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As Entrevistas – Entrevista (semiestruturada)

4. Atividades de Pesquisa e Recolha

4.2. As Entrevistas – Entrevista (semiestruturada)

A entrevista consiste numa técnica que permite obter informação rica, em virtude de haver geralmente uma conversa intencional entre duas ou mais pessoas dirigida pelo investigador, com o objetivo de obter informação sobre os entrevistados, quanto aos mais variados assuntos dirigidos pelo inquiridor Bogdan e Biklen (1994). As entrevistas semiestruturadas ou informais são conduzidas através de uma lista de perguntas em que o entrevistado dá informações, emite opiniões, descreve práticas e intenções de atuação, memórias, experiências e exprime atitudes e valores sobre o assunto da entrevista. Tal como sugerem Bogdan e Biklen (1994:108), nas entrevistas semiestruturadas utilizámos um guião com o objetivo principal de conseguirmos respostas que permitissem obter elementos de análise comparáveis entre vários indivíduos.

Assim, desencadeamos o processo de entrevistas e procedemos à realização da primeira entrevista à diretora da Escola Gama e seguidamente às duas coordenadores dos diretores de turma, o coordenador dos cursos científico-humanísticos e tecnológicos, que é responsável por quatro cursos (11 turmas) – dois cursos científico-humanísticos e dois cursos tecnológicos – e o coordenador dos cursos profissionais, também responsável por quatro cursos (21 turmas), essencialmente na área das tecnologias de informação e cumulativamente coordenador de Diretores de Curso.

Na elaboração da entrevista tivemos em consideração a população alvo, aliando o suporte teórico das nossas leituras com os objetivos do estudo, criando um guião que serviu de pilar à realização das mesmas (ver guião em Anexo III). A entrevista semiestruturada realizada ao Diretor da Escola teve o mesmo guião da realizada aos coordenadores dos diretores de turma, apenas variando na forma de colocar as questões, de acordo com a representação social dos inquiridos. Embora a estrutura da entrevista tivesse um guião, não impedimos os entrevistados de responder livremente às questões (ver o protocolo das entrevistas em Anexo IV). Após confirmação da disponibilidade dos entrevistados, sugerimos que fossem os mesmos a escolher os dias e as horas para a realização das mesmas, sugestão que foi aceite dias depois através de negociação entre

as partes envolvidas. As três entrevistas foram realizadas na escola entre a segunda

quinzena de junho e a primeira de julho, com a prévia autorização da diretora para

utilizarmos as suas instalações. As entrevistas decorreram nos espaços habituais de trabalho dos inquiridos para que se sentissem menos constrangidos e assim aconteceu. Ao Diretor foi realizada a entrevista no seu gabinete e aos coordenadores na sala dos diretores de turma. As entrevistas foram gravadas num pequeno gravador digital, tendo depois sido transferidas para um computador pessoal do entrevistador. O conteúdo das entrevistas foi totalmente transcrito para um ficheiro Word nos primeiros dias que se seguiram às entrevistas. Ao Diretor da Escola foi atribuído o código DE_ Esc_Gama (ver Anexo V-A) e os Coordenadores de Diretores de turma foram codificados com CDT1_Esc_Gama e CDT2_Esc_Gama (ver Anexo V-B).

Procedemos à análise de conteúdo das informações recolhidas nas entrevistas, com utilização de grelhas de análise de conteúdo onde se identificaram as categorias, subcategorias e indicadores. Segundo Bardin, L. (2003:42), esta técnica é “Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/receção (variáveis inferidas) destas mensagens.” As entrevistas tiveram como finalidade conhecer melhor os seguintes aspetos:

- A perceção que os entrevistados (CDT) têm do papel dos DT, o que são e o que representam, dentro da escola e no sistema educativo, no quadro jurídico-legal e especialmente no novo enquadramento definido pelo contrato de autonomia em vigor;

- A perceção que eles têm da importância e das responsabilidades (acrescidas ou não) do DT, e que a vigência do contrato de autonomia pode potenciar;

- A perceção e o conhecimento que têm das funções dos DT, que lhes são legalmente atribuídas e das funções que efetivamente exercem;

- A perceção da importância das suas responsabilidades e da sua potenciação enquanto agente relacional privilegiado, devido ao lugar central que ocupa na comunidade educativa, com dupla orientação: de mediador-intermediário que

ocupa na relação interna na escola entre professores e alunos e na relação externa com os pais e encarregados de educação;

- A perceção e identificação de fatores que favorecem ou condicionam o desempenho dos Diretores de turma, fatores exógenos e endógenos à escola, determinados ou influenciados pelo contexto da autonomia;

- A perceção que têm se há ou não convergência entre as funções legalmente atribuídas ao diretor de turma e as que são efetivamente concretizadas na ação prática de todos os dias;

- A perceção que têm de si próprios, da importância do seu trabalho e da sua ação, especialmente no contexto da construção da autonomia;

- A perceção que têm sobre as exigências formativas do cargo, se entendem que os DT necessitam de mais e renovada formação inicial e contínua, face à previsão de atingir maior autonomia para a escola;

- A perceção que têm do papel dos DT e dos CDTem relação ao futuro e dos desafios que os esperam;

- A perceção que têm da cooperação ou falta dela entre os vários órgãos dirigentes da escola, incluídos eles próprios;

- A perceção que têm da influência, forte/fraca que os DT e os CDT têm na gestão e liderança da escola;

- A perceção que têm da existência de um perfil de DT ou da necessidade de repensar o mesmo ou redefini-lo;

- A perceção que têm do contributo do contrato de autonomia para o sucesso educativo da escola, na vigência dos três anos de contrato.

Foi realizada também, uma entrevista ao Diretor da Escola, com os mesmos objetivos da entrevista realizada aos Coordenadores dos Diretores de turma. Através do cruzamento de dados e da comparação das respostas das entrevistas aos CDT e DE e dos questionários aos DT e da análise documental, foi-nos possível fazer o controlo da triangulação entre métodos utilizados e dados (qualitativo/quantitativo). Confrontámo- lo com a relevância do papel do DT após a introdução do contrato de autonomia, com as mesmas questões, de forma a:

- Perceber se o contrato de autonomia trouxe aos diretores de turma, à escola e ao sistema educativo fatores positivos, melhoramentos ou oportunidades e que melhoramentos são eles;

- Perceber se o tempo dedicado à direção de turma é suficiente para responder às enúmeras solicitações de representação que define o cargo de diretor de turma; - Perceber se as competências exercidas pelos DT e as funções definidas por lei se ajustam à realidade, ou se há um fosso entre elas;

- Perceber se os DT têm necessidades de formação para cumprir cabalmente as suas funções, quer a nível formação inicial, quer a nível de formação ao longo da carreira;

- Perceber se concordam entre si na ideia do perfil que um DT deve ter;

- Perceber se o papel que está reservado ao DT se compagina com o seu perfil atual;

- Perceber se há cooperação institucional estável entre os vários órgãos dirigentes, nomeadamente entre o DE e os seus dirigentes intermédios;

- Perceber se os três anos de contrato de autonoma constituíu um marco positivo na organização e que vantagens trouxe à mesma.

As entrevistas tiveram a prévia aprovação da direção e dos inquiridos, foram marcadas com a antecedência necessária e realizaram-se nos prazos previstos.