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Idade relativa : implicações sobre características antropométricas e desempenho motor de jovens jogadores de futebol

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(1)

JULIANA MELO ALTIMARI

IDADE RELATIVA: IMPLICAÇÕES SOBRE CARACTERÍSTICAS

ANTROPOMÉTRICAS E DESEMPENHO MOTOR DE JOVENS

JOGADORES DE FUTEBOL

Campinas

2014

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA

JULIANA MELO ALTIMARI

IDADE RELATIVA: IMPLICAÇÕES SOBRE CARACTERÍSTICAS

ANTROPOMÉTRICAS E DESEMPENHO MOTOR DE JOVENS

JOGADORES DE FUTEBOL

Tese de Doutorado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas, como parte dos requisitos exigidos para obtenção do título de Doutora em Educação Física, na área de concentração Biodinâmica do Movimento e do Esporte.

Este exemplar corresponde à versão final da Tese defendida por Juliana Melo Altimari e orientada pelo Prof. Dr. Antonio Carlos de Moraes.

______________________________

Campinas

2014

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Dulce Inês Leocádio dos Santos Augusto - CRB 8/4991

Altimari, Juliana Melo,

AL79r AltIdade relativa : implicações sobre características antropométricas e desempenho motor de jovens jogadores de futebol / Juliana Melo Altimari. – Campinas, SP : [s.n.], 2014.

AltOrientador: Antonio Carlos de Moraes.

AltTese (doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação Física.

Alt1. Futebol. 2. Maturação. 3. Fadiga. 4. Jovens. I. Moraes, Antonio Carlos. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Educação Física. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Relative age : implications on anthropometric characteristics and

motor performance of young soccer players

Palavras-chave em inglês:

Soccer Maturation Fatigue Young

Área de concentração: Biodinâmica do Movimento e Esporte Titulação: Doutora em Educação Física

Banca examinadora:

Antonio Carlos de Moraes [Orientador] Claudinei Ferreira dos Santos

Charles Ricardo Lopes Ezequiel Moreira Gonçalves Miguel de Arruda

Data de defesa: 25-02-2014

Programa de Pós-Graduação: Educação Física

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Campinas, Campinas, 2014.

Resumo

Este estudo analisou o efeito da idade relativa (EIR) sobre características antropométricas e desempenho motor de jovens jogadores de futebol. Para tanto, foram conduzidos dois estudos. No estudo 1 a amostra foi composta de 400 jogadores de futebol (15,4 ± 0,4 anos) da categoria Sub-15 que participaram da 10° Copa Brasil de Futebol Sub-15. As datas de nascimento, bem como as medidas antropométricas massa corporal (MC), estatura (ET), foram obtidas a partir de dados relatados pelas equipes na ficha de inscrição de cada atleta à organização do evento e a CBF. No estudo 2 a amostra foi composta de 146 jogadores de futebol das categorias Sub-13 (n = 50; 13,6 ± 0,3 anos), Sub-15 (n = 50; 15,5 ± 0,4 anos) e Sub-17 (n = 46; 17,7 ± 0,3 anos). Os sujeitos foram submetidos a diferentes situações experimentais de forma transversal: 1) mensurações antropométricas MC, ET, massa magra (MM) e gordura relativa (%G); 2) avaliação da idade óssea (IO); 3) testes motores para avaliação da resistência aeróbia (RA), velocidade (VL10m e VL30m), força de membros inferiores a partir de salto vertical (SV, SVCSMS e SVCCMS), resistência de velocidade (RSA) e índice de fadiga obtido a partir do teste de RSA (IFRSA). Em ambos os estudos os jogadores foram separados de acordo com a categorização de idade cronológica por quadrimestres, 1˚ quadrimestre (1˚ QDT), jovens nascidos entre janeiro e abril; 2˚ quadrimestre (2˚ QDT), jovens nascidos entre maio e agosto e 3˚ quadrimestre (3˚ QDT), jovens nascidos entre setembro e dezembro. Para o tratamento estatístico foram empregados teste não paramétrico do qui-quadrado (X2), análise de variância (ANOVA) two-way, seguido pelo teste Post-hoc de Scheffé. As correlações entre os parâmetros analisados foram estabelecidas pelo coeficiente de correlação de Pearson. O nível de significância adotado para todas as análises foi de 5%. Os resultados do primeiro estudo demonstram um maior número jogadores nascidos nos primeiros meses do ano (1˚ QDT > 2˚ QDT > 3º QDT, P<0,05). Da mesma forma, constatou-se valores significativamente maiores para as variáveis ET e MC dos jogadores nascidos nos primeiros meses do ano (1˚ QDT > 2˚ QDT > 3º QDT, P<0,05). No segundo estudo observou-se que as variáveis MC, ET e RSA apresentaram diferenças significativas entre o 1˚ QDT e 3˚ QDT, nas categorias Sub-13 e Sub-15 (P<0,05). Enquanto que para a variável MM diferenças significativas foram observadas apenas entre 1˚ QDT e 3˚ QDT da categoria Sub-13 (P<0,05). Por outro lado, nenhuma diferença significativa para a variáveis %G, SV, SVCSMS, SVCCMS, RA, VL10 m, VL30 m e IFRSA entre o 1˚ QDT, 2˚ QDT e 3˚ QDT foram observadas em todas as categoria analisadas (P>0,05). Ressalta-se que os valores das variáveis MC, ET, MM, SV, SVCSMS, SVCCMS, RA, RSA, VL10 m, VL30 m, foram significativamente diferentes entre os jogadores da categoria Sub-13 e Sub-17 nos diferentes quadrimestres (P<0,05). Constatou-se também que os jogadores da categoria Sub-13 apresentaram menores valores de estatura, massa corporal e massa magra, em relação aos jogadores da categoria Sub-15 e Sub-17 nos diferentes quadrimestres (P<0,05). Observou-se nas três

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jogadores brasileiros de elite e que este efeito está associado as características antropométricas estatura e massa corporal. Corroborando com esses achados, os resultados do segundo estudo apontam para influência do ERI nas categorias Sub-13 e Sub-15 para as variáveis massa corporal, estatura e resistência de velocidade, enquanto que para a variável massa muscular isso ocorreu apenas na categoria Sub-13, possibilitando aos jogadores nascidos no 1˚ QDT (Jan-Abr) dessas categorias vantagens em relação aos nascidos no 3˚ QDT (Set-Dez).

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Campinas, 2014.

Abstract

This study examined the effect of relative age (ERA) on anthropometric characteristics and motor performance of young soccer players. To this end, two studies were conducted. In the study, a sample composed of 400 soccer players (15.4 ± 0.4 years) of the U-15 category who participated in the 10th World Cup Football Brazil U-15. Dates of birth and anthropometric measures body mass (BM) and height (H) were obtained from data reported by the teams on the registration form for each athlete to the event organization and CBF. The second study sample was composed of 146 soccer players in the categories U-13 (n = 50, 13.6 ± 0.3 years), U-15 (n = 50, 15.5 ± 0.4 years) and U-17 (n = 46, 17.7 ± 0.3 years). The subjects were submitted to different experimental situations across the board: 1) anthropometric measurements BM, H, lean mass (LM) and fat percent (BF%), 2) assessment of bone age (BA) and 3) motor tests to evaluate aerobic endurance (AE), speed (S10 m and S30 m), lower limb strength from vertical jump (VJ, VJCWUL and VJ SVCAUL), repeated sprint ability (RSA) and fatigue index obtained from the RSA test (FIRSA). In both studies the players were separated according to the categorization of chronological age by four, quarter 1˚ (1˚ QT ), young people born between January and April; quarter 2˚ (2˚ QT), young people born between May and August and 3˚ quarter (3˚ QT), young people born between September and December. For statistical treatment nonparametric chi-square (X2) analysis of variance (ANOVA) two-way, followed by post- hoc Scheffé test were used. Correlations between parameters were established by Pearson's correlation coefficient. The significance level for all analyzes was 5%. The results of the first study show a greater number of players born in the first months of the year (1˚ QT > 2˚ QT > 3˚ QT, P<0.05). Likewise, we found significantly higher values for the variables BM and H players born in the first months of the year (1˚ QT > 2˚ QT > 3˚ QT, P< 0.05). In the second study, it was observed that the BM, H and RSA variables showed significant differences between the 1˚ QT and 3˚ QT in categories U-13 and U-15 (P<0.05). While for the variable LM significant differences were found between 1˚ QT and 3˚ QT category U-13 (P<0.05). On the other hand, no significant difference for the variables BF%, VJ, VJCWUL, VJ SVCAUL, AE, S10 m, S30 m and IFRSA me between 1˚ QT, 2˚ QT and 3˚ were observed in every category analyzed (P>0.05). It is noteworthy that the values of BM, H and RSA LM, VJ, VJCWUL, VJ SVCAUL, AE, RSA, S10 m, S30 m, variables were significantly different between the players of the category U-13 and U-17 in different quarters (P< 0.05). It was also found that the players of U-13 category had significantly lower height, body mass and lean mass in relation to the category of players U-15 and U-17 in different quarters (P< 0.05). Observed in the three categories analyzed, the prevalence of players showing normal state of maturity in each four (13 = 72.0 %, 15 = 78.0 %, U-17 = 95.0 %). The findings of the first study suggest that the ERA influences the selection of young Brazilian elite players and that this effect is associated with anthropometric

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U-13, allowing players born in 1˚ QDT (Jan-Apr) of these categories advantages compared to those born at 3˚ QDT (Sep-Dec).

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1 INTRODUÇÃO...01

2 JUSTIFICATIVA...04

3 ESTRUTURA DA TESE E OBJETIVOS...05

4 REFERENCIAL TEÓRICO...06

4.1 Maturação biológica...06

4.2 Maturação biológica e antropometrica...07

4.3 Maturação biológica e capacidades motoras...10

4.4 Maturação biológica e desempenho no futebol...13

4.5 Efeito relativo da idade...15

4.6 Fadiga muscular, eletromiografia e desempenho no futebol...17

5 MATERIAIS E MÉTODOS...19

5.1 Estudo 1...19

5.1.1 Amostra...19

5.1.2 Delineamento experimental...20

5.1.3 Antropometria e data de nascimento...20

5.1.4 Tratamento estatístico...20

5.2 Estudo 2...21

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5.2.4 Avaliação da idade maturacional...23

5.2.5 Teste de Yo-Yo intermitente recovery...24

5.2.6 Teste de velocidade...25

5.2.7 Testes de salto...25

5.2.8 Teste de resistência de velocidade...26

5.2.9 Coleta e processamento dos sinais EMG...27

5.2.10 Tratamento estatístico...31

6 ARTIGO 1: DISTRIBUIÇÃO DO MÊS DE NASCIMENTO E MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS DE JOGADORES DE FUTEBOL PARTICIPANTES DA COPA BRASIL DE FUTEBOL SUB-15...31

7 ARTIGO 2: INFLUÊNCIA DO EFEITO RELATIVO DA IDADE SOBRE AS CARACTERÍSTICAS ANTROPOMÉTRICAS E DESEMPENHO MOTOR DE JOVENS JOGADORES DE FUTEBOL...44 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS...69 REFERÊNCIAS...70 APÊNDICES...80 ANEXOS...83

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Dedico este trabalho a Deus, pela minha vida, saúde, proteção e sabedoria. A minha mãe Selma de Melo, pelo incentivo e esforço realizado para que eu finalizasse mais esta etapa da vida. Ao meu esposo Leandro Ricardo Altimari, pela presença constante em todos os momentos da realização desse trabalho. E aos meus filhos amados Kauan e Benjamin Altimari, razão disso tudo.

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Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Antonio Carlos de Moraes por ter me dado a oportunidade de concretizar mais uma etapa profissional, sendo presente na realização do meu trabalho e em muitos momentos vividos dentro da instituição. Agradeço a sua amizade!

Aos professores Dr. Claudinei Ferreira dos Santos, Dr. Charles Ricardo Lopes, Dr. Ezequiel Moreira Gonçalves e Dr. Miguel de Arruda, por terem aceitado fazer parte da comissão julgadora, contribuindo fortemente para a execução da Tese.

À Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas e Capes, pelo investimento na minha capacitação profissional e a Fapesp pelo apoio financeiro para que pudéssemos concretizar esse estudo.

Ao corpo docente e aos funcionários da Faculdade de Educação Física da Unicamp, pelo convívio e pelos auxílios prestados durante a realização do curso.

Aos clubes Junior Team Futebol, Terra Vermelha Futebol Clube, Cincão Esporte Clube, Paraná Soccer Technical Center, Londrina Esporte Clube, São José Esporte Clube da cidade de São José dos Campos, a Liga de Futebol de Londrina, a Federação Paranaense de Futebol e a Confederação Brasileira de Futebol, que disponibilizaram todo o espaço físico, atletas e informações necessárias para a execução do experimento.

Aos técnicos, preparadores físicos, dirigentes e em especial aos atletas, que participaram voluntariamente como indivíduos desse estudo.

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Figura 1 - Desenho esquemático do teste YYIR1...24

Figura 2 - Desenho esquemático do teste de sprints repetidos...26

Figura 3 - Exemplo para um indivíduo da obtenção da frequência mediana do músculo Reto Femoral em um dos 6 sprints do teste de RSA...29

Figura 4 - Exemplo para um indivíduo da obtenção do sinal EMG do músculo Reto Femoral nos 6 sprints do teste de RSA...29

Figura 1A - Distribuição do mês de nascimento dos jogadores de futebol...37

Figura 2A - Valores de estatura dos jogadores de futebol...38

Figura 3A - Valores de peso corporal dos jogadores de futebol...38

Figura 1B - Valores dos parâmetros obtidos a partir da realização dos testes motores para avaliação da força de membros inferiores...56

Figura 2B - Índice de fadiga obtido no teste de resistência de velocidade, realizado pelos jogadores de futebol...58

Figura 3B - Valores obtidos a partir da realização dos testes motores de velocidade de 10m e 30m...59

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Tabela 1 - Equipes que participaram da Copa Brasil de Futebol Sub-15...19

Tabela 2 – Distribuição dos sujeitos estudados em cada categoria, de acordo com o

quadrimestre de nascimento...21

Tabela 1A - Equipes que participaram da Copa Brasil de Futebol Sub-15...35

Tabela 1B – Frequência de distribuição dos sujeitos estudados em cada categoria, de acordo com o quadrimestre de nascimento...53

Tabela 2A – Valores dos parâmetros antropométricos e de composição corporal...54

Tabela 3 – Valores de frequência absoluta e relativa da classificação do estado

maturacional...55

Tabela 4 – Valores dos indicadores obtidos a partir da realização dos testes motores

indicadores de resistência aeróbia e resistência de velocidade...57

Tabela 5 - Relação entre a fadiga neuromuscular obtida a partir da taxa de fadiga dos

músculos RF, ST e BF, individualmente e integrados, e o IFRSA dos jogadores de futebol...58

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ANOVA - Análise de variância

ATP-CP - Adenosina trifosfato/Creatina fosfato BF - Bíceps femoral de cabeça longa

CBF - Confederação Brasileira de Futebol DCTR - Dobra cutânea tricipital

DCPM - Dobra cutânea panturrilha média EDC - Espessura de dobras cutâneas EMG - Eletromiografia de superfície ERI - Efeito relativo da idade

ET - Estatura

IC - Idade cronológica IF - Índice de fadiga

IFRSA - Índice de fadiga no teste de resistência de velocidade IO - Idade óssea

MC - Massa Corporal QDT - Quadrimestre ST - Semitendíneo

SV - Salto vertical máximo semi-agachado, sem auxílio dos membros superiores SVCCMS - Salto vertical máximo, com contramovimento com auxílio dos membros superiores

SVCSMS - Salto vertical máximo, com contramovimento sem auxílio dos membros superiores

RF - Reto Femoral

RSA - teste de resistência de velocidade ou sprints repetidos VO2max - Consumo máximo de oxigênio

X2 - qui-quadrado

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1 INTRODUÇÃO

O futebol é um dos esportes mais populares do mundo, apresentando cerca de 240 milhões de praticantes, incluindo homens, mulheres crianças (Stølen et al., 2005; Wong e Hong, 2005). No Brasil é caracterizado pela grande quantidade de talentos encontrados nas diversas regiões do país, mas pouco se sabe de onde vem esse talento.

Para alguns autores, nenhum jovem desenvolve seu talento se não for apoiado por adultos, e é justamente o apoio encontrado nas categorias de base que possibilita tal oportunidade (Williams e Reilly, 2000; Unnithan et al., 2012).

A categorização de jovens jogadores de futebol utiliza um sistema semelhante ao utilizado pela maioria das organizações escolares, clubes, federações e confederações, ou seja, de acordo com a categorização de idade cronológica. Tal categorização visa permitir a participação adequada e justa oportunidade de formação. Para fins de categorização, a maioria dos países adotam as regras da FIFA (Federação Internacional de Futebol Associado), que usa o ano do nascimento como critério de seleção, definindo 1 de janeiro como a data-limite.

No entanto, esta regra é demasiadamente simplista para jovens, uma vez que existe variações significativa em vários fatores, como aspectos emocionais, motivação e experiência entre os jogadores mais jovens nascidos no final do ano de seleção e jogadores mais velhos nascidos no início do ano de seleção (Ward et al., 2004; Cobley et al., 2009). Além disso, os meninos mais velhos podem ter maior peso e estatura do que rapazes mais jovens na mesma faixa etária. Há algum tempo, estudos têm relatado que meninos mais velhos nascidos no início do ano apresentam estatura e peso significativamente maiores do que os rapazes mais jovens durante a adolescência no Japão (Onishi, 1961). Essas diferenças são relacionadas ao efeito relativo da idade (ERI).

O ERI tem sido observado não apenas no futebol, mas também em diversos esportes (Musch e Grondin, 2001; Cobley et al., 2009). Desse modo, qualquer impacto que o ERI tenha sobre os resultados da seleção de talentos para o futebol em idades menores, tende a causar assimetria na distribuição dos meses de nascimento entre jovens jogadores de futebol amadores e profissionais (Helsen, Van Winckel e Williams, 2005; Carling et al.,

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2009; Hirose, 2009; Gutierrez Diaz Del Campo et al., 2010; Williams, 2010; Helsen et al., 2012), independente do sexo (Romann e Fuchslocher, 2013), apesar de alguns estudos apontarem a existência de diferenças de sexo no ERI (Goldschmied, 2011; Nakata e Sakamoto, 2012). Para Vincent e Glamser (2006) essas possíveis diferenças entre os sexos pode ser explicada por uma complexa interação de diferenças biológicas e maturacionais e influências sociais.

O ERI na seleção de talentos para o futebol brasileiro também tem sido constatado. Estudo de Altimari et al. (2011) demonstrou que jogadores convocados para as seleções brasileiras de futebol no ano de 2010 nas categorias Sub-14 à Sub-18, apresentaram um número significativamente maior de atletas nascidos nos primeiros meses do ano (Janeiro-Abril) quando comparado aos últimos meses do ano (Setembro-Dezembro). Corroborando com esses achados, um estudo de grande repercussão que analisou o ERI em um grupo de 202951 jogadores profissionais registrados na Confederação Brasileira de Futebol entre os anos de 1921 e 1996, revelou que o ERI está presente na seleção de jogadores brasileiros e esse efeito apresentou um crescimento progressivo ao longo dos anos (Costa, Albuquerque e Garganta, 2012).

Assim, considerando que o ERI tem se mostrado como um fator que influencia na seleção de talentos no futebol, algumas pesquisas avançaram no sentido de entender uma possível relação entre a distribuição dos meses de nascimento e as dimensões corporais de atletas jovens.

Estudo conduzido por Carling et al. (2009) sugere que as diferenças no tamanho corporal causadas pelo ERI exercem influência sobre a assimetria da distribuição dos meses de nascimento em jovens jogadores de futebol. Considerando uma possível existência desta relação, Hirose (2009) utilizou exame mais aprofundado para saber se essas alterações resultavam de alguma interação com a maturação biológica e, após investigar a relação entre a distribuição dos meses de nascimento, idade esquelética e características antropométricas em jovens jogadores de futebol com idades entre 9 e 15 anos, constatou que as assimetrias na distribuição dos meses de nascimento são resultados da relação com a maturação biológica, o que poderia indicar que os jogadores que amadurecem precocemente são favorecidos na seleção de jovens jogadores de futebol. Diante disso,

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Hirose (2009) sugere que a maturação biológica individual deva ser considerada ao selecionar tais jogadores.

Alguns estudos sugerem que entre os jovens jogadores de futebol, aqueles que amadurecem fisicamente de maneira precoce podem ser selecionados preferencialmente, tendo então maiores chances de se tornarem atletas de destaque. Em contradição, aqueles que amadurecem mais tarde são sistematicamente não selecionados (Côté et al., 2006; Delorme, Radel e Raspaud, 2013).

Contudo, embora esses estudos tenham apontado para esses indícios, na maioria das vezes os aspectos abordados se limitam a análises relacionadas aos meses de nascimento e a estruturas corporais. Ressalta-se, entretanto, que o futebol é caracterizado por ações motoras intermitentes de curta duração e alta intensidade, que variam com períodos de ações motoras de maior duração e menor intensidade (Stølen et al., 2005). As execuções dessas ações motoras exigem força, velocidade e potência, bem como resistência aeróbia, anaeróbia e resistência a fadiga muscular, as quais têm sido consideradas como capacidades fisiológicas básicas para o futebol e não podem ser desprezadas em uma análise mais ampla, que envolva os meses de nascimento e o desempenho físico (Stølen et al., 2005; Carling et al., 2009).

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2 JUSTIFICATIVA

Os estudos que tem investigado o ERI em jovens jogadores de futebol têm sido conduzidos na perspectiva de uma nova reflexão a cerca da utilização do ano do nascimento como critério de seleção/categorização. Entretanto, esses estudos têm se limitado a análises da relação entre os meses de nascimento e estruturas corporais (ex. peso, massa corporal, estatura), alguns poucos analisando o estado maturacional, desconsiderando que o futebol também é caracterizado por ações que envolvem capacidades motoras (força, velocidade, potência e resistência) indispensáveis para o desempenho no campo de jogo. Além disso, os estudos não têm investigado como a fadiga muscular pode ser influenciada pelo ERI. Tais achados podem servir como argumentos para uma nova forma de categorização como critério de seleção, bem como para estratégias de organização e otimização de treinamentos em jovens jogadores de futebol.

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3 ESTRUTURA DA TESE E OBJETIVOS

Para a presente tese foi adotado o modelo alternativo, pelo qual a contextualização do problema dá origem ao estabelecimento de diferentes objetivos, que por sua vez são analisados a partir da redação de artigos. Portanto, está composta por introdução geral, seguida de um referencial teórico que apresenta de forma geral temas relacionados a maturação biológica, capacidades motoras, efeito relativo da idade e desempenho no futebol, bem como da descrição metodológica do trabalho como um todo. Ao longo da condução desse estudo foram elaborados três artigos originais, um dos quais já publicado (Anexo 1). Dessa forma, o estudo será composto por dois artigos que guardam estreita relação entre os temas abordados.

Assim, os objetivos do presente estudo foram analisados a partir da redação destes dois artigos que estão descritos a seguir como capítulos. Esses trabalhos explanam de forma progressiva e sistemática a idéia central do tema abordado no presente estudo, e tem o propósito de embasar e complementar as proposições do tema do projeto.

 Artigo 1: Distribuição do mês de nascimento e medidas antropométricas de jogadores de futebol participantes da Copa Brasil de Futebol Sub-15.

 Artigo 2: Influência do efeito relativo da idade sobre as características antropométricas e desempenho motor de jovens jogadores de futebol.

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4 REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 Maturação biológica

Desde o nascimento até a idade adulta, o organismo jovem passa por uma série de estágios, o que implica grau crescente de maturação e caracteriza o processo evolutivo do ser humano. Embora o processo de amadurecimento possa estar associado a evolução do organismo ainda jovem – diferentemente do que ocorre com o crescimento, quando a característica principal é a hiperplasia e/ou hipertrofia celular – na maturação são envolvidos processos de especialização e diferenciação celular (Ré, 2011)

Para Malina, Bouchard e Bar-or (2004) o conceito de maturação está baseado na relação entre o tempo biológico e o tempo do calendário. Dessa maneira, a duração do tempo de maturação biológica de uma criança não procede necessariamente em conjunto com a idade cronológica, sendo que indivíduos variam no nível de maturidade atingida em um determinado período da vida, em timing (momento em que ocorre um dado evento maturacional) e tempo (ritmo com que esse evento se manifesta).

Se por um lado, a dinâmica dos diferentes estágios de maturação dos sistemas biológicos é semelhante em todos os indivíduos jovens, por outro, podem ocorrer variações individuais significativas quanto à época com que os estágios maturacionais mais avançados são atingidos. Portanto, a avaliação da maturidade biológica consiste na ferramenta para determinação do estágio em que se encontra o indivíduo a fim de analisar o processo maturacional, entendido aqui como a análise do relacionamento entre a constituição física e a maturação biológica (Malina, 2003).

Os indicadores de maturidade biológica comumente mais utilizados em estudos do crescimento são os da maturação somática, sexual e esquelética. A maturação somática fornece o tamanho atingido pelo indivíduo (estatura e massa corporal) segundo os padrões normativos. Durante muitos anos a escala de Wetzel foi utilizada pela maioria dos pediatras como meio básico de determinar a idade morfológica de seus pacientes. Embora não seja tão usada atualmente devido à alterações seculares (mudanças ao longo de gerações) em

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estatura e massa corporal, a escala Wetzel foi em certa época o método mais popular para determinar a idade morfológica (Gallahue e Ozmun, 2005).

A maturação sexual, por sua vez, pode ser avaliada por meio de estágios de desenvolvimento, que de acordo com Tanner (1962) são: a) cinco estágios para desenvolvimento dos genitais nos meninos; b) cinco estágios de desenvolvimento das mamas nas meninas; c) cinco estágios de pilosidade pubiana para ambos os sexos. Uma limitação desta técnica é a dificuldade em realizá-la devido a necessidade da presença de um médico especializado e um local adequado, além do que pode causar constrangimento ao adolescente por se colocar seminu diante do observador médico, ao mesmo tempo causando desconforto ao avaliador. Apesar da alternativa em realizar a auto-avaliação, o viés da subjetividade pode resultar em avaliações superestimadas ou subestimadas (Martin et al., 2001).

De acordo com Malina, Bouchard e Bar-or (2009), a maturidade esquelética é, talvez, o melhor método para a avaliação de idade biológica ou status de maturidade. O esqueleto é considerado um indicador ideal de maturidade porque seus períodos de maturidade ocorrem durante todo o período de crescimento. A taxa com que os ossos progridem a partir do modelo de cartilagem até a formação dos ossos e, eventualmente até a morfologia adulta, varia entre ossos de um mesmo indivíduo e entre os indivíduos. A avaliação da maturidade esquelética é baseada em alterações no esqueleto em desenvolvimento a partir de exames de raios-x da mão e punho, que podem ser visualizadas e avaliadas em radiografias-padrão identificando o aparecimento dos centros ósseos, formato dos ossos e fusão epifisal.

4.2 Maturação biológica e antropometria

Um aspecto muito importante no processo de crescimento e desenvolvimento humano é a determinação da composição corporal, pois serve como um valioso instrumento para diferenciar e caracterizar populações em seus segmentos específicos e, ainda, para analisar o processo maturacional, entendido aqui como a análise do relacionamento entre a constituição física e a maturação biológica (Malina, 2003).

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A composição corporal é caracterizada pela divisão dos vários componentes corporais (tecido muscular, tecido ósseo e tecido adiposo). Com o progresso em direção a maturação biológica, há uma modificação na quantidade e na distribuição desses tecidos (Mortatti e Arruda, 2007). Durante a puberdade, as modificações hormonais e o rápido crescimento somático, acarretam mudanças significativas na composição corporal, as quais são vistas nos componentes corporais, incluindo conteúdo mineral ósseo, gordura relativa e massa magra (Guedes e Guedes, 1997).

De acordo com Haywood e Getchell (2004), a estatura segue um padrão sigmóide de crescimento, apresentando um rápido aumento na primeira infância, diminuindo aos poucos para um crescimento constante na segunda infância, com outro aumento rápido durante o estirão de crescimento da adolescência e seguido por uma diminuição gradativa até o final do período de crescimento.

Em média, as meninas atingem pico de velocidade de estatura durante o estirão de crescimento da adolescência dos 11 anos e meio aos 12 anos. O crescimento em altura então diminui aos poucos até mais ou menos os 14 anos, com aumento notável em altura terminando em torno de 16 anos. Os meninos alcançam seus picos de velocidade de estatura dos 13 anos e meio aos 14; essa velocidade é mais rápida do que a das meninas – cerca de 9 cm por ano para meninos, comparados a 8 cm por ano para meninas. O crescimento dos meninos diminui gradativamente aos 17 anos, com aumento notável terminando por volta dos 18 anos (Guedes e Guedes, 1997; Haywood e Getchell, 2004)

Os eventos intrínsecos ao estirão de crescimento adolescente são interdependentes. Para meninos, o período de crescimento mais rápido coincide com o aparecimento de características sexuais secundárias, como pelos pubianos e axilares. Para meninas, a velocidade pico do crescimento tende a ocorrer antes da menarca (Gallahue e Ozmun, 2005).

O aumento de peso também segue um padrão sigmóide. O peso, todavia, é bastante suscetível a fatores extrínsecos e pode refletir variação na quantidade de músculos mediante exercício, bem como na quantidade de tecido adiposo mediante dieta e atividade física (Haywood e Getchell, 2004). Em meninos adolescentes, o aumento de peso ocorre basicamente devido a aumentos na estatura e na massa muscular. Por outro lado, em

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meninas o ganho de peso adolescente deve-se mais a aumentos na massa adiposa e na estatura e, em menor grau, a aumentos na massa muscular (Gallahue e Ozmun, 2005).

O pico de velocidade de peso durante o estirão de crescimento na adolescência em meninos, segue o pico de velocidade de estatura por dois meses e meio a cinco meses. Já em meninas, por três meses e meio a 10 meses e meio. O crescimento do comprimento e da largura dos vários segmentos atinge, algumas vezes, o pico de velocidade de peso antes que o indivíduo atinja o pico de velocidade de estatura e, outras vezes, depois; mas todos atingem seus picos antes ou junto com o pico de velocidade de peso (Haywood e Getchell, 2004).

Quanto a gordura corpórea nos meninos, observa-se um incremento de cinco quilos em média, aos oito anos de idade, indo para aproximadamente 11 quilos aos 14 anos. Aos 16 anos de idade ocorre uma queda de nove quilos em média, e subsequentemente, o total de gordura corpórea atinge um platô (Siervogel et al., 2003).

Em relação à massa magra, esta é aumentada constantemente dos oito aos 18 anos nos meninos, mas tem sua maior taxa de crescimento entre os 12 e 15 anos de idade (Siervogel et al., 2003). Nos meninos, a massa muscular média, expressa como percentual da massa corporal, aumenta de 42% aos cinco anos para 53% aos 17 anos. Essa mudança não é observada nas meninas, que apresentam valores de 41 e 42% nestas idades (Rowland, 2008).

Quando se associa a atividade física sistemática com o processo de crescimento e desenvolvimento, verifica-se uma influência nas alterações da composição corporal, podendo melhorar o desempenho motor do jovem (Mortatti e Arruda, 2007). Essas influências ficam mais claras quando comparamos indivíduos de mesma faixa etária, mas com desenvolvimento maturacional diferenciado, ou seja, indivíduos com maturação avançada ou atrasada. Assim, um adolescente que tenha uma idade biológica avançada vai possuir maiores valores em tamanho físico, com aumento da massa mineral óssea e da massa magra, diferindo dos adolescentes que se encontram em idades biológicas mais atrasadas (Ré, 2011), tendo portanto, uma influência direta no desempenho motor (Mortatti e Arruda, 2007).

(32)

4.3 Maturação biológica e capacidades motoras

Os princípios gerais que regem as respostas do organismo ao exercício e ao treinamento físico são os mesmos para crianças, adolescentes e adultos. Todavia, existem particularidades da fisiologia do exercício em crianças que decorrem tanto do aumento da massa corporal quanto da maturação, que se acelera durante a puberdade (Lazzoli et al., 1998).

Várias são as alterações nas variáveis fisiológicas que acontecem da infância para a adolescência e desta para a fase adulta. Comparando as características de um adolescente de 12 anos com as que esse mesmo jovem possuía quando tinha apenas cinco anos, identifica-se uma evolução no consumo máximo de oxigênio, capacidade anaeróbia, força muscular, economia de corrida, potencial aeróbio, ventilação minuto, débito cardíaco, volume sistólico, eficiência ventilatória, dentre outras (Villar e Zühl, 2006).

Além disso, observa-se que crianças não demonstram a mesma taxa de mudança durante os anos de crescimento e desenvolvimento. Existem aquelas que atingem a maturação biológica precoce e outras tardiamente, e essas variações na taxa de maturação biológica são determinadas pelas diferenças hereditárias interindividuais (Rowland, 2008).

De acordo com Rowland (2008), o curso da infância é marcado pelo aumento progressivo dos componentes do sistema cardiorrespiratório e muscular que determinam o VO2máx, bem como o aprimoramento no desempenho da resistência. Consequentemente,

valores absolutos de potência aeróbia máxima aumentam conforme o jovem cresce e, entre as idades de seis a 12 anos, o VO2máx de um menino mais que dobra (1,2 l/min para 2,7

l/min), sendo que os valores médios para meninas são de aproximadamente 200 ml/min abaixo daqueles dos meninos na mesma idade cronológica. Na puberdade, o aumento do VO2máx acelera nos meninos como resultado das influências anabólicas da testosterona,

enquanto os valores nas meninas se estabilizam. Malina, Bouchard e Bar-Or (2009) relatam que a capacidade aeróbia aumenta progressivamente em meninos de oito a 16 anos para jovens atletas e não-atletas.

Uma forte relação existe entre consumo máximo de oxigênio absoluto e a massa corporal magra. Na realidade, quando o consumo máximo de oxigênio é expresso em

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termos relativos ao peso corporal, permanece aproximadamente o mesmo durante a infância e adolescência em meninos. Ele decai em meninas, provavelmente pelo aumento do tecido adiposo. Além disso, quando relacionado à massa livre de gordura, os valores de VO2máx

demonstram um leve declínio durante e após a puberdade e pequenas diferenças de gênero permanecem (Haywood e Getchell, 2004).

Quanto a força muscular, essa está intimamente associado aos hormônios anabólicos, em especial aos hormônios de crescimento e a testosterona (Malina, Bouchard e Bar-Or, 2009). O efeito combinado desses hormônios melhora a síntese de proteínas e inibe a degradação das mesmas, resultando em um aumento da massa muscular e, consequentemente, da força (Round et al., 1999; Ramos et al., 1998).

Em indivíduos pré- púberes e púberes de ambos os sexos, a maturidade biológica está associada positivamente à força estática. Similarmente, em púberes do sexo masculino, a partir dos 13 anos de idade a força explosiva e resistência de força dos membros superiores e tronco estão correlacionadas positivamente com a maturidade biológica, mesmo quando controladas pelas variáveis idade cronológica, estatura e peso corporal. Além disso, a interação entre estatura, peso corporal e maturidade biológica explica as significantes variações de força na fase da adolescência (Beunen e Thomis, 2000).

Segundo Rowland (2008), conforme a puberdade se aproxima, a massa muscular cresce marcadamente e o desenvolvimento da força é acelerado. A tendência na fase pré- púbere é similar nas meninas, mas os valores médios são menores do que aqueles dos meninos. Essa pequena diferença relativa ao gênero é observada na força de preensão manual a partir dos três anos de idade. Na puberdade, a curva de força nas meninas continua a subir lentamente ou até mesmo se estabiliza com o aumento da idade. Consequentemente, uma significativa lacuna relacionada ao gênero, no que diz respeito à força muscular, ocorre nos anos de adolescência (Rowland, 2008).

Para Malina, Bouchard e Bar-or (2009), o desempenho médio no salto em distância aumenta linearmente com a idade em ambos os sexos até os 14 anos de idade, em meninas, e até os 18 anos em meninos. Valores relativos às diferenças entre os sexos no salto vertical são similares, no entanto, a inclinação é um pouco mais acentuada, sugerindo

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uma aceleração na adolescência em meninos. De forma geral, as correlações entre a força muscular, o desempenho esportivo e os indicadores de maturação esquelética e sexual nos meninos tendem a ser mais elevadas entre os 13 e 16 anos de idade, sendo que as evidências mais fortes nesta faixa etária são as diferenças na força muscular entre os mais e os menos adiantados no processo de maturação (Mazzucco, 2005).

Em um estudo de Seabra, Maia e Garganta (2001), jovens atletas apresentaram valores significativamente maiores do que jovens não-atletas para três grupos etários (10-12 anos, 13-14 anos, 15-16 anos) em medidas de potência de membros inferiores e potência de membros superiores. Ao ser removido o efeito da maturação sexual entre os jovens, as diferenças deixaram de existir para os membros inferiores e permaneceram para os membros superiores, indicando a influência do estado de maturidade biológica no desempenho desta capacidade.

Já a velocidade de deslocamento quando relacionada ao tempo, apresenta resultados decrescentes e contínuos em meninos e meninas até os 13 anos de idade, e na adolescência, por volta dos 14 anos, os meninos continuam a apresentar evolução nestas capacidades motoras, mas as meninas tendem a manter ou até mesmo diminuir os seus níveis (Malina, Bouchard e Bar-Or, 2009). Uma possível explicação consiste no fato dos meninos ganharem mais força pela ação dos hormônios masculinos, aumentando a massa muscular e diminuindo o percentual de gordura, enquanto nas meninas parece haver uma maior ação de hormônios como o estrogênio, que causa maior retenção de líquido e aumento da gordura corporal com consequente prejuízo do desempenho (Gobbi, Villar e Zago, 2005)

Segundo Malina, Bouchard e Bar-or (2009), o aumento da massa muscular tem implicações diretas nas tarefas de desempenho da velocidade e da agilidade como resultado dos processos de crescimento e desenvolvimento corporal. Ainda segundo esses autores a velocidade de corrida melhora em ambos os sexos de forma bastante linear dos cinco aos oito anos de idade e depois a inclinação de melhora é menor.

Diferenças entre os gêneros são pequenas durante a maior parte da infância e mais aparentes na adolescência, de modo que, a velocidade aumenta dos cinco aos 18 anos em meninos, com um período de aceleração na adolescência após os 13 anos. A velocidade

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de corrida de meninas melhora até os 13 ou 14 anos com pequena melhora adicional até os 17 anos de idade. O padrão de variação relacionado à idade e ao sexo na corrida de vai-e-vem, como indicador de agilidade, é bastante similar àquele do teste de corrida de 30 metros (Malina, Bouchard e Bar-Or, 2009).

Estudo de Ré (2011), que investigou jovens atletas de 10 a 16 anos divididos em dois grupos (10-13 anos e 14-16 anos) subdivididos de acordo com o estágio maturacional (pilosidade) de Tanner, não apresentou diferenças significativas no teste de velocidade de 30 metros para o grupo 10-13 anos. Isso não ocorreu no grupo 14-16 anos, que apresentou diferenças significativas em todos os estágios de maturação sexual.

4.4. Maturação biológica e desempenho no futebol

Os padrões fisiológicos apresentam um importante papel como preditor de desempenho e são elementos decisivos na seleção de talentos para o futebol (Stølen et al., 2005). Malina (2003) sugere que garotos com maturidade biológica avançada prevalecem no grupo e tendem a ter melhores resultados na performance do futebol.

Recentemente, Malina et al. (2010) ao avaliarem futebolistas portugueses de 11 a 17 anos, constataram que entre os atletas de 13-14 anos, os que estavam no estado maturacional avançado correspondiam a quatro vezes mais do que os atrasados. Já entre os atletas de 15-16 anos, 40% estavam avançados em mais de um ano na idade esquelética e 14% já se encontravam em estado maduro na idade esquelética. Do grupo de atletas de 17 anos, 39% já apresentavam estado maduro. Dessa forma, os autores sugerem que o futebol pode, sistematicamente, excluir jovens que apresentem maturação tardia e favorecer aqueles em estado maturacional normal ou avançado, na medida em que a idade cronológica e a especialização precoce progridem.

De fato, o favorecimento aos jovens avançados na maturação biológica se reflete nas possíveis diferenças antropométricas e de desempenho físico em relação aos jovens atrasados, conforme apresentadas na literatura.

Investigação conduzida por Figueiredo et al. (2009) constatou que futebolistas portugueses em estado maturacional avançado eram mais altos e mais pesados que atletas

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normais e atrasados. Os mesmos concluíram que não houve diferença no desempenho das habilidades técnicas e capacidades funcionais entre os atletas de diferentes estados maturacionais.

Estudo de Villar e Zühl (2006), ao analisarem o efeito da idade cronológica e da maturação sexual sobre variáveis antropométricas, velocidade de corrida no limiar anaeróbio, potência aeróbia e capacidade anaeróbia em praticantes de futebol de 13 a 17 anos, constataram um aumento das variáveis antropométricas tanto na idade cronológica como na maturação biológica (pós-púbere > púbere). Além disso, identificaram um aumento progressivo na potência aeróbia e capacidade anaeróbia entre as idades cronológicas e entre a puberdade e pós-puberdade. Porém, a velocidade de corrida no limiar anaeróbio diminuiu com o avanço da idade, após os 15 anos de idade.

Mais recentemente, Mujika et al. (2009), ao investigarem as diferenças relacionadas à idade cronológica no desempenho do teste de sprints repetidos (6 x 30m / 20s recuperação) em jovens futebolistas de elite espanhóis, constataram que o tempo total dos sprints diminuiu dos 11 aos 15 anos, porém não houve melhoras significativas dos 15 aos 18 anos. Além disso, não houve diferença significativa no percentual de queda entre os

sprints quando comparados os grupos etários e o pico de concentração de lactato aumentou

com o avanço da idade, entretanto, quando ajustado pela massa corporal, não apresentou diferença significativa. Estes resultados sugerem que o desempenho de jovens futebolistas no teste de sprints repetidos aumenta consideravelmente com o avanço da idade até os 15 anos e, em menor magnitude, após este período.

Em um estudo semelhante, Abrantes, Maças e Sampaio (2004) compararam a capacidade de realizar sprints repetidos entre futebolistas de três categorias (sub-12, sub-14 e sub-16) utilizando o teste de 7 x 34,2m intercalados por 40m de recuperação ativa entre os sprints, com um componente de mudança de direção. Os autores relataram uma redução significativa no tempo médio de sprints entre as categorias sub-12, sub-14 e sub-16 (7,83 ± 0,07s; 6,86 ± 0,06s e 6,35 ± 0,07s, respectivamente).

Da mesma forma, Pittoli et al. (2010), ao compararem o desempenho no teste de agilidade e velocidade de futebolistas e não-futebolistas brasileiros entre 11 e 15 anos baseados na maturação sexual, encontraram melhores resultados por parte dos futebolistas

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com maturação avançada, embora não tenham identificado diferença entre o desempenho de futebolistas e não-futebolistas. Da mesma forma, Fernandez-Gonzalo et al. (2010) constataram que indivíduos em estado de maturidade sexual avançado apresentaram melhores resultados no VO2 pico absoluto, VO2 em diferentes velocidades, na máxima

contração isométrica voluntária, potência pico de membro inferior e nos testes de salto vertical quando comparados àqueles em estado de maturidade atrasado.

Estudo de Malina (2003), com o propósito de investigar a contribuição da experiência, tamanho corporal e estado maturacional nas capacidades funcionais de jovens futebolistas portugueses com idade entre 13 e 15 anos, verificaram que o estágio de pilosidade, tamanho corporal e anos de treinamento explicaram de 21 a 50% a variância nas capacidades de resistência aeróbia, potência de membros inferiores e velocidade de deslocamento linear.

Similarmente, Figueiredo, Coelho, Silva e Malina (2010), constataram que em futebolistas de 11 a 14 anos, experiência de prática, tamanho corporal, gordura subcutânea e estado maturacional explicaram as variâncias nas capacidades funcionais (22-48%) e habilidades técnicas (<25%). Ainda, as variâncias foram maiores para composto funcional (11-12 anos; 37%; 13- 14 anos; 58%) do que para habilidades técnicas (11-12 anos; 26%; 13-14 anos; 18%). Verificou-se também que a maturação esquelética foi preditor de potência de membro inferior nos dois grupos e preditor de capacidades funcionais e habilidades técnicas no grupo 13-14 anos.

4.5 Efeito relativo da idade

No contexto esportivo, muitos fatores são relevantes para a determinação do sucesso de um jogador de futebol. Além disso, a exigência para a prática em alto nível competitivo é multifatorial, justificando a complexidade em predizer o desempenho esportivo de jovens atletas.

Em esportes nos quais a composição corporal, potência e força são determinantes para o desempenho, indivíduos precocemente maturados tendem a possuir vantagem sobre seus pares que apresentam maturação tardia, considerando a mesma idade

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cronológica (Malina, Bouchard e Bar-Or, 2009). Entre a fase da infância e da adolescência (9 – 16 anos de idade), indivíduos em estado de maturação biológica avançada apresentam vantagens na composição corporal, e em uma série de componentes físicos como potência aeróbia, força, resistência e velocidade (Malina, Bouchard e Bar-Or, 2009; Beunen, 2000).

Concomitantemente, sugere-se ainda que competições baseadas na idade cronológica envolvendo atletas jovens, não só dão vantagem aos indivíduos precocemente maturados, mas também àqueles que nascem no início do ano competitivo (Helsen, Van Winckel e Williams, 2005). Adicionalmente, estudos têm relatado que meninos mais velhos nascidos no início do ano apresentam estatura e peso significativamente maiores do que os rapazes mais jovens durante a adolescência no Japão (Onishi, 1961). Essas diferenças são relacionadas ao efeito relativo da idade (ERI).

O ERI tem sido observado não apenas no futebol, mas também em diversos esportes (Musch e Grondin, 2001; Cobley et al., 2009). Desse modo, qualquer impacto que o ERI tenha sobre os resultados da seleção de talentos para o futebol em idades menores, tende a causar assimetria na distribuição dos meses de nascimento entre jovens jogadores de futebol amadores e profissionais (Helsen, Van Winckel e Williams, 2005; Carling et al., 2009; Hirose, 2009; Gutierrez Diaz Del Campo et al., 2010; Williams, 2010; Helsen et al., 2012).

A ocorrência do ERI é atribuída à enorme variabilidade biológica dentro de um grupo de mesma idade cronológica, durante a infância e adolescência (Baxter-Jones, 1995; Baxter-Jones, Eisenmann e Sherar, 2005). Porém, para Vincent and Glamser (2006) essas possíveis diferenças podem ser explicada por uma complexa interação de diferenças biológicas e maturacionais e influências sociais.

Sendo assim, se as assimetrias na distribuição da data de nascimento resultam da variabilidade da maturação biológica, pode-se afirmar que atletas maturados precocemente são favorecidos na seleção e detecção de talentos (Cobley et al., 2009). Malina (2003), e Williams e Reilly (2000) sugerem que jovens atletas de futebol, os quais apresentam maturação biológica precoce, podem ser preferencialmente selecionados, enquanto aqueles com maturação tardia serão automaticamente excluídos.

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4.6 Fadiga muscular, eletromiografia e desempenho no futebol

Outro aspecto bastante importante que não tem sido considerado nos estudos do ERI tem sido a análise da fadiga muscular em jovens jogadores de futebol. De acordo com Carling et al. (2009), jovens jogadores de futebol que maturam precocemente toleram mais a fadiga que atletas maturados mais tardiamente, o que poderia ser observado se considerado a distribuição dos meses de nascimento.

A fadiga muscular pode ser definida como uma diminuição da capacidade do músculo em produzir força ou torque (Bigland-Ritchie et al., 1995). Dentre os métodos utilizados para o estudo da fadiga muscular, um dos mais empregados é a eletromiografia de superfície (EMG), que vem sendo considerada uma técnica de extrema relevância para o estudo da fisiologia neuromuscular (Basmajian e De Luca, 1985), uma vez que esta registra o sinal elétrico gerado pelas membranas excitáveis durante a contração muscular (De Luca, 1997).

No futebol, a utilização da EMG tem sido empregada particularmente em investigações que buscam compreender a atividade dos músculos de membros inferiores envolvidos nos movimentos realizados na prática do esporte (Rahnama, 2006), bem como na detecção de lesões musculares (Greig, McNaughton e Lovell, 2006).

O futebol é caracterizado por ações motoras intermitentes de curta duração e alta intensidade, alternados com períodos de ações motoras de maior duração e menor intensidade (Stølen et al., 2005), as quais estão intimamente relacionadas com a função desempenhada pelos músculos Ísquiotibiais (IT) que são denominados músculos bi-articulares por estarem relacionados com o movimento da articulação do quadril e também do joelho, característica que os tornam músculos distribuidores de trabalho entre as articulações durante movimentos dinâmicos (Jacobs, Bobbert e Van Ingen Schenau, 1993).

Este grupamento muscular é formado pelos músculos Semitendíneo (ST),

Semimembranoso (SM), Bíceps Femoral (BF) cabeça longa e cabeça curta, sendo este último ventre muscular o único uniarticular (Basmajian e De Luca, 1985).

A EMG de superfície apresenta ser um método interessante, pois possibilita a obtenção de informações sobre atividade muscular em diferentes situações ou tarefas

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motoras, de forma simultânea e específica às ações motoras realizadas. Além disso, é um procedimento não-invasivo e de fácil aplicabilidade (Basmajian e De Luca, 1985).

A análise dos sinais EMG para fadiga muscular é comumente realizada através dos parâmetros espectrais (frequência mediana - FM) ao longo do tempo durante um esforço fatigante. A porcentagem de fadiga durante o esforço é determinada pelo slope, que é o produto final da relação FM/Tempo e é conhecido como um índice EMG de fadiga válido e confiável (Kankaanpaa et al., 1997; Larivière et al., 2002). Ressalta-se ainda que poucos estudos têm investigado o comportamento deste índice em atividades dinâmicas, tais como desportos realizados no ambiente natural, como por exemplo, ações motoras exigidas no futebol (corrida bidirecional em campo de futebol).

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5 MATERIAIS E MÉTODOS

5.1 Estudo 1

5.1.1 Amostra

A amostra desse estudo foi composta de 400 jogadores de futebol, do sexo masculino, da categoria Sub-15 (15,4 ± 0,4 anos) que participaram da 10° Copa Brasil de Futebol Sub-15 (Tabela 1). Todos estavam envolvidos em programa de treinamento de futebol de campo a pelo menos 6 anos e participavam ativamente de competições. Todos os responsáveis pelas equipes foram convenientemente informados sobre a proposta do estudo, e em seguida assinaram declaração de consentimento livre e esclarecido.

Tabela 1 - Equipes que participaram da Copa Brasil de Futebol Sub-15.

Equipes Número Atletas

América Futebol Clube 20

Atlético Clube Goianiense 20

Avaí Futebol Clube 20

Botafogo de Futebol e Regatas 20

Ceará Sporting Club 20

Clube de Regatas Vasco da Gama 20

Clube Atlético Mineiro 20

Clube de Regatas do Flamengo 20

Coritiba Foot Ball Club 20

Cruzeiro Esporte Clube 20

Esporte Clube Bahia 20

Esporte Clube Vitória 20

Figueirense Futebol Clube 20

Fluminense Football Club 20

Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense 20

PSTC - Paraná Soccer Technical Center 20

Santos Futebol Clube 20

São Paulo Futebol Clube 20

Sport Club Corinthians Paulista 20

Sport Club Internacional 20

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5.1.2 Delineamento experimental

Foram considerados na análise todos os atletas inscritos na competição e oficializados pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Os sujeitos foram separados de acordo com a categorização de idade cronológica em quadrimestres, sendo que o primeiro quadrimestre (1˚ QDT) foi composto pelos jovens nascido entre janeiro e abril; o segundo quadrimestre (2˚ QDT) foi composto pelos jovens nascido entre maio e agosto, e o terceiro 3˚ quadrimestre (3˚ QDT) composto pelos jovens nascido entre setembro e dezembro.

5.1.3 Antropometria e datas de nascimento

As datas de nascimento, bem como as medidas antropométricas massa corporal e estatura foram obtidas a partir de dados relatados pelas equipes na ficha de inscrição de cada atleta à organização do evento e a CBF.

5.1.4 Tratamento estatístico

Todas as informações foram analisadas por meio da estatística descritiva, utilizando-se do pacote estatístico Statistica™ 7.0® (STATSOFT INC., TULSA, OK , USA). Para comparação da distribuição da idade cronológica encontrada nos quadrimestres em cada variável foi utilizado o teste não paramétrico do qui-quadrado (X2). Para análise comparativa dos dados referente à estatura e massa corporal utilizou-se análise de variância (ANOVA) one-way. A significância adotada foi P<0,05.

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5.2 Estudo 2

5.2.1 Amostra

Após cálculo do tamanho da amostra que indicou a necessidade de um número entre 15-20 sujeitos voluntários em cada quadrimestre nas três categorias escolhidas, tiveram início as coleta de dados que totalizou ao seu final 210 jovens jogadores de futebol avaliados no período de três anos. Dentre esses, apenas 192 realizaram todos as medidas e testes propostos no projeto inicial. Considerando que as categorias 13, 15 e Sub-17 são compostas por jogadores com idades entre 12 e 13, 14 e 15, e 16 e Sub-17, respectivamente, optou-se em compor a amostra do presente estudo de atletas nascidos no último ano da categoria a fim de diminuir qualquer influência da idade nos parâmetros analisados.

Assim, fizeram parte do presente estudo 146 jovens atletas de futebol do sexo masculino, das categorias Sub-13 (n = 50; 13,6 ± 0,3 anos), Sub-15 (n = 50; 15,5 ± 0,4 anos) e Sub-17 (n = 46; 17,7 ± 0,3 anos), que foram separados de acordo com a categorização da idade cronológica em quadrimestres (Tabela 2), sendo que o primeiro quadrimestre (1˚ QDT) foi composto pelos jovens nascido entre janeiro e abril; o segundo quadrimestre (2˚ QDT) foi composto pelos jovens nascido entre maio e agosto, e o terceiro 3˚ quadrimestre (3˚ QDT) composto pelos jovens nascido entre setembro e dezembro.

Tabela 2 – Distribuição dos sujeitos estudados em cada categoria, de acordo com o

quadrimestre de nascimento. 1˚ QDT (Jan-Abr) 2˚ QDT (Mai-Ago) 3˚ QDT (Set-Dez) Total Sub-13 16 18 16 50 Sub-15 17 17 16 50 Sub-17 15 16 15 46

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Os sujeitos estavam envolvidos em programa de treinamento de futebol de campo a mais de 6 anos e com participação ativa em competições regionais e estatuais. Os mesmos realizavam pelo menos quatro sessões de treinamento por semana, correspondendo a oito horas semanais de carga de treino, além dos jogos competitivos oficiais realizados nos finais de semana. Todos os jovens atletas e responsáveis foram convenientemente informados sobre a proposta do estudo e os procedimentos aos quais foram submetidos, e em seguida os responsáveis assinaram declaração de consentimento livre e esclarecido. Todos os procedimentos descritos a seguir foram desenvolvidos observando a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde/Ministério da Saúde que trata da Ética em Pesquisa.

5.2.2 Delineamento experimental

Na primeira etapa do experimento os jovens e seus responsáveis compareceram ao laboratório para receber as informações sobre a proposta do estudo e procedimentos aos quais foram submetidos e assinaram declaração de consentimento livre e esclarecido. Em seguida, foram realizadas as medidas antropométricas para caracterização da amostra e avaliação da idade maturacional por meio dos estágios de desenvolvimento genital, pilosidade pubiana e maturação óssea. Além disso, foram agendados os horários nos quais cada atleta deveria comparecer ao laboratório nas etapas subsequentes.

Na segunda etapa os sujeitos realizaram testes pré- experimentais semelhantes aos protocolos que foram utilizados, para a familiarização ao equipamento e protocolo dos testes motores. Já na terceira etapa, teve início a fase experimental composta pela bateria de testes motores para avaliar o desempenho motor dos jovens atletas de futebol. Todos os testes foram realizados em um campo de futebol com os indivíduos realizando os testes calçando chuteiras, e vestindo calção buscando reproduzir ao máximo a situação real de treino/jogo.

Os atletas compareceram ao laboratório 48-72 horas após os testes pré-experimentais para a realização dos testes pré-experimentais propriamente ditos. O intervalo entre as sessões de testes foi pelo menos de 48 h. Vale ressaltar que os sujeitos foram orientados para que não realizassem treinamentos nos dias de testes ou qualquer outra

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atividade física vigorosa. Também foram orientados a não ingerir substâncias cafeinadas (café, chocolate, mate, pó-de-guaraná, coca-cola e guaraná) ou alcoólicas nas 24 horas precedentes aos testes, para evitar possíveis interferências.

5.2.3 Antropometria

A massa corporal foi medida em uma balança de plataforma, digital (Urano®, modelo PS 180™, Brasil), com precisão de 0,1 kg, e a estatura foi determinada em um estadiômetro de alumínio (Standard Sanny®, Sanny™, Brasil) com precisão de 0,1 cm (Gordon et al., 1988). Todos os indivíduos foram medidos e pesados descalços, vestindo apenas sunga.

A avaliação das massas magra foi determinada por medidas de espessuras de dobras cutâneas (EDC), aferidas nas regiões: triciptal (DCTR) e panturrilha média (DCPM). As mesmas foram medidas do lado direito do corpo, por um único avaliador com um adipômetro científico da marca Lange® (Cambridge Scientific Instruments, Cambridge, MD), de acordo com as técnicas descritas por Heyward e Wagner (2004). O valor mediano foi obtido a partir de três medidas em cada ponto, realizadas em sequência rotacional. A gordura corporal relativa (% gordura) foi calculada a partir de equações específicas propostas Slaughter et. (1988) de acordo com a faixa etária dos avaliados (Heyward e Wagner, 2004).

5.2.4 Avaliação da idade maturacional

Para avaliação da idade maturacional utilizou-se o método proposto por Greulich e Pyle (1959), onde foi determinada a idade óssea a partir de radiografias da região de punho e mão esquerdos de cada jogador. O equipamento utilizado para a radiografia de punho e mão, visando abranger as falanges e articulação do punho foi o aparelho Philips Medical, modelo Systems Nederland, e o tempo de exposição aos raios-X foi de 0,10 segundos. As radiografias foram realizadas por uma equipe de técnicos especializados e foi avaliada por um médico especialista.

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Os sujeitos foram agrupados em categorias de maturação avançada, normal e atrasada com base na diferença entre idade óssea (IO) e idade cronológica (IC). Um sujeito cuja diferença entre IO e IC estava dentro do intervalo ± 1 ano foi classificado como normal. Um sujeito cuja idade óssea estava avançada relativamente à sua idade cronológica em mais de um ano foi classificado como avançado. Um sujeito cuja idade óssea estava atrasada relativamente à idade cronológica em mais de um ano foi classificado como atrasado. Os critérios de classificação são semelhantes aos adotados em estudos anteriores (Malina et al., 2004, Figueiredo et al., 2009).

5.2.5 Teste de Yo-Yo intermitente recovery

A resistência aeróbia dos jovens atletas foi medida por meio do teste Yo-Yo intermitente recovery nível 1 (YYIR1) (Bangsbo, 2008). O YYIR1 foi realizado com corridas de ida e volta de 20m (2 x 20m), totalizando 40m, com incrementos de velocidade controlados pelos sinais sonoros (Figura 1).

Figura 1 - Desenho esquemático do teste YYIR1.

Entre cada corrida de ida e volta os voluntários realizaram 10 segundos de recuperação ativa consistindo de 2 x 5m de trote. O escore do teste foi determinado pela distância total percorrida, sendo o final do teste determinado quando o atleta falhasse por duas vezes na tentativa de alcançar a linha de chegada no tempo determinado pelo estímulo sonoro. Para a determinação da distância percorrida foi considerada a distância anterior a última tentativa falha em alcançar a marcação.

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O teste foi realizado no campo de jogo com linhas demarcadas por cones com uma distância de 20 metros. Outro cone foi colocado 5 metros atrás da linha de chegada para que seja delimitada a área de recuperação ativa do atleta. A duração total do teste foi em média de 5 a 15 minutos. Foi calculado para cada atleta o VO2max, estimado pela

seguinte equação proposta por Bangsbo, Iaia e Krustrup (2008):

VO2max (ml/kg/min) = distância do teste YYIR1 (m) × 0.0084 + 36.4

Previamente ao teste, os sujeitos foram familiarizados com o protocolo de teste e realizaram aquecimento com cinco minutos de duração constituído de corridas coordenativas sub-máximas e séries de alongamento ativo. Durante o teste, os sujeitos foram constantemente estimulados verbalmente.

5.2.6 Teste de velocidade

Para avaliação da velocidade linear, foi aplicado o teste de corrida com distâncias fixas de 10 e 30 m, como sugerido por Le Gall, Beillot e Rochcongar (2002). O teste consistiu em realizar o esforço na maior velocidade possível, só diminuindo-a após transcorrer as distâncias determinadas. Foi utilizada uma célula fotoelétrica (Hidrofit®, Belo Horizonte-MG, Brasil) com altura aproximadamente de 0,6m, posicionadas na linha de início (0m) e nos 10 (T10m) e 30m (T30m) para cronometragem dos tempos em segundos para a aferição da velocidade nos 10 e nos 30 m. Cada atleta realizou duas tentativas em cada teste, com intervalo de 10 minutos entre as tentativas para ressíntese de ATP-CP. Para fins de resultado, foi utilizado o melhor tempo entre as duas tentativas. Vale lembrar que, o intervalo adotado entre os testes T10m e T30m foi de pelo menos 30 minutos.

5.2.7 Testes de salto

Foram realizadas três técnicas diferentes de saltos verticais, propostas por Bosco et al. (1995): a) Salto vertical máximo partindo da posição de semi-agachamento,

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sem auxílio dos membros superiores (SV); b) Salto vertical máximo, com contramovimento sem auxílio dos membros superiores (SVCSMS) e c) Salto vertical máximo, com contramovimento com auxílio dos membros superiores (SVCCMS).

O procedimento técnico-metodológico para realização do SV consistiu em efetuar um salto partindo de uma flexão de joelhos de aproximadamente 90° sem contra movimento prévio, com as mãos fixadas no quadril, na altura da crista ilíaca, e o tronco na vertical, sem adiantamento excessivo. Esta posição estática foi mantida durante 5 segundos. No caso do SVCSMS e SVCSMS, foi realizada uma flexão-extensão rápida de pernas com a mínima parada entre ambas as fases e com as mãos fixadas no quadril e tronco na vertical, sem adiantamento excessivo do tronco. Para a realização dos testes de salto foi utilizado um tapete de contato (Multi Sprint™, Hidrofit®), que calcula a altura do salto e potência relativa à massa corporal de cada atleta, através de um cronômetro digital, capaz de calcular o tempo de vôo do salto com uma precisão de 0,001 segundo. Todos os sujeitos realizaram três tentativas em cada tipo de salto. O resultado utilizado foi equivalente à melhor tentativa.

5.2.8 Teste de resistência de velocidade

O teste de resistência de velocidade (RSA) (ou sprints repetidos) consistiu em seis sprints de 40m (20m + 20m, ida e volta) separados por 20s de recuperação passiva como proposto por Impellizzeri et al. (2008) (Figura 2).

Figura 2 - Desenho esquemático do teste de sprints repetidos de Impellizzeri et al. (2008).

Os atletas se posicionaram atrás de uma linha imaginária demarcada por uma célula fotoelétrica (Multi Sprint™, Hidrofit®) ligada a um computador, e um cone, ao sinal

Referências

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