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3. M ÉTODO

3.2 P ARTICIPANTES

Os participantes da pesquisa foram: a coordenadora, as cinco técnicas do setor (duas fonoaudiólogas, duas fisioterapeutas, uma psicóloga) além das nove professoras. É importante ressaltar que são totalizadas dez professoras, porque uma das participantes que iniciou o programa foi transferida de setor, não concluindo todas as etapas, daí consideram-se nove professoras participantes.

O critério para a seleção das participantes da primeira turma foi elaborado pela coordenadora do setor, sendo que, inicialmente seriam as cinco técnicas cada uma delas trabalhando em dupla com uma professora. Assim, a coordenadora selecionou duas professoras que eram responsáveis por salas de alunos com paralisia cerebral que, apesar de graves, tinham conforme a coordenadora, condições de utilizar o computador. Para as outras três vagas, todas as professoras foram convidadas, e três se voluntariaram.

A opção em trabalhar com duplas de profissionais partiu da proposta de prestação em serviço com consultoria colaborativa vislumbrada nesse trabalho, que prevê a parceria entre profissionais de diferentes áreas e os professores que atuam diretamente com os alunos. Assim, a ideia foi estimular a colaboração na resolução de problemas, planejamento e execução de intervenções com os alunos visando à implementação de recursos de alta tecnologia assistiva, uma vez que se considera uma importante forma de interlocução e formação.

Como a pesquisa de campo foi iniciada no segundo semestre de 2008, eram previstas algumas mudanças para a prática em 2009, devido principalmente ao rodízio de professoras nas salas de aula. Dessa forma, alguns ajustes foram necessários nas duplas, uma vez algumas professoras mudaram de turno. Além disso, algumas das salas tidas como alvo pela coordenadora do setor passaram para outras professoras não participantes do grupo inicial da pesquisa.

Assim, conforme o interesse do setor de atingir um número maior de alunos com paralisia cerebral matriculados, uma estratégia utilizada para dar conta dessa demanda foi

ampliar o programa de formação a todas as professoras envolvidas no setor. Dessa forma, a partir do segundo semestre de 2009, quando a primeira turma já se encontrava ao final da intervenção prática, iniciou-se os módulos teóricos com a segunda turma. Esse espaço de tempo foi necessário de modo que o trabalho com as primeiras duplas não fosse prejudicado uma vez que as técnicas também estariam envolvidas em outras duplas.

A coordenadora do setor, informante na primeira fase da pesquisa, possuía 47 anos e formação de 28 anos em fisioterapia. Atuava como coordenadora na instituição, mais especificamente neste setor, há 15 anos. Realizou diversos cursos de formação, inclusive especialização em educação especial. O Quadro 1 sintetiza informações sobre idade, formação e tempo de trabalho na instituição dos demais participantes.

O grupo das técnicas apresentou uma média de idade de 36,2 anos com variação entre 28 e 48 anos de vida. Quanto ao tempo de profissão, a média foi de 13,6 anos, sendo as fisioterapeutas (T1 e T4) com o maior tempo de formadas (24 e 17 anos respectivamente), e a fonoaudióloga T3 com o menor tempo (cinco anos), sendo que com exceção da T4, todas as outras realizaram cursos de formação complementar, diretamente relacionados ao tipo de atuação que fazem na instituição. A média de tempo que trabalhavam na instituição foi de 8,2 anos, sendo a psicóloga T5 com contratação para 20 horas semanais de dedicação exclusiva no setor, contra 12 horas de dedicação do restante. Esses dados indicam que, há praticamente uma década, o setor tem investido na contratação de uma equipe multidisciplinar específica para ele, de modo a manter cerca de dois técnicos em todos os períodos de seu funcionamento.

Quando ao grupo das professoras, a idade variou entre 28 e 45 anos, com média em 34,4 anos. O tempo médio de formação foi de 12,1 anos, sendo que apenas a P2, P4 e P7 possuíam menos de 10 anos, o que indica um grupo experiente na carreira docente.

Todas as professoras realizaram cursos de formação continuada na área de educação especial e/ou educação inclusiva. Apesar de muito tempo de formadas, o tempo médio de trabalho na instituição foi de seis anos. Com exceção das professoras P6 e P9, com 14 e 18 anos de instituição, todas as outras estão a menos de 10 anos. Esse dado confirma a informação da coordenadora de que o setor está passando por uma renovação, em busca de profissionais dispostos a iniciarem uma prática nova, mais atualizada.

QUADRO 2–CARACTERIZAÇÃO DAS PARTICIPANTES DO PROGRAMA DE FORMAÇÃO Idade

Tempo de

profissão Formação Cursos complementares

Turmas / período de trabalho

Tempo de trabalho na

instituição Outro local de trabalho T1 48 24 Fisioterapia Esp. Neuropediatria; Esp. Integração Sensorial 12 hs semanais 9 anos Docente Universidade Privada.

T2 34 11 Fonoaudiologia Aperfeiçoamento no Método Bobath 12 hs semanais 9 anos município; Consultório Prefeitura de outro

T3 28 7 Fonoaudiologia

Aperfeiçoamento no Método Bobath; Esp. em motricidade oral; Esp. em linguagem; Esp. em neuropediatria; Esp. em educação

especial.

12 hs semanais no

maternal 5 anos

Escola especial de outro município; atendimento domiciliar, outros setores da

escola especial.

T4 39 17 Fisioterapeuta - 20 hs sendo, 8 hs no setor 11 anos Outro setor

T5 32 9 Psicologia Esp. em terapia de casais e familiar - Psicodrama 20 hs semanais no maternal 7 anos Consultório

P1 33 12 Magistério, Pedagogia Esp. em ed. especial; Formação em Integração Sensorial Tarde - Estimulação Precoce t 5 anos Escola especial de outro município

P2 28 4

Pedagogia com habilitação em

educação especial Esp. em formação do deficiente mental para o trabalho

Manhã – Estimulação Precoce

Tarde Infantil B 3 anos Não

P3 34 14 Magistério, Pedagogia Especialização em Ed. Especial; Especialização em Educação Infantil; Formação em Integração Sensorial Manhã Infantil A 7 anos Não

P4 37 8 Pedagogia Esp. em ed. especial; Aperfeiçoamento em Ed. especial. Manhã ed. fundamental; Tarde Infantil D 4 anos Não

P5 31 10 Pedagogia Esp. em Ed. Especial Infantil Nível A 3 anos Rede municipal de ensino

P6 41 14 Magistério, Pedagogia

Preparação para professores para ensino de alunos com DM e DMu; Curso de extensão em educação especial; Formação

continuada em Currículo Funcional Tarde Infantil C 14 anos Não

P7 28 9 pedagogia, letras Magistério, Esp. em Educação Especial Manhã Infantil B 2 anos Professora de Organização do Terceiro Setor de outro município

P8 28 10 Pedagogia Esp. em Ed. Especial; Esp. em Psicopedagogia; Curso de Libras Manhã (autismo Infantil II) / Tarde maternal Infantil D

1 ano Professora de Organização do Terceiro Setor de outro município

P9 45 21 Magistério, Pedagogia Treinamento em educação especial em Currículo Funcional – DM; Formação continuada Manhã Infantil A 18 anos Rede municipal de ensino

P10 39 19

Magistério, Pedagogia com

habilitação em educação especial

Esp. em Educação Especial Manhã 3 anos Não

Outra característica, como também mencionada pela coordenadora, é a busca por professores que tenham o perfil da instituição, com incentivo de que trabalhem na instituição em ambos os períodos ou que dobrem horário em escolas similares, como o caso de P5, como confirmado com esse grupo de professores, onde apenas P1, P7, P8 e P9 lecionavam em outros ambientes educacionais. Para a parte prática do programa de formação, participaram também nove alunos com paralisia cerebral do setor, cujas caracterizações fizeram parte do programa de formação e serão descritas posteriormente.

Apenas a cargo de iniciar um primeiro contato do leitor quanto ao nível de comprometimento motor dos alunos para os quais foi estruturada a intervenção prática, adianta-se que todos os alunos foram classificados entre os níveis III e IV no GMFCS, o que indica a necessidade de implementação de recursos de tecnologia assistiva para realização de atividades.