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Fórmula 41 – Indicador do Grau de Investimento

2.3 AS MODERNAS TEORIAS DE INVESTIMENTOS

A moderna teoria de investimentos baseia-se na premissa da racionalidade do investidor. Os principais conceitos desta teoria de que são exemplos a teoria de portfólio de Markowitz (1952), a hipótese de eficiência de mercados de capitais (HEM) desenvolvido por Famá e o modelo de precificação de ativos financeiros proposto por Sharpe (1963), estão baseados em princípios que contemplam a racionalidade do investidor, sendo este inverso ao risco e que utiliza a curva de utilidade para maximizar seu bem estar (Castro Junior; Famá, 2002).

Esta evolução das teorias de investimento iniciou-se com Markowitz, chegando até Sharpe, passando por Haugen (1999) que a denominou de "As

Novas Finanças". Os defensores das novas finanças, na concepção de Castro Junior e Famá (2002), procuraram comprovar que os mercados, na prática, não se comportam de forma tão eficiente quanto na teoria, seja em razão da assimetria nas informações, seja porque os tomadores de decisão e investidores não possuem a mesma percepção do risco, logo não usam o mesmo modelo.

Os precursores neste campo foram Kaneman e Tverski (1979), estes efetuaram uma contraposição à racional teoria da utilidade esperada do tomador de decisão. Segundo Haugen (1999), dentro do contexto das finanças aquelas indicadas como "antigas" contemplam o alicerce da contabilidade e do direito, sendo que a base era a análise das demonstrações contábeis e financeiras e da natureza dos títulos de crédito. Conforme Castro Junior e Famá (2002), as modernas teorias financeiras, surgiram entre os anos 1950 e início da década de 1960, promovendo uma nova forma de avaliação, baseada no comportamento do homem, visto como um ser econômico, financeiro e racional. Alguns trabalhos surgidos nesse período, são utilizados nos dias atuais sendo aceitos nas finanças contemporâneas. Neste período as obras de Markowitz (1952), Modigliani e Miller (1958), Sharpe (1963) e Famá (1970) contribuíram de forma significativa para os estudos sobre finanças, esclarecendo pontos importantes, foram consideradas as teorias que melhor elucidaram os acontecimentos que se propuseram explicar. Os trabalhos de Markowitz (1952), promulgaram conceitos que nos dias atuais são utilizados para caracterizar o risco e retorno, surgindo da necessidade de criar uma regra prática para investidores fazerem suas alocações de recursos em carteiras de investimentos.

Neste contexto, Tobin (1952), defendeu que os investidores tendem a optar por circunstancias que se encontram entre um estado de liquidez plena e um ponto em que há o investimento total em ativos de risco.

Em seu trabalho, explicou que os investidores possuem uma preferência por liquidez, em decorrência de dois aspectos, sendo um relacionado à inelasticidade dos indivíduos quanto à taxa de juros esperada e o outro, à incerteza sobre o futuro das taxas de juros.

O Modelo de Tobin (1952) conhecido como procura de moeda por especulação procurou restabelecer, o modo pelo qual os indivíduos irão alocar

seus ativos financeiros entre moeda e títulos e, em particular, mostrar como esta acumulação irá depender da taxa de juros (Copeland; Weston; Shastri, 2005).

A maior contribuição de Tobin (1952) foi o teorema da separação, sendo que por meio dele demonstrou que o portfólio dos riscos em ativos eficientes, são independentes da vontade do investidor, ressaltando assim, as diferenças entre investidores, no computo da tolerância ao risco, alocados de ativos livre de risco que mantém em sua carteira (Amaro de Matos, 2001).

A elaboração do modelo Capital Asset Pricing Model (CAPM), efetuado por Sharpe (1963), o qual simplifica o Markowitz (1952), permitiu visualizar que o risco total do ativo é composto pelo risco sistêmico e pelo risco não-sistêmico. Desta forma Sharpe (1963) concluiu que o portfólio de um mercado supereficiente é o próprio mercado e, os investidores não poderiam manter retornos superiores no contexto alocado do mercado de forma consistente, pois o mercado se comporta para atingir o seu estágio de equilíbrio, considerando-se a premissa de todos os investidores estarem sujeitos a uma mesma taxa de juros livre de risco, tanto no âmbito da captação, como no do empréstimo (Copeland; Weston; Shastri, 2005).

Dentro das modernas teorias de investimento aloca-se também a Arbitrage

Pricing Theory (APT) no contexto da precificação de ativos, influenciando na

composição dos preços das ações, criada pelo economista Stephen Ross (1976), (HAUGEN, 1999). Nesta teoria a arbitragem é composta por dois ativos, sendo um deles mal precificado. A lógica explica que o arbitrador vende o ativo caro usando o recurso para comprar outro mais barato, sendo que o investimento é zero e o lucro é certo, pois o investidor vende a descoberto no mercado em alta, e com o resultado compra no mercado que está em baixa, auferindo lucro sem investir seus recursos.

Já nos anos 1990, com o processo de globalização intensificando-se, o incremento internacional de capitais foi inevitável, englobando produtos e serviços. Assim, se ampliou a preocupação com os riscos e a utilização de estratégias como a de hedging por meio de opções e o mercado de derivativos adquiriu maior destaque. Na visão de Famá e Galdão (1996), o processo de globalização dos mercados gerou uma maior preocupação por parte do investidor com a gestão de riscos. Neste aspecto Kahneman (1979) em seus estudos,

constata que as pessoas são incapazes de analisar de modo completo situações em que se deve tomar decisões complexas quando as consequências futuras são incertas, nesta mesma ótica pode-se alocar tal situação às corporações, englobando o juízo humano e tomada de decisão sob incerteza. Assim, além da importância da administração de riscos, surgem novas técnicas de custeio como o

Activity Based Cost (ABC), sendo de caráter fundamental no processo de

reestruturação pela qual passaram as corporações, visto como uma nova ferramenta empresarial que tem como objetivos principais medir e melhorar as atividades que compõem os processos de negócios e calcular com precisão os custos dos produtos das corporações, conforme Kaplan e Cooper (1998), associado a isto, o processo de mensuração de criação de valor para o acionista tornou-se mais relevante, sendo formulado o conceito de Economic Value Added (EVA).

A transparência de gestão por meio da governança corporativa, e a responsabilidade social e ambiental influenciaram a função financeira que toma corpo. A composição da teoria dos stakeholders foi expandida, ocasionando a expansão do Balanced Scorecard (BSC) desenvolvido por Kaplan e Norton (1990), pelo qual as corporações podem alinhar suas metas e estratégicas em função de medidas de desempenho sob a perspectiva financeira, do cliente, dos processos internos, e de aprendizagem e crescimento, situações estas que insurgem como mecanismos que podem auxiliar as corporações na busca do grau de investimento, por apresentarem bases semelhantes utilizadas pelas certificadoras internacionais como aspectos de transparência com que a corporação se apresenta no mercado, além da combinação de fatores como liquidez que vincula-se com a perspectiva financeira, competitividade vinculado á perspectiva de processos internos, liderança de mercado, vinculado a perspectiva do cliente e a competitividade em custos, vinculado com aprendizado e crescimento (Freitas, 2006).

Figura 8 – Ciclo do Balanced Scorecard (BSC) Fonte: Adaptada de Kaplan e Norton (1990)

A visão da economia, como uma ciência que procura entender como os indivíduos e as comunidades alocam recursos escassos e distribuem a riqueza entre os agentes ao longo do tempo, está intimamente relacionada com a noção que se tem hoje sobre teoria do investimento remontando às origens baseadas na visão utilitarista de escolha. A idéia de que os mercados são imperfeitos e de que os fluxos de caixa podem, portanto, limitar o investimento, é um pressuposto vigente em grande parte da teoria econômica, pois os fenômenos econômicos ocorrem simultaneamente (Frascaroli; Paes; Ramos, 2010).

Para Casagrande e Cerezetti (2004), da mesma maneira que um indivíduo considerado isoladamente, a razão fundamental do investimento das corporações é aumentar a utilidade dos seus stakeholders, bem como dos stakeholder, contudo, esse não é um processo trivial, dado que as preferências intertemporais dos agentes podem ser distintas. É somente a existência de um mercado de capitais completo que garante que a maximização da riqueza dos stakeholders e

dos stakeholder implique em maximização da utilidade, esta mensuração é efetuada pela ciência contábil.