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Etapa 5: Elaboração do Relatório de Dissertação

3.2 AS BASES TEÓRICAS DA PSICOLOGIA VOCACIONAL

Ao longo dos anos, diversos conceitos foram desenvolvidos no âmbito da escolha profissional e somente com o aprofundamento dos estudiosos em psicologia tornou-se possível um esclarecimento dos fatores que determinam tais escolhas. No entanto, o caminho percorrido pelos pesquisadores foi marcado por concordâncias e discordâncias conceituais.

Para Crites (1974), existe um campo maior de pesquisas denominado Psicologia Vocacional, onde a orientação profissional seria apenas um dos elementos desse todo e, assim, relata as interpretações errôneas dadas aos termos. Em seu trabalho o autor faz valiosas considerações a cerca das bases teóricas de escolha profissional e que serão aqui conduzidas e interpretadas com um enfoque contributivo para questões de transporte. Assim, o indivíduo tratado como o objeto de estudo na orientação profissional dá lugar a interpretações voltadas para o transporte em que uma teoria psicológica vem contribuir para o processo de identificação das aptidões do sistema de transporte ferroviário.

Segundo Crites (1974) a escolha profissional é fundamentada nas teorias vocacionais que, por sua vez podem ser tratadas de uma maneira mais ampla em três grupos distintos de teorias, identificadas como: não-psicológicas, psicológicas e gerais. Resumidamente, as características principais de cada uma são apresentadas a seguir, mesmo que em sua totalidade tratem da questão de escolha profissional, não invalidando a compreensão a ser extrapolada para o transporte.

3.2.1 Teorias Não-psicológicas

Para Bock et. al (1999), são fortes as influências dos fatores de natureza econômica e social na aquisição de uma profissão, determinando em sua maioria a escolha. Nesse sentido e compartilhando com os pensamentos do psicólogo argentino Bohoslavsky, a

 

autora aponta como sendo o grupo familiar e o grupo de amigos de onde emanam as principais pressões e elementos para que o indivíduo se referencie no momento de uma escolha profissional. Logo, os grupos citados representam o ambiente em que se insere o indivíduo, assim como o meio em que se processa o transporte.

As Teorias Não-psicológicas são aquelas que atribuem os fenômenos de escolha ao funcionamento de fatores externos ao indivíduo. Fatores como a inteligência, interesses, personalidade não se relacionam direta nem indiretamente com a escolha. A escolha do indivíduo resulta do funcionamento de fatores ambientais e que, de acordo com os aspectos que determinam o curso da ação, podem ser de três tipos: (i) fatores casuais ou fortuitos, (ii) as leis de oferta de demanda, e (iii) os costumes e imposições da sociedade. A cada uma dessas implicações são geradas outras teorias para explicar o fenômeno, classificada segundo Crites (1974):

ƒ Teoria acidental: prega que a escolha profissional ocorre sem que o indivíduo

tenha planejado ou mesmo desejado. Simplesmente as circunstâncias, os imprevistos e os acidentes acabaram o conduzindo para determinada ocupação.

ƒ Teoria Econômica: preocupa-se com a distribuição dos trabalhadores em distintas

ocupações da economia, buscando uma abordagem explicativa para o fato de a escolha ter priorizado esta ou aquela ocupação. Dado que existe uma liberdade de escolha, infere-se que a ação é motivada pelas possíveis vantagens que a ocupação reflete aos olhos do indivíduo.

ƒ Teoria Cultural e Sociológica da escolha vocacional: considera a influência da

cultura e da sociedade em que o indivíduo vive e as metas e objetivos que aprendeu a valorar. Conforme Super e Bachrach (1957), a eleição se dá por fatores estritamente relacionados com os sistemas sociais.

3.2.2 Teorias Psicológicas

Em contraponto às teorias não-psicológicas, as psicológicas se concentram mais no indivíduo como elemento crucial do processo da tomada de decisão vocacional. No entanto, as duas vertentes têm em comum a suposição de que os indivíduos têm o controle de pelo menos parte do seu futuro profissional.

 

Nas teorias de cunho psicológico as escolhas são centradas, principalmente, nas características ou funcionamento do indivíduo e indiretamente pelo ambiente em que vive, sendo quatro as subdivisões de teorias deste grupo: (a) traços e fatores, (b) psicodinâmicas, (c) evolutivas, e (d) decisionais.

ƒ Teoria dos Traços e Fatores: fundamenta-se nas diferenças individuais e na

análise das ocupações. O indivíduo, conhecendo suas aptidões, interesses e características pessoais, ingressa em ocupações que exigem diversas quantidades e qualidades dos traços e fatores pessoais. Assim, é realizada uma comparação entre capacidade e as disposições requeridas pelas ocupações resultando na melhor adequação.

ƒ Teorias Psicodinâmicas: verifica os processos psicológicos com base nas

necessidades do “eu”. São considerados fatores importantes da escolha, as variáveis motivacionais, as quais descrevem o processo psicológico que está mudando ou provocando uma mudança. Coincide com a teoria dos traços e fatores quando se considera a escolha tem um momento determinado e não durante um período.

ƒ Teorias Evolutivas: em contraste com as duas anteriores, a teoria evolutiva está

embasada no fato de que as decisões a cerca de uma ocupação acontecem em diferentes momentos da vida de um indivíduo. Depreende-se disso que é um processo contínuo iniciado na infância e progredindo até os primeiros anos da vida adulta. Essa concepção teve origem com Carter, no ano de 1940 em seu trabalho sobre interesses na adolescência.

ƒ Teoria Decisionais: revela-se de maior interesse para o assunto a ser abordado,

tratando basicamente no processo de análise de uma situação, seus elementos, resultando numa escolha. Após esta contextualização, realizar-se-á um tratamento mais detalhado das suas particularidades.

3.2.3 Teorias Gerais

Fundamentam-se principalmente nos muitos fatores que podem afetar uma escolha. Com isso, possui como intenção: “esboçar de que modo fatores interagem de forma a determinar as preferências individuais pelas ocupações dos indivíduos e de que maneira chocam com a seleção de ocupações dos indivíduos” (Crites, 1974).

 

3.3 TEORIA DECISIONAL

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