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Artes Visuais/habilidades EF anos finais

4 ANÁLISE DAS VERSÕES DA BNCC

4.5 ARTES VISUAIS

4.5.4 Artes Visuais/habilidades EF anos finais

Em relação às Artes Visuais para os anos finais do Ensino Fundamental, a terceira versão e versão homologada, consideram que é preciso assegurar:

[...] aos alunos a ampliação de suas interações com manifestações artísticas e culturais nacionais e internacionais, de diferentes épocas e contextos. Essas práticas podem ocupar os mais diversos espaços da escola, espraiando-se para o seu entorno e favorecendo as relações com a comunidade (BRASIL, 2017a, p. 163; BRASIL, 2017b, p. 203).

A partir do trecho acima é possível constatar que a terceira versão e versão homologada esperam uma sistematização maior de conhecimentos e que as diferentes linguagens sejam aprofundadas e os estudantes adquiram experiências significativas através da Arte.

As habilidades organizadas na terceira versão e versão homologada para os anos finais estão apresentadas através de oito códigos alfanuméricos. Ao final de cada um, entre parêntese estão ressaltados os objetos de conhecimento que faz relação a referida habilidade.

EF69AR01 Pesquisar, apreciar e analisar formas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético. (contextos e práticas)

EF69AR02 Pesquisar e analisar diferentes estilos visuais, contextualizando-os no tempo e no espaço. (contextos e práticas) EF69AR03 Analisar situações nas quais as linguagens das artes visuais se integram às linguagens audiovisuais (cinema, animações, vídeos etc.), gráficas (capas de livros, ilustrações de textos diversos etc.), cenográficas, coreográficas, musicais etc. (contextos e práticas) EF69AR04 Analisar os elementos constitutivos das artes visuais (ponto, linha, forma, direção, cor, tom, escala, dimensão, espaço, movimento etc.) na apreciação de diferentes produções artísticas. (elementos da linguagem)

EF69AR05 Experimentar e analisar diferentes formas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia, performance etc.). (materialidades)

EF69AR06 Desenvolver processos de criação em artes visuais, com base em temas ou interesses artísticos, de modo individual, coletivo e colaborativo, fazendo uso de materiais, instrumentos e recursos convencionais, alternativos e digitais. (processos de criação)

EF69AR07 Dialogar com princípios conceituais, proposições temáticas, repertórios imagéticos e processos de criação nas suas produções visuais. (processos de criação)

EF69AR08 Diferenciar as categorias de artista, artesão, produtor cultural, curador, designer, entre outras, estabelecendo relações entre os profissionais do sistema das artes visuais. (sistemas da

linguagem) ; (BRASIL, 2017a, p. 164-165; BRASIL, 2107b, p. 204- 205).

Ao analisar as habilidades desta etapa do Ensino Fundamental, em relação as dimensões do conhecimento, percebo que: a primeira habilidade, codificada como EF69AR01, está relacionado as dimensões da crítica, da fruição e da reflexão e sublinha que por meio de obras tradicionais e contemporâneas, devem ser analisadas e ampliadas experiências visuais nos educandos. A segunda EF69AR02, corresponde as dimensões da crítica e da reflexão e evidencia que os diferentes estilos visuais devem ser contextualizados no tempo e espaço. A terceira indicada pelo EF69AR03, vincula-se a dimensão da reflexão e salienta que: as linguagens audiovisuais, gráfica, cenográfica, coreográfica e musicais devam ser analisadas, quando integradas as Artes Visuais. A quarta EF69AR04, associa-se as dimensões da reflexão e da criação e realça que durante a apreciação das produções artísticas os elementos visuais sejam apreciados e reconhecidos. A quinta, redigida pelo código EF69AR05, está ligada as dimensões da criação e da reflexão. A mesma acentua para necessidade de proporcionar aos educandos a experimentarem diferentes materialidades e formas de expressão artística. A sexta EF69AR06, adequa-se as dimensões da criação e da fruição e ressalta que os processo de criação deve ser desenvolvido a partir de temas de interesse individual ou da classe, utilizando materiais alternativos. A sétima EF69AR07, relaciona-se as dimensões da criação e da crítica e frisa que o diálogo durante o processo de criação deve estar atrelado a princípios conceituais. A oitava EF69AR08, encaixa-se as dimensões da criação e da reflexão e aponta para necessidade de diferenciar as categorias e a relação entre profissionais que integram o sistema das Artes Visuais.

Durante a redação das habilidades para os anos finais entre a terceira versão e versão homologada, as proposições são idênticas e a solução visual que caracteriza essa categoria é a regularidade, pois a redação aparece regular entre a terceira versão e versão homologada. Dondis (2007), define essa solução visual como “o desenvolvimento de uma ordem baseada em algum princípio ou método constante e invariável” (DONDIS, 2007, p. 143).

Figura 15 - Gráfico dos objetivos de aprendizagem e habilidades das Artes Visuais para o EF /AF

Fonte: imagem do autor

Na figura acima apresento dados quantitativos referentes aos objetivos de aprendizagem das Artes Visuais, para anos finais do EF, na versão preliminar e segunda versão, e as habilidades da terceira versão e versão homologada da BNCC. A versão preliminar, destacada na cor verde apresenta dez objetivos de aprendizagem para as Artes Visuais. A segunda versão, exibida na cor lilás propõe oito objetivos de aprendizagem e desenvolvimento. A terceira versão e versão homologada, ambas indicadas na cor azul expõem oito habilidades para as Artes Visuais.

Ao observar esse gráfico para os anos finais chego à mesma conclusão que tive em relação aos anos iniciais, pois a relação existente entre os objetivos de aprendizagem das Artes Visuais para anos finais do EF, na versão preliminar e segunda versão, e as habilidades da terceira e versão homologada da BNCC, é a da sutileza.

Tanto os objetivos de aprendizagem das Artes Visuais para o EF, anos iniciais e finais da versão preliminar e segunda versão, quanto as habilidades da terceira e versão homologada da BNCC, são apresentados acompanhados por um código alfanumérico. Essa codificação levantou uma série de objeções por parte de estudiosos, pois consideram que estes compõem uma matriz de habilidades para a

avaliação sinalizando“a avaliação pautando o currículo, e não o contrário, as provas avaliando a qualidade do currículo” (CÓSSIO, 2014, 1582).

Corrobora Bigode (2019), a crítica à matriz de habilidades a serem testadas sinalizando que:

Está claro que o foco dessa base está no “ensino” e não na aprendizagem, um ensino cujas características principais são a prescrição fragmentada de tópicos, o engessamento e a pasteurização dos sistemas de ensino, atendendo propósitos escusos que não são assumidos pelo MEC e seus parceiros. A estrutura rígida que dá todo poder aos códigos alfanuméricos visa controlar o trabalho dos professores e está a serviço das avaliações em larga escala, da indústria de testes, de materiais institucionais e de cursos para formação ligeira de professores (BIGODE, 2019, p. 140).

Por esse ponto de vista percebe-se que a ideia de avaliação que sempre permeou o documento evidencia-se nos códigos alfanuméricos, para que os mesmos possam ser utilizados como instrumento de controle, pois os próprios livros didáticos começaram a indicar esses códigos ao lado das atividades, apontando para o professor as habilidades que serão testadas nas avaliações externas.