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As novas dimensões espaciais da região após fechamento da estrada

3. QUESTÃO HISTÓRICA E SOCIOECONOMICA DA ESTRADA

3.3 As novas dimensões espaciais da região após fechamento da estrada

O fechamento da Estrada revelou a grande importância desta para os municípios lindeiros, tanto na questão histórica, quanto nas questões econômicas e

populacionais. É importante pensar o seu papel na combinação de um conjunto de estruturas específicas de classe, de demografia e de receita.

A reabertura da estrada é de interesse direto e indireto de diversos setores das comunidades lindeiras. E é estratégica para os polos nos municípios de Capanema, Medianeira e Serranópolis do Iguaçu. Para compreender melhor a importância desta Estrada aos municípios lindeiros, destacarei alguns dados populacionais retirados do Censo, que revelam a diminuição populacional ou estagnação dos municípios da região.

Destaco inicialmente o município de Capanema, o primeiro ponto avançado da região ocidental do Paraná, depois da cidade de Palmas, é o Município de Clevelândia, que abrange toda a zona do Sudoeste, desde os limites de Palmas até a divisa internacional do Brasil com a República Argentina. Foi o espírito aventureiro e desbravador de alguns modernos bandeirantes que deu início ao povoamento do território da faixa de fronteira, penetrando a mata virgem para colonizar e criar novos núcleos populacionais.

Aos poucos foram surgindo alguns aglomerados humanos, muitos dos quais, graças à fertilidade da terra, ao dinamismo dos seus idealizadores e à abertura de novas vias de comunicação e transporte, progrediam extraordinariamente. O desbravador pioneiro da região foi Octávio Francisco de Mattos, que depois de haver exercido altas funções públicas em outros Municípios, inclusive a de Prefeito Municipal de Clevelândia, resolveu penetrar o interior do sertão e estabelecer os fundamentos de uma nova povoação. Vencidos os obstáculos, o intrépido bandeirante viu surgir nos limites da fronteira, um povoado a que se deu a denominação de Capanema. Sem chegar a ser distrito, a localidade foi elevada à categoria de município em 1951. A partir de 1952, o desenvolvimento do município foi bastante acentuado, rodovias foram abertas em todas as direções, criaram-se escolas e uma usina termoelétrica foi construída.

O município de Capanema é um dos mais afetados pelo fechamento da Estrada do Colono, pois era o local de embarque e desembarque da balsa, o que gerava muitos empregos aos moradores lindeiros e a todo o município, pelo grande fluxo de pessoas que ocasionava.

Tabela 01: Queda populacional no município de Capanema nos anos de 1991 á 2010, considerando o fechamento da Estrada.

Fonte:<http://www.cidades.ibge.gov.br/painel/populacao.php?lang=&codmun=410450&sear ch=parana|capanema|infogr%E1ficos:-evolu%E7%E3o-populacional-e-pir%E2mide-et%E1ria> Acesso

em 15 Abr. 2015

De acordo com a Tabela e gráfico apresentados anteriormente, Capanema veio sofrendo declínios populacionais desde o ano de 1991 e só teve um pequeno aumento no ano de 2010. Torna-se pertinente analisar que, do ano de 1991 ao ano de 1996, ocorreu uma queda muito acentuada, período este que é convergente com o fechamento da Estrada e lutas pela sua reabertura. Muitos abandonaram a região por falta de emprego.

A tabela apresenta dados desde o ano de 1991 e Capanema sofreu modificações administrativas muito antes disso. De acordo com o IBGE, primeiramente houve desmembramento de Clevelândia, em 1951, tendo anexado, em 1957, os distritos de Ampére e Pérola D’Oeste, estes desmembrados em 1961.

No ano de 1962 os distritos de Centro Novo, Cristo Rei, São Luiz e São Valério são anexados à Capanema, porém, em 1968, São Valério e Centro Novo passam a ser distrito do município de Planalto. Ainda em 1968 o município de Pinheiro é anexado à Capanema. De acordo com uma divisão territorial, datada de 1979, o município é constituído de três distritos: Cristo Rei, Pinheiro e São Luiz. Torna-se importante analisar que esta queda não tem influência no desmembramento de distritos de Capanema.

Na outra extremidade do Parque Nacional do Iguaçu temos o município de Medianeira e, posteriormente desmembrado, Serranópolis do Iguaçu. De acordo com dados da Prefeitura Municipal de Medianeira, este município que teve seu nascimento planejado em 20 de outubro de 1949, na cidade gaúcha de Bento Gonçalves, quando os fundadores da Colonizadora Industrial e Agrícola Bento Gonçalves Ltda. iniciaram os estudos para a implantação do projeto de fundação. Para dirigir a empresa foram escolhidos para Diretores os senhores Pedro Soccol e Jose Callegari. Medianeira foi desmembrado de Foz do Iguaçu, e elevado à autonomia de Distrito pela Lei, em 1952, e município, pela Lei de 1960.

Tabela 02: Dados populacionais de Medianeira de 1991 á 2010.

Fonte:<http://www.cidades.ibge.gov.br/painel/populacao.php?lang=&codmun=411580&sear ch=|medianeira> Acesso em 15 Abr. 2015

Ao observar os dados da tabela e gráfico, percebe-se uma queda populacional vertiginosa dos anos de 1996 à 2001, influenciado, principalmente, pelo desmembramento, em 1997, de dois Distritos Administrativos de Medianeira - Flor da Serra e Jardinópolis - cuja junção, somada ao Parque Nacional do Iguaçu, deu origem ao nome de Serranópolis do Iguaçu.

Para falar da influência do fechamento da Estrada do Colono cabe ressaltar o município de Serranópolis do Iguaçu, que após ser desmembrado de Medianeira, foi de elo de ligação, entre Estrada do Colono e Capanema. O município de Serranópolis do Iguaçu está localizado no Extremo Oeste do Estado do Paraná. De acordo com dados da prefeitura Municipal, o município de Serranópolis do Iguaçu apresenta uma trajetória marcada por grandes conquistas, onde prevaleceu sempre o espírito do trabalho e da união, na busca das soluções comuns a todos. No início da colonização, a população era exclusivamente de gaúchos e catarinenses. Mais tarde passou a receber as migrações do norte do Estado, formando, aos poucos, uma rica etnia, com pessoas das mais diversas origens, predominando os descendentes de italianos e alemães. A base econômica do município é caracterizada pela agricultura e pela pecuária, sendo a agricultura a principal fonte de renda do município.

Tabela 03: Dados populacionais de Serranópolis do Iguaçu dos anos de 2000 e 2010.

Fonte:<http://www.cidades.ibge.gov.br/painel/populacao.php?lang=&codmun=412635&search=|serran opolis-do-iguacu> Acesso em 15 Abr. 2015

De acordo com os dados da tabela, Serranópolis do Iguaçu teve resultados negativos desde o fechamento da Estrada, dos anos de 2000 à 2007, pela falta de emprego para a população, embora tenha apresentado um pequeno aumento populacional em 2010.

Estes foram os municípios que mais sofreram com o fechamento da Estrada do Colono, pois ficavam nos dois extremos da Estrada e sofriam grande influência econômica do fluxo de pessoas, nestes locais. Após o fechamento da Estrada, Capanema e Serranópolis do Iguaçu se viram isolados um do outro.

A tabela a seguir revela dados populacionais do ano de 2000 e 2010, de acordo com o Censo dos determinados anos, destacando os municípios lindeiros. Cabe lembrar que, do ano 2000 em diante, não houve desmembramentos nos municípios citados, pois estes ocorreram em anos anteriores.

Tabela 04: Dados populacionais dos municípios lindeiros ao Parque nos anos de 2000 e 2010.

Dados populacionais dos municípios lindeiros pelo Censo de 2000 e 2010 Município População em 2000 População em 2010 Capanema 18.239 18.526 Capitão Leônidas Marques 14.377 14.970 Céu Azul 16.352 11.032 Foz do Iguaçu 258.543 256.088 Matelândia 14.344 16.078 Medianeira 37.827 41.817 Santa Terezinha do Itaipu 18.368 20.841

Santa Tereza do Oeste 10.754 10.332

São Miguel do Iguaçu 24.432 25.769

Serranópolis do Iguaçu 4.714 4.568

Fonte: Censo Demográfico de 2000 e 2010. Elaborada por Aline L. Giongo Schenckel Ao observar a tabela, é importante ressaltar que os municípios que mais sofreram com o fechamento da estrada foram Capanema e Serranópolis do Iguaçu,

sendo que os outros municípios continuaram a ser elementos de ligação do Oeste com o Sudoeste do Paraná, pela BR 163 atual e pela BR 277.

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