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CAPÍTULO III – O MODELO DE CONSELHO JUDICIAL ADOTADO NO BRASIL

3.5. O controle disciplinar

3.5.2. As atribuições da Corregedoria Nacional de Justiça

A Corregedoria Nacional de Justiça possui um papel fundamental no exercício do controle disciplinar pelo Conselho Nacional de Justiça. Por imposição constitucional, a função de Ministro-Corregedor é exercida pelo Ministro do Superior Tribunal de Justiça, o qual fica excluído da distribuição regular dos processos, mas fica, em contrapartida, responsável pelo recebimento das reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos magistrados e aos serviços judiciários; pelo exercício de funções executivas do Conselho, de inspeção e de correição geral; pela requisição e designação de magistrados, delegando-lhe atribuições, e pela requisição de servidores de juízos ou Tribunais, inclusive nos Estados, Distrito Federal e Territórios.

Entre as atribuições do Corregedor Nacional de Justiça, discriminadas no art. 8º do Regimento Interno do Conselho Nacional de Justiça, merecem realce: receber as reclamações e denúncias de qualquer interessado relativas aos magistrados e Tribunais e aos serviços judiciários, auxiliares, serventias, órgãos prestadores de serviços notariais e de registro, determinando o arquivamento sumário das anônimas, das prescritas e daquelas que se apresentem manifestamente improcedentes ou despidas de elementos mínimos para a sua compreensão, de tudo dando ciência ao reclamante; determinar o processamento das reclamações que atendam aos requisitos de admissibilidade, arquivando-as quando o fato não constituir infração disciplinar; instaurar sindicância ou propor, desde logo, ao Plenário a instauração de processo administrativo disciplinar, quando houver indício suficiente de infração; promover ou determinar a realização de sindicâncias, inspeções e correições, quando houver fatos graves ou relevantes que as justifiquem, desde logo determinando as medidas que se mostrem necessárias, urgentes ou adequadas, ou propondo ao Plenário a adoção das medidas que lhe pareçam suficientes a suprir as necessidades ou deficiências constatadas; promover a criação de mecanismos e meios para a coleta de dados necessários ao bom desempenho das atividades da Corregedoria Nacional de Justiça; manter contato direto com as demais Corregedorias do Poder Judiciário; promover, constituir e manter bancos de dados, integrados a banco de dados central do CNJ, atualizados sobre os serviços judiciais e extrajudiciais, inclusive com o acompanhamento da respectiva produtividade e geração de relatórios visando ao diagnóstico e à adoção de providências para a efetividade fiscalizatória e correicional, disponibilizando seus resultados aos órgãos judiciais ou administrativos a quem couber o seu conhecimento; entre outras.

Deve-se observar que, a par do Regimento Interno do Conselho Nacional de Justiça, a prática dos atos e a tramitação dos feitos na Corregedoria também estão disciplinadas no seu Regulamento Geral, aprovado através da Portaria nº 12, de 30/03/2007.

Este enquadramento da Corregedoria Nacional de Justiça como um filtro das reclamações e denúncias encaminhadas ao Conselho, incumbindo-lhe a realização de um exame de admissibilidade e a submissão ao Plenário apenas se configurado indício suficiente de infração, é, decerto, o responsável por a grande maioria dos processos distribuídos ao Conselho ser dirigida à Corregedoria.

Em consonância com o Relatório Final de Atividades da Corregedoria Nacional de Justiça, referente ao biênio 2005/2007275, foram distribuídos ao Conselho, no período compreendido entre a sua instalação (14/06/2005) e 19/12/2005, 633 (seiscentos e trinta e três) processos, dos quais 348 (trezentos e quarenta e oito), correspondentes a 54,97%, foram distribuídos à Corregedoria.

Em 2006, a sociedade, de certa forma, despertou para a possibilidade de acesso ao Conselho Nacional de Justiça, apurando-se, em relação a 2005, um aumento na ordem de 334,10% do número total de processos, conforme o Relatório Anual de 2006276. Foram distribuídos, entre janeiro e dezembro de 2006, 2.575 (dois mil, quinhentos e setenta e cinco) processos, dos quais 1.165 (mil, cento e sessenta e cinco), correspondentes a 45,24%, foram dirigidos à Corregedoria.

No ano de 2007 ocorreu a implantação do sistema de processo virtual no Conselho Nacional de Justiça, o qual passou a abranger todos os processos recebidos a partir de maio do referido ano. O total de processos físicos e eletrônicos, distribuídos no período de 01/01/2007 a 31/12/2007, foi de 3.771 (três mil, setecentos e setenta e um) processos, correspondendo a um aumento na ordem de 46,45%, em relação ao total recebido em 2006277. Do montante apurado, 2.057 (dois mil e cinquenta e sete) processos, correspondentes a 54,54% do total, foram distribuídos à Corregedoria.

Em 2008, o aumento no quantitativo de processos correspondeu a 76%, em comparação com os anos de 2006 e 2007. Entre 01/01/2008 e 31/12/2008, foram recebidos

275

Cf. CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Relatório Final de Atividades – Biênio 2005/2007. Disponível em: <http://www.cnj.jus.br/images/stories/docs_corregedoria/relatorios/relatorio_final_2005_2007.pdf>. Acesso em: 16 jun. 2009

276

Cf. CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Relatório Anual 2006. Disponível em:

<http://www.cnj.jus.br/images/conteudo2008/relatorios_anuais/relatorio_anual_cnj_2006.pdf>. Acesso em: 02 set. 2009.

277

Cf. CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Relatório Anual 2007. Disponível em:

<http://www.cnj.jus.br/images/conteudo2008/relatorios_anuais/relatorio_anual_cnj_2007.pdf>. Acesso em: 02 set. 2009

4544 (quatro mil, quinhentos e quarenta e quatro) processos, dos quais 2.768 (dois mil, setecentos e sessenta e oito), equivalentes a 61,31% do total, foram dirigidos à Corregedoria278.

De uma forma geral, o papel essencial da Corregedoria Nacional de Justiça consiste na realização de um acompanhamento mais próximo da prestação do serviço judiciário, através das inspeções e correições, e na efetivação da apuração de reclamações e denúncias, com o arquivamento sumário das que não cumpram os requisitos mínimos para processamento.

Deve-se afastar, de plano, sua caracterização como órgão punitivo. Eventual aplicação de penalidades incumbe ao Conselho, e não ao Corregedor Nacional de Justiça, uma vez que, havendo provas suficientes de prática de infração disciplinar, a Corregedoria proporá ao Plenário a instauração do processo administrativo disciplinar279, o qual será distribuído a um Relator, a quem competirá ordenar e dirigir a instrução respectiva.