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As comarcas civis de 1826 com dados do inquérito de

AS COMARCAS ECLESIÁSTICAS DE BRAGA E VALENÇA NO FINAL DO ANTIGO REGIME

Mapa 5 As comarcas civis de 1826 com dados do inquérito de

Fontes: SIGMA e Inquérito de 1836.

2 – N.º de freguesias e área das comarcas de 1826 com dados do inquérito de 1836

Comarcas Total Freg. Freg. C/dados* % Freg. C/dados Área (Km2)**

VIANA 274 225 82,12 1559,38 GUIMARÃES 245 146 59,59 802,89 BARCELOS 279 111 39,78 644,59 VALENÇA 50 49 98,00 408,51 BRAGA 79 63 79,75 234,54 TOTAL 927 594 64,08 3649,92



As freguesias abrangidas pelo inquérito de 1836 correspondiam à quase tota- lidade da comarca de Valença, a uma grande parte das de Viana e Braga, a mais de metade da de Guimarães e a pouco mais de um terço das freguesias que em 1826 faziam parte da comarca de Barcelos (quadro 2 e mapa 5)64.

A transposição de dados não esteve isenta de problemas. Das 607 freguesias presentes no inquérito de 1836, para 5 não foi possível identificar freguesias correspondentes em 1826, pelo que não pudemos utilizar os seus dados nos cálculos sobre a produção agrícola. Ao nível da cartografia as lacunas são um pouco maiores, pois das 602 freguesias identificadas só conseguimos cartografar as 594 declaradas nos quadros anteriores. Chamamos, contudo, a atenção que esta lacuna foi devidamente identificada e que corresponde a apenas 2,14% do total das paróquias, em geral, de pequenas dimensões, pelo que pensamos não ter real significado numa, não mais que hipotética, distorção dos dados.

Como seria natural foi a divisão administrativa de 1826 que utilizámos para os cálculos, análises e cartografia. Temos de fazer uma ressalva, contudo, pois no que diz respeito às duas primeiras vertentes apenas trabalhámos e apresentamos dados ao nível do concelho. Podíamos ter optado por utilizar também as comarcas; não o fizemos pelo facto da própria geografia das comarcas civis, caracterizada por descontinuidades e encravamentos, não aconselhar a sua utilização para análises comparativas ao nível da produção agrícola (mapa 5). Apesar de também os concelhos sofrerem esta realidade ela resultava “menos importante do que no caso das comarcas”65. Justificava-se, talvez, trabalhar os dados de acordo com a

divisão eclesiástica. Porém, também aqui, as características geográficas da áreas visitacionais, como veremos de seguida, não o aconselhavam. Os concelhos apresentavam-se, assim, como a circunscrição mais adequada ao tratamento e apresentação da informação, tanto no caso da produção agrícola, que permitia comparações entre os municípios e com dados de monografias sobre a região, como no estudo dos rendeiros, para os quais tínhamos dados sobre a sua residência. Já para a distribuição e circulação do produto dos dízimos recorremos, preferencialmente, à divisão eclesiástica.

64 Confrontar estes dados com os que são publicados por Luís Silveira, Território e Poder, CD-ROM. Nessa

comparação é necessário levar em linha de conta que algumas freguesias que são registadas individualmente no inquérito de 1836, em especial, as urbanas, correspondiam a duas, três ou, por vezes, mais freguesias em 1826. Veja-se o exemplo da cidade de Guimarães que era constituída por 4 freguesias, N. Sª da Oliveira, S. Miguel do Castelo, S. Paio e S. Sebastião, e cuja informação, no inquérito de 1836, aparece num único registo correspondente à “Villa de Guimarães”. Algo semelhante acontecia com Viana.

65 Estas características são demonstradas por Luís Silveira, Território e Poder, pp. 30-35 e 37-43 (em especial

mapa n.º 5 e páginas 34 e 40). Quanto às dificuldades de utilização das comarcas para análise estatísticas veja-se Luís Nuno Espinha da Silveira, “A organização do território e o estudo da população, 1801-1849”, in Luís Nuno Espinha da Silveira (coord.), Os Recenseamentos da População Portuguesa de 1801 e 1849. Edição

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1.2. A estrutura administrativa do Arcebispado de Braga

O arcebispado de Braga abrangia, em finais do Antigo Regime, uma extensa área que, grosso modo, correspondia a grande parte do Minho e de Trás-os- -Montes. Se compararmos, por exemplo, com os distritos actuais, vemos que aquela diocese ocupava os de Viana, Braga e Vila Real, parte do Porto e quase metade de Bragança. Era constituída por cerca de 1290 freguesias e tinha uma área total de aproximadamente 11578 km2 (mapa 6)66. O arcebispado correspondia a um

espaço bastante uniforme, sem descontinuidades e com poucos encravamentos. Estes resumiam-se aos isentos de Poiares, de Refóios do Lima e de Fiães e a uma freguesia junto à fronteira com a Galiza que pertencia à diocese de Ourense.

O facto de ser uma diocese extensa tornava-a difícil de governar. No sentido de minorar esse problema, o arcebispado foi sendo dividido, desde a Idade Média, em várias circunscrições. As maiores eram as comarcas eclesiásticas, administradas por um vigário que respondia directamente perante o bispo. Em 1460 eram apenas duas, Braga e Trás-os-Montes. Entre 1505 e 1532 esta última dividiu-se em três: Bragança, Chaves e Vila Real. Em 1512 foi incorporada a de Valença. Aquando da criação da diocese de Miranda (a partir de 1545), a maior parte da comarca eclesiástica de Bragança passou para o novo bispado e o restante ficou a constituir a comarca de Torre de Moncorvo.

Assim, a partir de meados do século XVI e até 1834 a arquidiocese de Braga era constituída por 5 comarcas: Braga, Valença, Vila Real, Chaves e Torre de Moncorvo67. Foi possível verificar a manutenção desta divisão eclesiástica em 1821

e definir parcialmente os seus contornos, como podemos verificar no mapa 768.

66 Veja-se http://atlas.fcsh.unl.pt/. Estes valores referem-se a 1801 e, apesar de poderem existir diferenças

no quadro agora traçado, quando chegamos a 1827-31 a relativa estabilidade no número de freguesias que compõem a diocese desde o século XVII leva a considerar essas alterações como pouco significativas.

67 Cf. António Franquelim Sampaio Neiva Soares, A Arquidiocese de Braga..., Vol. I, 1993, pág. 41. 68 As lacunas deste mapa e dos seguintes, para além dos isentos, correspondem a falta de informação na

fonte. Esta reconstituição foi feita através dos dados do inquérito sobre as paróquias de 1821 e utilizando o

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