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As correntes iniciáticas dos Evangelhos

No documento O Evangelho segundo João (páginas 66-75)

Ontem obtivemos, como resultados de nossas observações, o fato de o impulso do Cristo, após atuar sobre a pessoa de Jesus de Nazaré, haver-se unido à evolução da Terra. E de então em diante, esse constituiu um impulso tão forte dentro da evolução humana terrestre que hoje atua sobre o homem da mesma forma como outrora atuou aquele procedimento progressivamente perigoso para a vida humana: a retirada do corpo etérico, por três dias e meio, do corpo físico durante a iniciação. O impulso Crístico atua tão fortemente quanto atuava tal anormalidade sobre a consciência.

Ora, devemos imaginar que de fato tal mudança só pudesse introduzir-se lentamente na evolução humana, não podendo desde o início surgir com tal força e poder. Por isso era necessário que na ressurreição de Lázaro fosse criada uma espécie de transição. Lázaro ainda se encontrava, por três dias e meio, num estado similar à morte.

Contudo, deve-se ter bem claro que tal estado era ainda algo diferente daquele percorrido pelos antigos iniciados. O estado de Lázaro não havia sido induzido artificialmente por um iniciador, como nos antigos tempos — quando, por processos que não posso descrever aqui, o corpo etérico era retirado do corpo físico; havia ocorrido, podemos dizer, de maneira natural. Os Senhores mesmos podem deduzir, do Evangelho, que o Cristo já se relacionara antes com Lázaro e as duas irmãs Marta e Maria, pois está escrito “o Senhor o amava”, isto é, o Cristo Jesus já vinha exercendo de longa data uma grande e poderosa influência sobre Lázaro, que se achava suficientemente preparado e maduro para tal. E por conseqüência não era necessário, em Lázaro, provocar artificialmente um transe por três dias e meio, pois este ocorreu por si sob a poderosa influência do impulso Crístico. Lázaro esteve, por assim dizer, morto para o mundo exterior por três dias e meio, embora durante esse tempo houvesse vivenciado o que havia de mais importante — de forma que apenas o último ato, a ressurreição, foi procedida pelo Cristo. E quem estiver informado sobre o que então ocorreu, reconhece ainda o eco do antigo processo iniciático nas palavras empregadas pelo Cristo Jesus:

“Lázaro, vem para fora!”.

E Lázaro ressuscitado era, como vimos, João ou, melhor dizendo, o escritor do Evangelho de João — o mesmo, portanto, que como primeiro iniciado no sentido cristão pôde trazer ao mundo o Evangelho da entidade do Cristo.

Podemos, pois, supor de antemão que esse Evangelho de João, tão maltratado pela atual pesquisa puramente histórico-crítico-teológica e apontado apenas como um hino lírico, como uma expressão subjetiva desse autor, nos permitirá contemplar os mais profundos mistérios do impulso do Cristo. Para os pesquisadores materialistas da Bíblia, esse Evangelho de João constitui hoje um obstáculo quando comparado aos três outros, os assim chamados evangelhos sinópticos. A imagem que eles fazem do Cristo segundo os três primeiros evangelhos lisonjeia bastante os letrados senhores de nossa época. Já foi escrito — e isto aconteceu mesmo na área teológica — que deve tratar-se do ‘homem simples de Nazaré’. E repetidamente é frisado que se pode obter uma imagem do Cristo como talvez a do mais nobre homem que caminhou sobre a Terra, mas sempre e apenas a imagem de um homem. Existe mesmo a tendência a simplificar ao máximo possível

essa imagem, e nesse sentido se ouve dizer que também existiu um Platão, um Sócrates e ainda outros grandes homens. Diz-se também que há diferenças de grau entre eles.

Sem dúvida, muito diferente disso é a imagem do Cristo que nos é dada pelo Evangelho de João! Logo no início nos é dito que aquele que durante três anos viveu no corpo de Jesus de Nazaré era o Logos, o Verbo sempiterno ou — segundo a expressão que também consta aí — a sempiterna Sabedoria criadora. Não pode ser concebido, em nossa época, que um homem em seu trigésimo ano de vida esteja tão maduro a ponto de sacrificar seu próprio eu e acolher uma outra entidade, uma entidade simplesmente de natureza sobre-humana: o Cristo, ao qual Zaratustra se referiu como Ahura Mazdao. Por isso os tais pesquisadores teológicos críticos acreditam que o escritor do Evangelho de João só haja pretendido descrever, numa espécie de hino lírico, a maneira como ele próprio se relaciona com seu Cristo, e nada mais. De um lado está o Evangelho de João e de outro os três demais evangelhos, mas quando se quer obter uma imagem média do Cristo pode-se destacar o ‘homem simples’, embora com a grandeza histórica. Aos novos pesquisadores não agrada que deva haver uma entidade divina em Jesus de Nazaré.

Da Crônica do Akasha se evidencia que, em seu trigésimo ano, aquela personalidade referida como Jesus de Nazaré estava tão amadurecida, por tudo quanto atravessara em encarnações anteriores, que podia sacrificar o seu próprio eu. Pois foi o que ocorreu: ao ser batizado por João, esse Jesus de Nazaré pôde tomar a resolução — como um eu, como o quarto membro da entidade humana — de retirar-se dos corpos físico, etérico e astral. E agora restava uma nobre forma de invólucro, um nobre corpo físico, etérico e astral perpassado pelo mais puro e evoluído eu. Era como um puro vaso, que no batismo por João pôde receber o Cristo, o sempiterno Logos, a Sabedoria criadora. Assim nos diz a Crônica do Akasha. E basta querermos para reconhecermos isso na descrição do Evangelho de João.

Ora, não temos de confrontar-nos com aquilo em que acredita nossa era materialista? Talvez alguns dos Senhores se admirem por eu me referir a teólogos — portanto, a pessoas que falam do espírito — como pensadores materialistas. Mas não se trata daquilo em que alguém crê e pesquisa, mas de como ele pesquisa, não importando o conteúdo. Quem não quer saber do que aqui nos ocupa — de um mundo espiritual —, só considerando o que existe no mundo material sob forma de documentos, etc., pretendendo com isso formar uma imagem do mundo, é um materialista. O que importa é o meio de pesquisa. Mas ainda nos ocuparemos com isso.

Ao ler os Evangelhos, os Senhores verão que aí existem certas contradições. Já com respeito aos pontos principais, que podemos descrever como o essencial a partir da Crônica do Akasha, podemos dizer que coincidem de maneira evidente, em especial com relação ao próprio batismo por João. E de todos os quatro Evangelhos ressalta que seus escritores atribuem a esse batismo de Jesus de Nazaré por João o maior valor imaginável. Mais adiante coincidem também nos fatos da morte na cruz e da ressurreição. São, portanto, justamente aqueles fatos que para os atuais pensadores materialistas constituem os mais admiráveis. A esse respeito não há, pois, qualquer contradição. Mas como devemos lidar com as outras aparentes contradições?

Temos inicialmente dois evangelistas: Marcos e João. Ambos iniciam pelo batismo de João. Relatam os três últimos anos da atuação do Cristo Jesus, portanto apenas o que ocorreu após o Espírito do Cristo haver assumido o triplo envoltório de Jesus de Nazaré — seus corpos físico, etérico e astral. Temos depois os evangelhos segundo Mateus e segundo Lucas. De certa forma, prosseguem também a história anterior — o que em nosso sentido seria, na Crônica do Akasha, a história de Jesus de Nazaré antes de seu sacrifício pelo Cristo. E aqueles que farejam contradições constatam, logo no início, que Mateus comunica uma linha hereditária ascendente até Abraão, e que Lucas, por sua vez,

dá uma ascendência que alcança Adão e o Pai de Adão, o próprio Deus. Uma outra contradição surgiria do fato de, segundo Mateus, três sábios ou magos, guiados por uma estrela, acercarem-se para saudar o recém-nascido Jesus, enquanto Lucas relata a respeito da aparição presenciada pelos pastores, da adoração dos pastores, da apresentação no Templo, ao passo que Mateus se refere à perseguição por Herodes, à fuga para o Egito e ao regresso. Isto e muito mais poderia ser tomado por contradição.

Poderemos esclarecer isto se penetrarmos um pouco mais nos fatos que nos são transmitidos, independentemente dos Evangelhos, pela leitura na Crônica do Akasha.

A Crônica do Akasha nos diz que na época aproximada à relatada na Bíblia — a diferença de alguns anos não importa — nasceu Jesus de Nazaré; que em seu corpo vivia uma individualidade que em encarnações anteriores alcançara um alto grau de iniciação, obtendo uma elevada visão do mundo espiritual. Bem, a Crônica do Akasha nos diz ainda algo mais, e por ora quero apenas avançar nos traços exteriores do que ela nos diz. A Crônica do Akasha, que proporciona a única história verdadeira, diz-nos que aquele ser surgido em Jesus de Nazaré havia passado, em suas encarnações anteriores, pelas mais diversas iniciações nos mais diversos lugares. E retrocedendo ainda mais, constatamos que esse posterior portador do nome ‘Jesus de Nazaré’ havia alcançado originalmente, dentro da cultura persa, um elevado e significativo grau iniciático e uma elevada e importante atuação. Assim, a Crônica do Akasha nos mostra como essa individualidade que estava no corpo de Jesus de Nazaré já havia atuado dentro do mundo espiritual da antiga Pérsia, como havia elevado seu olhar para o Sol e se havia referido ao grande Espírito Solar como Ahura Mazdao.

Devemos agora ter bem claro que foi nos corpos dessa mesma individualidade, a qual percorrera tais encarnações, que penetrou o Cristo. O que significa o fato de o Cristo haver penetrado nos corpos dessa individualidade? Não significa outra coisa senão que o Cristo se utilizou, para sua atuação, desses três corpos: o astral, o etérico e o físico de Jesus de Nazaré. Tudo o que pensamos, tudo o que exprimimos em palavras e tudo o que sentimos depende de nosso corpo astral. Este é o portador de tudo. Por trinta anos Jesus de Nazaré havia vivido como um eu nesse corpo astral, tendo-lhe transmitido tudo o que, em encarnações anteriores, havia vivenciado e recebido. Em que sentido esse corpo astral devia formar seus pensamentos? Devia formá-los de modo a adaptar-se e integrar-se à individualidade que nele vivera por trinta anos. Quando Zaratustra, na antiga Pérsia, elevara o olhar para o Sol e falara de Ahura Mazdao, isso se havia im-pregnado no corpo astral. Nesse corpo astral penetrou o Cristo. Não era, pois, totalmente natural que o Cristo, ao necessitar de imagens mentais ou expressões sentimentais, pudesse vesti-las somente com o que seu corpo astral lhe oferecia, e que elas fossem como sempre haviam sido? Pois se os Senhores usam um traje cinza, mostram-se ao mundo exterior num traje cinza! O Cristo se mostrava ao mundo exterior no corpo de Jesus de Nazaré — em seus corpos físico, etérico e astral —, de forma que seus pensamentos e sensações eram coloridos pelas imagens mentais e sentimentais existentes no corpo de Jesus de Nazaré. Não é de admirar, portanto, que muita coisa em suas declarações nos ressoem das antigas expressões persas, e que no Evangelho de João muita coisa nos ressoe das expressões utilizadas já na antiga iniciação da Pérsia! Ora, o impulso existente no Cristo transmitia-se ao discípulo, ao Lázaro ressurreto. Assim nos fala igualmente o corpo astral de Jesus de Nazaré através de João em seu Evangelho. E não é de causar admiração que ouçamos aí ressoar muito da atmosfera persa, e que se utilizem expressões inspiradas pela antiga iniciação persa e suas formas de pensamento.

Ora, na Pérsia os espíritos reunidos no Sol não eram relacionados apenas com Ahura Mazdao; empregava-se para elas a expressão Vohumanu, ou seja, ‘o Verbo Criador’ ou

‘‘o Espírito Criador’ O Logos, no sentido da força criadora, foi utilizado pela primeira vez

na iniciação persa. E isto nos é manifestado novamente logo no primeiro versículo do Evangelho de João. Poderemos entender muitas outras coisas no Evangelho de João se soubermos que o próprio Cristo falava através de um corpo astral utilizado durante trinta anos por Jesus de Nazaré, e que essa individualidade era a reencarnação de um antigo iniciado persa. E assim eu poderia mostrar-lhes muita coisa no Evangelho de João, e os Senhores veriam o quanto se torna claro como justamente o mais íntimo dos Evangelhos, onde se utilizam palavras pertencentes aos mistérios iniciáticos, ressoa em expressões persas, como se as houvesse transplantado para as épocas posteriores.

Ora, qual é a relação com os outros evangelistas? Se quisermos entendê-la, deveremos recordar algo já examinado nas considerações precedentes.

Já ouvimos que elevadas entidades haviam estabelecido sua morada no Sol após este se haver separado da Terra. Salientamos que a figura astral exterior dessas elevadas entidades emigradas para o Sol eram, de certa forma, as contra-imagens de certas figuras animais aqui na Terra. Lá havia inicialmente a forma do espírito-Touro, a contra-imagem espiritual daquelas naturezas animais que, como elemento essencial de sua evolução, possuíam o que se poderia chamar de organização alimentar e digestiva. A contra-imagem espiritual é, naturalmente, algo espiritualmente elevado, por mais baixa que a imagem terrena possa parecer. Temos, pois, elevadas entidades espirituais que de seu cenário solar atuavam sobre a esfera terrestre, manifestando-se como espíritos-Touro. Outras manifestavam-se como espíritos-Leão, possuindo sua contra-imagem naquelas naturezas animais que haviam elaborado principalmente os órgãos do coração e da circulação sangüínea. Temos depois as entidades espirituais que constituem as contra-imagens daquilo que no reino animal se manifesta na natureza da águia — os espíritos-Águia. E finalmente temos aquelas entidades espirituais que reúnem harmoniosamente as outras naturezas como numa grande síntese, os espíritos-Homem. Eram estes, em certo sentido, os mais avançados.

Dirijamo-nos daí à antiga iniciação. Esta propiciou aos homens a possibilidade de ver frente a frente às entidades espirituais elevadas que os precediam. Mas após haverem descido de Marte, Júpiter, Saturno e Vênus, os antigos homens, em confor-midade com os antigos tempos, tinham de ser iniciados de outra maneira. Por isso havia também na Atlântida os mais diversos oráculos. Havia oráculos cuja visão espiritual era adaptada para ver os espíritos que caracterizamos como os espíritos-Águia, enquanto outros viam os Leão, outros os Touro e outros ainda os espíritos-Homem. Isto correspondia à particularidade específica desses candidatos à iniciação.

Essa diversidade era uma das peculiaridades da época atlântica, e seus ecos sempre persistiram até nossa época pós-atlântica. Assim, os Senhores poderiam encontrar, na Ásia Menor e no Egito, locais de mistérios onde, pela iniciação, os iniciados viam as elevadas entidades espirituais como espíritos-Touro ou espíritos-Águia.

A cultura exterior extravasou, então, dos mistérios. Os que viram as entidades espirituais sob forma de leão criaram também nos corpos leoninos uma espécie de reprodução do que haviam visto. Disseram então: “Esses espíritos participaram da evolução do homem, dando portanto ao corpo do leão uma cabeça humana.” Daí surgiu mais tarde a esfinge. Os que viram as contra-imagens espirituais como espíritos-Touro exprimiram-no proclamando seu testemunho do mundo espiritual ao introduzir o culto do Touro, o que levou ao culto do Ápis no Egito e, por outro lado, ao culto do Touro-Mitras na Pérsia. Enfim — o que encontramos como costumes rituais exteriores nos diversos povos extravasou dos ritos iniciáticos.

Assim, por toda parte havia iniciados que, em sua visão espiritual, estavam mais orientados para os espíritos-Touro, outros para os espíritos-Águia e assim por diante.

Podemos, de certa maneira, indicar também a diferença entre as diversas formas de

iniciação. Por exemplo, os homens iniciados de forma que as entidades espirituais lhe apareciam como espíritos-Touro eram instruídos principalmente a respeito daquelas condições da natureza humana que continham os segredos relacionados com o sistema glandular, com o etérico. E eram iniciados ainda em outro âmbito da natureza humana:

naquilo que, no homem, depende estreitamente da Terra, que está mesclado a Terra.

Viam-no todos os que eram iniciados nos mistérios do Touro.

Tentemos colocar-nos no estado de espírito de tais iniciados. Eles haviam recebido de seus mestres mais ou menos o seguinte ensinamento: — O homem desceu das alturas divinas. Os primeiros homens eram descendentes de entidades divino-espirituais. Por isso elas reconduziram o primeiro homem de volta ao seu Deus-Pai. Assim o homem desceu a Terra, percorrendo sucessivas formas terrenas. O que estava ligado a Terra interessou sobremaneira a esses homens, que tinham interesse por tudo o que os seres humanos haviam vivenciado outrora ao relatar a seus pais sobre as entidades anímico-espirituais.

— Assim ocorria entre os iniciados de Touro.

Diferente era o caso dos iniciados de Águia. Estes viam as entidades espirituais que se relacionavam de forma totalmente peculiar com o homem. Para a compreensão disso, porém, temos de proferir ao menos algumas palavras sobre a forma espiritual da natureza dos pássaros.

Nos animais, que por suas funções inferiores estão situados abaixo do homem, vemos aquelas entidades que, por assim dizer, adensaram-se muito cedo, não mantendo macia e maleável sua substância corpórea até o momento em que teriam podido adquirir a forma humana. Na natureza dos pássaros, porém, temos as entidades que não receberam as funções inferiores, e sim ultrapassaram o ponto na direção ascendente. Ao mesmo tempo não desceram o suficiente, tendo-se conservado em substâncias muito macias, enquanto os outros viveram em substâncias demasiado densas. E, à medida que a evolução progredia, elas tiveram, por força das condições exteriores, de tornar-se enrijecidas. Assim, adensaram-se de uma maneira correspondente a uma natureza muito macia e pouco chegada à Terra. Na verdade, estamos expressando isto de forma rude e corriqueira, mas correspondente aos fatos. A essas naturezas de pássaro correspondem, como imagens prototípicas, aquelas entidades espirituais que também ultrapassaram o ponto no sentido ascendente, mantendo-se numa substância espiritual macia e conseqüentemente sobrevoando, em seu progresso, o que poderiam ter-se tornado em determinado momento. Elas se desviam para cima, ao passo que as demais desviam-se para baixo. De certa forma, permanecem no meio os espíritos-Leão e os harmoniosos espíritos que se manifestaram justamente no momento acertado: os espíritos-Homem.

Agora já se nos tornou claro como os que haviam conservado algo da antiga iniciação receberam o evento do Cristo. Eles já haviam podido ver antes no mundo espiritual, e realmente da forma como podia ocorrer segundo sua iniciação específica. Os que haviam conservado a iniciação de Touro — digamos, os iniciados de uma grande parte do Egito — sabiam: “Podemos elevar o olhar ao mundo espiritual; por isso também se nos manifestam as elevadas entidades nas contra-imagens da natureza taurina no homem. Mas agora”, assim diziam os que se haviam aproximado do impulso do Cristo,

“se nos manifestou sob verdadeira forma aquele que é o soberano no reino espiritual. O que sempre vimos antes, o que obtivemos pelo grau de nossa iniciação, apresentou-nos uma forma preliminar do Cristo. É o Cristo que devemos inserir no que vimos antes.

Lembrando-nos de tudo o que vimos, o que progressivamente nos descerrou o mundo espiritual, aonde teríamos sido conduzidos se, já naquela época, estivéssemos na altura adequada? Teríamos sido conduzidos ao Cristo!” Tal iniciado descrevia o acesso ao mundo espiritual no sentido da iniciação de Touro. Mas dizia depois: “O Verdadeiro que

aí existe é o Cristo.” E da mesma forma falava um iniciado de Leão, um iniciado de Águia.

Todos esses mistérios iniciáticos tinham suas prescrições bem definidas quanto à forma de conduzir o candidato ao mundo espiritual. Os rituais se diferenciavam segundo a maneira como se devia adentrar o mundo espiritual. E especialmente na Ásia Menor e

Todos esses mistérios iniciáticos tinham suas prescrições bem definidas quanto à forma de conduzir o candidato ao mundo espiritual. Os rituais se diferenciavam segundo a maneira como se devia adentrar o mundo espiritual. E especialmente na Ásia Menor e

No documento O Evangelho segundo João (páginas 66-75)