administrativas respeitantes a alguns organismos de investimento colectivo em valores mobiliários (OICVM) com vista a regulamentar as sociedades gestoras, os prospectos simplificados e os investimentos em

OICVM”. 69 70 Sobre este assunto, foi produzido o “ESTUDO SOBRE A PERCEPÇÃO DE

RISCO: IMPLICAÇÕES NA INFORMAÇÃO PRESTADA PELOS FUNDOS DE INVESTIMENTO”, por Francisco Garcia dos Santos e António Palhinha Machado, que se

encontra publicado no site da CMVM. 71

Geralmente a arte é considerada um investimento alternativo mas não deve representar mais de 5% da carteira de investimentos totais. Isto quer dizer que não se deve investir intensamente em arte como produto financeiro. Acerca dos artistas e respectivos trabalhos que se podem escolher e considerar para incluir em carteiras de fundos, recomenda-se utilizar o conhecimento específico de peritos credíveis e a informação disponível em revistas e jornais da especialidade. Os fundos de arte são considerados de risco porque é difícil prever que tipo de arte será valorizada no futuro. Obras de arte existem que hoje são boas referências para investir e não sobreveverão, com especial destaque para a arte contemporânea.

Em 03 de Fevereiro de 2004 foi publicado o anúncio de divulgação do resultado da Oferta Pública de Distribuição de 2.000.000 de Unidades de Participação do ART INVEST – Fundo Especial de Investimento Mobiliário. Refere o dito documento que Oferta Pública de Distribuição de 2.000.000 Unidades de Participação do ART INVEST, tinha decorrido entre os dias 5 e 30 de Janeiro de 2004, tendo sido apurado o resultado da OPD no dia 30 de Janeiro de 2004, pelo BANIF, na qualidade de intermediário financeiro, considerando-se o Fundo formalmente constituído, verificou-se apenas uma distribuição de 500 mil Unidades de Participação com o capital de €2.500.000, correspondendo a um quarto do que tinha sido

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http://dre.pt/sug/1s/diplomas.asp (Diário da República Digital)

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http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=CELEX:32006L0012:PT:NOT (EUR-Lex - Acesso ao direito da União Europeia)

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autorizado pela CMVM, iniciando-se a actividade do Fundo. A liquidação física e financeira teve lugar no dia 30 de Janeiro de 2004, devendo ser considerado que o Regulamento de Gestão estabeleceu um esquema detalhado para a liquidação dos valores subscritos que seria faseado e alargado no tempo. A Sociedade Gestora é o Banif Gestão de Activos - Sociedade Gestora de Fundos de Investimento Mobiliário , S.A. O Intermediário Financeiro é o Banif – Banco de Investimento, S.A.

O Prospecto de Oferta Pública e Regulamento de Gestão do ART INVEST – Fundo Especial de Investimento Mobiliário, S.A., encontrou-se à disposição do público na sede, junto do Banco Depositário (Banif – Banco de Investimento, S.A.) e das entidades comercializadoras (Banif – Banco Internacional do Funchal, S.A., Banif – Banco de Investimento, S.A., e Banco Comercial dos Açores, S.A.), podendo este documento ser enviado a pedido a investidores e participantes, sem qualquer encargo, documento com data de 05 de Agosto de 2005.

Com data de 05 de Agosto de 2005 encontramos o aviso relativo ao ART INVEST – Fundo Especial de Investimento Mobiliário, S.A., que refere que os relatórios e Contas do Fundo, ao abrigo do n.º 1 do artigo 68.º do Decreto-lei n.º 252/2003, passam a ser de 90 e 30 dias para os relatórios anuais e semestrais, respectivamente, dando assim cumprimento ao novo normativo.

O BANIF Gestão de Activos – Sociedade Gestora de Fundos de Investimento Mobiliário, S. A., publica o Relatório e Contas Semestral e Anual, do Art Invest – Fundo Especial de Investimento Fechado, do qual é sociedade gestora, colocando anúncio na Comissão de Mercados de Valores Mobiliários (CMVM), por força de obrigatoriedade legal. 72Os referidos Relatório e Contas encontram-se depositados na sede do BANIF, à disposição do público, sendo enviados gratuitamente a pedido.