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Capítulo III – Os Contributos da Família e da Escola na Educação e na Socialização do indivíduo

3.5 As Características do Professor

Para Maria Isabel de Almeida é o professor quem educa sob orientação pedagógica e didática, definindo metas, objetivos, planeando estratégias e métodos, preferencialmente partilhados com a família e a própria criança.

É portanto o professor / educador/ pedagogo o protagonista principal na educação das crianças, aqueles que com elas se redescobrem e reconstroem num processo evolutivo de novas formas de educar, formas colaborativas, de cooperação e , interaprendizagem muito produtiva à cidadania ativa de todos os agentes envolvidos no processo educativo.27

A função do professor tem sofrido ao longo da história alterações. Desde os tempos primitivos em que o velho ancião era quem tinha o papel de professor/mestre, passando pela Idade Média em que a função educativa era assumida pelo clero e só se transmitiam os conteúdos indispensáveis, até ao professor responsável pela estabilidade política e social e o conhecimento ser entendido como uma verdade absoluta proveniente da razão/poder (Regime Pombalino e Estado Novo). Com o fim da ditadura em Portugal, o aparecimento de novas ideologias europeias e de um novo discurso pedagógico, em que a imagem do individuo está associada ao seu desenvolvimento físico, intelectual moral, o professor assume o papel de agente de transformação e progresso social estando o seu trabalho pedagógico dirigido para o desenvolvimento global do aluno, orientado por planificações com objetivos e metodologias definidas e

27ALMEIDA, I. (2008): O professor como construtor de mudança.

http://2008isideias.blogspot.pt/2010/08/o-professor-como-construtor-de mudanca.html, (consultado em 30/03/2012)

diferentes processos de avaliação. Para Belmira Santos, “os professores, ao protagonizarem novas práticas de ensino, promovem novas exigências à organização escolar. Surgem desta forma os professores como agentes de mudança e a escola como centro e motor da mesma” (2007: 139).

A instituição “escola” espalhou-se pelo mundo e apesar de ter características diferentes quer a nível de modelos pedagógicos, recursos materiais e humanos e ideologias, todos elas têm em comum, para além do objetivo que é educar, o aluno e o professor. Estes, são elementos essenciais no ato educativo e apesar das novas tecnologias o professor continua a ser a base deste processo, nem que seja para ensinar o aluno a “clicar” no computador, isto é orientá-lo na sua busca pelo conhecimento. Os professores no século XXI tornaram-se elementos fundamentais na promoção do processo de aprendizagem e na aplicação das novas tecnologias na educação. Segundo Olga Pombo:

(…) o discurso do professor, enquanto meio de comunicação, não detém a velocidade da luz que caracteriza a tecnologia cibernética, é igualmente um facto que a sua voz e a instantaneidade da sua audibilidade na clareira comunicativa que é o espaço da aula, a poliformia das diversas linguagens de que se serve, a temperatura do olhar, a postura corporal, os gestos, a entoação, o ritmo da fala, fazem dele o meio privilegiado e incontornável de qualquer ensino.28

O professor é quem está mais próximo dos alunos e quem convive mais diretamente com eles, o que lhe permite conhecer as suas capacidades e dificuldades, compreendê-los e ajudá-los, quando necessitam e orientá-los. O desprendimento da família no acompanhamento ao seu educando, fez com que o professor, perante esta ausência, assumisse outras responsabilidades e reforçasse o papel de amigo, ajudando o aluno a ser feliz. Convém não esquecer que:

a finalidade última da educação é ajudar a pessoa a ser feliz: A esta finalidade última estão subordinados todos a outros objetivos: dar a conhecer as novas gerações o legado cultural, preparar as novas gerações para continuarem a aprender, desenvolver e realizar, ao máximo as potencialidades da cada um e preparar para o exercícios de uma ou mais ocupações (Marques,2001b: 75).

28 Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, 2007, Conferência ‘Desenvolvimento

profissional de professores para a qualidade e para a equidade da Aprendizagem ao longo da Vida’

Para Marques “educar é, então, uma arte, uma técnica e um engenho e é, por esse fato, que o profissional precisa de ter vocação para exercer a função de educar” (2001: 11).

Pretende-se que o professor atual seja o guia, na aprendizagem, despertando no aluno o interesse por essas aprendizagens. Para tal, torna-se imprescindível que na preparação da sua prática letiva ele planifique atividades com objetivos que vão ao encontro das necessidades e capacidades dos seus alunos; utilize recursos atrativos que possam motivar os alunos para as aprendizagens; aplique estratégias diferenciadas na sala de aula de acordo com o perfil dos alunos, que deve conhecer; utilize uma linguagem adequada e cuidada de acordo com a faixa etária que leciona; e aplique diferentes instrumentos de avaliação. Para que o professor prepare e tenha uma boa prática pedagógica é necessário que reflita sobre a mesma, a altere sempre que necessário e para além da sua formação académica seja um autodidata. Na opinião de Belmira Santos ser professor atualmente “requer uma atitude pessoal e profissional de tipo crítico-reflexivo que o leva a repensar e a reajustar o seu desempenho face às situações imprevisíveis e ambíguas da sua prática pedagógica.” (2007: 140). O professor, para além de professor deve ser um investigador e fazer formação ao longo da sua carreira profissional, assim poderá manter-se atualizado e ampliar e os seus conhecimentos acerca do mundo que o rodeia para transmiti-los aos alunos visando outras aprendizagens de formação básica do aluno que não estão expressas diretamente no Currículo. Na opinião de Loureiro nas sociedades atuais o professor deve intervir para o desenvolvimento humano e social, transformando o seu ensino num processo de educação psicológica do aluno. Estas funções exigem não só uma formação “académica” adequada mas também uma formação psicológica e sociológica... (1990: 133). O professor é “um educador profissional que funciona como mediador entre o mundo e a criança, entre a cultura e o aluno (...) ” (Marques, 2001b: 76) Presentemente e tendo em conta as subculturas existentes nas nossas escolas, torna-se pertinente que o professor fomente a interculturalidade para evitar os problemas das diversidades culturais, promover o conhecimento da cultura local e de outras culturas e o respeito pelas diferenças individuais. Segundo Marques:

O professor é um mediador entre a ciência e a cultura e as crianças e os jovens que necessitam de conhecer e compreender uma e outra para poderem crescer saudavelmente e terem uma vida digna. A sua função é mais modesta: (...) ajudar a crescer e a apoiar as novas gerações no seu processo de desenvolvimento humano (2001a: 11).

Ensinar não é apenas transmitir conhecimentos, mas, segundo diversos autores é levar os alunos a pensarem e a construírem conhecimento. O professor é apenas o guia, ativo e criativo que coopera com os alunos nesta aprendizagem, despertando-os para a busca e construção de conhecimento, segundo o 1º Pilar da Educação, ao longo da vida. Para Ramiro Marques, Vigostky e Piaget defendem que:

A aprendizagem mais significativa é que se baseia no processo de construção do conhecimento por parte dos alunos. Esse processo de construção é tanto melhor conduzido quanto melhor o professor for capaz de criar ambientes de aprendizagem que potenciem a interação entre alunos em estádios cognitivos ligeiramente diferentes ou em fases de transição de estádio (....) o professor deve proporcionar aos alunos a oportunidade de aumentarem as suas competências e conhecimento, partindo daquilo que eles já sabem, levando-os a interagir com outros alunos em processos de aprendizagem cooperativa(...)” (2007: 3).29

Legendre defende a existência de quatro pólos básicos para o desenvolvimento de um processo pedagógico: O sujeito, o Objeto, o Agente e o Meio. Para Legendre “a aprendizagem desenvolve-se em função das características pessoais do sujeito aprendente (S), da natureza e do conteúdo do objeto (O), das influências do Meio (M) educacional e cultural, e da qualidade da assistência do agente (A) ” (Martins, 2002: 39). A relação pedagógica é a soma da interação entre estes quatro pólos.

O Decreto-Lei nº 240/2001, de 30 de Agosto de 2001 aprova o perfil geral de desempenho profissional do educador de infância e dos professores dos ensinos básico e secundário. O anexo deste documento determina o papel de desempenho profissional do professor, orientando-se pelas dimensões profissional, social e ética, pela dimensão desenvolvimento do ensino e da aprendizagem, pela dimensão de participação na escola e da relação com a comunidade e pela dimensão de desenvolvimento profissional ao longo da vida. (Ver Anexo 3)

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