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4 A ÁREA DE ESTUDO E SUA LOCALIZAÇÃO

5.2 AS ÁGUAS SUPERFICIAIS

As águas superficiais são as águas dos rios, córregos, riachos, lagos, lagoas e pântanos, que escoam ou acumulam na superfície do solo. São águas que não penetram no subsolo, correndo ao longo da superfície do terreno, e armazenadas em corpos hídricos, em paredes rochosas, represas ou barragens.

São águas que têm uma composição muito variável, com características do local e da época do ano, apresentando geralmente elevada turvação no outono/inverno, e algas na primavera/verão. Podem conter partículas em suspensão, substâncias químicas e microorganismos que as tornam impróprias ao consumo humano, necessitando de tratamento para adequação de suas características.

5.2.1 Classificação e enquadramento de águas superficiais O enquadramento dos corpos d‟água visa assegurar a qualidade compatível com os usos mais exigentes a que forem destinadas essas águas, além de diminuir os custos de combate à poluição mediante ações preventivas e permanentes (BRASIL/MMA, 1997).

As metas de qualidade da água indicadas pelo enquadramento constituem a expressão dos objetivos públicos e referência para os demais instrumentos de gestão de recursos hídricos (outorga, cobrança, planos de bacia) e para a gestão ambiental.

O enquadramento é o estabelecimento da classe de qualidade a ser mantida em um segmento de corpo d‟água. Como instrumento de planejamento, deve atender as necessidades requeridas aos usos preponderantes, tratadas pela Resolução Conama No 357/2005, que revogou a Resolução No 20/1986, foi alterada pela Resolução No 370/2006 e complementada pela 430/2011 (Quadro 07).

89 Tipo Água Sali- ni- dade Classe Quali- dade Destinadas à D O C E S Igual ou Infe- rior a 0,5 ‰ Classe Espe- cial

 *Abastecimento humano com desinfecção;  *Preservação das comunidades aquáticas; e

*Preservação em UCs de proteção integral.

Classe 1

*Abastecimento humano após trat. simplificado; *Proteção das comunidades aquáticas;

*Recreação de contato primário (RC, 274/2000); *Irrigação de hortaliças e frutas consumidas cruas e de frutas que se desenvolvem rentes ao solo, ingeridas cruas sem a remoção de película; e

*Proteção de comunidades aquáticas em Terras Indígenas.

Classe 2

*Abastecimento humano após tratamento convencional; *Proteção das comunidades aquáticas;

*Recreação de contato primário (RC, 274/2000);

*Irrigação de hortaliças, frutíferas, parques, jardins, campos de esporte/lazer com os quais o público tenha contato direto; *Aquicultura e atividade de pesca.

Classe 3

*Abastecimento humano com tratamento avançado; *Irrigação de arbóreas, cerealíferas e forrageiras; *Pesca amadora e dessedentação de animais. *Recreação de contato secundário.

Classe 4 *Navegação; *Harmonia paisagística. S A L O B R A S Supe rior a 0,5 ‰ e infe- rior a 30 ‰ Classe Espe- cial

*Preservação dos ambientes aquáticos em Unidades de Conservação de proteção integral; e

*Preservação das comunidades aquáticas.

Classe 1

*Recreação de contato primário (RC, 274/2000); *Proteção das comunidades aquáticas;

*Aqüicultura e à atividade de pesca;

*Abastecimento humano após tratamento avançado; e *Irrigação de hortaliças e frutas consumidas cruas sem remoção de película, que se desenvolvam rente ao solo, de parques, jardins, campos de esporte/lazer, em contato direto.

Classe 2

*Pesca amadora; e

*Recreação de contato secundário.

Classe 3 *Navegação; e *Harmonia paisagística. S A L I N A S Supe -rior a 30 ‰ Classe Espe- cial

*Preservação dos ambientes aquáticos em Unidades de Conservação de proteção integral; e

*Preservação das comunidades aquáticas.

Classe 1

*Recreação de contato primário (RC 274/2000); *Proteção das comunidades aquáticas; e *Aquicultura e atividades de pesca.

Classe 2

*Pesca amadora;

* Recreação de contato secundário.

Classe 3

*Navegação; e *Harmonia paisagística.

90 À Agência Nacional de Águas (ANA) compete disciplinar em caráter normativo a operacionalização, o controle, o enquadramento e a avaliação dos instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos.

A Resolução Conama No 357/2005 que trata da classificação e enquadramento dos corpos hídricos superficiais, foi alterada (no inciso II do § 4º e na Tabela X do § 5º do art. 34) pela Resolução No 397/2008, estabelecendo as condições e padrões para o lançamento de efluentes nos corpos hídricos. Os prazos para o atendimento dessas condições porém, foram novamente alterados pela Resolução 410/2009.

O Conselho Nacional de Recursos Hídricos também estabeleceu pela Resolução No 91 de 05 de novembro de 2008 (que revogou a de No 12/2000), procedimentos gerais para o enquadramento de corpos d‟água superficiais e subterrâneos, considerando como referências básicas os usos preponderantes mais restritivos e a bacia hidrográfica como unidade de gestão. Indicou ainda que o enquadramento deverá realizar- se com ampla participação da comunidade da bacia hidrográfica, por meio da realização de consultas públicas, encontros técnicos, oficinas de trabalho e outros mecanismos que lhe sejam apropriados.

5.2.2 A importância da proteção das nascentes

A água superficial tem uma origem e necessita ter suas condições de existência asseguradas. A proteção das nascentes de água é na atualidade assegurada em lei, o que infelizmente não garante sua efetividade na prática.

Em abril de 1989 entrou em vigor a Lei No 7.754, estabelecendo medidas para a proteção das florestas existentes nas nascentes dos rios, em conformidade com a Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965 (Código Florestal). Propunha a constituição de Paralelogramas de Cobertura Florestal, nos quais era vedada qualquer forma de desmatamento e, em caso de desrespeito a essa determinação antes da vigência dessa lei, o reflorestamento com espécies vegetais nativas da região deveria ser imediatamente efetuado, levando-se em consideração as dimensões fixadas em regulamento, e o comprimento e largura dos rios cujas nascentes precisavam ser protegidas (BRASIL/CASA CIVIL, 1989).

Em 25 de maio de 2012, após longo período de discussões e polêmicas, foi aprovada a Lei Nº 12.651 (Novo Código Florestal). Esta lei traz mudanças significativas ao Código Florestal de 1965, altera as

91 Leis No 6.938, de 31 de agosto de 1981, a de No 9.393, de 19 de dezembro de 1996, a No 11.428, de 22 de dezembro de 2006, além de revogar as Leis No 4.771, de 15 de setembro de 1965; 7.754, de 14 de abril de 1989 e a Med. Provisória No 2.166-67, de 24 de agosto de 2001. Considera-se que o estabelecimento de formas de preservação e uso sustentável dos recursos ambientais implica na adoção de princípios norteadores como:

 formação humana: política de formação de educadores que atue no sentido de ampliar a compreensão e o compromisso destes, com uma educação mediadora e promotora de atitudes cidadãs, sob uma percepção sistêmica dos sistemas vivos e da saúde ambiental (da natureza e humana);

 responsabilidade comum: a ação governamental é importante na promoção de políticas e programas ambientalmente adequadas, mas a participação da sociedade civil é fundamental na rigorosidade das ações, e no restabelecimento das melhores condições ecológicas, ambientais e sociais;

 fomento à pesquisa científica e tecnológica: promoção da inovação para o uso sustentável do solo, do ar, da fauna, da flora nativa, e da água. E de alternativas para a redução da geração de resíduos, e de tratamento eficiente dos resíduos gerados pelos processos econômicos e pela sociedade.

Compreende-se que a disponibilidade de água necessita de cuidados e de precaução, uma vez que as ações antrópicas sobre o meio ambiente e as alterações delas advindas, podem alterar profundamente as adequadas condições para a manutenção dos mananciais hídricos. Proteger as fontes é então, condição necessária à manutenção das águas superficiais, da mesma forma que a cobertura vegetal que compõe os ecossistemas ripários representa um serviço ambiental essencial na manutenção dos corpos hídricos e do ciclo hidrológico.

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