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1 OS PRESSUPOSTOS TEÓRICOS PARA A PESQUISA

2.2 AS QUESTÕES METODÓLOGICAS

2.2.2 As Etapas da Investigação

A investigação pode ser resumida em seis etapas. A primeira etapa foi o preenchimento de um questionário, respondido pelo professor, a respeito de sua formação profissional e de seus conceitos sobre aprendizagem. A segunda etapa consistiu em duas gravações em vídeo de atividades com foco na forma de cada professor. Nessas primeiras etapas, os professores não conheciam o objetivo da investigação para que seu comportamento corretivo não fosse influenciado. Quando convidados a participar desta investigação, foram informados de que se tratava de uma pesquisa sobre ensino, apenas. A terceira etapa foi uma segunda gravação, em vídeo e áudio, desta vez com cada professor individualmente, conversando com a pesquisadora sobre seu comportamento corretivo ao assistir as suas gravações. A quarta etapa foi uma outra gravação que consistiu em uma entrevista individual com cada participante quando a pesquisadora indaga o professor mais detalhadamente sobre suas idéias e suas opiniões a respeito de como se aprende, como se ensina e se faz feedback corretivo. Na quinta etapa o foco foi a apresentação do perfil de cada professor a partir de suas respostas ao questionário, a análise das transcrições da sua conversa com a pesquisadora ao assistir seu comportamento corretivo, e a análise da entrevista com a mesma a respeito de suas concepções sobre feedback corretivo. O objetivo foi traçar um paralelo entre os dados obtidos através dos instrumentos mencionados acima e os motivos apresentados por eles sobre como corrigir a fala de seus alunos, verificando também qual é a influência da formação e da experiência profissional de cada professor na escolha de feedback corretivo. A sexta etapa consistiu na análise das transcrições das gravações nas quais os professores comentam seu comportamento corretivo enquanto assistem a suas atividades e das transcrições das entrevistas realizadas na quarta etapa, a fim de agrupar os fatores apresentados pelos professores em categorias em busca de uma visão geral dos fatores que norteiam a escolha por tipos reformuladores e elicitativos de feedback corretivo. A seguir, será apresentada uma descrição mais detalhada das etapas expostas acima.

Primeira etapa

Com o intuito de conhecer um pouco a respeito dos participantes do estudo antes das gravações, iniciei a investigação com um questionário respondido por cada professor a respeito de sua experiência como professor, sua formação profissional e suas concepções a respeito do processo ensino-aprendizagem. Não foram incluídas perguntas diretas sobre seu comportamento corretivo para não chamar a atenção do professor para o foco da pesquisa. O

questionário também serviu para direcionar as entrevistas gravadas com eles. Os questionários foram respondidos em outubro de 2004, imediatamente antes das gravações das atividades em sala de aula. O questionário incluiu as seguintes perguntas:

1 - Há quanto tempo leciona inglês? 2 - Qual é sua formação?

3 - Como você acha que aprendemos uma língua estrangeira? 4 - Qual é o papel do professor?

5 - Qual é o papel do aluno?

6 - O que o professor pode fazer para ajudar o aluno a aprender? 7 - Quais são suas prioridades em sala de aula?

8 - Suas prioridades mudam de acordo com o nível do aluno? 9 - Descreva seu trabalho com a turma ...

As respostas dos professores estão no ANEXO A e serão discutidas no capítulo que trata da análise dos dados.

Segunda Etapa

Para esta etapa, uma atividade com foco na forma foi elaborada para ocasionar movimentos corretivos por parte do professor. A estrutura escolhida para servir como foco do feedback corretivo foi o uso do passado em enunciados e em perguntas. Tal estrutura foi escolhida devido a três fatores. Primeiro, os alunos são apresentados a essa estrutura já em níveis iniciais, o que possibilitou usar a mesma atividade com turmas de nível básico e de avançado para fins de comparação entre o comportamento corretivo do professor atuando com níveis diferentes. Segundo, em uma gravação feita com as turmas, antes do início do estudo, percebeu-se que os alunos ainda cometiam muitos erros com essa estrutura, proporcionando, assim, ocasiões de feedback corretivo. Terceiro, a elaboração de tarefas que exigem o uso de perguntas e de enunciados no passado é relativamente fácil - é uma estrutura fácil de elicitar e surge, de maneira autêntica, em situações de comunicação.

Para a atividade, cada aluno recebeu uma folha com dados sobre pessoas famosas já falecidas. Cada folha continha o nome, data de nascimento, profissão, realizações, nomes dos familiares, realizações pessoais e data e causa de morte de uma celebridade falecida. Tentou-se escolher personagens que fosTentou-sem conhecidos dos adolescentes participantes do estudo, tais

como Ayrton Senna e Cazuza. O professor entregou uma folha para um aluno e pediu que os outros membros da turma fizessem perguntas sobre a pessoa em questão, desta maneira, elicitando o uso de perguntas no passado e de respostas no passado. Antes da gravação, o professor foi instruído a dizer para seus alunos que estavam participando de um estudo que estava sendo realizado na escola e que o foco do estudo não era o desempenho deles, mas, sim, o tipo de atividade. O professor também foi requisitado a dar atenção ao uso correto das estruturas em foco durante a atividade com o fim de proporcionar ocasiões de feedback corretivo. A atividade durou, em média, 30 minutos dependendo do número de alunos em sala de aula. As professoras Ane, Sandra, Carla e Maria tiveram duas turmas de níveis diferentes – uma básica e outra mais avançada – realizando a mesma atividade e seguindo o mesmo procedimento. O professor Pedro só realizou uma gravação porque teve que se ausentar no dia da segunda gravação. Cada professor colocou a câmera de vídeo em sua sala de aula em um tripé para que não precisasse manejá-la durante a atividade. Decidiu-se que a pesquisadora não estaria presente em nenhum momento da atividade para que não influenciasse o desempenho do professor e de seus alunos. Essa etapa foi realizada entre o final de outubro e final de novembro de 2004. A atividade na sua íntegra está no ANEXO B.

Terceira etapa

A terceira etapa foi uma segunda gravação em vídeo, desta vez, com cada professor individualmente conversando com a pesquisadora sobre seu comportamento corretivo ao assistir suas gravações. O objetivo dessa gravação foi o de obter do professor uma análise sobre seu comportamento corretivo, ou seja, como ele promove feedback corretivo sob sua própria perspectiva e quais são os fatores que o levam a agir de modo diferente em ocasiões diferentes, fazendo uso de tipos diferentes de feedback corretivo. Para tal, a pesquisadora tocou a fita de vídeo com a gravação do professor e parou a fita em cada ocasião de feedback corretivo. Nesse instante, a pesquisadora perguntava ao professor o que estava acontecendo naquele trecho. As perguntas da pesquisadora foram bastante abertas para minimizar sua influência sobre as respostas do professor. Ela perguntava o que estava acontecendo, por que o professor decidiu corrigir o aluno, por que decidiu corrigir daquela maneira, por que agiu de modo diferente com outro aluno, o que o professor estava pensando naquele instante. Essa segunda gravação foi realizada logo após a primeira gravação (no mesmo dia), ou seja, logo após a realização da tarefa para que a recordação dos acontecimentos durante a atividade

estivesse facilmente disponível ao professor. As transcrições destas gravações encontram-se no ANEXO C.

Quarta etapa

A quarta etapa foi uma terceira gravação em vídeo que consistiu em uma entrevista individual com cada professor, quando a pesquisadora indaga o professor mais detalhadamente sobre suas idéias e suas opiniões a respeito de como se aprende, como se ensina e como percebe feedback corretivo. Tais entrevistas foram realizadas um mês após a terceira etapa. O objetivo dessa segunda entrevista foi o de obter mais informações sobre o perfil do professor para que isso não ficasse restrito ao questionário que o professor respondeu por escrito antes das gravações. Além disso, essa gravação foi realizada para que o professor tivesse a oportunidade de expor suas idéias sobre como se aprende, como se ensina, a importância de feedback corretivo e como ele corrige. Essas entrevistas foram esclarecedoras no sentido de trazer mais à tona os motivos que subjazem às escolhas do professor ao empregar feedback corretivo. A pesquisadora baseou suas perguntas durante essa entrevista nos questionários respondidos pelos professores e na conversa com o professor ao assistir sua gravação contendo seu comportamento corretivo. Essas entrevistas encontram-se na íntegra no ANEXO D.

Quinta etapa

A quinta etapa consistiu em traçar um paralelo entre os dados obtidos, através do questionário e das entrevistas com os professores, e os fatores apresentados por eles mesmos que influenciam como eles corrigem a fala de seus alunos com o objetivo de verificar qual é a influência da formação e da experiência profissional na escolha de feedback corretivo.

Sexta etapa

A sexta etapa consistiu no estudo das transcrições das entrevistas em que os professores comentam o seu comportamento corretivo durante as atividades e as entrevistas realizadas na quarta etapa. O objetivo dessa etapa foi o de coletar, organizar e analisar os motivos apresentados pelos professores para justificar seu comportamento corretivo, em especial, os motivos que os fizeram optar por diferentes tipos de feedback.

Durante essa etapa decidi por não buscar motivos para o uso de cada tipo de feedback corretivo como descrito por Lyster e Ranta, já mencionados acima. Verificou-se que os seis tipos de feedback corretivo - recast, elicitação, feedback metalingüístico, repetição, pedido de esclarecimento, correção explicita – podem ser divididos, por sua natureza, em duas categorias – o tipo de feedback que exige reformulação por parte do aluno e o tipo que não exige esse comportamento, sendo o professor o provedor da forma correta da estrutura em foco. Basicamente, recast se encontra sozinho na categoria de feedback reformulador, ou seja, feedback em que o professor reformula o enunciado do aluno, os outros tipos de feedback se encontram na categoria de feedback elicitativo, ou seja, feedback que leva o aluno a reformular o seu enunciado. A análise focou os motivos que levam o professor a pedir reformulação por parte do aluno ou decidir dar a resposta, ou seja, reformular o enunciado do aluno.

3 A ANÁLISE E A DISCUSSÃO DOS DADOS

A análise dos dados foi realizada em duas etapas. A primeira etapa da análise consistiu em levantar e discutir os motivos apresentados por cada professor individualmente e traçar um paralelo com seu perfil, buscando evidências da influência do mesmo no seu comportamento corretivo.

A segunda etapa tratou de levantar e discutir os motivos apresentados pelos cinco professores participantes do estudo, em especial saber o que leva o professor a optar por feedback reformulador ou feedback elicitativo.

3.1 A INFLUÊNCIA DA FORMAÇÃO E DAS CONCEPÇÕES DO PROFESSOR NAS

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