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INFLUÊNCIA DO EFEITO RELATIVO DA IDADE SOBRE AS

CARACTERÍSTICAS

ANTROPOMÉTRICAS

E

DESEMPENHO

7.1 Resumo

O propósito do presente estudo foi analisar o efeito da idade relativa (EIR) sobre características antropométricas e desempenho motor de jovens jogadores de futebol. A amostra foi composta de 146 jogadores de futebol, voluntários, do sexo masculino, das categorias Sub-13 (n = 50; 13,6 ± 0,3 anos), Sub-15 (n = 50; 15,5 ± 0,4 anos) e Sub-17 (n = 46; 17,7 ± 0,3 anos). Os sujeitos foram separados aleatoriamente de acordo com a categorização de idade cronológica em quadrimestres: 1˚ QDT (nascido entre janeiro e abril); 2˚ QDT (nascido entre maio e agosto); e 3˚ QDT (nascido entre setembro e dezembro), e submetidos a diferentes situações experimentais de forma transversal: 1) mensurações antropométricas, massa corporal (MC), estatura (ET), massa magra (MM) e gordura relativa (%G); 2) avaliação da idade óssea (IO); 3) testes motores para avaliação da resistência aeróbia (RA), velocidade (VL10m e VL30m), força de membros inferiores a partir de salto vertical (SV, SVCSMS e SVCCMS), resistência de velocidade (RSA) e índice de fadiga obtido a partir do teste de RSA (IFRSA). Os resultados do presente estudo demonstraram que as variáveis MC, ET e RSA apresentaram diferenças significativas entre o 1˚ QDT e 3˚ QDT, nas categorias Sub-13 e Sub-15 (P<0,05). Enquanto que para a variável MM diferenças significativas foram observadas apenas entre 1˚ QDT e 3˚ QDT da categoria Sub-13 (P<0,05). Por outro lado, nenhuma diferença significativa para a variáveis %G, SV, SVCSMS, SVCCMS, RA, VL10 m, VL30 m e IFRSA entre o 1˚ QDT, 2˚ QDT e 3˚ QDT foram observadas em todas as categoria analisadas (P>0,05). Ressalta-se que os valores das variáveis MC, ET, MM, SV, SVCSMS, SVCCMS, RA, RSA, VL10 m e VL30 m, foram significativamente diferentes entre os jogadores da categoria Sub-13 e Sub-17 nos diferentes quadrimestres (P<0,05). Observou-se nas três categorias analisadas, a prevalência de jogadores apresentando estado de maturidade normal nos três quadrimestres (Sub-13 = 72,0%; Sub-15 = 78,0%; Sub-17 = 95,0%). A partir dos achados do presente estudo podemos concluir que as categorias Sub-13 e Sub-15 sofreram influência do ERI apenas para as variáveis massa corporal, estatura e resistência de velocidade, enquanto que para a variável massa muscular isso ocorreu apenas na categoria Sub-13, o que possibilitou aos jogadores nascidos no 1˚ QDT (Jan-Abr) dessas categorias vantagens em relação aos nascidos no 3˚ QDT (Set-Dez).

7.2 Introdução

O processo de formação esportiva pode ter uma interferência decisiva na geração de futuros talentos no esporte, por isso é importante que as pesquisas ofereçam subsídios que possam orientá-lo. Publicações recentes têm destacado as limitações da identificação do talento e a necessidade de maior atenção com a promoção do talento esportivo (Abbott e Collins, 2004; Martindale, Collins e Daubney, 2005)

Entre as limitações observadas na identificação de talentos, destaca-se, especialmente durante a puberdade, a interferência do ritmo de desenvolvimento biológico na capacidade de desempenho do jovem (Ré, 2011). No futebol, a inclusão de jovens do sexo masculino em equipes de treinamento pode estar relacionada com a maturação física precoce, a qual influi na estatura, parâmetros fisiológicos e na quantidade de massa muscular que os meninos apresentam durante a adolescência e, teoricamente, pode facilitar o desempenho (Gravina et al., 2008; Figueiredo et al., 2009; Wong et al., 2009)

Como o ano de nascimento é utilizado como critério para o agrupamento das categorias competitivas na maioria dos países que adotam as regras da FIFA (Federação Internacional de Futebol Associado), os jovens nascidos nos primeiros meses do calendário podem ser beneficiados, particularmente em países que adotam o mês de Janeiro como o início da temporada esportiva, como no Brasil, pois apresentam maior idade cronológica e, consequentemente, maior probabilidade de estarem em estágios mais avançados de maturação biológica (Altimari et al., 2011; Costa, Albuquerque e Garganta, 2012)

Corroborando com essa hipótese, alguns estudos tem demonstrado que jovens em estágios maturacionais avançados em relação a indivíduos com maturação atrasada de um mesmo grupo de treinamento, apresentam vantagens no desempenho esportivo (Malina et al., 2004; Figueiredo et al., 2009).

Esse aspecto presente no processo de formação esportiva tem sido denominado pela literatura como ERI, e tem sido observado não apenas no futebol, mas também em diversos esportes (Musch e Grondin, 2001; Cobley et al., 2009). Ressalta-se que estudos recentes tem demonstrado que o ERI está presente na seleção de jogadores brasileiros e

esse efeito apresenta um crescimento progressivo ao longo das últimas décadas (Altimari et al., 2011; Costa, Albuquerque e Garganta, 2012).

Alguns estudos sugerem que jovens com maior idade cronológica podem apresentar vantagens nas características antropométricas, nas capacidades condicionais, além do conhecimento cognitivo e na capacidade psicológica (Vincent e Glamser, 2006; Malina et al., 2007; Sherar et al., 2007; Cobley et al., 2009; Delorme, Radel e Raspaud, 2010).

Estudo conduzido por Carling et al. (2009), sugere que as diferenças no tamanho corporal causadas pelo ERI exercem influência sobre a assimetria da distribuição dos meses de nascimento em jovens jogadores de futebol. Adicionalmente, Hirose (2009) constatou que, as assimetrias na distribuição dos meses de nascimento são resultado da relação com a maturação biológica, o que poderia indicar que os jogadores que amadurecem precocemente são favorecidos na seleção de jovens jogadores de futebol.

Desconsiderando que o futebol também é caracterizado por ações que envolvem capacidades motoras (força, velocidade, potência e resistência) indispensáveis para desempenho no campo de jogo, os estudos tem se limitado a análises apenas da relação entre os meses de nascimento e estruturas corporais (ex. massa corporal e estatura), alguns poucos analisando o estado maturacional. Além disso, os estudos não têm investigado como a fadiga muscular pode ser influenciada pelo ERI.

Assim, o objetivo deste estudo foi analisar o efeito relativo da idade sobre as características antropométricas e o desempenho motor em jovens jogadores de futebol.

7.3 Materiais e métodos

7.3.1 Delineamento experimental

Os estudos mais recentes envolvendo jovens jogadores de futebol que tem investigado assimetrias pelo ERI, sinalizam para um possível favorecimento na seleção de jogadores, particularmente os maturados precocemente. Assim, tem-se apontado para necessidade de estudos mais aprofundados que visem detectar e analisar o período maturacional no qual o atleta se encontra dentro da categoria específica, bem como as alterações de aspectos morfológicos e funcionais específicos da modalidade futebol, com o objetivo de aceitar a variabilidade individual e planejar o treinamento dos jovens atletas respeitando suas particularidades. Para isso, os sujeitos do presente estudo foram separados de acordo com a categorização de idade cronológica em quadrimestres, sendo que o primeiro quadrimestre (1˚ QDT) foi composto pelos jovens nascido entre janeiro e abril; o segundo quadrimestre (2˚ QDT) foi composto pelos jovens nascido entre maio e agosto, e o terceiro 3˚ quadrimestre (3˚ QDT) composto pelos jovens nascido entre setembro e dezembro.

Inicialmente, os sujeitos foram submetidos a avaliação antropométrica (estatura, massa corporal e medidas de espessuras de dobras cutâneas para estimar a composição corporal). No dia seguinte, deu-se início a realização dos testes motores. Ressalta-se que os mesmos foram submetidos anteriormente aos testes utilizados para fim de familiarização aos protocolos dos testes e equipamentos. Posteriormente foram feitas as radiografias da região de punho para avaliação da maturação óssea.

7.3.2 Sujeitos

A amostra foi composta de 146 jogadores de futebol, voluntários, do sexo masculino, das categorias Sub-13 (n = 50; 13,6 ± 0,3 anos), Sub-15 (n = 50; 15,5 ± 0,4 anos) e Sub-17 (n = 46; 17,7 ± 0,3 anos), envolvidos em programa de treinamento de futebol de campo a mais de 6 anos e com participação ativa em competições regionais e

estatuais. Os sujeitos realizavam pelo menos quatro sessões de treinamento por semana, além dos jogos competitivos oficiais realizados nos finais de semana. As avaliações foram realizadas no início da fase de preparação da periodização designada para a temporada.

Todos os atletas e responsáveis foram convenientemente informados sobre a proposta do estudo e os procedimentos aos quais foram submetidos, e em seguida assinaram declaração de consentimento livre e esclarecido.

7.3.3 Medidas antropométricas e composição corporal

A massa corporal foi medida em uma balança digital modelo PS 180® (Urano™, RS, Brasil), e a estatura foi determinada em um estadiômetro de alumínio Standard Sanny® (Sanny™, SP, Brasil) de acordo com padronização de Gordon et al. (1988). Os valores de massa magra (MM) e gordura corporal relativa (%G) foram estimados a partir de medidas de espessuras de dobras cutâneas triciptal e panturrilha média medidas do lado direito do corpo, por um único avaliador com um adipômetro científico da marca Lange® (Cambridge Scientific Instruments™, MD, USA), de acordo com as técnicas descritas por Heyward e Stolarczyk (2004). O valor mediano foi obtido a partir de três medidas em cada ponto, realizadas em sequência rotacional. O %G foi calculado a partir de equações específicas proposta por Slaughter et. (1988).

7.3.4 Avaliação maturacional

Para avaliação da idade maturacional utilizou-se o método proposto por Greulich e Pyle (1959), onde foi determinada a idade óssea a partir de radiografias da região de punho e mão esquerdos de cada jogador, e foi realizada por um médico especialistas.

Os sujeitos foram agrupados em categorias de maturação avançada, normal e atrasada com base na diferença entre idade óssea (IO) e idade cronológica (IC). Um sujeito cuja diferença entre IO e IC estava dentro do intervalo ± 1 ano foi classificado como

normal. Um sujeito cuja idade óssea estava avançada relativamente à sua idade cronológica em mais de um ano foi classificado como avançado. Um sujeito cuja idade óssea estava atrasada relativamente à idade cronológica em mais de um ano foi classificado como atrasado. Os critérios de classificação são semelhantes aos adotados em estudos anteriores (Malina et al., 2004, Figueiredo et al., 2009).

7.3.5 Testes motores

A resistência aeróbia dos jovens atletas foi medida por meio do teste Yo-Yo intermitente recovery nível 1 (YYIR1), sendo calculado para cada atleta o VO2pico,

estimado pela equação proposta por Bangsbo, Iaia e Krustrup (2008).

Para avaliação da velocidade de deslocamento, foi aplicado o teste de corrida com distâncias fixas de 10 e 30 m, como sugerido por Le Gall, Beillot e Rochcongar (2002). O teste consistiu em realizar o esforço na maior velocidade possível. Foi utilizada célula fotoelétrica Multi Sprint® (Hidrofit™, MG, Brasil) com altura aproximadamente de 0,6m, e nos 10 (T10m) e 30m (T30m) para cronometragem dos tempos em segundos para a aferição da velocidade nos 10 e nos 30 m. O intervalo adotado entre os testes T10m e T30m foi de pelo menos 30 minutos, onde os atletas realizaram duas tentativas em cada teste, com intervalo de 10 minutos entre as tentativas. Como parâmetro de análise foi utilizando o melhor resultado entre as duas tentativas.

Também foram realizadas três técnicas diferentes de saltos verticais, propostas por Bosco et al. (1995): Salto vertical máximo partindo da posição de semi-agachamento, sem auxílio dos membros superiores (SV); Salto vertical máximo, com contramovimento sem auxílio dos membros superiores (SVCSMS) e o Salto vertical máximo, com contramovimento com auxílio dos membros superiores (SVCCMS). Para a realização dos testes de salto foi utilizado um tapete de contato Multi Sprint® (Hidrofit™, MG, Brasil). Todos os sujeitos realizaram três tentativas em cada tipo de salto, sendo utilizada como melhor resultado o equivalente à melhor tentativa.

O teste de resistência de velocidade (RSA) consistiu em seis sprints de 40m (20m + 20m, ida e volta) utilizando-se de uma célula fotoelétrica Multi Sprint® (Hidrofit™,

MG, Brasil), e separados por 20s de recuperação passiva como proposto por Impellizzeri et al. (2008). As variáveis analisadas foram a média de tempo dos sprints (RSA médio) e a queda de desempenho ao longo dos sprints (índice de fadiga/IF) (Impellizzeri et al., 2008). O IF foi calculado pela divisão do RSA médio pelo RSA best, expresso em porcentagem.

Vale ressaltar que, o intervalo entre as sessões de testes foi de 48 h. Todos os testes foram realizados em um campo de futebol com os indivíduos realizando os testes calçando chuteiras, e vestindo calção buscando reproduzir ao máximo a situação real de treino/jogo. Além disso, os sujeitos foram orientados a não realizarem treinamentos nos dias de testes antes desses ou qualquer outra atividade física vigorosa, bem como, ingerir substâncias cafeinadas (café, chocolate, mate, pó-de-guaraná, coca-cola e guaraná) ou alcoólicas nas 24 horas precedentes ao teste, para evitar possíveis interferências.

7.3.6 Fadiga neuromuscular

Durante teste de resistência de velocidade (RSA) os sinais eletromiográficos (EMG) dos músculos Reto Femoral (RF), Semitendíneo (ST) e Bíceps Femoral de cabeça longa (BF) do lado dominante dos atletas foram monitorados por eletromiógrafo de oito canais com sistema de telemetria (modelo TeleMyo®, Noraxon™, AZ, USA), o que permitiu a realização de ações motoras exigidas no futebol em ambiente natural. A frequência de aquisição dos sinais EMG foi estabelecida em 2000 Hz e o filtro passa-banda foi de 20-500 Hz, com limites de entrada dos sinais estabelecidos em ± 5 V. Para a captação dos sinais foi utilizado o software MRXP Basic Edition® (Noraxon™, AZ, USA).

Para a coleta dos sinais EMG, foram utilizados eletrodos ativos (Noraxon™, AZ, USA) e a relação do modo comum de rejeição (CMRR) foi > 95 dB. Após realização de assepsia dos locais com álcool seguido de curetagem para reduzir a impedância da pele, os eletrodos foram colocados nos músculos RF, ST e BF sendo à distância inter-eletrodos fixada previamente pelo fabricante em dois centímetros (centro a centro) (Merletti, 1999). Foi utilizada uma fita adesiva para a fixação dos eletrodos sobre a pele. O eletrodo de referência (terra) foi posicionado na borda anterior da crista ilíaca do membro dominante

do avaliado. A localização dos pontos anatômicos para colocação dos eletrodos nos músculos analisados obedeceram a padronização proposta por (Hermens et al., 2000).

Para análise dos sinais EMG dos músculos RF, ST e BF foram utilizados valores médios de frequência mediana (FM) determinada pela técnica de short-time Fourier transform (STFT), em cada um dos 6 sprints, normalizados pela FM inicial (1 s) que foram processados no ambiente de simulação matemática Matlab 7.0® (Mathworks™, MA, EUA). A taxa de fadiga dos músculos estudados foi determinada por procedimento de regressão linear, obtida pela inclinação da reta (slope) entre a FM normalizada de cada um dos 6 sprints e a duração do teste de RSA de acordo com Ng et al. (1996). A fadiga neuromuscular foi obtida de forma integrada a partir dos músculos estudados [RF+ST+BF/3].

7.3.7 Análises estatísticas

Os dados obtidos foram tratados inicialmente a partir de estatística descritiva e apresentados em valores de média (desvio-padrão). Posteriormente os dados antropométricos, de composição corporal e os parâmetros de desempenho motor foram tratados a partir de análise de variância (ANOVA) two-way, seguido pelo teste Post-hoc de scheffé. As correlações entre os parâmetros analisados foram estabelecidas pelo coeficiente de correlação de Pearson. O nível de significância adotado para todas as análises foi de 5%.

7.4 Resultados

Na tabela 1B é apresentada a distribuição dos jogadores de futebol das categorias Sub-13, Sub-15 e Sub-17, de acordo com o quadrimestre de nascimento.

Tabela 1B - Frequência de distribuição dos sujeitos estudados em cada categoria, de acordo com o quadrimestre de nascimento.

1˚ QDT (Jan- Abr) 2˚ QDT (Mai- Ago) 3˚ QDT (Set-Dez) Total Sub-13 16 18 16 50 Sub-15 17 17 16 50 Sub-17 15 16 15 46

Na tabela 2A estão descritos os valores das variáveis antropométricas e de composição corporal das categorias Sub-13, Sub-15 e Sub-17 agrupados nos 1˚ QDT, 2˚ QDT e 3˚ QDT. Diferenças significativas foram observadas para as variáveis estatura e massa corporal entre 1˚ QDT e 3˚ QDT, nas categorias Sub-13 e Sub-15 (P<0,05).

Para a variável massa magra diferenças significativas foram observadas apenas entre 1˚ QDT e 3˚ QDT da categoria Sub-13 (P<0,05). Por outro lado, não se observou diferenças significativas para a variável gordura relativa (%) entre os QDT, em todas as categoria analisadas (P>0,05).

Constatou-se também que os jogadores da categoria Sub-13 apresentaram menores valores de estatura, massa corporal e massa magra, em relação aos jogadores da categoria Sub-15 e Sub-17 nos diferentes quadrimestres (P<0,05). No entanto, não se constatou diferenças significativas para a variável gordura relativa (%) entre as categoria analisadas (P>0,05).

Tabela 2A – Valores (média ± DP) dos parâmetros antropométricos e de composição

corporal.

Variáveis Sub-13 Sub-15 Sub-17

Estatura (cm) 1˚ QDT (Jan-Abr) 165,9 ± 4,3* † 171,9 ± 4,9† 176,0 ± 5,2 2˚ QDT (Mai-Ago) 163,6 ± 4,6* 168,7 ± 5.0 173,6 ± 5,1 3˚ QDT (Set-Dez) 161,2 ± 4,6* 166,9 ± 4,9 172,1 ± 5,2 Massa Corporal (kg) 1˚ QDT (Jan-Abr) 57,5 ± 3,7*† 61,8 ± 4.0† 65,4 ± 3,9 2˚ QDT (Mai-Ago) 56,2 ± 3,5* 60,6 ± 4,0 64,2 ± 4,0 3˚ QDT (Set-Dez) 53,7 ± 3,5* 57,8 ± 3,9 62,0 ± 4,2 Gordura relativa (%) 1˚ QDT (Jan-Abr) 15,3 ± 2,6 14,4 ± 2,2 13,4 ± 3,0 2˚ QDT (Mai-Ago) 14,7 ± 2,5 14,2 ± 2,3 13,0 ± 2,5 3˚ QDT (Set-Dez) 14,1 ± 3,0 13,9 ± 2,9 12,9 ± 2,7 Massas magra (kg) 1˚ QDT (Jan-Abr) 49,4 ± 2,8* † 52,8 ± 2,9 56,3 ± 3,1 2˚ QDT (Mai-Ago) 48,1 ± 2,9* 52,2 ± 3,0 55,1 ± 3,1 3˚ QDT (Set-Dez) 46,3 ± 3,0* 50,4 ± 2,9 53,2 ± 3,0

Nota: *Diferenças estatisticamente significativas entre a categoria Sub-13 e as categorias Sub-15 e Sub-17 (P<0,05). †Diferenças estatisticamente significativas entre o 1˚ QDT e o 3˚ QDT na mesma categoria (P<0,05).

Na tabela 3 são apresentados os valores de frequência absoluta e relativa referente a classificação do estado maturacional dos jogadores das categorias Sub-13, Sub- 15 e Sub-17 agrupados nos quadrimestres 1˚ QDT, 2˚ QDT e 3˚ QDT. Observou-se nas três categorias analisadas, a prevalência de jogadores apresentando estado de maturidade normal nos três quadrimestres (Sub-13 = 72,0%; Sub-15 = 78,0%; Sub-17 = 95,0%).

Tabela 3 – Valores de frequência absoluta (F) e relativa (FR) da classificação do estado

maturacional.

Categorias Atrasado Normal Avançado Total

F FR (%) F FR (%) F FR (%) Sub-13 1˚ QDT (Jan-Abr) 1 6,0 11 69,0 4 25,0 16 2˚ QDT (Mai-Ago) 3 17,0 13 72,0 2 11,0 18 3˚ QDT (Set-Dez) 3 19,0 12 75,0 1 6,0 16 Total 7 36 7 50 Sub-15 1˚ QDT (Jan-Abr) 0 0,0 14 82,0 3 18,0 17 2˚ QDT (Mai-Ago) 3 17,0 13 77,0 1 6,0 17 3˚ QDT (Set-Dez) 2 12,0 12 76,0 2 12,0 16 Total 5 39 7 50 Sub-17 1˚ QDT (Jan-Abr) 0 0,0 15 100,0 0 0,0 15 2˚ QDT (Mai-Ago) 1 6,0 15 94,0 0 0,0 16 3˚ QDT (Set-Dez) 1 7,0 14 93,0 0 0,0 15 Total 2 44 46

Os dados dos indicadores de força de membros inferiores obtidos a partir dos testes SV, SVCSMS e SVCCMS são apresentados na figura 1B. Nenhuma diferença significativa entre o 1˚ QDT, 2˚ QDT e 3˚ QDT foi observada para as categorias Sub-13, Sub-15 e Sub-17 (P>0,05). No entanto, os jogadores da categoria Sub-13 apresentaram menores valores de SV, SVCSMS e SVCCMS em relação aos jogadores da categoria Sub- 15 e Sub-17 nos diferentes quadrimestres (P<0,05), demonstrando um menor desempenho nos indicadores de força de membros inferiores.

Figura 1B - Valores (média ± DP) dos parâmetros obtidos a partir da realização dos testes

motores para avaliação da força de membros inferiores. Nota: 1˚ QDT (Jan-Abr), 2˚ QDT (Mai-

Ago), 3˚ QDT (Set-Dez). SV = Salto vertical sem auxílio dos membros superiores, SVCSMS = Salto vertical com contramovimento sem auxílio dos membros superiores, SVCCMS = Salto vertical com contramovimento com auxílio dos membros superiores. *Diferenças estatisticamente significativas entre as categorias Sub-13 e Sub-17 (P<0,05).

Na tabela 4 são apresentados os indicadores obtidos a partir dos testes motores para avaliação da resistência aeróbia e resistência de velocidade das categorias Sub-13, Sub-15 e Sub-17, agrupados nos quadrimestres 1˚ QDT, 2˚ QDT e 3˚ QDT.

Em relação a resistência aeróbia, nenhuma diferença significativa entre o 1˚ QDT, 2˚ QDT e 3˚ QDT foi observada para as categorias Sub-13, Sub-15 e Sub-17 (P>0,05). No entanto, os jogadores da categoria Sub-13 apresentaram menor resistência aeróbia em relação aos jogadores da categoria Sub-17 nos diferentes quadrimestres (P<0,05).

Por outro lado, para a resistência de velocidade foi constatado diferenças significativas entre 1˚ QDT e 3˚ QDT das categorias Sub-13 e Sub-15 (P<0,05). Além disso, os valores de resistência de velocidade apresentados pelos jogadores Sub-17 se mostraram significativamente menores quando comparada aos jogadores da categoria Sub- 13 e Sub-15 nos diferentes quadrimestres (P<0,05).

Tabela 4 – Valores (média ± DP) dos indicadores obtidos a partir da realização dos testes

motores indicadores de resistência aeróbia (RA) e resistência de velocidade (RSA).

Variáveis Sub-13 Sub-15 Sub-17

RA (ml.kg.min-1) 1˚ QDT (Jan-Abr) 43,1 ± 3,3* 46,9 ± 3,9 51,0 ± 4,0 2˚ QDT (Mai-Ago) 41,9 ± 3,6* 45,9 ± 3,8 50,0 ± 3,7 3˚ QDT (Set-Dez) 40,4 ± 4,0* 44,0 ± 4,9 49,1 ± 4,2 RSA (s) 1˚ QDT (Jan-Abr) 7,80 ± 0,25 7,38 ± 0,27 † 7,08 ± 0,27 2˚ QDT (Mai-Ago) 7,92 ± 0,25 7,67 ± 0,28 7,16 ± 0,25 3˚ QDT (Set-Dez) 8,09 ± 0,26 7,79 ± 0,26 7,34 ± 0,28

Nota: *Diferenças estatisticamente significativas entre as categorias Sub-13 e Sub-17 (P<0,05). †Diferenças estatisticamente significativas entre o 1˚ QDT e o 3˚ QDT na mesma categoria (P<0,05). ‡Diferenças estatisticamente significativas entre a categoria Sub-17 e as categorias Sub-13 e Sub-15 (P<0,05).

Na tabela 5 é apresentada a relação entre a fadiga neuromuscular obtida a partir da taxa de fadiga dos músculos RF, ST e BF, individualmente e integrados [RF+ST+BF/3], e o IFRSA de jogadores de futebol. Os resultados da análise de correlação entre a taxa de

fadiga dos músculos RF, ST e BF, individualmente e integrados, e o IFRSA apresentaram altos e significantes valores de correlação que variaram entre r=0,85 a r=0,90 (P<0,05).

Tabela 5 - Relação (r) entre a fadiga neuromuscular obtida a

partir da taxa de fadiga dos músculos RF, ST e BF, individualmente e integrados, e o IFRSA dos jogadores de futebol (n=52). Músculos IFRSA (%) RF (slope) r=0.90; P<0,05 ST (slope) r=0.85; P <0,05 BF (slope) r=0.86; P <0,05 Integrados (slope) r=0.87; P <0,05

Ao analisar o índice de fadiga obtido no teste de resistência de velocidade - RSA (IFRSA), não foram constatadas diferenças significativas entre os quadrimestres nas três categorias investigadas (P>0,05) (Figura 2B). Da mesma forma, não foram observadas diferenças significantes para o IFRSA entre os jogadores da categoria Sub-13, Sub-15 e Sub-17, nos diferentes quadrimestres (P<0,05).

Figura 2B - Índice de fadiga (média ± DP) obtido no teste de resistência de velocidade (IFRSA), realizado

Na figura 3B são apresentados os dados obtidos a partir dos testes motores de velocidade das categorias Sub-13, Sub-15 e Sub-17, agrupados nos quadrimestres 1˚ QDT, 2˚ QDT e 3˚ QDT. Nenhuma diferença significativa foi observada nos valores de VL10 m e VL30 m, entre os 1˚ QDT, 2˚ QDT e 3˚ QDT em todas as categorias (P>0,05). Observou-se ainda que, os jogadores da categoria Sub-13 apresentaram tempos maiores nos testes de velocidade que os jogadores das categorias Sub-15 e Sub-17, em todos os quadrimestres (P<0,05).

Figura 3B - Valores (média ± DP) obtidos a partir da realização dos testes motores de velocidade de 10 m

(VL10 m) e 30 m (VL30 m). Nota: 1˚ QDT (Jan-Abr), 2˚ QDT (Mai-Ago), 3˚ QDT (Set-Dez). *Diferenças estatisticamente significativas entre as categorias Sub-13 e Sub-17 (P<0,05).

7.5 Discussão

Considerando que alguns estudos têm indicado que o ERI parecem exercer influência na seleção de jovens atletas, podendo influenciar até mesmo a composição de equipes na idade adulta (Musch e Grondin, 2001; Cobley et al., 2009), bem como da necessidade de se entender possíveis implicações da maturação biológica nesse processo (Malina et al., 2004) o objetivo da presente investigação foi o efeito relativo da idade sobre as características antropométricas e o desempenho motor em jovens jogadores de futebol.

Um importante estudo de Helsen, Van Winckel e Williams (2005), envolvendo jogadores de futebol europeus das categorias sub-15 a sub-18, apresentou uma prevalência de nascidos no primeiro trimestre do ano competitivo. Adicionalmente, estudos mais recentes tem confirmado esses achados em jovens jogadores de futebol amadores e profissionais que disputam campeonatos Europeus (Williams, 2010; Helsen et al., 2012).

Estudos recentes tem constatado o ERI na seleção de talentos para o futebol brasileiro. Altimari et al. (2011) demonstraram que jogadores convocados para as seleções brasileiras de futebol das categorias Sub-14 à Sub-18, apresentaram um maior número de atletas nascidos no primeiro quadrimestre. Essa tendência também foi observada quando analisada um amostra (202.951 jogadores) significativa de jogadores profissionais

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