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AS AÇÕES SOCIOEDUCATIVAS NA CONCEPÇÃO DO ATUAL PROJETO

No documento O papel da música na educação infantil. (páginas 110-113)

CAPÍTULO III – AS AÇÕES SOCIOEDUCATIVAS DA ASSOCIAÇÃO AMIGOS

3.1 AS AÇÕES SOCIOEDUCATIVAS NA CONCEPÇÃO DO ATUAL PROJETO

A AAPG, no ano de 2008, reestruturou seu Projeto Político Pedagógico, unificando seus princípios e ações em um documento, atendendo a uma proposta de trabalho integrado entre Diretoria Educacional, Diretoria de Desenvolvimento Social e Diretoria Administrativa Financeira. Os motivos pelos quais ocorreu essa reestruturação direcionam-se para a necessidade de tornar o Projeto mais eficaz, pois ao criar a Diretoria de Desenvolvimento Social, evidencia-se o caráter social do Projeto, o que implica em várias ações.

Para entender essa questão é preciso saber primeiro o que é um Projeto Político Pedagógico (PPP): este documento indica aquilo que a instituição tem a intenção de fazer, de conquistar, de realizar. Várias instituições formais e não formais organizam-se a partir da construção de um PPP que fornece as diretrizes dos trabalhos realizados.

O Projeto Político Pedagógico da AAPG assume como princípios básicos a participação, a autonomia, o trabalho coletivo e a gestão democrática. O próprio nome do documento indica em quais aspectos estão pautadas as ações do Projeto Político Pedagógico: a palavra “projeto” indica as atividades que serão realizadas em determinado espaço de tempo,

as quais necessitam de uma direção, de um rumo; a palavra “político” sugere a formação do indivíduo para a cidadania, sendo este crítico, reflexivo, atuante e responsável pelas suas ações e agindo de forma individual ou coletiva na busca pelos seus direitos; já a palavra “pedagógico”, engloba as ações direcionadas para as práticas educativas, as quais devem ser organizadas e orientadas com o fim de promover e auxiliar o processo de ensino e aprendizagem.

De acordo com Vasconcelos, o Projeto Político Pedagógico é:

[...] um instrumento teórico-metodológico que visa ajudar a enfrentar os desafios do cotidiano da escola, só que de uma forma refletida, consciente, sistematizada, orgânica e, o que é essencial, participativa. É uma metodologia de trabalho que possibilita re-significar a ação de todos os agentes da instituição. (VASCONCELLOS, 1995, p.143)

Esse documento enfoca a participação, é por meio dela que a gestão democrática se consolida, uma vez que todos tomam parte do processo, seja por meio de sugestões, decisões, ou ainda na execução ou avaliação do projeto. Libâneo (2001) afirma que a participação é fundamental por garantir a gestão democrática da escola, pois é assim que todos os envolvidos no processo educacional da instituição estarão presentes tanto nas decisões e construções de propostas (planos, programas, projetos, ações, eventos) como no processo de implementação, acompanhamento e avaliação.

Para Veiga (1996), todo projeto pedagógico é também político. Essas dimensões não se separam, pois há uma relação recíproca entre elas. Ainda segundo o autor:

Político e pedagógico têm assim um significação indissociável. Nesse sentido é que se deve considerar o projeto político pedagógico como um processo permanente de reflexão e discussão dos problemas da instituição, na busca de alternativas viáveis à efetivação de sua intencionalidade. (VEIGA, 1996, p.13)

O Projeto Político Pedagógico é intencional e seus propósitos são definidos coletivamente, já que se torna um compromisso assumido por todos. Esse documento atende a uma proposta de maior e melhor atendimento aos participantes a partir de um trabalho direcionado para a reflexão sobre as práticas pedagógicas e as concepções da instituição.

Dessa forma, o Projeto Político Pedagógico da instituição aponta como principais características desse trabalho:

(1) a busca de uma proposta para uma maior e mais constante democratização e legitimização do projeto político pedagógico, por meio de reflexão constante sobre as suas concepções e consequentes ações;

(2) maior comprometimento com a inclusão sociocultural que contempla a diversidade de alunos em termos de procedência, necessidades e expectativas;

(3) produção coletiva e integrada do projeto, envolvendo as diferentes áreas da AAPG;

(4) busca de autonomia sociopolítica e identidade organizacional própria na elaboração e implementação do novo projeto político pedagógico, com definição de critérios claros para todas as etapas de trabalho no contexto socioeducacional;

(5) atribuição de “unicidade e coerência ao processo educativo”

envolvendo aspectos técnico-metodológicos e o contexto sociocultural.

Verifica-se que o item 2 – “maior comprometimento com a inclusão sociocultural que contempla a diversidade de alunos em termos de procedência, necessidades e expectativas” – abarca justamente as questões levantadas nesta pesquisa, as quais buscam elucidar até que ponto as ações socioeducativas promovem ou não a inclusão sociocultural de crianças e jovens.

Com a reestruturação do Projeto Político Pedagógico, a Associação afirma que sua implementação tem ocorrido de forma gradual desde o ano de 2009. Essa reestruturação iniciou-se pelos pressupostos pedagógico-musicais e socioculturais, os quais contemplam, entre outras coisas, a formação dos profissionais, a aquisição de material de apoio, a criação de projetos-piloto, o desenvolvimento do Plano de Ação (que abarca assuntos didáticos); além do trabalho desenvolvido pela área de Desenvolvimento Social, que, ao lado da rede de atendimento local (SUS - Sistema Único de Saúde, SUAS - Sistema Único de Assistência Social e o SINASE - Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo), realiza o acompanhamento dos alunos.

Os Polos Regionais foram os primeiros a utilizar o documento (PPP) e, na sequência, no ano de 2010, os Polos e os Polos Fundação CASA. A reestruturação ocorreu diante da necessidade de oferecer um melhor atendimento às crianças e aos adolescentes nas áreas educativa e social.

Mas será que na prática o Projeto Político Pedagógico é cumprido em todas as suas dimensões? Tal resposta necessita de um olhar atento para as ações desenvolvidas pelas diretorias responsáveis, pois são elas que fornecem os parâmetros a serem seguidos.

As ações socioeducativas são organizadas pelas Diretorias Educacional e de Desenvolvimento Social, que determinam os parâmetros a serem seguidos no trabalho

pedagógico e social. A Diretoria Administrativa Financeira atende a outros segmentos da instituição, como: recursos humanos, infraestrutura, planejamento e gestão de informação, contábil, suprimentos e tecnologia da informação.

Desde a reestruturação da instituição, quando foi definida a criação da Diretoria de Desenvolvimento Social, a Diretoria Educacional e a Diretoria Administrativa Financeira passaram a atuar juntas com o objetivo de criar ações que promovessem a integração dos alunos em suas comunidades, realizando também o acompanhamento em outros segmentos, como assistência social, saúde, habitação, cultura, lazer, educação e outros. De acordo com o Relatório de Atividades de 2010 (p.17):

Para que esse acompanhamento seja efetivo, as áreas educacional e de desenvolvimento social da AAPG atuam de forma unificada, por meio de ações complementares à prática musical, efetivando a integração dos alunos dentro de suas comunidades.

Dentro desta proposta, observa-se um direcionamento para ações que atendam aos aspectos sociais de atendimento e integração dos participantes, ou seja, ações direcionadas para o acompanhamento assistencial. Diante disto, fica a pergunta: as ações estão voltadas para o assistencialismo ou para a construção da cidadania? Qual sua função neste trabalho?

O trabalho em conjunto entre essas áreas passou a se realizar, segundo o Projeto, a partir do ano de 2010. Dessa forma, são apresentadas a seguir as características de cada área, com as ações socioeducativas desenvolvidas nos anos de 2010 e 2011.

No documento O papel da música na educação infantil. (páginas 110-113)