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As contraordenações tributárias

No documento Contraordenaes Tributrias 2016 (páginas 42-44)

CONTRAORDENAÇÕES ADUANEIRAS NOVIDADES E PERPLEXIDADES DE UMA REFORMA.

2. As contraordenações tributárias

As contraordenações previstas no RGIT são somente aduaneiras e fiscais e qualificam-se como graves ou simples7 8, quando a lei expressamente as indica como tal9 ou quando os limites

máximos abstratos sejam inferiores a € 15000, caso em que são consideradas simples10, ou

superiores àquele montante, caso em que são consideradas graves11.

Para além do exposto, há que ter em atenção ainda os casos em que as infracções de natureza contraordenacional são cometidas por pessoas colectivas, uma vez que neste casos e nos termos do n.º 4 do art.º 26.º do RGIT os limites abstractos das coimas são elevados para o dobro. Do exposto resulta que nalguns casos, quando a infracção é cometida por pessoa singular, é qualificada como simples e quando cometida por pessoa colectiva por força do mecanismo supra indicado, é qualificada como grave12.

2 Veja-se SOUSA, António Napoleão Vieira e – O Contencioso fiscal aduaneiro através dos tempos. Separata do Boletim das Alfândegas da Província de Angola. Luanda. 1961 p. 11

3 Aprovado pelo Decreto-lei n.º 376-A/89, de 25 de Outubro. 4 Aprovado pelo Decreto-lei n.º 20-A/90, de 15 de Janeiro.

5 Não podemos esquecer que o Direito Processual Penal Tributário é uma novidade neste regime sancionatório (ainda que seja somente regulada a fase de inquérito).

6 Veja-se por exemplo os regimes do pagamento reduzido da coima, do pagamento voluntário (o pagamento voluntário no RJIFA encontrava-se mais próximo do que é agora o pagamento antecipado da coima) e mesmo a dispensa e atenuação da coima.

7 Este critério bipartido só foi instituído na versão final do RGIT. Do Anteprojecto constava uma tripartição qualificativa em simples, graves e muito graves (vide Anteprojecto do Regime Geral das Infracções Tributárias. Lisboa: Edição do Ministério das Finanças, 1999, p. 49)

8 Art.º 23.º n.º 1 do RGIT.

9 Vejam-se os casos dos art.ºs 117.º n.º 9 e 121.º n.º 3 do RGIT. 10 Art.º 23.º n.º 2 do RGIT.

11 Art.º 23.º n.º 3 do RGIT.

12 Veja-se a título exemplificativo as contraordenações tipificadas pelos art.ºs 110.º e 117.º n.ºs 6 e 7 do RGIT.

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CONTRAORDENAÇÕES TRIBUTÁRIAS - 2016

Contraordenações aduaneiras. Novidades e perplexidades de uma reforma.

Esta dicotomia, releva hoje somente para efeitos de aplicação de sanções acessórias, no caso de se tratar de contraordenações graves13.

Não encontramos no RGIT contraordenações comuns e tal circunstância deve-se ao facto de não estarem aqui tipificadas contraordenações contra a segurança social14. Assim ao se

excluírem deste diploma os ilícitos de mera ordenação social aplicáveis ao direito da segurança social, tal determinou que não se consagrassem ilícitos comuns desta natureza, o que do ponto de vista dos bens jurídicos protegidos ou tutelados não faz muito sentido relativamente a algumas infracções que no nosso entendimento deveriam ser classificadas como comuns. 15

No que toca à segurança social é mesmo nosso sentir que esta codificação ficou além do que era expectável. Se do ponto de vista político, na segunda fase de revisão16, se entendeu que o

RGIT se aplicaria às infracções das normas reguladoras das contribuições e prestações relativas ao sistema de solidariedade e segurança social,17 haveria que assumir esta opção na sua

plenitude e integrar neste regime jurídico, não só as infracções de natureza criminal como também as de natureza contra-ordenacional18.

13 Podem ser aplicadas às contraordenações graves nos termos do art.º 28.º do RGIT, as seguintes sanções acessórias: Perda de objectos pertencentes ao agente; privação do direito a receber subsídios ou subvenções concedidos por entidades ou serviços públicos; perda de benefícios fiscais concedidos, ainda que de forma automática, franquias aduaneiras e benefícios concedidos pela administração da segurança social ou inibição de os obter, pelo prazo máximo de 2 anos; privação temporária do direito de participar em feiras, mercados, leilões ou arrematações e concursos de obras públicas, de fornecimento de bens ou serviços e de concessão, promovidos por entidades ou serviços públicos; encerramento de estabelecimento ou de depósito; cassação de licenças ou concessões e suspensão de autorizações; publicação da decisão condenatória a expensas do agente da infracção; perda do montante total que exceda o quantitativo de € 150000, sempre que a infracção prevista no n.º 6 do artigo 108.º seja cometida a título de dolo e o montante de dinheiro líquido objecto da referida infracção seja de valor superior àquele montante; perda das mercadorias de importação e exportação proibida.

14 Embora não estejam consagradas no RGIT, tal não significa que não existam. As mesmas encontram-se reguladas em diplomas avulsos, designadamente, no âmbito dos regimes de Segurança Social, aplicáveis aos empregadores e trabalhadores as infrações são reguladas pelos Decretos-Lei n.ºs 64/89, de 25 de Fevereiro, 328/93, de 25 de Setembro e 119/99, de 14 de Abril. Quanto às contraordenações e coimas aplicáveis aos estabelecimentos que exerçam actividades de apoio social no âmbito da Segurança Social, as infracções, são reguladas pelos Decretos-Lei n.ºs 133-A/97, de 30 de Maio e 156/2005, de 15 de Setembro. No que se refere ao Código dos Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de Segurança Social, aprovado pela Lei n.º 110/2009, de 16/09, consultem-se os art.ºs 221.º e segs.

15 Veja-se o caso da aquisição de mercadorias objecto de infracção aduaneira, prevista no art.º 112.º e classificada como aduaneira.

16 No primeiro anteprojecto, estas infracções estavam excluídas do RGIT, veja-se p. 16 do Anteprojecto do Regime Geral das Infracções Tributárias. Lisboa: Edição do Ministério das Finanças, 1999.

17 Vide al. d) do n.º 1 do art.º 1.º do RGIT.

18 E ainda as de natureza processual, uma vez que a título exemplificativo o Código dos Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de Segurança Social, tem regras próprias de natureza procedimental.

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CONTRAORDENAÇÕES TRIBUTÁRIAS - 2016

Contraordenações aduaneiras. Novidades e perplexidades de uma reforma.

Com esta visão narrow da codificação efetuada, perdeu-se não só a oportunidade de actualizar alguns regimes infraccionais de extrema importância, como seja o previsto no DL n.º 64/89, de 25 de Fevereiro, como a “reforma” ficou manifestamente incompleta19.

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