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CAPÍTULO 3. GESTORES, TÉCNICAS E DOCENTES DO PROJETO EMEP

3.1 A articulação do ensino médio no SESI-PE com

3.1.3 A articulação nas competências

Uma questão que fizemos somente aos gestores e às técnicas foi se eles acreditavam que as disciplinas se articulavam nesse Projeto, através das competências básicas, integradoras e profissionais.

Para a Diretora-SESI, as disciplinas têm essa conexão, porque nesse Projeto os alunos estudam os conteúdos de disciplinas existentes só no EMEP, através das competências integradoras, sendo o elo entre o ensino médio e a educação profissional.

Eu acho que elas têm essa relação. Elas são interligadas porque quando o aluno nosso chega e ele começa a dar umas disciplinas que são do currículo que estão favorecendo ao Projeto, que estão na matriz, onde ele se tivesse no ensino médio que fosse desvinculado com o SENAI - como era a proposta do SENAI antigamente -, ele não podia fazer essa relação, mas o Projeto ele foi criado justamente para que o aluno ele fosse mais lapidado, chegasse mais a realidade do resultado positivo, que ele fosse preparado mais técnico na sua base educacional, na sua base, no básico das disciplinas, como com as disciplinas profissionalizantes, que são as técnicas, as disciplinas que eles têm lá relacionadas ao curso técnico.

Eu acho que elas são interligadas nesse momento. [...]. O planejamento ele é feito interligado. Acho que aí acontece essa relação

(Diretora - SESI).

No entanto, em um depoimento anterior, essa entrevistada disse que a articulação das disciplinas só existia nos componentes curriculares de Matemática, Física, Química e Biologia.

É só para dar um suporte, que os professores no caso nosso curso aqui é Eletromecânica e Refrigeração.

Então, os conteúdos de Matemática, Física, Química e Biologia eles são conteúdos que além do conteúdo padrão [...]

[...] eles têm assuntos que dão suporte ao aluno para as disciplinas que são desenvolvidas no SENAI.

E é um planejamento. Ele é elaborado no início de cada ano, integrado com o professor do SENAI, os professores da área de Matemática, de Física, de Química e de Biologia, eles têm um momento que se reúnem e fazem todo aquele conteúdo que vai ser desenvolvido durante o ano [...]

[...] porque é necessário ele ter essa integração. SESI e SENAI.

Somente nessas áreas (Diretora - SESI).

Percebemos através desse depoimento que as disciplinas desse Projeto, através das competências básicas, integradoras e profissionais se articulam somente entre aquelas que fazem parte da área de conhecimento Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias com as competências profissionais. Nessa perspectiva, como fica a articulação das outras áreas do conhecimento que compõem as competências básicas com as outras competências?

A Diretora-SESI também afirmou que o planejamento é elaborado no início de cada ano e os professores de sua unidade se integram com os docentes do SENAI e, em um momento, eles organizam todo o conteúdo que vai ser desenvolvido durante o ano. Surge-nos uma outra pergunta: será que podemos chamar de articulação um único momento, uma única reunião entre os docentes do SESI-PE e do SENAI-PE para o planejamento daquelas competências?

Em contraposição à integração em um único momento, concordamos com Ciavatta (2005) ao afirmar que é necessário a concordância de gestores e docentes responsáveis pela formação específica e geral, como um dos pressupostos da formação integrada e

humanizadora, sendo condição sine qua non a discussão e a elaboração, de forma coletiva, das táticas acadêmico-científicas de integração.

Acreditamos que não houve articulação entre essas competências, pois de forma endógena as disciplinas que as compõem podem até se articular - ao corroborar pelo que será exposto ainda nesse capítulo, afirmado pela maioria dos nossos entrevistados que, intrinsecamente, nas entidades pesquisadas, existe um bom entrosamento entre seus professores, mas com a outra instituição não -, porém de forma exógena não.

Para o Diretor-SENAI, apesar de acreditar que as disciplinas através daquelas competências se articulam corretamente, as duas instituições não se arrumaram para iniciarem bem afinadas. “Se articulam perfeitamente. O que houve de perda é que nós não conseguimos estar prontos para começar, perfeitamente sintonizado”.

Provavelmente, essa falta de acordo mútuo entre as equipes pedagógicas das unidades pesquisadas, segundo a fala do sujeito acima, pode ter sido a falta de articulação entre essas equipes. Dá para haver articulação entre essas competências sem a integração de suas equipes pedagógicas? Será que o Projeto EMEP nessas instituições não segue um caminho contraproducente ao que foi colocado anteriormente por Ciavatta?

A Técnica-SENAI também concorda que as disciplinas através de suas competências se articulam nesse Projeto, apesar do problema inicial de se desvincular de um modelo de ensino e incutir um novo. “Estão, hoje mais do que nunca. No início, eu falei: foi difícil, você desprender-se de uma cultura e assimilar uma outra”.

Concordamos com a fala do sujeito acima, pois o novo - a pedagogia das competências - é um conceito atual na realidade educacional brasileira e a maioria dos professores não se formou nessa perspectiva. Daí a dificuldade da efetivação dela no início do Projeto EMEP. Mas, possivelmente, a formação em serviço nesse CFP do SENAI-PE pode ter ajudado na assimilação dessa categoria pelos seus respectivos docentes.

Outro entrevistado acredita que as disciplinas do Projeto EMEP, através daquelas competências, se articulam. Vejamos:

Sim, acredito. Até porque quando houve as reuniões com os Coordenadores do SENAI, com os Coordenadores do SESI, os Técnicos do SENAI, os Técnicos de Educação do SESI, teve-se um estudo muito detalhado, de quais disciplinas iriam se integrar no ensino profissionalizante e que nós tivemos também a ajuda de Nilza, que trabalha na Secretaria de Educação, que foi ela quem articulou com as duas instituições essas reuniões, para colocar na grade curricular quais eram as disciplinas que se aproximavam, que estavam inseridas para essa articulação entre o ensino médio e o profissionalizante (Técnica - SESI).

Ela falou que houve um estudo detalhado de quais as disciplinas que iriam formar as competências básicas, articuladoras e profissionais nesse Projeto. Nesse cerne, mesmo depois desse estudo, será que essas competências se articulam sem a integração entre os docentes das duas instituições?

Apoiados em Frigotto (2005) e Kuenzer (1989) já discutimos nesse capítulo a dificuldade posta pelos autores para implementação da integração. Para nós, o Projeto EMEP não fugiu dessa realidade. Nesse cerne, a articulação daquelas competências também sofreu esse problema. O quanto é difícil pensar na articulação curricular sem uma integração das entidades.