• Nenhum resultado encontrado

RELATÓRIO DE ESTÁGIO DE OPÇÃO

APÊNDICE 15 ARTIGO CIÊNTÍFICO PIS

ESS – IPS - Eulália Luís, n.º 110519041

196

“A Humanização dos Cuidados de Enfermagem – Acolhimento e Acompanhamento das visitas à pessoa em situação crítica”.

Luís, Eulália & Monteiro, Elsa RESUMO: A UCI é uma das áreas de eleição na abordagem à pessoa em situação

crítica. Assim, foi criada a norma de acolhimento e acompanhamento das visitas à pessoa em situação crítica, sendo esta uma componente fundamental da prestação de cuidados, tendo em consideração os Padrões de Qualidade dos Cuidados de Enfermagem. A aplicação da metodologia de projeto concretizou-se pelo Projeto de Intervenção em Serviço (PIS) – “Humanização dos Cuidados de Enfermagem em Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) – Acolhimento e Acompanhamento das visitas à pessoa em Situação Crítica”.

Palavras-Chave: Humanização, UCI, Família, Pessoa de Referência

ABSTRACT: The IUC is one of the main areas in the approach to the person in critical

condition. Thus, is was created the Welcoming and Accompaniment standard of visits to the person in critical condition. This is a fundamental component of the care providing, bearing in mind the Quality Standards in Nursing. The application of the project

methodology materialized itself throughout the Project of Intervention in Service (PIS) - "Humanization of Care Nursing - Welcoming and Accompaniment of the visits to the person in Critical Condition."

ESS – IPS - Eulália Luís, n.º 110519041

197

INTRODUÇÃO

A humanização visa nortear a política institucional que representa a razão de ser e existir de um hospital. Focar a humanização no acolhimento e acompanhamento das visitas à pessoa em situação crítica compreende uma relação efetiva de cuidado, que pode ser traduzida no respeito, atenção e compreensão utilizados. Significa reduzir ao mínimo a rutura entre o ambiente vivido na UCI e a ansiedade sentida pelos familiares/pessoas significativas perante o episódio critico vivido pela pessoa em situação crítica. Os familiares/pessoas significativas que se deslocam para a visita à pessoa em situação crítica devem ser acolhidos e compreendidos a partir da sua história pessoal e social, os valores que detêm, as suas crenças e os seus sentimentos, tornando a sua permanência junto à pessoa em stuação crítica o menos traumática possível (Boff, 1999).

Na prática do exercício profissional de enfermagem, o contacto com novas situações torna necessária a aquisição constante de novos conhecimentos, sendo estes a origem do desenvolvimento de aptidões e competências possibilitadoras da capacidade de dar a resposta mais adequada possível às necessidades da pessoa alvo de cuidados. A prestação de cuidados à pessoa em situação crítica é, por isso, um estímulo constante para os profissionais que exercem a sua atividade em contexto de cuidados intensivos, sendo que, segundo o Decreto-Lei n.º 161/96 de 4 de Setembro no artigo n.º 4, alínea 3 – Regime Jurídico do Exercício de Enfermagem (p.8), que reconhece ao Enfermeiro Especialista “competência científica, técnica e humana para prestar, além de cuidados de enfermagem gerais, cuidados de enfermagem especializados na área da sua especialidade”.

Em conformidade com o Decreto-Lei n.º 74/2006 de 24 de março, o Mestrado em Enfermagem Médico-Cirúrgica é um mestrado profissionalizante, enquadrado no ensino politécnico, que se rege por um modelo baseado no desenvolvimento de competências, quer de natureza genérica (instrumentais, interpessoais e sistémicas), quer de natureza específica, associadas à área de formação, valorizando a componente experimental de projeto.

ESS – IPS - Eulália Luís, n.º 110519041

198 De acordo com o artigo n.º 20 do Decreto-Lei n.º 74/2006 de 24 de março, o ciclo de estudos conducente ao grau de mestre, integra “uma dissertação de natureza científica ou um trabalho de projeto, originais e especialmente realizados para este fim, ou um estágio de natureza profissional objeto de relatório final”. O trabalho de projeto envolve diversas componentes: o trabalho de pesquisa, o trabalho de campo e respetivos tempos de planificação, de reflexão, de intervenção e avaliação (Cardoso, Peixoto, Serrano e Moreira, 1996). Por conseguinte, este trabalho foi elaborado de acordo com o Guia emitido pelo Departamento de Enfermagem do Instituto Politécnico de Setúbal – Fundamentos, enquadramento e roteiro normativo de Relatórios e Trabalho de Projeto (Maio 2012).

A metodologia de projeto, desenvolvida ao longo do mestrado, tem como objetivo a resolução de problemas através da elaboração e concretização de projetos em situação real, que em última instância proporcionam a aquisição de competências, estabelecendo uma ponte entre a teoria e a prática (Nunes, 2010).

DESENVOLVIMENTO

O PIS surge no contexto dos estágios I, II e III do MEMC e o seu desenvolvimento permitiu a aquisição e aprofundamento das Competências Comuns e Específicas do Enfermeiro Especialista em Enfermagem em Pessoa em Situação Crítica. O PIS pode ser integrado no ciclo de melhoria contínua da qualidade uma vez que visa a identificação sistemática de problemas e oportunidades no sentido de os solucionar ou melhorar, estabelecendo objetivos desejáveis e realistas, planeando e implementando as mudanças com a respetiva monitorização e avaliação. Este processo de melhoria da qualidade associado ao desenvolvimento profissional é exaltado no Plano Nacional de Saúde (PNS) 2012-2016, no eixo estratégico da qualidade em saúde (DGS, 2012).

ESS – IPS - Eulália Luís, n.º 110519041

199

Diagnóstico de Situação

O diagnóstico de situação é a primeira etapa da metodologia de projeto, visando a descrição da realidade acerca da qual se pretende atuar e modificar, devendo por isso ser sistémico, interpretativo e prospetivo (Nunes, 2010).

A pertinência do PIS emerge da concordância entre o diagnóstico e as necessidades, sendo este o primeiro desafio de reflexão ético inerente ao trabalho de projeto uma vez que o seu início deve convergir para o avanço da ciência ou dar resposta a problemas concretos da prática (Martins, 2008). A fase de diagnóstico de situação foi marcada pela observação no contexto de prestação de cuidados, das pessoas, das suas ações, intenções e intervenções, sendo este o conjunto de motivos que constituiu o ponto de partida para a correta e fiável escolha e conveniente utilização dos instrumentos de diagnóstico, com o objetivo de identificar e validar o problema a dar resposta (Nunes, 2010). Esta fase foi determinante na sensibilização, participação, envolvimento e motivação dos elementos da equipa para a importância do projeto a desenvolver e dos problemas identificados para intervir (Tavares, 1990). Através das observações realizadas em diferentes momentos, foi possível atender que na UCI de nível II onde foi realizado o estágio, o acolhimento é realizado pela Enfermeira Responsável de serviço (quando se encontra no serviço no turno da manhã). Dado o exposto, não é o enfermeiro responsável pelo doente a realizar o acolhimento e acompanhamento das visitas; de relevar também a ausência do mesmo nas reuniões de transmissão de informação com o médico, podendo levar a eventuais falhas no circuito de informações fornecidas, na continuidade de cuidados, limitando o papel do enfermeiro na prestação de apoio e/ou encaminhamento no contexto do acompanhamento das visitas à pessoa em situação crítica, sendo que tal ocorre por inexistência de sistematização do procedimento.

Pela relevância que a temática possui a nível institucional, e sendo a UCI uma das áreas de destaque na prestação de cuidados à pessoa em situação crítica, pensa-se que o presente PIS será uma mais-valia.

ESS – IPS - Eulália Luís, n.º 110519041

200

Definição do Problema de Enfermagem

A prestação de cuidados à pessoa em situação crítica não pode conduzir à perda de perspetiva do cuidar em enfermagem. Deste modo, procurou-se fazer coincidir o rigor técnico, baseado nos conhecimentos adquiridos, na pesquisa efetuada e na experiência profissional, com uma perspetiva humanista e global dos cuidados de enfermagem, assumindo como centro dos cuidados não apenas o doente, mas também a pessoas significativas, procurando desenvolver atividades e competências nos domínios verbais, procedimentais e atitudinais tal como foram definidos por Carvalho (2002).

O problema de enfermagem identificado que serviu de partida para a realização deste PIS foi a inexistência de norma de acolhimento e acompanhamento das visitas à pessoa em situação crítica na UCI.

No sentido de explorar esta temática, foi pedida autorização à Enfermeira Diretora da instituição para realização do presente estudo, que foi entregue previamente à realização do mesmo. A validação da temática foi necessária, tendo para este fim sido realizada uma entrevista semiestruturada à enfermeira responsável e efetuado um questionário aos elementos da equipa de enfermagem. Este questionário foi aplicado a 17 dos 21 profissionais de enfermagem da equipa da UCI, sendo que, o anonimato e a confidencialidade dos dados recolhidos são destinados única e exclusivamente à realização deste PIS.

Da análise de conteúdo da entrevista realizada, pôde-se concluir que a temática era de toda a pertinência, sendo inclusivamente um dos projetos que a Enfermeira Responsável da UCI pretendia propor para ser desenvolvido.

Do tratamento estatístico realizado aos questionários, podemos concluir:

5. Trata-se de uma equipa diversificada em termos de idades; perante os dados obtidos e tendo em conta a classificação de Patrícia Benner (2001), pode considerar-se a equipa da UCI como sendo formada por enfermeiros competentes e peritos, uma vez que 47% dos inquiridos tem mais de 6 anos de prestação de cuidados em contexto de cuidados intensivos, sendo que 35% tem entre 3 e 6 anos.